O Trauma De Ron escrita por Katerina_


Capítulo 6
Investigação




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Quarta-feira de manhã, Harry apareceu com uma ficha sobre um dos bandidos, um com bigode. Gina conseguira no St. Mungus, ficha antiga, foto de um cara muito mais jovem que baixara no hospital há 15 anos com as pernas travadas por uma azaração – mas positivamente, era a mesma pessoa. Leonard Datwillis; morava perto da Escócia. Era a melhor pista que já tinham conseguido; todas as outras (muitas) tinham dado em nada. Tanto que Hermione quis ir pessoalmente verificar essa. Combinou com Harry de ele seguir uma pista falsa para distrair os perseguidores e, na quinta bem cedo, deixou Rose com a Sra Weasley e foi para a casa do seu (verdadeiro) primo Andrew. Em área de trouxas Hermione tinha vantagem sobre os aurores que a vigiavam. Ela tingiu o cabelo de loiro com uma poção e pegou algumas roupas da tia, saindo com essa como se fosse filha dela. Ela pegou o metrô e depois o trem para o norte antes que os aurores tivessem sequer imaginado que ela não estava mais na casa dos Pixar.

Numa aldeia ao sudeste de Edimburgo, uma forasteira loura foi logo identificada entre os habitantes como “a que fazia perguntas”. Em questão de meia hora depois de sua chegada, todos os moradores de Berwick-upon-Tweed esperavam sua vez de ser entrevistado pela estranha. Alguns diziam que ela era da polícia. Ou jornalista. Ou espiã. Mas as perguntas eram sobre o obscuro sobrinho de Mrs. Dana Datwillis, que ninguém se importava muito com que fim levara. Indicaram a casa da velha para a estranha. Ficava um pouco fora da aldeia – uma típica casa de velhinha inglesa, com um belíssimo jardim.

Hermione não conseguiu que Mrs. Dana lhe respondesse qualquer coisa sem antes cumprir o ritual do chá. Até lhe fez bem. Uns quadros que viravam o olho, uma Nimbus atrás da porta e uma gaiola particular em um canto deram à moça certeza daquilo que ela já presumia: a Datwillis era uma bruxa. Uma velhinha tão doce e delicadinha, podia viver no meio dos trouxas sem que ninguém desconfiasse.

— Muito bem, querida... Como disse que se chama? – perguntou a velhinha por fim, pousando a xícara na mesa.

— Louise Lemoine – repetiu Hermione, pacientemente.

— Sim, querida Louise. O que deseja?

— Disseram-me... – Hermione pegou os retratos e passou pra ela – que a senhora poderia me dizer quem é esse homem.

A mulher olhou as gravuras com cuidado e vagar. Na que mostrava o homem mais jovem, seu rosto expressou reconhecimento simpático. Mais um pouco de paciência e Hermione ouviu o que de mais positivo já tinha conseguido nesse caso.

— É meu sobrinho, Leonard. O sobrinho do meu marido, na verdade. Creio que isso aqui foi quando ele teve um problema nas pernas, tiraram no hospital. Morava conosco naquela época. Ele nunca confessou, mas creio que o problema foi causado por terceiros – a velhinha suspirou e devolveu a foto a Hermione. – Este aqui, quem foi que fez? – a senhora Datwillis perguntou indicando o retrato desenhado do vilão com ar curioso.

— Um colega que o conheceu – respondeu Hermione, vagamente, logo desviando a conversa para o que lhe interessava. – E onde é que ele está morando agora?

Dana Datwillis fez um ar suspirante e abanou a cabeça.

—  Não está mais entre nós, querida. Um pouco depois de ir morar sozinho, isso foi quando ele tinha 22 anos, sofreu um acidente. Foi tão terrível... – a velhinha enxugou os olhos com um lencinho bordado. – Quando o vi no caixão, estava quase irreconhecível, de tão deformado. É por isso que pergunto quem fez o retrato. Está tão perfeito, exatamente como ele teria ficado hoje. Gostaria de encomendar um desses para mim.

Hermione ficou bastante chocada com o que ouvira. A lamentação da velhinha fora tão pungente. Então o homem estava morto. E não de agora, pois por certo o desenho de Ron não representava um rapaz de 22 anos, mas um homem de quase quarenta, inclusive bigodudo e com entradas pronunciadas. O que isso denotava era tão escuro que Hermione nem quis pensar nisso no momento; afastou as idéias e agarrou-se a uma longínqua esperança: se o cara era mesmo sinistro, poderia ter arranjado um jeito de simular sua morte. Era bem possível. A velhinha tinha ares de aérea, não devia ser observadora, fácil de ludibriar, talvez... A pista apenas precisava de um novo rumo. Hermione acabara de perguntar em que cemitério ele fora enterrado, recebendo a resposta e decidindo visitar o local, quando suas esperanças foram dissipadas.

— Lá é terra chuvosa, você vai precisar usar galochas. Pobrezinha, subir o morro com aquilo, seus pés vão ficar detonados.

— Como a senhora sabe? – Hermione não era muito amiga das galochas justamente porque tivera experiências do tipo. Mas não imaginava como a velha podia saber daquilo. Mesmo que fosse legilimente ou adivinhadora, Hermione absolutamente não estava pensando nisso agora. A pergunta escapou.

— Seus pés. Eles têm formato de quem usa muito aquele tênis baixinho, acho que é All Star o nome. E geralmente quem está acostumado com esse tipo de calçado não se adapta com outros e não consegue usá-los sem o preço de muitas bolhas.

Aquela bruxa era terrivelmente observadora. Contrariamente à aparência de gentil velhinha, não seria fácil enganá-la. Hermione saiu dali bastante perturbada. Já eram 19:00h e ela não foi para o cemitério fazer verificação nenhuma – era tarde e ela até esqueceu disso. Pegou a filha e foi esperar por Ron em casa. A espera foi longa e terrível. Pensamentos se insinuavam na mente de Hermione, mas ela não ousava completá-los, concentrava todos os seus esforços em distrair-se. A Sra Weasley chegou mais tarde – queria passar pelo menos alguns minutos com Ron. Mas isso também não foi de grande ajuda para acalmar Hermione.


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