O Trauma De Ron escrita por Katerina_


Capítulo 15
Alegria




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E assim passou outubro. Ron e Rosie seguiam sua rotina, recebendo as frequentes visitas dos amigos e tentando manter viva a esperança. Uma tarde, ele brincava com a filha em uma poltrona no lado oposto ao da janela. Estava distraído colocando peças em um quebra-cabeça no chão, quando levou um susto com a exclamação de Rose.

— Mamãe! – ele ergueu-se rápido, para ver se havia algo de errado. Hermione, de olhos abertos, fitava-os serenamente.

— Oi, meus amados – ela murmurou, doce. Rose desceu do colo do pai e correu para ela. Hermione acariciou os cabelos da filha.

Hermione! – Ron adiantou-se para a esposa, entre feliz e incrédulo. – Graças a Deus. Meu Deus. Graças a Deus – ele repetiu, escondendo o rosto nas mãos, trêmulo.

— Como é que vocês estão? – Hermione perguntou, sem elevar a voz.

— Ótimos – respondeu Ron, com a voz nervosa, ainda com medo de perdê-la se piscasse. Rose o puxava pela calça. Ele pegou-a e colocou-a na cama, sentada ao lado de Hermione. – As coisas já estão resolvidas; só esperamos por você.

— Onde estamos? – perguntou a mulher, olhando em volta e notando que aquela não era a sua casa.

— Na casa do Gui – disse Ron. Ia acrescentar mais alguma coisa, mas Hermione perguntou novamente.

— Que dia é hoje?

— Cinco de novembro, eu acho – disse Ron, forçando a memória.

— Nossa! – Hermione exclamou. – Eu dormi tudo isso? O que aconteceu comigo?

— Humpf! Poção Polissuco – ele falou, lentamente, estreitando os olhos para ela. – De hoje em diante, a senhora está proibida de tomar essa porcaria – disse Ron, sério. Estava bravo, mas ao mesmo tempo não estava, tão grande era o alívio em vê-la assim, sã, salva e desperta. – Já não é a primeira vez que dá errado com você. Passou sete dias com febre, teve convulsões horríveis, e uma hora nós chegamos a pensar que você tinha morrido. Foi o pior momento de toda a minha vida. Eu já não sabia mais nada – ele confessou, escondendo o rosto entre os lençóis que cobriam Hermione; ela brincava distraidamente com Rose, atenta a Ron, na verdade. – Depois ainda tive que conviver com a possibilidade de você não acordar nunca mais. Estava quase perdendo as esperanças. Não faça mais isso comigo, Hermione – ele pediu, baixinho, com expressão aflita só de lembrar.

Hermione abriu a boca, mas nem tinha o que responder. Desculpas seriam fúteis. Ela estendeu a mão e acariciou o rosto dele; tinha  ar de “não era essa minha intenção, eu nem sabia... no que depender de mim, não faço...”

Neste momento Fleur entrou no quarto, trazendo o alimento de Hermione – estavam nutrindo-lhe por meio de injeções, como os trouxas (o curandeiro que a tratara também nascera trouxa; era o mesmo que tinha tratado do Sr Weasley quando este fora mordido por Nagini). Ela ouvira a última fala de Ron e apesar de penalizada, já ia censurar o cunhado por estar falando com alguém inconsciente. Tomou um tremendo susto quando viu Hermione; quase derramou tudo. Gritou.

— Hermione! – exclamou. – Nossa... Você acordou... – a francesa constatou, alegre. A Sra Weasley, alarmada com o grito dela, veio apressada, e também surpreendeu-se.

— Ah! Hermione, que maravilha! – ela disse. – Não sabe como ficamos preocupadas.

— Eu disse a ela – falou Ron, em tom meio repreensivo. – Quase me matou – resmungou.

— Quase se matou – corrigiu Fleur.

— Não falem essas coisas na frente da menina – censurou a Sra Weasley, indicando Rosie. Ron pegou-a no colo.

— Agora que está mais aliviado, porque não vai comer, Ron? – sugeriu Fleur.

— É, vá. Leve Rosie, já está na hora dela – apoiou a Sra Weasley. Ron, na verdade, estava com fome. Voltara tudo na hora em que ele ficou seguro que Hermione estava bem. Olhou para Hermione, meio incerto, mas ela sorriu, encorajando-o. O rapaz saiu, e Fleur fechou a porta atrás dele. Trocou um olhar com a Sra Weasley, e as duas voltaram-se para Hermione com ar sério. Esta até ficou apreensiva.

— É um alívio te ver assim. Realmente, você nos deu cada susto... – começou a Sra Weasley. Hermione desculpou-se.

— Eu sei; Ron me contou. Estou terrivelmente envergonhada, dei tanto trabalho! Mas eu nunca imaginei que isso aconteceria, Poção Polissuco é uma coisa que eu até... nunca deu nada parecido... não entendo porque...

— Ronald não sabe de tudo – interrompeu Fleur. Molly Weasley explicou.

— A poção reagiu dessa forma porque você estava grávida. Afetou o bebê.

O queixo de Hermione caiu. A notícia realmente pegou-a de surpresa.

— Mas como...? – ela murmurou, espantada. – Só se... ah... – então reparou no passado do verbo estar, e assustou-se. – Está tudo bem com a criança? Meu Deus, eu não tinha idéia...

— Acho que está – Fleur falou, levantando as cobertas de Hermione para verificar algum vestígio de problema. – Não, não abortou. Mas é bom você fazer todos os exames que conhecer, bruxos ou trouxas, porque ele correu muito risco.

— É mesmo. O médico achava que era você ou ele. E ele disse que por causa da poção será um menino com certeza, e muito parecido com Ron – completou a sogra de Hermione. – Não contamos a Ron. Ele ficaria abalado demais, e nem sabíamos se a criança ia sobreviver. Agora você dá um jeito de contar-lhe.

— Fizeram muito bem. Ele ficaria muito bravo comigo, ainda mais depois do que eu fiz na vez da Rosie – compreendeu Hermione. – Mas dessa vez eu realmente nem suspeitava... – Hermione disse. – Muito obrigada. Eu nem sei como agradecer, eu...

— Não precisa. Somos uma família, você teria feito o mesmo por nós – disse Fleur, arrumando a comida de Hermione e abrindo a porta.


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