O Trauma De Ron escrita por Katerina_


Capítulo 16
Homenagem




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Em três dias, Hermione, Ron e Rosie puderam voltar para casa. O médico ficou muito espantado e impressionado com a recuperação de Hermione. Não restou nenhuma sequela da crise. Ele pediu-lhe reservadamente que pudesse acompanhar a gravidez dela, porque era um caso interessante.

Hermione foi visitar os pais, que não a viam fazia um bom tempo. Aproveitou para fazer exames trouxas e disse aos pais que estivera se tratando por causa do bebê. A Sra Weasley já tinha dito qualquer coisa assim pra eles. Hermione e Ron receberam muitas visitas dos amigos naquele mês. Foi bom para Ronald receber tanta simpatia, mas ele ficava meio receoso de que as visitas cansassem Hermione e ela tivesse uma recaída ou coisa assim.

Ammy e George estiveram muito ocupados com Louis, mas foram ver Hermione logo que ela voltou para casa, levando o bebê para que ela conhecesse.

— Quem será agora? – resmungou Ron, ao ouvir a campainha tocar mais uma vez. Ele estava sentado à mesa da cozinha, enquanto Hermione lavava a louça.

— Deixa que eu vejo – exclamou Rosie, saindo do canto da cozinha onde estava brincando, e correndo para o hall. Hermione foi atrás dela.

— Olá, gracinha! – a voz de George foi ouvida. – Que tal uns bombons para a minha sobrinha favorita? – perguntou.

— Mamãe, papai: tio George me deu um presente! – a menina gritou, correndo de volta pelo corredor. Quando ela passou, Hermione pegou o pacote que ela vinha segurando alto.

— Espere um pouco; os presentes do seu tio George podem ser perigosos – falou Hermione, examinando o pacote ao receber George e Ammya com um sorriso no hall. Rose a seguira. – Preciso ver se você não vai ficar azul ou inchar.

— São só doces, Hermione! – protestou George, rindo. Carregava o filho no colo e estava de ótimo humor.

— Sim, mas são os seus doces – Hermione então devolveu o pacote à filha. – Parece que está tudo bem. Leve e peça para o seu pai dar pra você; pode comer só um porque vamos jantar daqui a pouco – e Rosie disparou para dentro de casa.

— Esta – disse George, dirigindo-se ao filho – é a sua tia Hermione. Ela é a rainha dos CDFs, é muito mandona (como você já deve ter percebido) e está ficando cada vez mais louca por osmose por causa da convivência com o meu irmão Ron. Se você não sabe o que é CDF, logo vai descobrir, porque sua mãe também é uma das “mais mais”.

Ammy deu um tapa no braço do marido, estreitando os olhos para ele.

— O que ele está fazendo? – Hermione perguntou à prima, enquanto eles iam para dentro da casa.

— Inventou de apresentar tudo ao filho – Ammy respondeu, meio exasperada, meio divertida. – É um doido, mesmo.

— É uma gracinha, bem forte – elogiou Hermione, fitando o menininho de um mês nos braços do cunhado. – Posso pegá-lo? – pediu.

— Agora não; primeiro ele tem que estar ambientado – respondeu o papai inchado de orgulho, quando eles entraram na cozinha.

— E ainda me chamava de babão por causa do Rose. Cara de pau; a Ammy tem que andar com um balde na frente dele quando está com o bebê – disse Ron, zombando do irmão.

— Mas você era babão mesmo, Ron – riu Ammy.

— E ainda é – disse Hermione, rindo e voltando para a louça.

— Com razão, né? – Ron sorriu, acariciando os cabelos da filha, que estava sentadinha na cadeira ao lado com um livro grande e bem ilustrado no colo. A voz de George, que dava uma volta com o filho pela cozinha, sempre falando com ele, sobrepôs-se à deles:

— E este, Louie, é o seu tio mongolóide Ronald, que é turrão e burro e de tanto andar com seu outro tio mongolóide, Harry, que você já conhece, tornou-se chamariz de encrenca que nem ele. Mas pro caso de ter que jurar em tribunal, ele é um cara legal.

— Credo, George, vira essa boca pra lá – disse Hermione.

— É, não é nem um pouco engraçado – Ammy falou, séria. George pediu desculpas. Ron comentou:

— Tomara que não herde a personalidade do pai; o pobrezinho já herdou a fuça, é uma cópia de olho verde. O que, tendo uma mãe bonita como a Ammy, é um tremendo azar.

— E agora, Louis, vamos conhecer o resto da casa, porque você vai passar boa parte da sua infância aqui, com certeza – George disse, ignorando o irmão e juntando ação às palavras. Rose foi atrás dele.

— Eu lamento tanto ter perdido o nascimento dele! – lastimou Hermione.

— Ah, estávamos todos atribulados naquele período. Na verdade poucas pessoas conhecem Louie. Vocês, os avós, Harry e família, tio Lewis e tia Ann... enfim, só os mais próximos. Vamos apresentá-lo mesmo para a família no Natal. Vocês vão passar com os Weasley ou com os Granger dessa vez? – Ammy perguntou.

— Na verdade decidimos comemorar só nós três aqui. Precisamos disso – respondeu Ron, que estivera fazendo umas contas mas parara quando os amigos entraram.

— Ah, com certeza. Estressa menos, e Hermione precisa descansar por causa do... – Ammy interrompeu-se ao ver a prima fazer-lhe sinais enfáticos pelas costas de Ron para não concluir a frase. Ammy entendeu e mudou rapidamente o final – ...do acidente.

— É o que eu digo pra ela. Já falei que não precisa fazer o serviço de casa, eu dou um jeito, mas você a conhece, será que adianta? Humpf. Teimosa...

— O que eu acho é que ela não quer se arriscar a comer sua comida, Ron – brincou Ammy. – Porque, sinceramente... Hermione? Tudo bem? – exclamou Ammya preocupada, levantando-se. Ron virou rapidamente e levantou-se também. Hermione estava apoiada na pia com os olhos fechados e parecendo oscilar. Ron aproximou-se dela, exasperado.

— Tá vendo?! É disso que eu falo – exclamou, enquanto Hermione recompunha-se.

— Não é nada, eu estou bem. Só fiquei um pouco tonta; deve ter sido por causa...

— Do calor? – ironizou Ron. Eles estavam na época em que a neve começava a cair. Hermione lhe fez uma careta.

— Não começa, Ron!

— Não me dê motivos, então – ele resmungou, voltando a sentar, sem parar de vigiá-la com o canto do olho.

— Por fim, esta aqui que estava nos seguindo o tempo todo... – a voz de George veio pelo corredor, rompendo o ar pesado do local – é a melhor coisa desse lugar, sua priminha Rosie – eles entraram na cozinha e George abaixou-se para mostrar o bebê a Rose. Ela puxou o cobertor dele de leve e riu. Louie também riu pra ela. – Ela é uma gatinha, não? Não conheço ninguém que seja mais. Mas você não vai poder namorar ela porque vocês são primos e isso não é legal – ele completou, olhando para as mulheres.

— Não tem do que reclamar – Ammy respondeu, cruzando os braços. – Estou casada com você, não com Petter ou Lestat, e a prova está aí no seu colo.

— E pára de enrolar George, agora quero pegar o meu sobrinho – disse Hermione, adiantando-se para ele. – Ron, põe a mesa? – pediu. Ron logo atendeu e eles jantaram em paz. Estavam se acostumando novamente a isso, e agora davam a esses detalhezinhos um valor que antes não conseguiam enxergar. Especialmente Ron e Hermione. Foi assim também no Natal. Depois da meia-noite eles acordaram Rose para abrir os presentes. Tinham montado uma árvore de Natal bem bonita na sala, que junto à lareira acesa dava um ar bem familiar e aconchegante, como eles queriam.

— Vassoura! – exclamou Rose, batendo palmas de alegria, ao abrir o pacote com um dos presentes. Era uma minivassourinha que voava de verdade. Hermione olhou para o marido.

— A tua cara, mesmo! – comentou, divertida e exasperada ao mesmo tempo. – Se ela se machucar eu te pego – Ron riu.

— O que foi, nós temos que ensinar as coisas pra ela! – defendeu-se, encolhendo os ombros. – Depois, ela já sobreviveu a uma queda de verdade, e foi por culpa sua.

— Hum – resmungou Hermione. – Abra o seu – disse, colocando uma caixa na frente dele e observando-o com ar ansioso. Ron abriu a caixa e tirou dela uma roupa de bebê bem pequenininha. Ficou olhando para ela com ar espantado.

— Hermione, o quê...? – ele balbuciou. – Isso não é pra outra pessoa, para a Ammy, talvez? – ele perguntou. Hermione fez que não com a cabeça. – Não cabe na Rose, e muito menos em mim. Então quer dizer que...? – ele nem terminou a pergunta; os olhos brilhavam de expectativa.

— Uhum – Hermione confirmou, sorrindo e acenando com a cabeça. – Vamos ter mais um bebê!

De um salto Ron derrubou-a no chão, abraçando-a e cobrindo seu rosto de beijos. Exclamava coisas desconexas. Hermione ria. Rose veio correndo “socorrer” a mãe.

— Pára, papai! Machuca ela! – protestava a garotinha, empurrando o rapaz. Ron rolou para o lado, rindo, e puxou Rose por cima de si.

— Tem razão. Temos que ter muito cuidado com sua mamãe agora – falou.

— Por quê? – perguntou a pequena.

— Você gostaria de ter um irmãozinho, Rosie? – Ron perguntou, por sua vez.

— Irmãozinho? Que nem o Albie? – a menina quis saber, saindo do colo do pai.

— Mais ou menos... – disse Hermione, voltando a sentar-se.

— Que nem o Louie, então? – Rosie questionou.

— Por aí – disseram os pais em coro.

— Eba! – Rosie bateu palmas. – Eu quero um sim.

— Pois vai ter – Ron falou, sentando-se também.

— Cadê ele? – a menininha olhou em volta, com avidez, para as caixas de presente. Hermione riu.

— Não agora. Você vai ter que esperar uns meses.

— Ah! – ela fez cara de aborrecida. – Posso pegar um bolinho? – pediu, para consolo.

— Vá – permitiu Hermione. Quando Rose saiu, Ron enlaçou a cintura da esposa e beijou-a ternamente.

— Quanto tempo nós vamos ter que esperar, hum? – perguntou, suave.

— Estou de quase quatro meses – Hermione falou baixinho, olhando para o próprio colo e torcendo para que ele não fizesse as contas.

— Tudo isso?!Eu sou um bocó, mesmo, como foi que não percebi? Enjoos, tonturas, e seu corpo está mesmo diferente, sua cintura... – então ele se deu conta. – Hermione Weasley! Você já estava grávida quando tomou aquela droga de poção? – gritou.

— Eu não sabia, Ron! Juro! – disse Hermione, encolhendo-se.

— Qual é a tua? Quer matar todos os nossos filhos antes de eles nascerem?

— Ah, Ron, como eu ia imaginar? Só nos vimos uma vez em meses! Eu estava tão atribulada... Se eu apenas desconfiasse, não teria tomado.

— A minha vontade é... – grunhiu Ron, cobrindo o rosto com as mãos. – Está tudo bem com a criança? – perguntou, ansioso.

— Está – Hermione respondeu, rapidamente. – Fiz todos os exames possíveis, bruxos e trouxas. É um menino, inclusive – informou.

— Então tudo bem – Ron abraçou-a e escondeu o rosto nos cabelos dela. – Não faça mais isso – pediu. – Vigia mais essas coisas, Hermione, por favor.

— Claro. Eu... teria vigiado, só... – ela encolheu os ombros. – Bem, parece que eu fico mais louca quando tenho seu sangue correndo nas veias – brincou.

Ron relutou em rir, ainda bravo. Então eles ouviram um barulho de metal batendo no chão e um choro alto. Correram para a cozinha. Rose estava chorando no chão com uma cadeira caída ao lado, a gaiola de Píchi derrubada e um bolinho ali por perto. Ron correu a pegá-la, assustado, mas depois de certificar-se que estava tudo bem, passou a consolá-la.

— Eu só que-ri-a man-dar um pre-sen-te pro ir-mão-ziii-nho! – ela soluçou. – É Natal, ele tem que co-mer um bo-linho!

– Vamos lá, vamos mandar numa carta, tenho certeza que a mamãe faz chegar nele – disse Ron suavemente, piscando para a esposa, e os três dirigiram para a sala. Ron sentou-se à escrivaninha com a filha no colo, e Hermione trouxe pergaminho, tinta e pena. A garotinha tinha puxado à mãe, e quase amassou o papel todo, apertando-o, feliz. Quando ela finalmente deixou o papel quieto, fez cara de choro novamente.

– Mas eu num sei escrever – ela choramingou, virando a cabeça quase na horizontal para olhar Ron. – Você escreve papai?

– Claro, amor – Ron disse, rindo. – Só espero que ele entenda a minha letra. Vamos lá, que é que você quer botar na carta?

Rose fez uma cara compenetrada, levando a sério o negócio e começando a ditar:

–– Querido... Como é o nome dele, mamãe?

Ron levantou os olhos para Hermione também, irônico.

– É mesmo, como é o nome dele, mamãe? – questionou, curioso para saber se, escondendo dele os fatos por tanto tempo, ela já havia pensado até nisso

– Eu... ah... – ela hesitou um instante. Então, ocorreu-lhe uma ideia. – Na verdade, Ron, eu pensei... Eu acho que... bem... quando fizemos listas para Rose... – começou – bem... Hugo é um nome bonito – ela concluiu, em voz baixa. Ron olhou-a rapidamente e depois se pôs a fitar o fogo.

— Hugo... – repetiu, baixinho. – Hugo Willowby... – resmungou. – Hugo Weasley...

Um leve arrepio perpassou as costas de Ron. Dar ao seu filho o nome do garoto cuja morte cruel ele tinha testemunhado? Toda vez que olhasse para o seu filho, lembrar daquele momento terrível, do tempo terrível que o sucedeu? ...e da fidelidade dos seus amigos e esposa... e da inocência provada... e do motivo pelo qual ele escolhera ser Auror, para poder salvar tantos Hugos quantos possíveis...

— Você não pode devolver-lhe a vida, mas pode homenagear – a moça sugeriu, timidamente, ao ver que Ron não abria boca. Ele continuou em silêncio por vários minutos, um silêncio pesado, que fez as duas mulheres ficarem olhando para ele, apreensivas. De repente, com um sacudir de cabeça e um suspiro, Ron puxou para si o pergaminho.

– Querido Hugo, hoje é natal e eu, sua linda irmãzinha Rosie quer lhe mandar um bolinho – ele escreveu, falando em voz alta. Ergueu a cabeça, então, sorrindo – O que mais? Diga, antes que o Píchi se empanturre demais pra poder levar a carta, aquela criatura inútil! Tsc, tsc...

Hermione soltou uma risada nervosa. Ron estava de volta. Seu Ron, de cabeça leve e risada fácil. Ela aproximou-se e envolveu o marido e a filha num abraço caloroso.

– Diga que a família mais incrível do universo o aguarda ansiosa – ela murmurou – e que nada... nada vai mudar isso.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora com o final, pessoal, eu estava totalmente tomada por trabalhos escolares. Ainda tenho uma prova na próxima sexta, mas já aliviou, e eu consegui dar a retocada no final que estava faltando para postar o último capítulo.
Não ficou exatamente o que eu esperava mas, sei lá, acho que perdi o jeito para escrever fics de HP, hoje escrevo mais é de Hetalia mesmo (se alguém que conhece o anime estiver lendo isso e quiser dar uma olhada no meu perfil, é bem-vindo).
Espero que você tenha gostado, mesmo assim.
Caso tenha, por favor deixe um review, e/ou favorite, e se achar digna, escreva uma recomendação! É assim que mais leitores chegarão à fic e terão os momentos de diversão que você (quem sabe) teve. Aliás, já quero agradecer à Marilu pela recomendação, foi uma surpresa que me deixou super feliz! ^^
No mais, convido-os a ler minhas outras duas fics de HP, "Neocomensais" e "O Polaco Alucinado". Ouso dizer que se você gostou dessa, pode gostar daquelas (perdão pela falta de modéstia).
Beijões para todos que acompanharam, e mais uma vez obrigada!