O Trauma De Ron escrita por Katerina_


Capítulo 10
Perdão




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As investigações progrediam lentamente, mas de forma ininterrupta. Desde aquele dia em que descobrira que as palavras de Ron se confirmavam, ninguém conseguira parar Hermione. Cerca de dois meses tinham se passado, e o chefe dos aurores cumprira com o combinado. Até o PD parara uns três dias com os ataques, mas vieram as reportagens do Pasquim e eles voltaram à ativa. Então o caso não estava calado, e o Ministério ainda procurava Ron incessantemente. Ele não parava de mudar de esconderijo. Por outro lado, as descobertas dos partidários de Ron avançavam. Tinham conseguido identificar mais um dos criminosos pelos retratos desenhados. Mas Datwillis era mesmo o elo mais fraco da cadeia, e então era a ele que a “resistência” tinha combinado capturar.

— Está tudo planejado, vai ser amanhã à noite – Hermione contava a Ron, ajudando-o a fazer a barba. Era a primeira vez que Ron estava com ela desde aquela triste ocasião relatada, e mesmo cartas eles não tinham podido trocar mais de três, porque a perseguição a ele se acentuava a cada dia. Mas o rapaz resolvera arriscar-se para ir ver a família. Rose estava dormindo quando ele chegara, pouco depois das 18h, e Hermione quase morrera do coração. Depois de dar-lhe uma bronca enorme pela temeridade, ela (que estava saltitando de felicidade por dentro) contara-lhe tudo que estava sendo feito por ele. Estava rouca de tanto falar. – E como é que você está vivendo? – ela questionou, ternamente. Eram 19:45h. Ron abriu a boca para responder, mas nesse momento eles ouviram o choro da menina deles. O rosto de Ron se iluminou. Ele foi para o quarto, seguido por Hermione. Rose, quando o viu, abriu um sorriso e tentava sair do berço.

— Papai! Papai! – ela exclamava, baixinho. Ron riu, correu a pegá-la no colo, beijou seu rostinho macio e acariciou os cabelos dela.

— Por que está falando baixinho assim? – ele perguntou, docemente.

— No dia depois que você esteve aqui, ela entrou em casa gritando por você e invadiram nossa casa. Ficou assustada, tadinha – contou Hermione, endireitando as fraldas da filha. O rosto de Ron adquiriu uma expressão que era um misto de raiva e de tristeza, mas que se desfez em ternura assim que ele olhou para Rosie.

— Queria que vocês não estivessem sujeitas a isso – ele murmurou.

— Acho que vou deixar vocês brincarem enquanto faço o jantar – disse Hermione, ignorando a fala dele.

— Não, nós vamos com você. Vamos te ajudar, não é Rose?

— É. Eu misturo – ela falou, achando muita graça em tudo.

— Tá – assim a família Weasley desceu, e tiveram uma noite cotidiana como há muito tempo não tinham. Embora Hermione quisesse ardorosamente saber como Ron estava vivendo, se virando sem ela, não ousou quebrar aquela harmonia, que a encantava tanto. Também percebia que ele não queria falar.

Rose brincou tanto com o pai que por volta das 22h estava caindo de sono novamente. No meio de uma corrida ela parou e deitou a cabeça na perna de Ronald.

— Quer dormir, amorzinho? – perguntou Ron, pegando-a  no colo. Ela fez um fraco “Uhum”. – Papai te leva – ele levantou-se. – Também estou meio cansado. E há quantos meses que não vejo uma cama confortável! Vamos, Hermione?

— Eu vou mais tarde. Tenho muita coisa pra arrumar, pra escrever. Eu bem que adiaria, mas não posso. Vão vocês dois.

Ron fez uma cara decepcionada. Cochichou algo no ouvido de Rosie e eles disseram em coro:

— Ah, vem, mamãe!

Hermione riu, e beijou os dois no rosto.

—  Não posso, queridos. Depois mamãe vai.

Então Ron subiu com a menina. Hermione escreveu umas reportagens, acabou uma tradução (tudo para entregar no outro dia – era disso e de uma conta conjunta de Hermione e Ron que ela e Rose estavam vivendo), cerziu meias e outras peças de roupa de Ron e fez comida para ele levar. Estava vibrante pela visita dele mas como que não ousava “chegar muito perto”, por causa da forma como o havia magoado. Queria fazer o máximo de coisas para ele para pelo menos tentar compensar.

Agulhas costuravam os joelhos de uma jeans e Hermione estava colocando a comida em potes térmicos perto das 02h da manhã quando ouviu um barulho atrás de si. Ron estava parado na porta, de pijama, olhando-a.

—  Você demorou – ele disse, quando ela o viu.

— Aproveite para descansar, Ron – Hermione respondeu, docemente.

—  Já dormi o bastante. Quero que venha comigo.

— Eu já vou, Ron. Estou arrumando as coisas para você levar amanhã.

— Hermione, isso não me importa. Eu arrumo num instante. Eu vim aqui por sua causa. Preciso de você. De você – ele disse isso, veemente, com olhos febris. Hermione botou de lado o que estava fazendo e rompeu sua capa de contenção, correndo para Ron e abraçando-o com toda a força. Escondeu a cabeça no peito dele. O rapaz olhou-a ternamente e escorregou a mão pelos longos cabelos dela, numa carícia leve embora cálida. Hermione então ergueu o rosto e os dois beijaram-se ardorosamente, deixando o ambiente logo em seguida.

Hermione acordou com o barulho de algo caindo. Ainda estava escuro. Ron, ao lado da cama, recolhia uma mochila em que estava colocando algumas coisas.

—  Você já vai? – ela perguntou baixinho, em tom triste.

— Preciso, senão comprometo vocês. Daqui a pouco amanhece – ele respondeu, em mesmo tom. Com um sorriso, inclinou-se e acariciou o rosto de Hermione. Deteve-a, quando ela ameaçou levantar. – Vou tentar não demorar tanto para vir de novo.

— Cuidado, Ron – Hermione pediu, com o coração apertado. Levantou-se do mesmo jeito, quando ele retirou a mão que a impedia. Foi até o berço da filha. – Eu fico tão preocupada, sempre – confessou, sem olhar para ele. – Fico pensando em como ficaríamos se você... – ela engoliu em seco. Ron aproximou-se; abraçou-a por trás. Hermione olhou-o com ar desamparado.

— É só por vocês que eu fujo, Hermione – ele murmurou, sério. – Porque sinceramente, estou cansado disso tudo. – Um raio de sol acinzentou as sombras do chão do quarto. Ron acariciou o rosto da filha e, afastando-se do berço, vestiu uma camisa desleixadamente, sem fechá-la. Hermione arrumou os ombros do robe, que tinham escorregado. Ron apanhou a mochila e eles ficaram parados indecisos, fitando-se. Então Hermione correu e beijou-o apaixonadamente. Ron retribuiu, erguendo-a do chão (o que não era difícil pra ele), e eles não queriam soltar-se. Ron botou Hermione no chão e foi recuando até a parede, de modo a ter como última visão o quadro formado por sua esposa e o berço de sua filha. E desaparatou.

Hermione jogou-se na cama com um suspiro e ficou quieta, abraçada ao travesseiro, pensativa, até a hora de levantar. Lágrimas escorregavam pelo seu rosto de vez em quando, e ora eram sorrisos que surgiam, mas ela não se importava. Levantou quando Rose acordou.


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Notas finais do capítulo

Imagem do capítulo de Maria Abagnale: http://maria-abagnale.livejournal.com/