John delicadamente beijou o pescoço de Kátia. A morena passou a mão pela sua barriga e sentiu seu rosto ficar vermelho de vergonha.

Os dois notaram a presença de alguém na cozinha juntos. Quando se viraram viram uma mulher loira de olhos azuis. Sua canela estava sangrando por um buraco pouco profundo. Uma mordida sem sombra de dúvida. Em seu rosto estava estampado um belo sorriso. Ela estava usando uma camisa branca apertada e um pequeno short jeans. Seus cabelos eram longos e iam até o final de suas costas. 

-Ah, que sorte que chegaram pessoas aqui, podem me ajudar. – Ela disse tranquila para si mesma.

John assentiu perplexo com a atitude da garota. Sem pensar duas vezes ele se aproximou dela e colocou o braço dela em suas costas ajudando-a a chegar até a entrada do bar.

O grupo ficou espantado com a garota. John a colocou em uma cadeira.

-Valeu grandão. – Disse simpática e John deu um sorriso torto.

-Há quanto tempo você foi mordida? – Perguntou Kátia.

-Uns três minutos.

Todos se entreolharam. Emily havia dormido.

-Tem errantes nesse lugar? – Annie perguntou levantando da cadeira.

A garota levantou uma sobrancelha deixando claro que a resposta era óbvia.

-Eu o tranquei. – Ela disse fitando o chão.

-Qual seu nome? – Perguntou Alice.

Jake pegou algumas toalhas de rosto e começou o curativo em sua canela. O jovem olhou para a loira e sorriu demonstrando gentileza.

-Piper. – Ela disse dando um sorriso mais uma vez.

Caio olhou para a cozinha e pegou o bastão. Annie segurou a mão dele para que ele se acalmasse. Os errantes ainda batiam em nas grades que eles colocaram no bar, mas era inútil, pela primeira vez há séculos eles estavam em um lugar que era no mínimo seguro com comida, água e armas.

-Ela não pode ficar aqui. – Comentou Annie.

Todos olharam para ela com pena.

-Vocês são idiotas? – Perguntou Piper rindo. – Esse lugar é meu e de Sam.

-Quem é Sam? – Kátia indagou impaciente.

-Eu o tranquei.

Nesse momento, todos entenderam que a risonha Piper se referia ao errante que mordeu ela. A garota desmanchou o sorriso por um momento, mas segurou suas lágrimas que pareciam implorar para serem choradas.

-Vou ir á farmácia. – Comentou Annie.

-Vou te ajudar. – Respondeu Jake.

-Você está cansado demais, vá dormir um pouco.

-Você nem dormiu ontem. – Disse Jake levantando a voz.

-Ela é minha irmã, tenho que pegar o remédio!

Jake não ousou argumentar, olhou para o lado frustrado.

-Vou com você, eu estou bastante descansada. – Comentou Alice.

-Duas pessoas são o suficiente. Vou procurar alguma coisa pra atrasar sua doença Piper. – A arqueira disse prendendo o cabelo em um rabo de cavalo. Piper mostrou mais uma vez seu belo sorriso como agradecimento. – Também vou trazer o tanto de óculos que eu consegui por lá Caio.

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John e Jake destrancaram o portão, alguns errantes reagiram ao som, se virando e esticando as mãos em direção Alice e Annie, elas golpearam as cabeças das criaturas. John fechou e trancou a grade deixando as outras duas sozinhas. Era possível vê-las pelo vidro através da grade, sendo assim saberiam quando eles chegassem.

Annie deixou o arco no bar, ciente que sem flechas a arma era inútil, carregava apenas uma faca de caça, ela não manuseava bem a arma na batalha corpo a corpo, mas, tinha uma boa experiência em lançar facas.

Alice estava com a chave de grifo que pegou em sua escola quando todo o caos começou. Ela sempre carregou a arma para todos os lados que ia, já que sua arma de fogo estava sem munição ela estava usando a única coisa que tinha. O único problema da chave de grifo é que Alice não tinha força suficiente para esmagar a cabeça de um errante com um único golpe, por isso ela se cansava fácil e muitas vezes encharcava seu corpo com o sangue podre das criaturas.

As duas garotas caminhavam pelas ruas que passou a serem desertas. Avistaram a farmácia e brutamente Annie chutou a porta de vidro. Apenas um errante veio correndo em direção ao barulho, mas a arqueira lançou sua faca, que perfurou o errante o derrubando instantaneamente.

-Boa – Comentou Alice.

-Valeu – Respondeu a loira sorrindo.

O silêncio se estabeleceu mais uma vez entre elas e as duas entraram na farmácia. Quando terminaram de pegar tudo que precisavam se aproximaram da saída com várias sacolas.

-Vai levar isso? – Perguntou uma mulher saindo de baixo do balcão. Havia sangue em suas roupas e ela tremia com frequência.

Alice e Annie se entreolharam.

-Tem que pagar por isso se quiser levar. Se não seria roubo né? – Ela disse soltando uma risada. – Hoje a rua está tão quieta. Eu vou fechar mais cedo à farmácia.

Alice puxou de leve por trás a camisa de Annie. A arqueira simplesmente se virou e saiu do lugar, levando junto às sacolas com analgésicos.

-Vamos passar numa loja de óculos. – Annie contou.

-Faça uma boa viagem! – Gritou a mulher atrás dela.

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Quando as duas garotas chegaram, viram que todos rodeavam um objeto. Annie se aproximou para ver o que era. Um rádio. John abriu a grade e deixou que elas entrassem, logo depois fechou e eles se juntaram aos outros para ouvirem a mensagem.

...Banho de sangue, pela ''cura''. A maleta prateada está no parque da cidade, um lugar fácil de ser encontrado. O mais capaz será o merecedor desse prêmio tão grandioso. 

Vou repetir mais uma vez. Sou um cientista dessa área, trabalhava para o governo antes da epidemia, eu e meus colegas de trabalho desenvolvemos a cura, como ela não é mais útil para mim estarei disponibilizando ela para alguém que realmente necessita vocês só precisam ir ao parque e encontrar a maleta prateada. Esse incidente causará um banho de sangue, pela ‘’cura’’ por muitos de vocês que lutaram por isso. A maleta está no parque da cidade, um lugar fácil de ser encontrado...

O homem não conseguiu terminar seu texto, tossiu com dor e não disse mais nada após isso, todos deduziram que ele estava morto.

Piper colocou a mão em seus lábios, arregalando seus olhos e os enchendo de lágrimas.

-Peguem suas coisas. – Disse Jake se levantando.

-Está maluco? Nós vamos lá nos sacrificar só por causa dessa garota que acabamos de encontrar? – Gritou Annie nervosa.

-Não importa se acabamos de encontra-la! Teremos uma chance de salvar ela assim!

-Mas Jake... – Começou a arqueira mantendo o mesmo tom de voz mal humorado.

-Chega! Se não quiser ir, fique aqui então cuidando de Piper! – Ele gritou de volta.

A arqueira serrou o punho. Sua irmã ainda com o curativo no rosto se levantou. Seus olhos destemidos deixava claro o que queria.

Todos á sua volta da loira pareceram concordar com a pequena Emily.

-Vamos para o banho de sangue. – Disse Annie se virando para a porta mais uma vez.