Jake acordou tremendo de frio, percebeu que todos no cômodo olhavam pra ele, olhou em volta a procura da arqueira.

–Onde ela está? 

John balançou a cabeça e apertou o pedaço de blusa que sempre costumou usar no braço.

Jake encarou o chão, cenas de seus sonhos passaram por sua cabeça, infinitas possibilidades de suas amigas estarem correndo perigo.

–J-Jake, não pense em... - começou Alice.

–Eu não vou bancar o maluco, fica tranquila. - Comentou o jovem olhando pro machado que estava em cima da mesa.

O moreno se levantou e subiu as escadas.

O céu estava alaranjado, o frio da madrugada o obrigou a tremer o queixo, era possível ver parte do sol aparecendo atrás de algumas casas.

Esticou os braços e se alongou. Não demorou muito pra ver um pedaço de ferro, ''será o suficiente pra chegar até lá seguro'' pensou. O pedaço de ferro de 40 cm estava sujo de sangue, ele foi usado por algum integrante do grupo.

Testou, cortando o ar em sua volta. Alongou os pés mais uma vez, e mediu a distância que pularia em alguns instantes. Aproximou-se do vidro, mas excluiu a ideia da mente quando Alice apareceu.

–Jake, o John, rápido! - Disse a garota nervosa usando palavras-chave.

Jake assentiu e correu junto a ela descendo as escadas.

–Me solte. - Disse o loiro lançando Caio pra longe da porta com sua única mão.

John correu pra fora da casa sem olhar pra trás, determinado a encontrar sua garota.

Após alguns segundos Jake se decidiu.

–Coloque o resto dos suprimentos na mochila. - Mandou apontando pra geladeira. - Pegue água também. Caio junte as armas que ficaram, vamos levar tudo. - Os dois assentiram hesitantes.

Jake pegou o machado e sorriu pra arma suja.

–Vamos alcança-lo. 

–--x---

A explosão rachou as paredes sensíveis da cozinha, queimando eletrodomésticos e atiçando o fogo por todo o cômodo, as partes torradas do professor fediam. A ruiva astuta correu pra fora do apartamento, suas costas estavam em chamas, mas ela parecia estar mais preocupada em escapar dali, os estavam abaixados por causa do susto.

A parede rachou ainda mais, e foi se desfazendo aos poucos de acordo com o que o fogo consumia. O barulho foi suficientemente alto pra zumbis a duas ruas de distância ouvissem durante o silêncio da noite.

Jenny se levantou e pegou Emily pelo braço, Maya havia aberto a porta e abandonado o local.

Emily levantou a mão em busca do objeto precioso. Seu arco havia ficado, e nesse momento uma das paredes despencaram espalhando parte do fogo pela sala.

Tammy pegou sua besta e correu pra fora do apartamento também, as três pararam na frente da porta quando viram uma loira correndo em sua direção, Emily a reconheceu e se soltou da mão violenta de Jenny.

–Ann... - Tentou dizer, mas outro aparelho eletrônico devia ter explodido uma televisão provavelmente. A garota sentiu o impacto do fogo queimando seu rosto e gritou de dor.

Tammy levantou a pequena como se estivesse dando um abraço, e correu em direção à loira. Jenny sentiu seu braço queimar também e tirou seu casaco batendo em seu braço, o fogo apagou e ela se apressou em seguir as outras duas.

Quando a loira viu o rosto de sua irmã, notou uma das bochechas estava em carne viva com algumas bolhas, Tammy teve alguns fios de cabelo chamuscados, as quatro garotas corriam pra fora do prédio, mas no momento em que desceram a última escada, pararam por lá, notaram pelo menos duas dúzias de zumbis fazendo força na porta de vidro, o vidro não aguentaria muito. ‘’Outra saída? O terraço’’ pensou Annie.

Percebeu que o incêndio já tinha atingido o tapete do corredor, e queimava as paredes do apartamento.

–Vai ficar tudo bem, se acalme. – Dizia Annie passando a mão nos cabelos cacheados da irmã.

–Ma...na... – Dizia a pequena com suas bochechas em carne viva. Seus olhos lacrimejavam com a dor insuportável.

Annie pegou da mochila uma garrafa de água, e Tammy tirou a garrafa delicadamente de suas mãos.

–A explosão causou uma queimadura de segundo grau na área das bochechas. – Disse Tammy fazendo-a deitar em seu colo, jogou um pouco da água em seu rosto a primeira sensação foi de alivio na pequena, Tammy continuou fazendo a água correr na área do nariz e bochechas. Tammy retirou os brincos de ouro da pequena. – Você tem gaze? Um lenço? – Tammy disse pra qualquer uma das três. Jenny tirou da sua mochila um pano e Tammy arrancou das mãos da morena. Enrolando delicadamente no rosto da garota, formando um curativo. -São só primeiros socorros, precisamos de remédios pra queimadura. Eu sei pouco sobre esse assunto, mas a queimadura é de segundo grau.

Os barulhos de janelas e porta sendo socados aumentaram, o calor tomou conta do prédio.

A fumaça aumentou, para chegar ao terraço teriam que passar mais uma vez pelo andar em chamas.

–O terraço, tem uma escada! – As outras assentiram e Annie colocou sua irmã no colo.

–Eu, eu consigo andar. – Disse Emily. Mas sua irmã a ignorou.

Quando subiram as escadas mais uma vez, se apressaram pra ir para a próxima que estava na direita, se viraram pra subir e uma das paredes no corredor despencou, por sorte nenhuma delas estavam na região. Pisaram no teto que agora era chão e subiram as escadas com medo que elas despencassem também, mas conseguiram chegar ao terraço.

Ouviram o suspiro de alívio de Kátia quando Jenny abriu a porta. Todos estavam lá, Artie, Lúcia, Jack e Kátia.

–Por que ainda estão aqui? – Perguntou Tammy tossindo por causa da fumaça que inalou.

Jenny correu em direção as escadas de emergência do prédio, e viu dúzias de errantes esticando os braços em direção à garota.

–E não param de chegar! – Gritou Jack. – Cadê o velho?

Jenny balançou a cabeça, negando qualquer possibilidade dele estar vivo. Jack colocou a mão na boca, e se ajoelhou.

–Só pode estar brincando. – Comento.

–Ele não conseguiu escapar. – Respondeu à amiga.

–Temos algumas horas, até o prédio despencar! – Gritou Lúcia.

Havia outros prédios nas laterais desse, mas, eles eram menores e saltar até lá não era uma opção. Teriam que descer alguns andares e saltarem pela janela.

Annie se aproximou da grade do terraço e não acreditou no que viu.

Viu um loiro gritando brutamente, dirigindo um carro virando de um lado pro outro. Caio acenou com os dois braços pra Annie. Jake e Alice estavam dentro do carro. A garota atirava nos errantes que tentavam acompanhar o carro com a única arma de fogo que restou.

Annie tentou gritar pra que eles fossem em direção as escadas, mas eles atropelaram os errantes quebrando a porta de vidro e invadindo o prédio.

A loira colocou a mão no rosto, como sinal de decepção.

–Amigos de você? – Perguntou Artie.

–Sim. – Disse sorrindo para ruivo.

–Não está preocupada?

–Não, eles vão ficar bem. – Respondeu se agachando pra cuidar de sua irmã.

–Mana, eu, perdi meu arco. – Comentou a pequena.

–Tudo bem, a gente arranja um bem mais legal tá?

–Tá. - Disse a garota, se esforçando pra formar um sorriso no rosto.

–--x---

–Seu idiota! – Gritou Alice abrindo a porta do carro e atirando no errante que se aproximou.

John soltou risadas enquanto perfurava o olho de um dos errantes que tentou morder seu pescoço.

Jake abriu a porta e decepou o que tentava morder Caio, comemorou por ter decepado um errante pela primeira vez, os quatro correram juntos para as escadas. Faltava apenas uma escada para subir, apenas alguns errantes os seguiam. Mas eles pararam de andar assustados com a cena. John viu seus amigos vulneráveis e cuidou dos errantes que se aproximavam.

Maya estava deitada no chão, e uma garota de cabelos pretos e mechas vermelhas mastigavam os órgãos da barriga da ruiva.

–Karine? – Disse a amiga colocando a mão tremula em suas costas. O errante se virou e fitou o rosto de Alice por um momento.

Jake preparou o machado, mas a garota levantou a mão interrompendo-o.

–Eu faço. – Alice levantou a arma e no momento que Karine estendeu suas mãos pra agarrar sua amiga, Alice atirou em sua testa.

Todos fecharam os olhos, desejando que aquilo acabasse.

Caio que estava com o bastão de baseball amassou o crânio da ruiva. A fumaça estava tirando o oxigênio do local, e todos correram para o andar de cima, finalmente chegando onde seus amigos estavam.