-Você vai chamá-lo? – perguntou Beth, deixando o queixo cair.

-Não, Beth! Credo, hein? Aff, não sou fútil. – respondeu Sthephy, empinando o nariz.

Caí na gargalhada.

-O quê? Você acha que sou?

-Não, Sthephy, não. É só que você e Beth juntas me matam de rir. – respondi, procurando ar.

Beth riu.

-Eu já disse que não entendo Sthephanye. Já desisti.

-Ta, ta bom. Mas, é serio. Acham que Paul ia achar decente eu convidá-lo para o baile se só faz uma semana que nos conhecemos? Acha?

-Era o que você queria. – respondeu Beth.

-Lógico, mas não se tem tudo o que se quer. - Sthephy olhou pra mim de soslaio. -Claro. Agatha é uma exceção à regra.

-Hã? Como assim? – respondi confusa.

Beth suspirou.

-Ela merecia uma folga, né? Fala sério.

-Não to entendendo nada.

-Ah, Ag! – Sthephy se levantou a começou a rodar pelo tapete, enquanto Beth caía numa gargalhada abafada no canto do próprio quarto – você vai ao baile com um gato! Vai dançar a noite inteira e ainda foi ele quem te convidou!! – de repente ela parou e encolheu os olhos ao me fitar, sentada na poltrona de leitura de Beth, assistindo a encenação dela – Sem falar que ele ta dando em cima de você na cara dura, né?

Arregalei os olhos.

-Não vejo isso.

Sthephy virou-se para Beth com uma voz séria.

-Beth, tem tanta coisa nessa sua casa, você não teria atestados médicos? Quero provar que Agatha está cega.

Bufei.

Sthephanye virou-se para mim, sarcástica.

-Ela não ta cega, Beth?

-Nem tem mais olho. – respondeu Beth.

-Elisabeth! Ah, parem com isso! Tem muitas falhas nessa sua afirmação Sthephy! Não estou totalmente feliz! Meus pais estão mais do que desconfiados! Michael esta lá em casa de novo, e eu nem sei quando vai embora! Meu pai queria que ele fosse ao baile!! E eu.. eu na verdade nem queria que Christopher desse em cima de mim. – baixei os olhos ao chão ao lembrar do quanto fiquei decepcionada com isso.

Sthephy se jogou na cama de Beth.

-Preciso te ensinar a mentir, Ag. Você está péssima nisso.

Eu ia retrucar, mas parei ao ver a expressão de horror no rosto de Elisabeth.

-Beth? O que foi? – levantei-me e fui até ela, que tinha os olhos vidrados no chão, a boca escancarada de pavor.

De repente, ela se jogou aos meus pés, ajoelhando-se, e agarrou as minhas pernas.

-Ag! Pelo amor de Deus!! NÃO! NÃO DEIXE AQUELE IDIOTA DO SEU PRIMO IR A FESTA!! NÃÃÃOO!!!

Respirei fundo de alivio. Sthephanye, que já estava do meu lado, começou a chorar de rir.

-E eu pensando que você tava passando mal, Beth!! – gritei.

-Mas eu to!!! Só de pensar naquele imbecil na festa... – ela colocou as mãos no rosto e começou a sussurrar – ah, é por isso que eu não gosto de festas!! Sempre tem um idiota, sempre!

Saí de perto de Beth e ela ficou parada lá no chão. Sthephanye agora se retorcia de dor na barriga sobre a cama, as lagrimas de riso intensificadas.

Me joguei na poltrona de novo e suspirei. Naquela altura, eu não sabia que aquele seria um dos últimos momentos de paz da minha humilde vidinha.

Naquela hora, eu queria era relaxar. O baile seria em menos de uma semana.

-Sthephy, pare de rir e distraia Beth. Conte a historia da turminha do mal.

*-*-*-*-*

Christopher parecia normal na ultima semana de aula antes do baile, mas é claro, Sthephanye jurava que ele estava ansioso.

Eu não reparei nisso. Houve coisas mais importantes.

Christopher não pôde me visitar naquela semana porque tinha que provar sua roupa para o baile. Eu fiquei entediada sem ele.

E, claro, comecei a ficar paranóica.

Sempre achando que estava sendo seguida, eu apressava o passo onde quer que eu fosse.

Sthephanye ficou meio amuada no começo da semana sabendo que não iria ao baile com Paul, o garoto do curso de informática, mas melhorou quando, na anti-véspera do baile, ele a chamou parta ir a um shopping em Long Vill. Beth de cara achou estranho um passeio em outra cidade, então Sthephanye mergulhou em uma explicação sobre umas casas que o pai do garoto tinha lá, o que durou uma tarde quase inteira na casa dela.

Se eu pudesse, dormiria na casa de minhas amigas. Michael ainda estava em casa, e ao que tudo indicava, ele iria ao baile, ainda que sozinho. Claro, Beth arrancaria meus cabelos depois, mas o que eu podia fazer?

Meus pais não tentaram mais discutir sobre minha companhia no baile, então o assunto se tornou apenas o meu vestido cor de vinho que minha mãe mandou fazer.

Eu estava ansiosa, e já esperava que algo desse errado, porque meu azar era muito poderoso.

Não sei se isso foi uma premonição, já que eu costumava sempre esperar o pior, mas seu eu pudesse ter sonhos reveladores, prevendo o que aconteceria do dia do baile, naquele momento eu teria recuado e desejado me trancafiar em casa.

Sinceramente, até hoje eu não sei se aquele dia foi minha salvação ou o começo de uma gigantesca tragédia.