Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 7
O namoro quase perfeito.


Notas iniciais do capítulo

Particularmente eu adoro esse capítulo! Espero que gostem também. Aqui veremos que nenhum casal é perfeito, mesmo que se amem incondicionalmente. Vejam. E boa Leitura.



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Estava na frente do colégio de Malu. Ao, finalmente, me avistar, saiu correndo e saltou em meu colo me dando um abraço apertado.  Beijei seus lábios delicadamente.

Malu fez questão que eu conhecesse o resto de sua turma e cumprimentei a todos tentando ser o mais simpático possível, pois, pelo que ela me disse ao telefone, imaginei que a turma tinha a melhor impressão do mundo sobre mim e eu não queria decepcioná-la.

Já sozinhos, andamos até uma lanchonete no centro da cidade para almoçarmos sanduíches. Depois, passamos o resto da tarde conversando, trocando carinhos e amassos.

Infelizmente, já era fim de tarde e tive que leva-la para casa. Como eu queria poder morar perto dela, vê-la sempre que possível ou até estudar na mesma escola. No entanto, eu nunca seria capaz de me adaptar ao seu mundo. E isso seria um problema.

— Venha, vamos subir por um instante – ela chamou. Olhei para o prédio onde ela morava e sua ideia não parecia uma boa ideia.

— Não sei, Malu. Melhor não. Eu ainda não me sinto pronto para conhecer seus pais. É tudo muito diferente para mim – garanti aborrecido enquanto ela me olhava.

— Não se preocupe – ela insistiu.  - Não há ninguém em casa além da nossa arrumadeira, Teresa. Você vai adorar conhecê-la.

Subimos pelo elevador até o vigésimo segundo andar, onde ela morava. Um prédio luxuoso, espaçoso, com uma decoração clássica. Entramos silenciosamente. Dei de cara com a enorme sala de estar com móveis caríssimos.

— Vamos, não tenha vergonha – ela continuava a me puxar, até chegarmos à cozinha.

Deparei-me com uma velha senhora de costas, preparando algo no fogão.

— Teresa, olha quem veio nos visitar. Daniel.

A senhora virou-se depressa limpando suas mãos em um pano, cumprimentou-me educadamente e disse uma dúzia de palavras carinhosas. Fiquei calado, ainda me sentindo perdido com tanta riqueza.

— Vem, vou lhe mostrar o resto da casa enquanto o jantar está sendo preparado – outra vez ela me puxou, subindo as escadas e dizendo alguma coisa em cada cômodo que entravamos.

Maria Luíza morava em um duplex. Primeiro mostrou-me o escritório de seus pais, o quarto deles, a biblioteca gigante, a varanda alta, os dois banheiros, outra sala de estar e, finalmente, seu quarto.

Um quarto enorme decorado em tons de rosa. Pelúcias, bonecas de porcelana, enfeites nas paredes, fotografias, aparelhos eletrônicos e uma cama grande no centro.

— Sua casa é linda – finalizei, com receio de aceitar o seu convite em sentar na cama. Ela me esperava sorrindo, mas eu tinha medo de fazer algo errado.

— Muita gentileza da sua parte – ela ainda sorria. — Ora, sente-se aqui. Não tenha medo, Daniel.

Aproximei-me devagar e sentei tentando sorrir. Mas não sei se deu certo, pois ela riu de mim.

— Não estou pronto para conhecer seus pais – confessei mais uma vez.

— Não se preocupe, eu já disse. Eles não chegarão tão cedo – ela desviou o olhar, mudando automaticamente de expressão. Parecia aborrecida. — Não sei se cheguei a comentar com você, mas meus pais não são do tipo que colocam a família em primeiro lugar. Gostam mesmo é do trabalho e vivem por ele.

— Não seja má agradecida. Você tem tudo o que quer graças ao trabalho deles.

— Daniel, mas isso não é tudo. Faltam-me amor, companhia, compreensão e cuidados. Eu sou muito feliz com tudo que tenho, mas preciso de uma família. E a minha família, a única a quem posso contar, é Teresa.

— Agora você tem a mim – aproximei-me puxando-a para junto do meu peito. Ela encostou a cabeça ali e calou-se. — Conte comigo para o que for preciso. Somos uma família. Você acha que não penso em me casar com você?

Ela voltou a sorrir com as minhas gentis palavras, deixando de lado aquela tristeza e abraçou-me forte como se realmente precisasse daquele carinho. Levantou-se já parecendo melhor e foi se trocar para que pudéssemos descer para jantar com Teresa. Enquanto ela se banhava, passei a observar cada detalhe de seu quarto com mais precisão e sem receio de tocar nos objetos delicados.

Via as fotos espalhadas por todos os lados, em que ela aparecia sorrindo junto aos amigos e a família em todos os lugares possíveis do mundo. Pude perceber que ela já havia viajado muito.

Já jantando na sala de jantar, já me sentia mais à vontade e correspondia a cada assunto.  Teresa de fato era alguém especial. Fazia com que eu me sentisse confortável enquanto conversava comigo e mostrava gentileza.

Com o passar dos dias, pude ver nascer um relacionamento sério e maduro. Malu passou a me visitar em casa e conheceu minha família. Pedro não desgrudou dela um minuto e ela parecia gostar daquilo. Mamãe se encantou com ela e seus modos, tanto que passaram a serem boas amigas.

Após um mês e meio de namoro, foi a minha vez de conhecer sua família. Reunimo-nos em um almoço de domingo. Conheci seus pais, Luciana e Mateus Andrade. Dois grandes e ricos donos de uma construtora.

Foram muito simpáticos e pareceram gostar de mim, mas durante a refeição pude confirmar o quanto eram ocupados com o trabalho. Os telefones não paravam de tocar, deixando a filha em segundo plano.

Após aquele dia, dei uma atenção reforçada a ela, tentando compensar a dos pais. Ia a casa dela para lhe fazer companhia e a buscava na escola. Também começamos com passeios para me relacionar com seus amigos, menos Beatriz que ainda queria me tirar do sério sempre que nos encontrávamos. De alguma forma, tentava preencher o vazio que ela tinha no peito por conta de seus pais sempre ocupados.

Saíamos bastante. Íamos ao shopping, ao cinema, em lanchonetes comer porcarias, passeávamos em tardes ensolaradas pelo parque com Pedro e o nosso cachorro, íamos à festa de família, encontro dos nossos amigos ou ficávamos em casa comendo pipoca e vendo filmes em dias chuvosos.

Uma relação quase perfeita, tirando as vezes que brigávamos na escolha de filmes. Também discutíamos como qualquer outro casal, por motivos como o que faríamos durante dia, para onde iríamos ou com quais amigos ficaríamos. Em outros dias, brigávamos por ciúmes um do outro ou porque eu a irritava demais e vice-versa. Brigávamos também por um telefonema não atendido ou pela falta de tempo que alguns dias tínhamos um com o outro.

Com o tempo fui percebendo que Malu não era tão perfeita quanto achava. Assim como eu, ela também tinha seus defeitos e qualidades. Mesmo assim, era o tipo de garota mais adequada para mim e não saberia viver sem ela.  Ou, pelo menos, já não conseguia me imaginar sem ela. Para minha sorte, havia dias que se passavam tranquilos e namorávamos sem uma discussão.

— Você é um palhaço – ela berrou enquanto eu corria atrás dela para lhe fazer cócegas.

O melhor de todas as coisas era a intimidade que havia crescido entre nós conforme o tempo. Eu podia derrubá-la ao chão de tanto rir ou dizer que sua boca estava suja de tanto que comia. Coisas que, a princípio, eu tinha receio em dizer.

— Sua chata! – fiz bico durante um filme que assistíamos em um tarde de sábado. — Você nem me dá atenção. Só quer saber desse filme chato.

— Ei! – ela me repreendeu. — Esse filme é um dos melhores que já vi. Não fale assim. Só estou tentando me concentrar, mas com você ao lado é impossível.

— Lógico! – puxei-a para cima de mim, rolamos na cama entre risos. Ela estava por cima, enquanto nossos olhos penetravam um no outro. — Eu só quero beijar essa tua boca gostosa.

Por fim, acabávamos nos beijando enquanto o filme passava para as paredes verem. Em outros momentos, eu a pegava chorando enquanto se queixava da falta que os pais faziam. Se não fosse por isso, ela chorava por ter brigado com uma amiga ou só porque tinha perdido um par de brincos.

Eram nesses momentos que eu a confortava em meu colo e enxugava suas lágrimas, tentando sempre falar palavras agradáveis para que ela pudesse sorrir outra vez. Seu sorriso era a coisa mais magnífica do mundo e o melhor de tudo era que o meu mundo só ficava bom quando ela sorria para mim. Com o tempo, acabei sabendo distinguir seu sorriso forçado e o verdadeiro.

Já eram nítidos os sinais que ela me dava. Parecia já saber absolutamente tudo sobre ela. Todas as suas manias, vontades, defeitos, preferências e gostos.

— Vamos brincar de pergunta e resposta, está bem? – ela sugeriu durante um dia. — Vamos lá, primeira pergunta: qual será o nome dos nossos dois filhos?

— Caso for menina, se chamará Alice e, caso for menino, se chamará Gabriel.

— Certo! Essa foi muito fácil, da próxima vez vou pegar mais pesado. Agora me faça você uma pergunta. Eu saberei responder qualquer uma.

— Ok. Vamos lá – pensei rapidamente. — O que você faz que me deixe mais irritado?

— Essa eu sei – ela abriu um sorriso encantador. — Quando eu deixo de atender seus telefonemas preocupados ou quando eu não te dou a atenção suficiente.

— Sim – sorri grato por ela saber. — E o que você faz que eu gosto?

— Isso, olhe – ela se jogou em mim sobre a cama, rolamos entre risos outra vez. Sem que eu pedisse, ela beijou-me ardentemente. — Estou certa?

— Perfeita.

— Do que eu tenho mais medo? – ela perguntou, voltando a se sentar pertinho de mim.

— Você tem medo de escuro, insetos, de ficar sozinha e me perder. – falei certo do que dizia. — Mas saiba que eu estarei por perto quando a luz se apagar e quando um inseto se aproximar. Estarei por perto também, sempre que você estiver sozinha e continuarei ao seu lado quando pensar que me perdeu.

Houve uma noite também muito especial entre nós. Em casa, deitamos em minha cama depois da maratona de filmes de comédia que assistimos durante o dia. Eu deslizava meus dedos em seus cabelos soltos e ela passava a unha cuidadosamente em minha barriga.

— Eu nunca me deitei com um homem, você sabia?  Você é o primeiro com quem tenho tanta intimidade.

— Você nunca precisará se sentir pressionada, tudo bem? Isso não é algo que o nosso namoro precise para se manter firme. Eu também nunca fiz nada parecido e sei que teremos todo o tempo do mundo – garanti.

— É, eu sei – ela pausou colando seu rosto ao meu. — É por isso que confio tanto em ti e no amor que temos um pelo outro.

Naquele momento, me senti extremamente importante, mais do que costumava sentir. Era uma responsabilidade e tanto que eu não deveria quebrar por bobagem.

Sim, algumas vezes eu havia pensando naquilo e como seria feito quando chegasse a hora. Para mim o sexo não era tão importante quanto o nosso amor. Se um dia houvesse mesmo que acontecer, eu estava disposto a fazer com que aquilo fosse especial em sua vida e na minha.

Também estava disposto a fazer aquilo acontecer naturalmente quando ambos estivessem preparados. Seria em um lugar especial, pois as lembranças daquele momento seriam por toda uma vida. Tinha que ser especial e perfeito.

— Amor, posso dormir aqui hoje? – Meus pais brigaram e o clima lá em casa está tão pesado. Odeio brigas.

— Tudo bem – disse. — Pode ficar aqui para sempre se quiser.

Depois do jantar, Malu ajudou Pedro em seus deveres de casa. Assim que terminaram, Pedro foi dormir. Ficamos abraçados no sofá vendo televisão com a companhia de minha mãe.

Avisei a ela que Malu dormiria conosco aquela noite. Ela não se importou tão pouco fez questão que dormíssemos separados. Comemos a sobremesa e, já bem tarde, fomos nos deitar.

Enquanto Malu se arrumava no banheiro, eu ajeitava a cama. Depois dela, eu quem fui me trocar. Quando voltei, ela já me esperava agarrada a minha camiseta que ficara com ela na viagem. Confessou que dormia junto a ela todas as noites.

— Não durma! Não agora! – pedi, lembrando-me enquanto levantava depressa. — Vem, vamos dar uma olhada na lua.

Ela me seguiu até a janela e eu a envolvi em meus braços. Por um momento, permanecemos calados observando o céu escuro.

— Passei a olhar para o céu desde que me disse que gostava dele – confessei sorrindo para ela.

— Sério? – ela se surpreendeu. — Ah, que lindo! Eu também olho pra ele com frequência. Como você consegue ser tão bom todo o tempo?

— Só quando você está por perto. Agora vem. Vamos deitar, já é tarde.

Coloquei-a sobre a cama, beijei a com todo o meu amor e deitei-me ao seu lado para abraça-la.

— Dan? Está acordado ainda? – sussurrou

Para sua sorte eu estava acordado, pois estava feliz e agitado demais em tê-la em meus braços pela primeira vez. Dormindo juntos. Meus pensamentos estavam altos e turbulentos, me impediam de dormir. Eu só conseguia pensar na magia que era poder tê-la ali, só conseguia pensar no seu corpo bem juntinho ao meu, a sua roupa de dormir deixando seu corpo ainda mais sexy, pensava como seria o nosso futuro com um casal.

— Sim, ainda estou. O que foi? Não consegue dormir?

— Não é isso – ela disse ainda baixinho. — Estava pensando em você. E também nos meus pais. Será que a briga entre eles é muito grave? – ela perguntou parecendo chateada. — Não quero que eles tenham um fim, como não quero um fim da gente.

— Meu amor, eles vão ficar bem, assim como nós após todas as brigas. Acredite. Casais que se amam também costumam brigar com frequência. Agora feche os olhos e tente dormir, amanhã estará tudo bem outra vez – beijei seus cabelos com carinho.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Muito rápido? É que na verdade, a história não se baseia somente no relacionamento de Malu e Daniel, há mais coisas que envolvem esse contexto. É importante que vocês acompanhem até o fim para descobrir rs



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