Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 4
O começo ideal.


Notas iniciais do capítulo

Não sei o que me deu hoje, mas senti a necessidade de postar mais um capítulo, mesmo não tendo um numero suficiente que eu possa considerar de leitores. Enfim, esse capítulo é todo meiguinho também, afinal, o Daniel é um garoto muito romântico e pela primeira vez está apaixonado. Então, não poderia se esperar outra reação e comportamento. Confesso que a história vai prosseguir sempre assim, cheia de muito amor, romantismo, porque afinal, eu também sou uma garota muito sentimentalista.

Boa leitura.



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Acordei cedo com o barulho de Guilherme no quarto jogando suas coisas ao chão, parecendo confuso. Lavei-me e sai antes que pudesse me estressar com ele.

Ansioso para mais um dia ao lado de Malu, segui até o quarto das meninas. Bati na porta algumas vezes e só depois de alguns minutos Beatriz veio me receber sem qualquer expressão de sorriso.

Ela ainda vestia seu pijama vermelho e seus cabelos louros tingidos estavam presos em um bagunçado coque. Nas mãos, uma revista de moda feminina. No rosto, nenhum sinal de surpresa a me ver. Pelo contrário, parecia entediada e fez com que me sentisse patético em estar ali.

— Maria Luíza não está. Foi dar uma volta com Amanda ­– adiantou-se ela adivinhando o porquê de minha visita. — Garoto, será que você não se toca? – disparou ela fuzilando-me com os olhos castanhos escuros. — Quem você pensa que é para se envolver com Malu dessa forma? Você é só mais um garotinho esquisito, com o corpo furado e tatuado que no mínimo vive com os pais ainda, não trabalha e estuda em um colégio público. Olhe para Maria e veja se ela tem alguma coisa comum com você? Uma garota rica que tem tudo o que quer. Filha única, mora em um condomínio de luxo e é de uma importante família...

— Por favor, não continue – adiantei-me, já sem paciência para aquele diálogo estúpido. — Não sou obrigado a ouvir desaforos seus. Você mal me conhece. Tudo o que sabe de mim é o que qualquer outra pessoa saberia. Não venha se referir a mim como se me conhecesse.

— Você é quem não me conhece – disse ela. — Você mal conhece Maria Luíza e já está todo caidinho por ela. Um tolo perdendo tempo com um romance de verão – ela ria irônica.

— Cale a boca! O que eu e Malu temos não te interessa. O que sentimos um pelo outro é a gente quem sabe e você não tem motivos para se meter. É só uma amiga dela ou nem isso. Faça favor de avisar a ela que estive aqui – finalizei dando de costas antes que ela resolvesse continuar.

— Ei, estarei de olho em você. Não pense que essa será uma vitória fácil de ser conquistada. Farei de tudo para impedir seu relacionamento com Malu. E não ouse dizer a ela o que conversamos aqui, senão verá um lado meu que jamais imaginou que eu teria – bateu a porta.

Soltei um riso que soou tenso. Como ela poderia estar falando tantas barbaridades ao mesmo tempo? Como se eu estivesse cometendo algum tipo de crime por me apaixonar. Não seria o que ela acabara de dizer que estragaria o que sinto por Malu. Na verdade, não havia nada que fosse capaz de destruir o que eu sentia por ela. Intenso e verdadeiro, profundo, forte e durador.

Pensei em contar a ela tudo o que Beatriz havia me dito, mas só criaria um conflito entre todos nós e de confusões eu estava longe, tudo o que eu queria era estar com ela.

— Bom dia! – ela chegou com algumas bolsas de compra.  — Comprei algo para você.

Tirou de uma das bolsas um lindo boné preto de aba reta. Fiquei surpreso e encantado ao mesmo tempo.

— Muito bacana! Obrigado – disse antes de lhe dar um abraço apertado.

Segurava meu novo boné enquanto ela me mostrava o que acabara de comprar. Era tanta coisa que devia ter gastado uma fortuna e isso me fez lembrar o que Beatriz disse. De alguma forma, ela estava certa em dizer que o que eu tinha não era nada se comparado com a fortuna de Malu.

Mas isso não me desanimou e, tão pouco, me fez desistir daquele romance. Já sabia que ela não era do tipo de se importar com essas coisas. Sem dúvida alguma eu poderia ser o melhor para ela, se ela permitisse que eu fosse. Vontade não me faltava e dinheiro não é tudo na vida de uma pessoa. Não me importava se eu era o vagabundo e ela a dama.

— Quero te levar para jantar hoje à noite – falei disposto a espantar aqueles maus pensamentos.

— Eu iria adorar. Vou levar as coisas até o quarto, você me ajuda? Depois podemos passar o resto do dia na praia.

Ajudei na arrumação das compras e esperei ao lado de fora para que Malu colocasse seu traje de banho.  Eu não estava com vontade de ir à praia. Naquele minuto, desejei que ela me dissesse algo que confortasse meu coração. Queria ter certeza de que não estava errado em acreditar que ela poderia me amar acima de qualquer outra coisa.

Após algumas brincadeiras e um tanto de infantilidade que nos arrancava vários risos, ficamos abraçados na água. Quando me virei, vi Beatriz se aproximar com um sorriso largo no rosto como se nada tivesse acontecido. Ela e o namorado se aproximaram de nós ainda abraçados e Beatriz continuou ali fingindo ser a melhor das amigas.

— O que você tem? – perguntou Malu depois do almoço quando já subíamos para o quarto. — Está diferente.

— Não é nada – não queria que aquela conversa tivesse que continuar.

— Olha, Daniel, eu te conheci há três dias e parece pouco. Mas sinto como se te conhecesse há anos. Que tal você se abrir comigo e me contar o que houve? Talvez tenha sido algo que eu fiz ou deixei de fazer e você ficou chateado. Gostaria que pudesse falar o que é exatamente para que eu pudesse consertar. Não gosto de te ver assim – ela apertou minha mão.

— Não foi nada, juro. É só uma bobagem minha. – falei suspirando alto.

— Pode até que seja uma bobagem, mas eu me importo. E muito. Diga-me – ela aproximou-se carinhosa.

Malu me olhava com os olhos interessados, demonstrando que estava preocupada com as besteiras que eu pensava. Sim. Foi a conversa de mais cedo com Beatriz, mas eu não queria contar a ela e agravar aquela situação. Ela não mereceria.

— É que de repente, me deu uma dor no peito, talvez por medo, de um dia perder você.

— E por que tanta insegurança? – ela apertou firme minhas mãos, se aproximando para se jogar em meus braços em uma tentativa de me confortar. — Você nunca vai me perder. Já tem uma parte de mim com você para vida toda.

Enquanto a abraçava forte, sentia meu coração se recompor e voltar a ser forte de novo. Naquele momento, tive uma imensa vontade de pedir ela em namoro ou em casamento. Era uma forte vontade de tê-la o tempo todo, dia e noite. Minuto por minuto. Onde quer que fosse.

Mas me segurei firme. Jurei a mim mesmo que esse momento chegaria rápido, mas seria algo especial. Algo que ficasse para sempre em sua mente ou algo que ela tivesse orgulho de contar as amigas.

Namoramos ali mesmo por algumas horas. Maria Luíza fez com que eu esquecesse aquele medo todo.

Já era noite, sentia o coração palpitar ansioso. Ela já não estava mais comigo, pois havia ido se arrumar para jantarmos. Sentia o coração ansioso.

Mais cedo, sai pelas ruas ao redor do hotel aguardando chegar a hora de nos encontrarmos. Desejava algo para presenteá-la, afinal, eu já tinha ganhado um presente. Agora, queria que ela tivesse algo que olhasse e pudesse se lembrar de mim, como eu me lembraria dela. Acabei levando um colarzinho banhado a ouro com um pingente de asas de anjo dentro de uma bela caixinha de veludo avermelhada.

Guardei no bolso e fui à sua procura no hall do hotel. Ao me ver, abriu um largo sorriso e correu para os meus braços. Ela vestia um short preto de seda, uma camiseta maior que seu manequim sobre uma regata branca e um All Star surrado. Os cabelos continuavam lisos e sedosos, a maquiagem sempre bem feita e uma bolsinha.

Seguimos até o restaurante que tinha visto anteriormente. Nada muito encantador, mas o suficiente para passarmos uma das noites mais lindas do nosso começo. Acabei por pedir a mesma coisa que ela descreveu ao garçom. Esperávamos os pratos enquanto conversávamos naturalmente. Segurava a sua mão por cima da mesa e nos olhávamos com ternura.

Sim. Eu estava ansioso esperando o momento certo em lhe dar o presente tão bem escolhido.

— Agora sou eu quem tem algo para lhe dar – disse levantando-me ainda segurando a sua mão e a pressionando para que ela pudesse fazer o mesmo.

— Maria Luíza – comecei já sério e completamente perdido. — Você sempre será aquela a quem quero proteger por toda uma eternidade.

Malu abaixou o olhar tímido, parecendo constrangida. Eu poderia ter parado ali mesmo ou simplesmente ter me adiantado de uma vez. Mas não seria justo e nem o suficiente. Havia tanto o que dizer, mesmo não sabendo como.

— Essa noite, quero lhe entregar algo que possa representar um compromisso entre nós dois – disse tirando o colarzinho da caixinha pronto para colocar no pescoço dela. — Pois quero que saiba que, enquanto eu respirar, serei seu anjo da guarda. Você é a única que quero proteger de todas as maldades e armadilhas desse mundo, toda nojeira e perversão de homens, ilusões e mentiras. Você também é a primeira que me faz sentir todas as vontades em apenas um momento. Em pouco tempo, eu já sinto a necessidade de ter você ao lado por toda a vida. E sem você, não sei o que seria de mim – confessei.

Por um instante, me senti completamente vazio. As palavras que precisava para me expressar fugiam da cabeça. De repente, fiquei mudo.

Seus olhos acompanhavam os meus de uma forma penetrante. Nesse momento, percebi que todos os presentes nos observavam enquanto euvae declarava.

— Permita que eu seja seu protetor, aquele que acima de todas as coisas só quer o seu bem. Só quer compartilhar bons momentos ao seu lado, poder ouvi-la quando sentir-se sozinha ou enxugar suas lágrimas quando alguém ferir seu coração. Eu lhe prometo: nunca serei o cara que irá te machucar. Eu prometo.

Palmas me surpreenderam. Fiquei paralisado ao perceber que todos me aplaudiam. Um a um. Talvez, emocionados com as palavras desajeitadas que acabara de dizer a ela. Senti-me contente, emocionado por aquela sensação prazerosa de finalmente ter sido corajoso o suficiente em abrir meu coração.

Duas lágrimas escorreram dos olhos esverdeados de Malu. Ela segurava contra o peito o pingente de asas.

Surpreendentemente, ela me abraçou forte em um pulo. E novamente palmas nos invadiram, fazendo com que eu percebesse que ainda estávamos em público.

Levei Malu a um passeio na praia vazia naquela noite calorosa. Andamos de mãos dadas, com os calçados nas mãos e os pés deslizando sobre a areia macia.

— Eu não lhe respondi anteriormente, mas eu quero muito que seja meu anjo da guarda. Ou melhor, eu senti que você é único no momento em que te conheci – ela me lançou um olhar. Meu Deus! — Mas vou te cobrar essa proteção, viu? Até você perder a paciência.

— Nunca! Perder a paciência com você? Parece uma possibilidade inexistente. Mas eu faço questão de cumprir com o prometido. Não que seja uma obrigação, mas sinto que é o meu dever. E além do mais, havia muitas testemunhas naquele restaurante.

— Bobo – ela ria, dando uma leve tapa no meu ombro. Rimos juntos e nos beijamos.

De volta ao meu quarto vazio, eu sabia que não conseguiria dormir tão cedo. Revivendo cada momento ao seu lado em minha mente. Por sorte, o chato do Guilherme não estava por perto para me perturbar e eu fiquei mais a vontade.

Surpreendentemente, ouvi uma batida na porta. Torcia para que não fosse Guilherme bêbado. Levantei e fui conferir, pois também podia ser apenas o serviço de quarto do hotel para verificar se eu precisava de algo.

— Oi – disse ela tímida, usava ao seu pijama azul bebê. — Posso ficar com você aqui essa noite? – perguntou, entrando.

Sentamos na cama e eu segurava sua mão, pronto para escutar o que ela tinha a me dizer. Parecia aflita, nervosa. Suas mãos tremiam agarradas as minhas. Seus olhos pareciam aterrorizados e perdidos em algo. Preocupei-me.

— Bia e Amanda começaram a brigar no quarto quando eu fui me deitar. Estava tudo normal quando cheguei do nosso passeio. Fui tomar um banho e preparar-me para dormir quando ouvi uma discussão entre elas. Parecia só mais uma bobagem, normal. Afinal, somos tão amigas. Na verdade, Bia é muito implicante. Mas a briga ficou tão intensa que acabou me deixando assustada, parecia que elas iam se atacar. Por sorte, Amanda saiu do quarto batendo a porta e deixando Bia resmungando, chutando as coisas. Achei melhor vir lhe procurar, já que você é o meu anjo da guarda – ela sorriu. — Me senti tão inútil por não fazer nada, mas fiquei apavorava. Parecia que estava no meio de um tiroteio. Você tinha que ver a fúria nos olhos das duas. Meu Deus!

Malu apertou-me forte. Senti que, naquele momento, eu deveria cumprir com o meu prometido e ser o anjo que a protegia. Deitamos abraços enquanto a acariciava seus cabelos. Podia também sentir seu perfume suave de campo e o creme que deixava sua pele tão macia.

Aos poucos, seu coração foi voltando ao normal e, finalmente, a vi adormecendo em meus braços. Ouvia suspiros, parecia que ainda não estava completamente adormecida. Tive certeza que ainda estava acordada quando ela virou-se para me beijar suavemente.

Finalmente, eu estava sentindo a paixão em minha própria pele. Coisa que eu acreditava não ser para mim, mas aconteceu. Como uma garota tão diferente de mim me fazia sentir tanto amor dentro do peito? Fazendo-me crer que seria capaz de explodir a tanta felicidade por tê-la ali, bem juntinho a mim pela primeira vez.

— Meu coração – palpitei, sentindo uma pulsação forte correr por todo meu corpo. - é todo seu.


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Notas finais do capítulo

Comentem, se puderem. Isso me faria muito feliz para continuar.



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