Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 3
Sentimentos inconfundíveis.


Notas iniciais do capítulo

Bom, nesse capítulo o amor entre nosso casal de pombinhos, já começa a florescer de vez. Preparem-se para muita melação. Pois o amor, é justamente isso: o amor é uma inquietação, uma certeza, uma esperança, uma dúvida. O amor te dar asas (...)

Boa leitura.



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A noite era quente. A música ainda estava alta ao fundo. O gramado estava úmido por causa da água derramada da piscina. O espaço estava vazio. Talvez, alguns casais em pontos distantes.

Enquanto caminhávamos, eu olhava para ela discretamente. Admirava cada detalhe perfeito. Sua forma de sorrir, o jeito de caminhar, a maneira de me olhar com um sorriso adorável, a voz doce, os olhos intensos e o perfume irresistível.

— O que foi? Por que fica me olhando com esse jeitinho? – ela desviou o olhar. — Por acaso não está chateado com o que eu disse mais cedo, não é?

— Não! Eu não me importo. Sei que deve ter seus motivos reais para não querer um relacionamento sério agora. Essas não são minhas intenções com você, para mim sua amizade é o suficiente - ela lembrou fazendo com que eu sentisse uma dor no peito.

— Ah! Mas sinto que devo lhe pedir desculpas. Pareceu mal pensado da minha parte, talvez até ignorante. Acima de tudo, tenho que deixar claro que para mim você é um garoto especial. Mesmo fazendo só dois dias que nos conhecemos.

Sem pensar, passei minhas mãos em seus cabelos. Ela sorriu ao fechar os olhos e suspirou alto, como se realmente estivesse gostando daquilo tanto quanto eu. Aos poucos, meus dedos acariciavam seu rosto de pele macia. Ela continuava de olhos fechados.

Em um movimento rápido, puxei a pela cintura para pertinho de mim e nos envolvemos em um forte abraço. O primeiro de muitos que viriam pela frente. Fiz com que ela pudesse sentir o meu perfume forte e eu novamente pude sentir o dela.

— Queria te dizer... – comecei gaguejando. Sentindo meu estômago revirar, minhas pernas bambas e as mãos tremerem impacientemente.

Eu tinha muitas coisas para dizer. Talvez não soubesse como ou por onde começar. Era algo estranho, diferente de tudo que já tinha sentido. Faltavam palavras. Até coragem. Só queria fazer com que ela pudesse entender o quanto eu me sentia bem por tê-la por perto.

— Eu gosto de ser um amigo para você. Pode confiar em mim – finalizei, suspirando.

Passamos o resto da noite sem dizer uma palavra. Estávamos abraçados debaixo do manto negro que era o céu. Só sentindo a emoção de nossos corpos se correspondendo calmamente em uma sintonia única.

A festa ainda rolava no salão, pelo que eu achava ela continuaria por muito tempo, até o sol raiar. Mas nada disso importava quando eu tinha Malu ao meu lado. Subimos para os quartos, ela passou a me mostrar algumas de suas coisas e contar um pouco da história de cada uma delas. Prometi a ela que no dia seguinte faria o mesmo.

O tempo passou depressa e quando demos conta nossos estômagos roncavam famintos. Assim, desci e comprei algo saboroso para compartilharmos. Conversávamos e enchíamos a barriga. Foi um fim de noite simples, mas o suficiente para me deixar contente.

O que mais me dava prazer era fazer com que Malu sorrisse. De todas as formas eu ainda a achava a garota mais linda que já vira em toda minha vida. Sem exageros.

Enquanto ela estava no banheiro, notei minha camiseta perto do travesseiro.

— O que minha camiseta faz aqui?

— Ah, bom. Você quem deixou comigo ontem à tarde quando resolvermos entrar na piscina. Lembra? – ela perguntou envergonhada e eu assenti com a cabeça, rindo da situação. — Bobo! Eu posso ficar com ela?

— Um dia você devolve? – perguntei. Malu riu e tomou a camiseta de minhas mãos.

— Nunca mais! Eu gosto no seu cheiro impregnado no colarinho. 

Continuamos sentados na cama conversando e rindo de nossas histórias. Fui embora quando percebi que ela já adormecia no meu colo. Feito uma princesa.

Coloquei a cabeça dela sobre o travesseiro. Inevitavelmente, sorri ao perceber que ela adormecia agarrada a minha camiseta. Sem dúvidas, eu a deixaria com ela pelo tempo que fosse preciso. Seria uma honra.

Beijei sua face suavemente e afastei seu cabelo do rosto. Apaguei as luzes e a observei pela última vez. Meu desejo era poder ficar ali com ela, mas sabia que não duraria muito, pois logo uma de suas amigas chegaria. Então, fechei a porta e fui embora.  

Conferi as horas no celular. Já eram quatro e meia da manhã e, como o previsto, a festa ainda estava agitada. No entanto, eu não voltaria para lá, não sem Maria Luiza. Não teria a mínima graça.

Tranquei-me no quarto escuro e cai direto na cama. Meu pensamento estava nela e em cada detalhe do tempo que passamos juntos.

— Preguiçoso! Acorda! – ouvia uma voz doce ao fundo. Alguém cutucava minha barriga e me fazia cócegas.

Esfreguei os olhos e encontrei com os seus. Ela sorria para mim.

— Levanta! Vai! – ela pediu carinhosamente. — Temos um longo dia pela frente ainda. Um passeio na praia com a galera.

Tomei um banho enquanto ela me esperava em minha cama. Troquei-me dentro do banheiro mesmo, só me esquecendo da camiseta dentro da mochila.

— Sabe, eu nunca fiquei antes sozinha com um garoto dentro de um quarto.

— E isso é ruim? – perguntei.

— Não que seja – ela continuou já se levantando. — É que provavelmente eu não teria coragem de ficar a sós em um quarto com outro garoto que não seja você.

Engoli em seco, sentindo a confiança que já existia entre nós. Confesso que as palavras foram agradáveis e não saíram da minha cabeça pelo resto do dia. Em seguida, fomos para praia com a turma.

As meninas estendiam suas toalhas sobre a areia quentinha. O sol era escaldante, as ondas estavam pequenas e o som delas se quebrando ecoava suavemente em meus ouvidos. Eu não via o mar há meses. Hoje, estava encantador.

Sentei-me ainda cansado. Malu estava ao meu lado cochichando algo para Beatriz. Sua amiga trajava um lindo biquíni branco, mas não fiz muita questão de reparar nos detalhes. Murilo também estava conosco, mas como de costume, sentava ao lado da namorada. Amanda e Guilherme corriam um atrás do outro indo para o mar.

— Vamos comprar algo para você comer – puxou-me Maria Luíza, me levando há um dos quiosques da praia.

Pedimos algo para comer e sentamos em cadeiras de madeira, um de frente para o outro. Enquanto eu comia um hambúrguer, ela tomava meu suco natural de abacaxi.

— Tudo bem eu ter te acordado, não é? – perguntou ela, abrindo um sorriso amarelo. — Só não queria ficar sozinha.

— Imagina! Tudo bem – falei.  Dei a última mordida no meu hambúrguer e coloquei a cadeira ao seu lado para ficarmos mais próximos. Involuntariamente, acariciei seus cabelos. — Você está linda!

E como não estaria? Eu não conseguia imaginar algo que ela vestisse e que não ficasse deslumbrante em suas curvas perfeitas.

O biquíni era diferente do dia anterior. Agora, um azul-piscina realçava seus olhos profundos contornados de preto e a canga estava presa na cintura. Os cabelos estavam presos pela primeira vez em um rabo alto.

— Você disse isso ontem – sorriu ela envergonhada.

— Disse, mas hoje está ainda mais bonita – confessei parecendo exagerado, porém sincero.

— Obrigada, Daniel. Já disse que adoro seus cabelos? – ela os bagunçou com as mãos, fazendo-me rir. — Gosto da sua tatuagem e dos alargadores. Acho incrível a forma como você se mostra tão diferente dos demais garotos. E pelo visto as outras garotas pensam o mesmo, já que não param de olhar para você – ela olhou em volta rápido.

— Isso foi uma crise de ciúmes, senhorita Maria Luíza? Fique você sabendo que estou muito agradecido com as belas palavras. Mas se tem alguém que deveria ficar com ciúmes de algo aqui, sou eu. Já que os homens também não tiram os olhos de você – ri achando graça. E olhando as garotas que nos olhavam em volta, não só elas, quanto os garotos também.

— Duvido! Deixando os ciúmes de lado, que tal cairmos na água?

— Ah, e as nossas coisas? – tentei impedir, mas sabia que seria impossível porque ela parecia muito empolgada.

— Pare de me enrolar, Daniel – disse ela me puxando para perto do mar. — Murilo e Beatriz estão cuidando direitinho das nossas coisas. Não há com o que se preocupar.

Pulamos as primeiras ondas de mãos dadas, em seguida, mergulhamos e nos encontramos alguns metros à frente. Ela ria de mim e eu jogava água nela. Passamos um bom tempo assim, brincando como duas crianças. O melhor era quando nossos corpos se encostavam sem querer e me faziam explodir com uma alegria secreta.

Beatriz nos chamou para fazermos um piquenique quase na hora do almoço. Sentamos em circulo e conversávamos enquanto comíamos e bebíamos suco e água fresca.

No fim da tarde, sentia meu corpo queimar por conta do sol. Também não conseguia correr na areia atrás de Malu ou fazer qualquer brincadeira.  Precisava de um descanso e voltei ao hotel para tomar um banho quente.

Vesti algo melhor, desci até a área de lazer e me sentei perto do pequeno jardim que tinha ali. Ao pensar na vida e em tudo que me acontecia, cheguei a conclusão que eram os dias mais felizes da minha vida e eles mal tinham começado. Hoje só era o segundo dia de uma semana inteira. O pior era pensar que uma hora tudo ia acabar para, possivelmente, se tornar uma boa lembrança pelo resto da vida. O que me confortava era saber que Malu e eu poderíamos continuar nos vendo, já que morávamos perto.

Cheio de saudades da família, resolvi aproveitar aquele tempo livre para ligar para todos. Conversei por um bom tempo contanto todos os detalhes da viagem, exceto sobre Maria Luíza. Afinal, isso ainda não importava. Eram apenas expectativas, não certezas.

Quando terminei, guardei o celular e notei que o céu já escurecia.  Subi até o quarto de Malu para convidá-la para um passeio. Surpresa, ela seguiu comigo até a praia quase vazia, bem diferente de horas atrás.

Paramos de frente para o mar e peguei em sua mão. O sol estava prestes a se pôr.

— Não é lindo? – perguntei. — As pessoas deviam dar mais valor a momentos como esse. O pôr e o nascer do sol são lindos. Até valorizamos mais a vida em momentos como esse.

Ela sorriu graciosa. Seu olhar me mostrou o quanto ela estava feliz. Pude ter certeza quando ela me puxou para um abraço. Poderia durar para sempre. Em silêncio esperamos o céu escurecer.

 — Daniel, você já se apaixonou por alguém alguma vez? – perguntou me pegando de surpresa.

— Não, nunca me apaixonei antes – admiti. — E você?

— Eu pensava que sim – ela me apertou levemente contra seu corpo. — Mas creio que estava enganada.

— Por quê? – perguntei desejando ver transparência em seus olhos.

— Um dia eu cheguei a acreditar que era apaixonada por alguém – suspirou. — Mas os momentos que passo ao seu lado me fazem perceber que estive enganada – ela virou de frente para mim fazendo nossos olhares se cruzarem. — Se tivesse que me apaixonar por alguém algum dia, desejaria que fosse alguém assim, como você. Você é tão diferente de todos que conheci antes.

— Eu diria o mesmo. Não me apaixonei até hoje. Não sabia o verdadeiro significado do amor até te conhecer – disparei com o coração acelerado. — Você é a única garota por quem sinto tantos desejos.

Meus sentimentos estavam confusos. Queria colocar tudo para fora, mas não sabia como. De minha boca não saia mais nada. Seu abraço foi meu abrigo. Apertei-a tão forte que tive a impressão de poder quebrá-la ao meio. Meus olhos rapidamente se encheram de água. Estavam marejados por uma onda de sentimentos.

Uma de minhas mãos se posicionou em sua nuca fazendo um carinho que a fez suspirar. Nossas testas se juntaram.  Ela levantou os pés devagar para estar mais pertinho de mim.

Nossos olhos se cruzavam. Meu coração palpitou mais forte e ela sorriu como se tivesse escutado. Suas mãos se entrelaçaram com as minhas. Senti-me um homem de sorte naquele momento. Poderia pular a fase inútil da minha adolescência só para ser o homem que ela precisaria. Daria a ela abrigo, amor e carinho.

Eu já não me sentia aquele moleque esquisito que se trancava no quarto ao som de um rock pesado. Em minutos, eu já havia mudado por inteiro. Queria ser o melhor para ela ou o melhor que eu podia ser para agradá-la.

Sentia que meus sentimentos estavam sendo correspondidos por ela. Éramos a mistura perfeita. O coração dela era o encaixe que faltava em minha vida.  

Minha respiração era forte e rápida. Teria me assustado se não tivesse a certeza do que estava prestes a acontecer. Finalmente, nossos lábios se tocaram. Meus olhos se fecharam com os dela. Um calor queimava dentro de mim e minha perna ficava bamba a cada toque.

Enfim, nossas línguas se entrelaçaram fazendo meu corpo sentir um choque. Não sei por quanto tempo nos beijamos, mas foi o suficiente para eu jamais esquecer aquela ocasião. Estávamos de frente para o mar, longe de tudo e todos. O resto parecia insignificante naquele momento.  

Mais tarde, sentados na areia macia da praia, Malu estava encaixada entre minhas pernas, enquanto eu beijava lentamente seu pescoço. Ela sorria de prazer. Sua pele macia e calorosa estava contra a minha.

Havia muitas coisas para se dizer ali, mas nenhum de nós ousou expressar nenhuma palavra, nem as mais bonitas. Talvez por medo de estragar a magia que fluía naturalmente entre nós dois.

Com as mãos dadas, voltamos na hora do jantar para o hotel. Pegamos algumas coisas para comer e subimos até meu quarto, que por sorte estava vazio. Sentamos na cama e começamos a comer, enquanto a brisa entrava pela janela escancarada.

Abraçados, conversamos de histórias do passado e de família. Cheguei a pagar minha promessa de lhe mostrar alguns objetos íntimos e contar a história de cada um deles. Ela me fazia rir à toa. Parecia se interessar por qualquer bobagem que eu dizia só para me arrancar um sorriso.

Em questão de minutos, eu sentia que nos conhecíamos há muito tempo. Depois daquele beijo, sentia que éramos inseparáveis. Parecia que, finalmente, havíamos nos encontrado para a melhor fase de nossas vidas.

Eu amo você – falei como num sussurro quando já ia levando Malu até seu quarto. Já era tarde, mas eu gostaria que ela pudesse dormir ao meu lado para sentir seu corpo colado no meu. Quem sabe em um futuro próximo isso pudesse acontecer e me fazer feliz por inteiro.

Ela sorriu e me deu um abraço forte. Ao devolver o carinho com um beijo em sua testa, fui embora tendo a certeza que ela já estava fechando a porta.

Mal pude esperar para o dia amanhecer e poder vê-la novamente, sentir seu abraço, o seu perfume, o seu toque, admirar seu lindo sorriso, me deslumbrar com a vibração dos seus olhos claros nos meus. Como um verdadeiro casal. O que de fato éramos naquele instante depois daquele beijo incrível.

Eu estava completamente apaixonado por Maria Luiza.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram?

Espero ter agradado :)



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