I Never Can Say Goodbye escrita por Juliane Bee


Capítulo 48
Band-aids don't fix bullet holes.


Notas iniciais do capítulo

ANTES DE LER, PEÇO QUE QUEM QUISER LER UMA ONESHOT BEM LEGAL QUE VÁ ATÉ O MEU PERFIL E LEIA IT´S NOT OVER YET. NÃO É PORQUE EU ESCREVI, MAS TÁ BEM BACANA! HAHAHAH QUEM ME ACOMPANHA DESDE O INICIO PODE JÁ TER LIDO, LANCEI EM 2013 AINDA, MAS VALE A PENA LER DE NOVO PARA NOTAR A EVOLUÇÃO NA ESCRITA. PRETTY LITTLE LIARS, GOSSIP GIRL, E MENINAS MALVADAS. GOSTAM? ENTÃO VÃO CURTIR A ONESHOT :)
http://fanfiction.com.br/historia/324350/Its_Not_Over_Yet/
****
Oláa meninos e meninas!! Como me ausentei na semana passada por conta do feriado - acabei viajando de última hora, foi muito legal btw hahacomo foi o feriado de vocês? - vou compensar com um suuuuper capitulo, acho que o maior da fic. Gostaria de falar primeiramente o quão importante vocês são na minha vida. Aos que me acompanham desde o começo, meu muito obrigada. Voces são a razão pela qual escrevo - uma delas, sou egocentrica sim hahah e escrevo por mim também. Obrigada por ler e comentar, eu ficou tão, mais tão feliz! Enfim, voces já estão no grupo do face do Nyah!? Se sim, nos vemos por lá! Yey! E quem ainda não estiver, entrem lá, é super legal e muito produtivo. Discutimos sobre tudo, e trocamos experiencias :) Bom, espero que gostem do capitulo, já que marca uma nova etapa da vida da Anna. Aos que shippam Anna e Leo, acho que vão gostar do desfecho desse cap. Me senti muito feliz em poder abordar esse tema na fic, e acho que voces vão ler com uma certa sensibilidade. Desejo muita luz a todas as crianças que estão passando por isso. E de novo, deixem um comentário. É muito legar saber a opinião de voces! Boa leitura, e nos vemos na sexta, sabado da semana que vem! :**
****
Gostaria só de mencionar uma fic que comecei a ler essa semana - quinta feira na verdade - e amei! Super bem escrita e com um enredo envolvente - não vou revelar meu shipp, se não entregarei a surpresa - e que acho que muita gente pode gostar, por ser nesse universo que gostamos. O nome da fic é Selva de Leões, e é escrita pelo King Of Norway. A fic foi mais um achadinho no grupo do face, para voces verem como vale a pena. Já tenho meu personagem favorito, Nate!
Aqui o link: http://fanfiction.com.br/historia/586272/Selva_de_Leoes/
Espero que gostem de tudo, e de novo, comentem!!!
Besitos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359894/chapter/48

P.O.V Anna

Quando acordei pela manhã, minha cabeça latejava. É como se ontem a noite tivesse sido pisoteada por uma manada de elefantes. Levantei com calma e me olhei no espelho. Minhas bochechas estavam coradas, mas não era por causa do calor, e sim pela vergonha. Por tudo que disse, tudo que fiz. As palavras de ódio que cuspi na cara de Lilá não foram a pior parte, ouvir Leo falando aquelas coisas me destruiu. Assim que ele saiu do quarto voltei a respirar, puxei o ar e senti ele entrando em meus pulmões. Me joguei na cama e chorei. Adormeci de tristeza, que infantilmente pensei que sumiria no dia seguinte. Não foi assim.

“Você tem que parar de achar que tudo no mundo é sobre você, como se você fosse o centro dele. As coisas não são bem assim. Você pode ter crescido nesses quatro anos, mas se comporta como uma garota de 12 anos mesquinha. Aquela que eu odiava. Você tá destruindo as pessoas ao seu redor, jogando fora o amor das pessoas que se importam de verdade com você”. Nunca vou me esquecer disso, porque é a verdade.

Leo jogou na minha cara uma coisa que venho mascarando, esse egoísmo desenfreado que me tornou uma bomba. Acabei explodindo e todos ao meu redor foram feridos pelos estilhaços.

Se não fosse pela fome, passaria o resto do dia no quarto. Desci as escadas devagar, imaginei que se não fizesse barulho ninguém notaria minha presença. Dei de cara com minha mãe na cozinha. O olhar dela já dizia tudo.

–Mãe, eu.. - Meu pai entrou na cozinha e me fitou.

–Precisamos conversar, Anna - encarou minha mãe - Sente-se, por favor - Tirou uma das cadeiras da mesa e fez sinal para que eu me aproximasse.

–S..

–Deixe me falar primeiro - me interrompeu - Antes de mais nada, gostaria que soubesse que eu sinto muito mesmo, filha - ele tirou os óculos - Se eu pudesse trocar de lugar com você já o teria feito - coçou os olhos - infelizmente nós pais não temos como proteger os filhos de tudo e de todos, mas se fosse possível, eu faria sem nem piscar os olhos - seu olhar encontrou o meu - Eu amo você assim como amo seus irmãos, e vou fazer de tudo para que não se sinta excluída de nada. Não posso fazer esses quatro anos voltarem, mas prometo que os próximos serão melhores - Agora eu estava emocionada, me sentia tão culpada por ele se sentir assim - Só peço que não culpe ninguém por tudo que aconteceu, nenhum de nós teve culpa. Eu mesmo já me crucifiquei demais até entender que foi uma fatalidade - suas mãos tocaram o meu rosto - Não deixe esse sentimento de raiva te consumir, além de te destruir vai acabar destruindo todos nós.

–Nós sentimos tanto filha, você nunca nos falou nada disso. Sempre guardou com você desde que chegou - Mamãe estava com a voz embargada.

–Eu me sinto tal mal por fazer vocês se sentirem assim - Minha voz estava tremula - Eu fui egoísta e mesquinha, achei que guardando tudo isso, iria desaparecer, mas não vai - os encarei - sobre o incidente de ontem, eu me sinto tão envergonhada. Não acredito que disse isso para a pessoa que esteve ao meu lado durante tantos anos. Eu amo a Lilá, e nunca vou me perdoar por ter feito ela se sentir daquele jeito - só de lembrar o olhar dela, é como se meu peito tivesse sido dilacerado fibra a fibra - Não vai ser um simples pedido de desculpas que vai apagar o que fiz, nem mesmo um bandaid vai cobrir a ferida, mas vou tentar mudar daqui para frente. Vou ser honesta comigo, é isso o que tenho que fazer - Eles sorriram fracos. Nessa hora prometi a mim mesma que não faria com que eles tivessem que conversar desse jeito comigo de novo. Desapontados.

–Você é nossa filha, e sempre teremos orgulho de você - Papai colocou o óculos de novo - Mas é nosso dever como pais te alertar sobre os caminhos que pode seguir. E agora é a hora de decidir para onde quer ir - Mamãe assentiu com a cabeça. A essa altura ela já estava levemente sentada no colo dele.

Não esperei outra oportunidade, já que estávamos tendo essa conversa sincera que há anos não tínhamos. Contei a eles sobre a escola, e sobre não me formar. Eles foram ainda mais compreensivos do que imaginei, e pediram para que eu não me cobrasse tanto. Sou jovem, tenho o mundo inteiro pela frente. Não vai ser por um tropeço que vou cair. Terminamos o papo comendo uma lasanha, e eu prometendo que pediria desculpas a Charles e Jill. Eles não mencionaram Lilá, e nem precisava. Do jeito que ela saiu daqui ontem, não vai ser tão cedo que vamos nos entender.

A chuva que havia começado ainda cedo resolveu dar umar uma pausa. Fiquei em meu quarto mexendo no celular e vendo alguns clipes no Youtube. Tinha muitas coisas para me atualizar no quesito música, mais inúmeras séries para assistir, e livros para ler. Minha cabeça estava dando voltas, muita informação de uma só vez. Desci de novo e fiquei quieta. A casa estava silenciosa como a muito tempo não a via. Chloe estava com Ryan, Charles na casa de Jill, e meus pais foram a uma palestra.

A única coisa boa de tudo isso, é que agora meus pais prestam apoio, e ajudam outras famílias nessa mesma situação. Eles trocam experiências, e servem de exemplo para que nunca desistam. Uma hora ou outra vai dar certo, só não dá para perder a esperança.

Coloquei meu casaco e fui até a entrada, onde temos um banco e uma mesinha de centro com um vaso de flores. Minha avó costumava trazer flores lindas de plástico e as colocava aqui. “Faça chuva ou faça sol, vocês lembrarão de mim”. Que saudade dela. Pelo menos estava aqui para me despedir, ela partiu antes do acidente.

Escutei barulho de conversas e dei uma espiada na casa vizinha. Leo estava na porta conversando com sua mãe. Antes mesmo de conseguir disfarçar, ele me fitou. Sorri sem jeito, e decidi que agora era minha vez de falar com ele. Fui até a cerca viva de arbustos que dividia nossas casas, e ele pareceu surpreso com tal ato.

–Oi - Falei mexendo sem parar as mãos no bolso do casaco - Ahn, eu queria falar com boce, pode ser? - Ele olhou de novo para dentro da casa.

–Até depois, Mãe. Descanse - Fez-se uma pausa - Aviso sim! Também te amo - Sorriu.

Cuidei ao passar pelas flores do jardim, minha mãe tem muito carinho por elas. Andei até o carro dele que estava estacionado no limite dos terrenos.

–Oi - Ficou parado em minha frente. Os olhos verdes estavam límpidos, e se não desviasse o olhar ficaria perdida naquela imensidão.

–Você foi duro ontem, e algumas coisas ainda estão martelando em minha cabeça - ele abriu a boca para falar, mas o interrompi - mas tinha razão. Confesso que agora caiu a ficha de que tudo não vai ser como era antes, e que a pessoa que mais mudou fui eu. Não sou essa pessoa, Leo. E quero voltar a ter o controle da minha própria vida - Fitei o chão - Sinto muito se de alguma forma machuquei você. Quero esclarecer tudo para seguir em frente - Sorri fraca. Ele ficou alguns segundos me analisando em silencio. Depois sorriu de canto. Mexeu nos cabelos e franziu o cenho.

–Você quer ir comigo em um lugar? - O encarei confusa - Vai gostar.

Pensei duas vezes. Não estávamos juntos, mas ele continuava muito próximo de mim. O que poderia perder?

–Tudo bem - Assenti.

Ele abriu o carro e se dirigiu até ele, fiz o mesmo. Uma música tocava em seu player, mas não sabia qual era. Fiquei prestando atenção na letra.

–É Coldplay - falou notando minha cara de perdida.

–Faz tanto tempo que não escuto essa música - Sorri lembrando de toda a letra - É tão boa - And I discovered that my castles stand upon pillars of salt, and pillars of sand - cantarolei baixinho. Se encaixava tão bem nesse momento.

Ele começou a bater o ritmo da música no volante, como se fosse uma bateria, e cantou bem alto.

–Ohhhhhhhh ohhhhhhh - Estava totalmente fora do tom, mas só conseguia focar nos olhos brilhantes dele, e no sorriso que se formou em sua boca.

Fiquei encarando minhas mãos o resto do trajeto. Mandei uma mensagem no celular da minha mãe avisando que tinha saído. O resto ela não precisava saber.

–Chegamos - falou tirando minha concentração.

–O que viemos fazer aqui? - Um sentimento esquisito assumiu meu corpo, e senti um gosto de bile na boca.

–Você só viu o lado ruim desse lugar, mas tem tanta coisa boa que acontece aqui - me fitou.

Descemos do carro e entramos no prédio branco encardido.

–Valdez! - A recepcionista abriu um enorme sorriso - E voce é a Anna Sophia, não é? - sua cara ficou confusa.

–Sim, sou eu mesma.

– Não pude vir na quarta, então resolvi passar aqui hoje - Sorriu encantando a mulher.

–Sentimos sua falta, Leo. Faz algumas semanas que você não vem - Ela estava flertando com ele. Na cara dura.

–Estive muito ocupado, acabei não conseguindo vir - Ele abriu a mochila que levava consigo e estendeu um cartão.

–Você não precisa mais disso. Além de sua mãe ser uma das médicas mais conhecidas daqui, todos no hospital sabem quem é voce - Franzi o cenho. Não estava entendendo muito bem tudo aquilo.

–Antes de ir, gostaria de saber se o Dr. Stabler está de plantão - Ela teclou algumas coisas no computador e confirmou com a cabeça - Obrigado, Jess. Nos vemos por aí - E piscou para ela, que não me dirigiu mais a palavra.

–Parecia que eu nem estava aqui - comentei no corredor.

–Ciúmes? - disse com um sorriso nos lábios. Ele segurou a porta do elevador para mim, e apertou no quarto andar. - Antes temos que passar em um lugar.

Subimos até lá, e eu o segui. Algumas pessoas passavam por nós e nos cumprimentavam. Só não tenho certeza se conheciam a mim, ou a Leo.

–Dr. Stabler - Leo se aproximou de um homem - Sou Leo Valdez - Eles apertaram as mãos. O homem era alto, meia idade, mas conservado - Essa é Anna, minha… amiga. - Sorri tímida.

–É um prazer te conhecer, Leo. Liv fala muito bem de você - Liv? Cade o Dra. Valdez?

–Hum - Leo fechou a cara - Minha mãe também fala muito do senhor, e conseguiu trocar o plantão de volta. Ela voltou essa manhã, então creio que poderão se encontrar

hoje a noite - O homem sorriu - Mas é bom que o senhor se comporte. Eu jogo basquete - O homem riu baixinho.

–Eu adoro a sua mãe, Leo. Obrigado por aceitar que ela tenha outros relacionamentos - Eles se cumprimentaram de novo.

–Estou de olho - o encarou. Puxei ele pelo braço e o arrastei para fora.

–Eu jogo basquete? - Ri - Você falou isso mesmo? - me encarou sério.

–Vamos descer ao terceiro andar que é a melhor coisa que podemos fazer - eu o segui.

Logo no corredor alguns desenhos enfeitavam o lugar. Estavam espalhados pelas paredes, e com alguns balões amarrados nas cadeiras. Uma dúzia de casais estavam vendo a novela pela televisão da sala de espera, e outras pessoas andavam de um lado para o outro.

Aquele cheiro que tanto tentei me livrar na primeira semana em casa, agora estava em meu nariz de novo. Um arrepio percorreu minha espinha.

–Lucy! - Leo correu até uma mulher asiática.

–Leo - Ela o abraçou de leve - Bom te ver!

–Trouxe Anna comigo dessa vez - A mulher sorriu.

–Sua aparência está bem melhor desde a ultima vez que te vi. Fico feliz que esteja se recuperando.

–Obrigada - Sorri de volta. Não me lembrou dela em nenhum momento que estive aqui.

–Eles vão gostar de ve-la, podem entrar - Apontou a porta no final do corredor.

Leo andou rápido, estava com um sorriso bobo no rosto. Contou sussurrando: 1, 2, 3!

–Há! Me falaram que já esqueceram de mim, é verdade?

–Leo! - Um coro de vozes fininhas gritou.

Não sei dizer como me senti naquele momento. Observei cada um dos leitos daquele espaço, e tentei controlar minhas lágrimas. Tinham mais de 15 crianças ali de certeza. Muitos olhares curiosos me fitavam, assim como tentava descobrir mais sobre aquelas crianças.

–Pensei que tinha nos abandonado por causa do basquete - A voz veio de um garoto a esquerda. Ele devia ter uns 11, 12 anos, e tinha alguns aparelhos ligados em seu braço. O cabelo era fino, e suas sobrancelhas não existiam mais.

–Aí que você se engana - Leo se aproximou dele - Como prometido, te trouxe uma camiseta autografada, Joe. - Ele abriu a mochila e tirou ela de lá, entregando ao garoto.

–Que jogador autografou? - Os olhos dele brilharam com o presente.

–Eu! - Ele riu - Quando eu for um jogador famoso, você vai poder mostrar para todo mundo que tem um autografo meu. Viu que legal? - O garoto revirou os olhos. Sorri para ele.

–Então galera, como voces podem ver, eu trouxe alguem comigo. Um de voces sabem me dizer quem ela é? - As crianças me fitaram.

–É a bela adormecida? - Uma garotinha pequena falou. Ela parecia tão frágil, uma boneca de porcelana.

–Exatamente! - Eles ficaram surpresos - Falei que traria ela aqui, não disse? Conheçam a Anna, pessoal! Ou Bela Adormecida para os intímos - Eles riram do que parecia ser uma piada interna - Fale com eles - Leo sussurrou em meu ouvido - Eles sabem muito sobre você.

–Oi, como o Leo disse, eu sou Anna - Sorri me apresentando. Leo foi até uma das camas e começou a entregar uns pacotes para eles.

–Você perdeu a memória? - Uma garota perguntou. Ela era carequinha, e usava uma tiara rosa na cabeça.

–Se quando eu acordei perdi a memória? Não, não - Ri - Lembro de tudo que aconteceu antes de.. dormir.

–Você ficou quanto tempo dormindo? - Um garoto com uma mascara de Batman perguntou.

–Quatro anos e meio - Fitei o chão. É bastante tempo.

–Eu ganhei de você, estou aqui há seis anos - A mesma garota da tira rosa disse. Nossa, aquilo me cortou por dentro - Também quero ter meu final feliz, daqui a pouco uma fada madrinha aparece e me ajuda.

–Tenho certeza que sim - Sorri.

–Ela vai me trazer um fígado novo de presente - Enquanto falava confirmava para si mesma - você ganhou algum presente? - Fiquei surpresa com a maneira que ela disse isso. A naturalidade.

–Não, não ganhei nenhum presente.

–Leo, da um saco de doces pra ela também - Um garoto disse. Leo riu, assim como eu.

–E como você acordou? - Alguém perguntou.

–Bom..

–Com um beijo de amor verdadeiro, dart! - A garota usava uma coroa de princesa.

–O Leo é o seu princípe? - A pequena não parecia nem ter sete anos ainda, tão pequena. Minhas bochechas coraram.

–Claro que sim - Leo falou dando um beijo na menina - Você conhece outro Princípe por acaso? Está me trocando? - Ele fez cóssegas na menina.

–Que bom que as coisas deram certo pra você - Uma garota virada para a parede na última cama, falou baixo. Mesmo assim pude ouvir.

–Não significa que não podem dar para você - fui até ela - como você se chama?

–Alissa - Ela virou para me encarar - Tenho doze anos, e um pâncreas de outra pessoa - disse sarcástica.

–Você tá aqui há muito tempo?

–Tempo o suficiente para conhecer sua história. O que não sabia, Leo contou.

–Então você sabe que o que aconteceu comigo foi um milagre. Ninguém mais acreditava que eu pudesse voltar, e olha onde estou hoje? Aqui, falando com voce depois de quatro anos e meio em uma cama. Se eu consegui, voce consegue. - O garoto da cama ao lado estava prestando atenção, mesmo comendo um doce - Todos voces podem - Alguns sorriram - Não deixe esse sentimento te consumir, voce tem que ser positiva. As coisas vão melhorar, eu juro, elas melhoram - Alissa assentiu - Vai dar tudo certo, e voce não precisa fingir que não tem medo. Ter medo é bom. Faz com que cada vez voce faça as coisas melhor, e aproveite todas as chances que tiver. Pense nisso - A abracei de leve.

–Bom galerinha, voces ouviram. Não fui eu quem falou que as coisas vão melhorar, foi a bela adormecida - Leo se aproximou - eu acredito nela!

–Eu também! - Um menininho que até agora estava quieto, falou tímido.

–Eu também! - Uma outa garota, e assim um coro se formou.

–Eu também. - Alissa sorriu.

Pronto, ganhei o dia, o ano, a vida.

Passamos o resto do tempo desenhando e conversando com as crianças. Leo distribuiu alguns doces, e presentes que tinha prometido em visitas anteriores. Quando olhei a hora em meu celular vi que já estava anoitecendo.

–Agora já chega de visita, Leo - Lucy apareceu no quarto.

–Só mais um pouquinho, Dra. Morrison! Hoje a Bela Adormecida veio nos ver.

–Eu percebi, Lucas - Ela sorriu para mim - Mas ela vai voltar outras vezes, não vai? - Todos os olhares se voltaram a mim.

–Claro que vou! - Sorri.

Nenhuma experiência que já vivi ganha desse momento. Aquelas crianças tão puras, desde de cedo aprendendo a lidar com as dificuldades de uma forma tão incrível. Eu aprendi tanto hoje.

Nos despedimos de todos e quando vi estávamos no carro. Soltei o ar.

–O que achou? - ele sorriu.

–Eu não tenho palavras - o encarei - foi tão bom. Faz com que todos os meus problemas sejam fichinha perto do que essas crianças enfrentam. Câncer, transplante, perdas.. eles conseguem superar tudo isso sem desistir. É tão confortante e incrível. Enche o meu peito de esperança.

–É assim que me sinto em relação a voce, Anna - ele mexeu os dedos frenéticamente - Olha por tudo que voce passou, e onde esta agora. Aqui, bem. Viva.

Meus olhos estavam marejados, o dia hoje foi tão intenso.

Ele ligou o carro e pegamos o trajeto de volta para casa.

–Você vem sempre aqui? - A pergunta era obvia.

–Nos últimos quatro anos todas as quartas feiras, depois de visitar você, pssava no terceiro andar - Corei. Ainda não estava acreditando em tudo que ele fez por mim. Era tão surreal.

–É um trabalho lindo, Leo - disse sincera.

–Obrigado. Você pode vir sempre que quiser, eu adoro visitar eles - Sorriu todo bobo - Sabe, a melhor coisa é quando alguém recebe alta. Nós festejamos tanto. Nos últimos anos tivemos momentos bons e ruins. Não posso dizer que nunca me abalei, estaria mentindo. Nas primeiras vezes eu só conseguia entrar no carro e chorar. Era demais pra mim, eles são só crianças. E então, dois anjinhos nos deixaram, mas não quero falar sobre isso..Não sei nem como minha mãe consegue. - ele fungou, estava com os olhos vermelhos.

–Posso te fazer uma pergunta? - o encarei.

–Só se eu puder fazer uma também - Sorri olhando a estrada.

–Como você se sente com sua mãe saindo de novo, conhecendo outras pessoas..

–No começo fiquei um pouco relutante, mas depois percebi que ela é uma mulher - Falou calmo - Depois de ser minha mãe, ela é uma médica competente que vive para o trabalho, e não pode ser assim. Disse que ela precisava sair mais com as amigas dela, e ela mencionou esse tal Dr. Stabler - Fez uma careta - Me perguntou o que eu achava se ela o convidasse para jantar, e eu falei que ele acharia interessante um mulher tomando iniciativa. É isso - Sorriu - Quando você ama muito alguém só quer ver essa pessoa feliz. - Desviei o olhar. Não vamos estragar esse momento, por favor. - Minha vez de te perguntar.

Balancei a cabeça confirmando.

–Você pretendo falar tudo que disse a mim para Lilá? - Balancei meus dedos no bolso de novo.

–Uma hora sim, mas agora ainda é muito cedo. Sei que ela ta muito chateada comigo, e com razão, mas não vou falar nada agora - Olhei para ele - Gostaria que não falasse sobre isso com ela, quero eu mesma ter a coragem de pedir desculpas.

–Sei que ela vai entender. Pode não ser agora, mas vai - Seu olhar era terno.

Quando dei por mim vi que chegamos em casa. O por do sol nos acompanhou até os últimos instantes. Assim que ele estacionou o carro, já estava de noite.

–Obrigada por ter compartilhado esse momento comigo, eu fiquei muito feliz, de verdade - Tentei não corar de novo. Ele ainda me intimidava, mas nós não estamos mais juntos. Tenho que lembrar disso.

–Eu só queria que voce visse que a vida tem que ser aproveitada cada segundo. Olhando sempre para o futuro, sem se preocupar com o passado. Aquelas crianças são meu talismã, e sempre que preciso pensar vou até elas. É meu lugar especial, sinta se importante - ele riu.

–Obrigada, de verdade - Ficamos em silencio, até que ele começou a se aproximar de mim. Não, não, não. Você não pode, vocês são amigos. O braço dele encostou no meu, e senti meus pelos se arrepiarem pelo toque.

–A porta - falou puxando o pininho.

–Claro - Disfarcei. E eu achando que ele estava tentando me beijar.

Descemos do carro e ficamos nos encarando sem jeito. Não sabia o que dizer, aquilo era muito estranho.

–Voce quer entrar? Minha mãe vai jantar fora, então podemos pedir alguma coisa - Seu jeito era tão convidativo.

–Anna?! - Will estava parado na entrada.

Só me dei conta agora de que não pensei nele 1 minuto no dia de hoje. O que era estranho.

–Eu não posso, tenho que ir - Ele assentiu com cabeça, quieto. Não queria que os dois começassem uma briga agora.

–Quando quiser - Sorriu.

Andei até o encontro de Will.

–O que você estava fazendo no carro dele? - Perguntou depois de me cumprimentar com um selinho demorado.

–É uma longa história.

–Tudo bem, você pode me contar lá dentro, vamos - e me puxou para dentro de casa.

Virei mais uma vez, e vi que Leo continuava parado, imóvel.

Parte de mim queria entrar com Will e contar sobre o dia maravilhoso que passei com Leo. A outra, queria ficar lá, fazendo nada parada na calçada com Leo.

Nossos olhos se encontraram, e por um instante pensei em sair correndo até ele. Mas parei. Will era meu namorado, e é com ele que quero estar.

Será?

Não sabia se estava afirmando, ou me questionando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?
Semana que vem tem mais!!
Uma ótima semana a todos!
Não esqueçam do grupo no face!!!
Com carinho,
Jubs.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Never Can Say Goodbye" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.