Anjos De Redenção escrita por Arthur Almeida Souza


Capítulo 19
Esperança entre irmãos


Notas iniciais do capítulo

parte 4, apocalipse



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359862/chapter/19

Algum movimento diferente ocorria no céu, quando não existia o mal, apenas os resquícios de Tehom e sua ordem, iniciou-se uma rebelião entre os anjos. De um lado as forças opositoras de Lúcifer, do outro as forças mantedoras da ordem de Miguel.

Os três céus foram cenário para a maior das batalhas, anjos que antes eram amigos, irmãos agora separados por suas ideologias. Uns defendiam a supremacia angelical, outros defendiam a liberdade da criação humana.

O primeiro céu não foi atingido, a guerra se concentrava no segundo, o terceiro era terreno santo, não poderia haver derramamento de sangue em hipótese alguma. A leste do segundo céu, Gabriel passeava por entre os anjos dizendo palavras de encorajamento enquanto a oeste Rafael cuidava dos feridos das batalhas que já haviam ocorrido, diziam que quem ouvisse as palavas de Gabriel, ou fosse socorrido por Rafael teria em sua alma angelical o fogo da vontade acendido novamente.

Chovia no terceiro céu, Miguel não estava nas batalhas, os serafins se fecharam no santuário do alvorecer, os serafins redentores eram maioria entre eles, o número de anjos da casta era muito grande. Lúcifer também estava fora do campo de batalha, Gabriel e Rafael procuravam pelos irmãos com ânsia, sabiam que se um enfrentasse outro apenas um sobreviveria.

As gotas de chuva no terceiro céu eram pesadas e fortes, no segundo existia apenas uma leve chuva, pequenas gotas não impediam a batalha entre os anjos. Os portões por entres os céus estavam fechados, alguém atravessou o céu do Tsafon, rápido, ligeiro, com asas brancas, alcançou os pés das escadas que levavam ao topo do monte, com passos lentos mas pesados subiu o monte, em instantes estava na clareira de pedra, a sua frente as grandes e maciças portas de ouro com mais de cinco metros de altura entalhados de uma imagem que ficou famosa por entre os anjos, Deus sobre Tehom, na representação uma fonte de luz que espalha a escuridão abaixo dela.

As luzes dos raios davam ligeira claridade entre o breu que se instalou, e os trovões fazim o local ter mais vivacidade não permitindo que ele ficasse em um silencio eterno.

Um outro anjo caiu, armadura dourada, asas brancas, cabelo negro levemente desorganizado, grande, forte, com uma grande espada presa em sua cintura. Parou e observou por segundos o anjo que estava á sua frente, este utilizava uma armadura ligeiramente semelhante a do anjo que caiu, mas seus cabelos eram longos e loiros, e na sua cintura estava uma espada menor que a de seu observador.

__Miguel...

__Lúcifer...

__Irmão me explique o que é isso? Me diga que é apenas uma mentira.

__Do que está falando Miguel?

O tom de voz do adorador á Deus era calmo, sútil, impetuoso.

__Não pode ser mesmo verdade, você não pode ser o líder desse anjos revoltosos. Eles dizem que é por você que fazem isso, pelas suas idéias, suas ideologias.

__Não é mentira, caro irmão perceba minhas vontades, se o que Deus realmente deseja é que sirvamos á seres tão inferiores, tão escusos de sabedoria e poder ele deve estar louco. Tais seres não são dignos de viver conosco.

__Mas... Essa é a vontade de Deus.

__Então é isso? Apenas pela sua vontade você condenará toda a criação, apenas pela sua visão presa de que Deus sempre está certo. Você é fraco Miguel.

__Eu, eu não sou fraco Lúcifer, você está errado!

__Estou? Olhe bem pra você, como Deus pode lhe confiar o exército inteiro sendo que você nem mesmo é forte o bastante pra ir contra alguém que ameaça o seu Deus.

__Então é isso? Tudo um teste sobre o meu senso de liderança?

__Quanta ingenuidade. Você não merece mesmo ter tal poder ou comando em suas mãos.

__Por que você diz isso irmão? De onde vem tanto ódio?

__Irmão... Hoje você me chama assim, mas amanhã dirá maldições contra mim.

__Por que eu faria isso?!—Miguel se mostrava assustado.

__Por que eu o trairei irmão. E ainda hoje tentarás me matar.

__Por que? Ainda não entendo, irmão não entendo o que você deseja.

__Eu desejo poder! Desejo mais e mais poder! Desejo o infinito!

__Deus pode te dar isso...

__Não pode! Ele quer ser o mais poderoso, é um ser egoísta!

__Como você pode dizer isso? Ele te ama tanto, venha irmão, vamos nos desculpar com ele, eu posso interceder por você.

__Não ama, ele não me ama, amar é isso? Fazer se rebaixar para servir a seres inferiores? Isso é amar pra você?

__Eu não sei...

__Eu sei que você também se sente como eu Miguel, sente que esses humanos não são dignos de existir conosco. Venha comigo, nós juntos somos poderosos o bastante para que exército nenhum se coloque contra nós.

__E quanto a Gabriel e Rafael?

__Rafael já se apaixonou pela criação, ele não nos será de muita ajuda. Quanto a Gabriel, esse é facilmente influenciável por qualquer de nós, especialmente Rafael, então ele não nos ajudará. Mas não se preocupe, com nossa união, nada poderá nos deter.

Miguel caminhou até estar face a face com Lúcifer, olhou profundo em seus olhos azuis, seus cabelos longos e dourados e sua armadura com sobreposições nos ombros. Na sua cintura a espada que um dia se tornaria um tabu a simples pronúncia de seu nome.

__Eu não posso fazer isso irmão.

__Você é fraco, fraco como nosso pai.

Miguel se tomou pela fúria, como podia seu irmão estar ali querendo trair a Deus mesmo este lhe concedendo a vida.

Em um acesso de furia Miguel desferiu um golpe sobre seu irmão, um soco, acertando em cheio a face do arcanjo que foi pego de surpresa. Pela surpresa do golpe Miguel perdeu o passo por um instante, em segundos se recompôs, e voltou a olhar dentro dos olhos de seu irmão.

Um filete de sangue lhe descia pelo canto da boca. Pelos vermelhos e doces lábios de Lúcifer.

__Você me feriu.

__Irmão me perdoe, fui tomado pela ira.

__Você me feriu?

__Eu não posso crer que você esteja realmente fazendo isso irmão, volte para nós.

__Você me feriu?!

__Lúcifer!

Os olhos que antes enfrentavam o vazio se voltaram ao principe das milícias celestes, ele não poderia acreditar que tinha sido ferido por Miguel, seria aquele o sinal de que o portador de luz tinha perdido a proteção divina?

__Você me feriu...

__Eu não queria.

Lúcifer chutou a barriga de Miguel o fazendo se dobrar no ar levando a mão ao estômago, estava artodoado, Lúcifer o lançou ao chão com um golpe, seu punho pesou nas costas do arcanjo o mandando para o chão de pedras da clareira.

O golpe não tinha sido o bastante para ter feito Miguel desmaiar ou quem sabe não poder se levantar, mas ele não queria fazer isso. Lúcifer passou por ele e caminhou em direção ao portão do santuario.

O silêncio se manteve, Miguel não demonstrava sua dor com gemidos ou gritos, curioso pela inspiração de seu irmão Lúcifer interveio.

__O que há Miguel? Me permitira continuar?

__Eu não posso te enfrentar, não sou forte o suficiente, você ainda é mais poderoso que eu, mesmo sem a benção divina é mais preparado.

__Você é mesmo vergonhoso, tem a arma mais poderosa do universo e ainda age como uma criancinha.

Lúcifer prosseguiu.

__Você estava lá conosco quando Tehom foi derrotado, e ainda sim parece fraco e inexistente, é uma pena eu ter que te destruir após me tornar Deus, eu até lhe ensinaria como ser poderoso.

__Você não se tornará Deus, ninguém permitira.

__É o que veremos irmão.

Os portões se abriram lentamente, o ouro deles reluzia aos astros á volta, Lúcifer caminhou lentamente para dentro do salão oval do Tsafon. Miguel observava caído ao chão o seu irmão destruindo qualquer legado de bondade dentro de seu ser.

Antes que os portões se tocassem se fechando atrás de Lúcifer era possivel ver seu sorriso e seus braços abertos em direção a caixa da criação.

__Irmão você será o primeiro a ver o novo Deus. A sua glória e fúria.

Todos os serafins permanciam na parte superior do templo, sentados, calmos, translúcidos, isso enfureceu ainda mais Miguel e Lúcifer, todos unidos poderiam destruir Lúcifer sem dificuldade alguma, mesmo sendo a estrela da manhã ele ainda não era páreo para os servos diretos de Deus, ainda mais todos unidos.

Seus poderes mentais seriam capazes de deixar Lúcifer atordoado, mas não o fizeram, poderiam com seus poderes sobre a gravidade esmaga-lo como uma noz, mas continuaram ali, poderiam com suas espadas, tidas como sagrada cortar o coração de Lúcifer sem ao menos encontrar dificuldade em sua couraça, mas não as desembainharam. Podiam demonstrar a luz divina e queimar a maldade no coração de Lúcifer, mas continuaram sentados tampando seus pés e cabeças e cobrindo o ombro com sua asa média.

Por um capricho, ou quem sabe em um acesso de fúria Lúcifer sobrevoou até os serafins que sem mantinha inalterados. Subiu acima deles, os observou, desembainhou sua espada, a lâmina da Perdição, e matou a sangue frio cada um dos anjos, arrancando seus corações ou cortando suas cabeças e tirando suas asas após a morte, ele tomou preferência pelos da redenção.

Todos foram mortos, o que diminui drasticamente o número de serafins existentes no universo, apenas uma pequena porcentagem de serafins foi poupada. Lúcifer após o genocídio limpou sua armadura e rosto cobertos de sangue.

Do lado de fora Miguel experimentava pela primeira vez um sentimento novo á ele, o ódio, algo além da fúria, mais perpétuo, e mais forte que a raiva, seus dentes rangiam e se feriam. O que mais o intrigava era o silêncio, que era marcado pelas seguidas e seguidas emancipações de auras.

Miguel se ergueu, o ódio tomara seu coração pela primeira vez, não poderia permitir que aquilo ocorresse, que os tão pacíficos e amaveis serafins que nada fizeram contra Lúcifer fossem mortos, talvez ele fosse culpado em parte pela loucura do irmão, mas os serafins não tinha nada a ver com isso.

Miguel se levantou, furioso, desmbainhou Destruidora, tocou a ponta da lâmina no chão, caminhou lentamente até o santuário, com um chute abriu o portão fazendo as duas portas baterem contra a parede e estremecendo a edificação.

Viu os anjos sentados em escadarias no segundo andar, com a mão sobre as pernas aguardando algo, talvez a paz. Lúcifer ainda limpava sua face e não tinha percebido a invasão de Miguel, o príncipe das milícias celestes.

__Sabe Lúcifer,a acabo de perceber algo, é uma péssima combinação nosso poder com as emoções humanas.

Lúcifer esfregou as mãos no rosto retirando o sangue celestial que tinha se depositado ali.

__Irmão veio ver o novo paraíso que vai se erguer?

__Não, eu vim deter você.

__Como se você fosse capaz.

__Existe apenas uma forma de descobrir.

Miguel dobrou o joelho, elevou os calcanhares, apertou forte Destruidora, abriu suas asas brancas e subiu com uma rajada de vento. Antes do esperado estava diante de Lúcifer, este parecia supreso com tamanha velocidade nunca antes alcançada pelo irmão.

Miguel encarou Lúcifer por um milésimo de segundo, após isso deu um golpe com o cabo da espada e lançou para fora do santuário, a estrela da manhã atravessou a parede caiu na clareira. Parte se sua armadura tinha se quebrado.

Ele se levantou impaciente, um olhar fulminante se dirigiu a Miguel que estava sobre o buraco que tinha se aberto na porta.

__Como você ousa seu bastardo...

Miguel se moveu de forma rápida e em um piscar de olhos apareceu diante de Lúcifer.

__O que você disse?

Lúcifer sentiu medo pela primeira vez.

__De onde vem esse poder?

__Eu sempre o tive, apenas nunca o despertei.

__Por que agora então?

__Sabe existe uma péssima mistura, nosso poder mais sentimentos carnais, isso é realmente preocupante. Alcançamos outro nível de poder.

__Você não me dá medo.—A primeira mentira contada pela estrela da manhã, não seria a última.

__Será mesmo? Vamos ver se é verdade.

As brancas asas de Miguel se abriram totalmente, chutou o irmão que desceu rolando pela montanha a baixo. Boa parte da armadura se perdeu no trajeto.

Ao cair atordoado Lúcifer viu suas asas sujas de sangue e terra, suas brancas asas sujas, sua pureza manchada, sua invencibilidade ameaçada. Ao olhar para cima viu Miguel em cima de uma das pedras que tomava uma ponta na clareira.

Ele segurava em sua mão Destruidora, ergueu a espada ao céu, e proclamou.

__Agora eu tomo a palavra de Deus, eu sou a voz de Deus.—Sua voz se ecoava até os confins do universo, não existia ser que não pudesse ouvir seu rugido. –Hoje eu instauro o Apocalipse! Você Lúcifer, antiga estrela da manhã, está fadado, exilado ao inferno, não poderá regressar ao céu até o último soar da sétima trombeta, seu nome e sua espada serão proibidos no céu, viverá com aqueles que você tanto repudia!

__Você não pode! Não tem poder pra isso!

__Eu selo esta profecia com Destruidora, a chave do céu a partir de hoje! E reintegro aos serafins as suas obrigações. Agora eles acumulam os portifólios de adoração e servimento ao Senhor.

Miguel ergueu Destruidora acima de sua cabeça com a ponta voltada ao chão. O príncipe desceu Destruidora no ar, Lúcifer esperançoso de poder deter o ato que o condenaria subiu a montanha com suas asas, não foi capaz de chagar a tempo, e Miguel cravou a espada na rocha e uma explosão de ar ocorreu, lançando Lúcifer o mais longe possivel, ele foi esmagado contra os portões gigantescos que ligavam o terceiro ao segundo céu.

Parte da pedra se partiu e caiu aos pés da montanha, mais tarde alguns anjos mensageiros á pedido de Gabriel utilizaram para construir uma arma poderosa, Imperius.

__Por que você faz isso irmão?! Por que?!

Miguel gritava com Lúcifer, estava tomado pelo ódio, a estrela da manhã ja havia sido derrotada, mas Miguel ainda não tinha paz.

__Por que Lúcifer?! Você sempre teve o melhor, sempre foi o melhor, o mais amado, o mais apreciado, aposto que se eu tivesse me revoltado Deus teria me matado sem pestanejar... Mas com você, bem isso é diferente.

O silêncio era assustador, nos três céus não se ouvia nada após o rugido de Miguel, os revoltosos temiam da retaliação divina. Diante do silêncio Miguel percebeu as palavras que tinha lançado, o que tinha dito.

__Não era isso que eu queria dizer...

__Veja como você é fraco, se deixando levar por estes sentimentos sujos e compulsivos. Você não merece a arma que tem.

__Você é que não merece o que tem.

__Agora não tenho mais nada.

__Será exilado ao inferno, espero que aprenda algo lá com os que você tanto repudia.

__Faça o que quiser, você só não pode me matar não é? Me ama demais pra isso, e ainda tem medo de ferir Deus, como é fraco o príncipe das milícias celestes.

__A proxima vez que nos encontrarmos aqui, eu prometo, apenas um de nós saira vivo.

__Quanta piedade, mas me castigue de verdade! Me mate agora!

__Não, não... Creio que um castigo maior será a sua condenação ao inferno, você se verá recorrendo aos que tanto degradou, aos que enganou e subestimou.

__Me mata agora Miguel!

__Vejo que você odeia isso não é? Então esse será seu real castigo, você sera condenado a viver com os outro revoltosos, e verá dia a dia seu poder se esvair.

__Não... Eu utilizarei o poder dos humanos, o espírito e alma deles, os corromperei.

__Não vai, haverá um dia em que o filho do homem descerá e fará com que todos os corrompidos voltem ao senhor.

__Você blefa irmão, Deus não faria isso pelo ideal de ser dele, um dia vc se arrependerá de estar do lado deles.

__Não me arrependerei jamais por estar ao lado de Deus. Já chega! Adeus irmão.—Miguel tocou o portão dourado e ele se abriu, Lúcifer foi empurrado como uma força gravitacional contra o chão do segundo céu, ele atravessou e caiu no primeiro, junto com ele os revoltosos caiam puxados pela terra.

E no fim Lúcifer e um terço dos anjos caiu na terra, a terra tremeu á sua queda, vulcões se abriram, a terra semi-formada tinha agora mais um mal em meio ao seu caos. Lúcifer nunca se escondeu, rondava o ceu constantemente nos primeiros séculos após sua queda, o que tornou A queda algo gradativo e que durou muito tempo.

O último anjo a cair foi Zael, um dos primeiros anjos da guarda. Ele caiu quando a população humana atingiu seu ápice evolutivo e passou a ser sedentário e manipular o fogo e a pedra para obter melhores resultados.

E Lúcifer aguardou, esperou pacientemente os últimos dias, retirou o primeiro homem e a primeira mulher do Éden, viu um homem ter fé o bastante pra sacrificar seu filho em honra de Deus, viu o mar se abrir ao meio pela paixão á Deus de um único homem. Viu o verbo se fazer carne e gritou no inferno quando ele morreu pelos seres de “barro” de Deus, viu e repudiou o espírito divino que antes pairava sobre as águas habitar os homens,viu dois dos seres que mais o repudiavam enfrenta-lo, e ainda abrir ordens dentro da “santa” igreja, os Beneditinos e Franciscanos se tornaram seus piores inimigos.

Viu revoluções, fez revoluções, iniciou movimentos políticos que retiravam o que era tido como dádiva especial humana, a liberdade, e aguardou até os últimos dias onde ele retornaria e tomaria o que pra ele é seu por direito. O poder divino.

Dias atuais.

O terceiro céu mantinha a calma, o segundo tinha seus primeiros focos de batalha montados, o primeiro tinha se tornada um campo completo, os anjos mensageiros cumpriam a missão de acalmar os humanos sobre a guerra com visões, o que estava fora do planejado e encadeou a morte de alguns deles.

A batalha se aproximava de seu clìmax, ninguém ousava dizer ou sequer pensar no que estava ocorrendo no terceiro céu, não importa o resultado das sangrentas batalhas, o real resultado só seria afirmado com a batalha entre os dois arcanjos, os dois irmão, os primogênitos.

Asas brancas rasgavam o céu, rápido como um raio, mas calmo como um rio, ele era o antigo portador da luz, com seu véu negro e ombreiras vermelhas, as suas brancas asas tinham sinais, cicatrizes, da sua antiga batalha contra seu irmão.

Ele atravessou o campo dos querubins, não se ouvia nada além do silêncio e das vibrações e ressonâncias do próprio lugar. Ele parou na clareira como tinha acontecido há muitos anos, tantos quanto as estrelas no céu.

Olhou á volta, não tinha visto ninguém, até perceber Miguel sentado em uma pedra, ao lado do portão de ouro, tinha uma face pensadora, refletia sobre algo, ao seu lado Destruidora pendia no chão.

Ainda existia o silêncio.

Miguel o rompeu.

__Já ouviu a definição de loucura humana? É fazer a mesma coisa várias vezes esperando resultados diferentes.—Miguel lançou um olhar destrutivo contra Lúcifer, o encarou.—Você é louco irmão.

__Repudio pensamentos e ideias humanas.

__Você não é muito diferente deles.

__Como ousa me comparar á aqueles seres?!

__Após sua partida Lúcifer passei a procurar entender o mundo de forma diferente, mais profunda, e me responda, o que nos diferencia deles Heilel?

__Quantas vezes já falamos sobre isso, somos evoluídos.

__Será mesmo?

__Sem moralismo hoje irmão, essa será nossa última batalha e espero ter uma boa lembrança de você... Uma em que você esteja cuspindo sangue com minha espada atravessando seu toráx.

__Eu realmente tinha esperanças com você.

__Esperanças? Você ainda me ama Miguel? Yahweh ainda me ama? O amor tão grandioso que ele disse ter por mim ainda é real?

Miguel mantinha sua face fria, se ergueu, embainhou Destruidora, se aproximou lentamente em direção a estrela da manhã. Aproximou-se dele, colocou face a face, e beijou seu rosto.

Lúcifer após o primeiro contato se afastou rapidamente elevando o antebraço e batendo na mão de Miguel que antes tocava a face do antigo portador de luz.

__Você não me odeia?! Mas como?! eu te odeio mas você não me odeia, o que é isso Miguel?!

__Eu não posso te odiar irmão, você ainda é a primogênita criação de Deus.

__Então sou apenas isso, uma criação, e a eles resta a alcunha de filhos... Isso te parece justo?

__Parece, somos sopros de vida ao espaço, eles são pedaços de Deus espalhados.

__Eu já eles fazerem coisas lástimaveis irmão, conheço a verdadeira forma deles, os seus verdadeiros desejos!

__É ai que você se engana Lúcifer, esses não são os reais desejos deles, são os desejos da carne, a da alma que é tão corrompivel, por isso você caiu, se corrompeu. O espírito deles é incorruptível, tanto que você corre atrás deles, pois quer ser como eles.

Lúcifer estava de costas para as escadas, se alinhou novamente e se virou e admirou o terceiro céu até o seu limite mais inóspito.

__Vamos resolver logo isso, apenas um de nós sairá vivo disso.

__Que seja assim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anjos De Redenção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.