Livro Da Perdição escrita por Alan Mcgregor


Capítulo 9
Capítulo 6 - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Terceira e penúltima parte do Capítulo 6. Lembrando que eu o dividi para que a leitura não ficasse muito cansativa para vocês =) Pretendo fazer assim toda vez que um capítulo ficar muito extenso. Qualquer opinião, comentem ou mandem uma MP para mim! xD



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Daniel terminou de ler a carta ainda de olhos esbugalhados. Tentava entender o que o pai havia dito. “A verdade, Daniel, é que você não é meu filho...”. Ele não era um Bloom. Seu nome poderia nem mesmo ser Daniel, se é que escolheram um nome para ele antes de ser abandonado. Ele não era responsável pela morte de sua mãe. “Bem, pela mãe do Jon”, pensou. Jon... Ele não era seu irmão de sangue. Daniel remoeu toda essa revelação por alguns segundos e depois decidiu que de nada ajudaria ficar se sentindo excluído agora. Eles foram sim uma família, e a relação de sangue pouco importa agora.

Ele começou a procurar o saco que o pai mencionara na carta. Depois de mexer em alguns pertences que estavam caídos no chão e alguns que permaneciam na gaveta, encontrou um pequeno embrulho marrom, um tanto leve. Assim que o abriu, encontrou uma pequena pedra dentro dele. A pedra era totalmente negra, com uma inscrição em baixo relevo, da cor branca. Ele nunca havia visto o símbolo, mas assim que pegou a pedra, sabia que estava mais seguro, que estava protegido. Guardou-a no bolso, e continuou arrumando o quarto.

Daniel se sentia tão exausto que nem se lavou ou comeu. Deitou no chão do seu quarto. Sozinho, ainda refletindo sobre tudo o que aconteceu nas últimas horas. Pensava também que realmente ele não se parecia com as outras crianças de sua idade. Sempre gostou de brincar com seu irmão, Alan e meninos mais velhos, que pareciam entendê-lo melhor. Aprendia as coisas bem rápido e era muito inteligente. Daniel olhava para as paredes em busca de que alguma resposta caísse de uma delas, que as coisas se resolvessem, que tudo isso fosse um pesadelo. Mas não era.

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Os dias começavam a passar e Daniel foi se virando sozinho, com a comida que ainda tinha em casa. Nenhum dos outros habitantes de Leimbra parecia querer por os pés fora de casa. Daniel, pelo menos, não encontrou com nenhum deles. Chegou a ir à casa de alguns, chamá-los, gritar por eles, mas ninguém respondeu.

Daniel pensou várias vezes em ir embora. Mas para onde? Em pouco tempo a comida iria acabar e ele teria que tentar medidas drásticas. Se ao menos houvesse uma forma de arranjar algum dinheiro... Mas ninguém saía de suas casas, ninguém trabalhava, ninguém passeava.

E mais um dia se passou, sem que novidade alguma acontecesse. Daniel mais uma vez se arrumou no chão de seu quarto para dormir. Ele agora demorava muito para dormir. Passava o dia inteiro angustiado, triste, refletindo sobre tudo o que aconteceu... Horas depois de deitar, ele finalmente adormeceu.

Pouco tempo depois, Daniel acordou, ouvindo gritos e barulhos que o deixaram confuso. Coçou os olhos para tentar enxergar melhor ao seu redor. Percebeu que o barulho vinha de fora de sua casa e parecia ser de uma multidão. Daniel estranhou e pensou se finalmente as outras pessoas deixaram as suas casas. Mas por que tão tarde? Ele se levantou, e foi em direção à entrada, agora sem porta. Viu que muitas pessoas estavam do lado de fora, com tochas e cruzes nas mãos, gritando. Ainda muito sonolento, ele foi até a soleira da porta para tentar entender o que gritavam.

– ... pois nós temos que parar de ser oprimidos, meus irmãos! – dizia Rubro, um homem que era conhecido por ser muito arrogante e gostava de mandar. Se sentia líder, supremo sobre todas as coisas, e agora, parecia estar falando para seu exército particular. Seus olhos brilhavam, parecia que tinha atingido o ápice da felicidade e êxtase. Ele era grande e forte, com os cabelos ruivos bem curtos. – Nós temos que banir esses demônios que infestaram nosso povoado e nos amedrontam, nós mantém reféns em nossas próprias casas!

Toda vez que Rubro gritava ou dizia algo, a multidão em sua frente gritava, urrava e batia palmas. Daniel começou a perceber que muitos estavam com foices, facões, pedaços de paus e tochas. Não estava entendendo o que toda aquela multidão estava fazendo ali, gritando perto da sua casa. Foi quando Rubro se virou para ele, gritando furioso, que ele entendeu tudo:

– Esse filhote do demônio, que sempre esteve ajudando aquela família desgraçada, os McGregor, tentando invocar espíritos malignos para nos atormentar. Mas eles falharam, irmãos. O Poderoso fez com que eles pagassem com as próprias vidas e deixou esse filhote solto, para que nós pudéssemos ter a nossa chance de expurgar o mal. – os gritos em resposta foram aumentando cada vez mais – Façamos a vontade do Poderoso, vamos matar esse filhote de demônio, da mesma forma que o Poderoso matou os outros endiabrados.

Assim que Rubro terminou de falar, partiram em direção a Daniel. Homens, mulheres, crianças, idosos. A maioria foi destruir as janelas, móveis e todo o resto da casa, apenas passando por Daniel. Mas alguns homens mais fortes, como Rubro, e até mesmo John Finn, partiram para cima de Daniel, para agredi-lo.

– Não deixem que ele encoste em vocês, irmãos, nem o matem! Ele deve provar do mesmo castigo que seus comparsas! – berrou Rubro, antes de começar a dar pauladas em Daniel.

Cerca de 6 homens arrebentaram Daniel, enquanto ele urrava de dor e ódio, indefeso. Em suas fúrias, os homens quebraram uma das pernas de Daniel e deslocaram seu ombro esquerdo, além das dezenas de cortes, inchaços e sangramentos. Deixaram o menino exausto, alquebrado, inerte no chão. Logo depois, Rubro ordenou que deixassem a casa e ateassem fogo, para que ele também pudesse provar do castigo divino.

Atearam fogo na casa, e formaram um círculo em sua volta, gritando, como se houvessem ganhado uma guerra. Centenas contra uma criança. Indefesa. Com a dor da morte em seu peito. Mas em momento algum Daniel derramou uma lágrima sequer. E agora, em meio à fumaça, com dores excruciantes em todas as partes do corpo, tentava respirar, se agarrando ao último fio de vida.

(FIM DA PARTE 3)


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Notas finais do capítulo

Avaliem, por favor!

Grande abraço para todos vocês! =D



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