Christine POV

Claire tinha acabado de chegar na cidade, e eu não tinha opção senão falar com ela, e aquilo estava me enlouquecendo. Ela não fazia ideia de por que eu estava aqui, nem com quem, e eu não posso simplesmente dizer a verdade. É claro que eu sou muito boa em inventar mentiras, mas não quando estou desesperada. O que eu digo? Meu chefe morreu quando explodiram a mansão dele, mas eu descobri que ele estava vivo e aqui, então eu vim pra ajudar ele a salvar o mundo de um maníaco que quer transformar pessoas em armas. Ela vai me dar um soco e mandar eu ir tomar vergonha na cara e aprender a não mentir.

- Droga! - me joguei no sofá e respirei fundo. Eu tenho que pensar em alguma coisa.

- O que houve? - Tony perguntou.

- Claire. Eu não sei o que dizer.

- Simples, diz que veio visitar sua tia.

- Ela conhece minha família.

- Uma amiga?

- Ela é minha única amiga.

- Um antigo namorado?

- Eu nunca namorei.

- Sei lá, um... espera, sério?

- O quê?

- Você nunca namorou? Você tem o quê? Dezessete?

- Não, Stark, eu tenho 25. E não, eu nunca namorei.

- Ninguém te quis, é? Eu já imaginava.

- Muito pelo contrário, seu idiota.

- Então por que não?

- Porque eu não quis. Nunca me apaixonei por ninguém, e nunca pretendo. Isso é perda de tempo.

- Você não é mulher, só pode.

- Sim, Stark, eu sou.

- Então não é humana.

- Não, sou uma asgardiana enviada por Loki pra matar todos vocês. Sinceramente, Stark, você é insuportável.

- Você também. Agora vai logo falar com sua amiguinha e mandar ela embora daqui.

- Você não manda em mim.

- Errado, eu sou seu chefe, querida. Não esqueci disso ainda.

- Odeio você.

- O sentimento é recíproco. Agora vai lá logo antes que ela venha pra cá.

Revirei os olhos e levantei do sofá, me arrastando até a porta e o ouvi suspirar atrás de mim.

- Você quer que eu vá com você?

- Você faria isso?

- Não em um dia normal. Mas acho que tudo bem - eu o abracei e ele riu. - Você não me odeia?

- Às vezes... na maior parte do tempo.

- Vamos ou não?

- Vamos, Stark.

Claire POV

Eu já estava esperando há meia hora no lugar onde a Chris tinha me dito pra esperar e nada dela aparecer. Foi então que a vi chegando, acompanhada de um homem que me pareceu bem familiar e, a propósito, bem mais velho que ela. Eles estavam rindo e ela o empurrou pro lado, quase derrubando-o no chão. Assim que chegaram mais perto, eu pude ver de onde o conhecia. Era ninguém mais, ninguém menos que Tony Stark, o Homem de Ferro.

- Eu não acredito que... ah, meu Deus, você... você devia estar morto! - falei, assim que eles chegaram mais perto.

- Eu sei, mas ele não está - Christine disse, rindo. - Lembra que eu disse que estava trabalhando pra alguém muito importante? Então.

- Ah, então essa é a razão de você ter ficado obcecada pelo Homem de Ferro de repente.

- Ah, é? - ele perguntou, levantando uma sobrancelha e olhando para ela, que só riu sem graça.

- Não é obsessão, eu só...

- Ficava desenhando em cada página do seu caderno de desenhos as armaduras, ele e... - ela me olhou de um jeito que deixava bem claro que era melhor eu parar por aí. - coisa e tal.

- Eu vi os desenhos.

- Viu? Ela deixou?

- Claro que não, ele que é intrometido.

- Eu não, você deixou o caderno na minha mão e foi atender o telefone.

- Mas você não tinha nada que ficar olhando.

- Hey, vocês dois! Sabe, eu vi vocês chegando e to doida pra perguntar uma coisa - mordi o canto da boca. Eu talvez apanhe por perguntar isso, mas vale a pena.

- O que foi? - eles perguntaram ao mesmo tempo e em seguida olharam simultaneamente um para o outro com a sobrancelha arqueada, o que me fez rir.

- Então... eu achava que você estava morto, mas não está... e todo mundo parece pensar que está, então...

- Direto ao ponto, Claire.

- Ta bem, Chris, ta bem. Vocês dois estão juntos?

- Deus, por que as pessoas fazem essas perguntas idiotas? - Christine disse, levantando os braços e olhando pro céu.

- Não é uma pergunta idiota, vocês parecem um casal.

- Primeiro o Harley, agora você. Não, nós não somos um casal, e isso é impossível - ele disse.

- Por quê?

- Ela é muito chata.

- Ele é irritante.

- Eu tenho namorada, e eu a amo, OK?

- Ele é egocêntrico e narcisista.

- Essa garota só sabe me criticar e cuidar da minha vida.

- Eu nunca me apaixonei, e já te falei mil vezes que isso não vai acontecer.

- Ela é uma nerd que não sabe nem aproveitar a vida.

Eles falaram tudo aquilo ao mesmo tempo e tão rápido que eu mal consegui entender. Quando terminaram, empurraram um ao outro e disseram, ao mesmo tempo:

- Eu odeio você.

- Vocês são tão iguais que eu fiquei impressionada.

- Cala a boca, Claire! - eles gritaram juntos.

- Ah, me desculpa. Só dei minha humilde opinião.

- Foi uma péssima ideia você ter vindo junto.

- Definitivamente.

- Vocês vão parar ou...?

- Não liga - um garotinho maravilhosamente fofo falou, chegando perto de nós e rindo. - Eles são sempre assim.

- São, é? - ri e ele me acompanhou.

- Eu sou Harley. Eles estão na minha casa.

- Claire, amiga da Chris. Quer tomar um sorvete enquanto eles discutem?

- Claro - ele sorriu, e nós saímos, deixando os dois sozinhos e praticamente gritando um com o outro.

*****

Tony POV

- Você é inacreditável, Stark - ela disse, batendo a porta quando entrou.

- Eu? Você que começou.

- Argh, como eu te odeio!

- O mesmo vale pra você, sua nerd implicante!

- Que droga, por que você tem que começar uma briga sempre que alguém fala alguma coisa?

- Por que você não pode simplesmente concordar comigo em alguma coisa?

- Porque você nunca concorda comigo também!

- Você é insuportável!

- Acredite, você é mais!

- Argh, mas que merda! - ela sentou no sofá e abraçou os joelhos, apoiando a cabeça neles. - Eu não quero gritar mais.

- Não quer gritar o não quer brigar?

- Os dois - ela suspirou e eu sentei ao seu lado.

- Isso me faz lembrar dos meus pais... os adotivos.

- Eles brigavam assim?

- Toda noite.

- Tudo bem, então... sem brigas.

- Obrigada.

- Ham... quer alguma coisa? Um copo de água, sei lá...

- Um abraço seria pedir demais?

- Claro que não - ri e a abracei, fazendo com que ela chegasse um pouco mais perto de mim e recostasse a cabeça no meu ombro. E ficamos assim até nós dois adormecermos.