Christine POV

Depois de tomar um banho e limpar todo aquele sangue, vesti uma roupa e voltei para a oficina, onde Tony se encontrava. Prendi o cabelo e coloquei meus óculos, conseguindo enxergar melhor. Quando me viu, ele fez uma careta um tanto quanto engraçada, que me fez rir.

– Como uma nerd que nem você acabou de lingerie preta cantando em um pub? - ele perguntou.

– Bem, eu vi aquela mulher marcando um encontro com a ruiva para entregar o envelope. Aí eu entrei no pub e o dono tava discutindo com aqueles garotos da banda, porque a garota que cantava tava doente e não ia poder cantar... enfim - peguei a caixinha de primeiros socorros que eu tinha achado e comecei a fazer um curativo na minha barriga. - Eu aproveitei a oportunidade e disse que podia cantar. Eles gostaram da minha voz, e deixaram. O figurino era parte da coisa toda.

– Ah, então você tava lá observando, é?

– Isso. Quando você entrou eu quase tive um ataque - ri.

– Por quê?

– Ah, deixa eu ver... ah, sim, meu chefe tinha acabado de entrar em um pub, com uma criança de oito anos, e eu estava praticamente nua em cima de um palco cantando. Isso é motivo suficiente?

– Dez.

– O quê?

– Harley tem dez anos.

– Essa não é a questão, Stark.

– Eu sei. Mas não vejo problema algum em você ficar andando por aí, daquele jeito, é uma bela visão - ele disse, arqueando as sobrancelhas.

– Vai se foder, Tony - e encarei, e ele riu.

– É assim? Fica mandando o chefe se foder?

– Quando o chefe é um babaca, às vezes é preciso.

Terminei de fazer o curativo e ele riu, deitando no sofá e fechando os olhos.

– Boa noite pra você, Christine.

Não respondi. Na verdade, não achei necessário, sendo que ele caiu no sono tão rápido que eu fiquei impressionada.

Tony POV

– Bom dia - Christine falou, assim que eu abri os olhos.

– Já é dia?

– Sim - ela riu. - A palavra extremis significa alguma coisa pra você?

– Acho que não - sentei, me espreguiçando. - O que é isso?

– Um projeto. Recodificação genética para ajudar na cura. Pessoas indestrutíveis. Já foram feitos vários testes em humanos. As fichas completas das pessoas estão aqui. Uma delas é o ex-soldado que morreu na explosão do museu. Outra é a ruiva que nos atacou.

– Morreu na explosão? - levantei, indo até a mesa, onde os papéis que o envelope continham estavam todos espalhados.

– Isso. Eu só não sei como, se diz aqui que no primeiro estágio a pessoa se torna resistente ao calor.

– Resistente ao calor... - murmurei, pondo meus pensamentos em ordem. - E quando a bomba não é uma bomba?

– Foi o que eu pensei - ela disse, pegando um um bloco de desenho que estava no meio da bagunça e me mostrando o último desenho feito: uma representação perfeita da mulher que nos atacou. - Ta vendo aqui? - ela apontou para a barriga da mulher, onde haviam alguns traços estranhos e algo representando uma luz. - Ficou assim quando eu quebrei a costela dela. Acendeu, e logo depois apagou. E então ela estava curada. Minha teoria é que alguns corpos não aceitam o extremis, então acabam entrando em combustão espontânea, gerando aquelas explosões de 3000°C.

– Faz sentido - peguei o desenho e examinei melhor. - Isso é tecnologia muito avançada, só uma empresa enorme poderia ter.

– Tão enorme quanto a Stark International. Mas, ao contrário de você, ele mantém o anonimato - ela apontou para uma sigla escrita no envelope.

– Killian - falei. - Ele fez isso.

– Errado. Uma mulher fez o projeto. Killian comprou e aperfeiçoou, tornando-o o que é agora. Uma bomba com efeitos catastróficos, em forma humana.

O celular dela começou a tocar, interrompendo a tensão do momento. Ela o pegou e atendeu, saindo da oficina. Sentei na cadeira e comecei a folhear o bloco de desenho que, por sinal, tinha muita coisa. Na capa tinha uma data, uma semana antes de ela começar a trabalhar na minha casa. Os primeiros não faziam o mínimo sentido pra mim, mas depois vieram os mais recentes. O reator, minhas armaduras, meu laboratório exatamente como era antes de tudo aquilo, Pepper, a primeira armadura dela e alguns meus. Definitivamente era estranho me ver em um desenho. Ela era tão perfeccionista que me impressionava. Parecia uma foto.

Ela entrou e olhou de mim para o bloco em minhas mãos e arregalou os olhos. Tirou o bloco das minhas mãos e o abraçou, me fazendo rir.

– Calma, eu só estava olhando seus desenhos.

– Isso é muito, muito pessoal - ela falou, mordendo o canto do lábio inferior. - Você viu tudo?

– Não, garota, acalme-se.

– Ótimo - ela respirou fundo, como se estivesse aliviada.

– Tem alguma coisa aí que eu não posso ver, é? - ergui uma sobrancelha, abrindo um sorriso.

– O-o quê? Não, claro que não.

– Sei... quem era no telefone?

– Claire, minha melhor amiga.

– Ah, sim... interessante.

– Ela vai vir pra cá.

– O quê?

– É, eu sei, eu tentei impedir, mas ela é a pessoa mais cabeça-dura que eu conheço. Ou melhor, a segunda. Você vem em primeiro lugar.

– Ah, que ótimo. Tudo o que eu precisava era mais uma mulher reclamando de mim - revirei os olhos.

Ela olhou para o bloco de desenhos e respirou fundo outra vez, fechando-o em seguida. Certo, vamos fazer uma lista de coisas que eu tenho que fazer:

1. Conseguir o máximo de informações possíveis sobre o Extremis.

2. Rastrear o Killian e acabar com ele.

3. Me livrar da amiga da Christine.

4. (mais urgente) Olhar o que tem naquele maldito bloquinho de desenhos que eu não posso saber o que é.