Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 58
Sumiço


Notas iniciais do capítulo

Gente muito obrigada pelos comentários do último capítulo, eles me animaram demais, pra valer... de verdade.
Tanto que escrevi esse capítulo. Espero que gostem ... Ou ao menos fiquem curiosas, e que comentem muito pra me empolgar a escrever o próximo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359454/chapter/58

“Eu sei que errei, mas tudo que peço é um pouco de compreensão.”

Edgar em Lado a Lado

Por Laura

Já havia decorrido uns dias do meu aniversário e eu e Edgar estávamos iniciando uma nova etapa. Tínhamos passado as últimas noites juntos, mas mantínhamos esse nosso relacionamento escondido da maioria das pessoas, inclusive dos nossos filhos.

Eu queria fazer tudo com calma e esperava que nos acostumássemos novamente com outro, resolvêssemos os nossos problemas, que Edgar se acertasse de verdade com Pedrinho e que assim voltaríamos a ser uma família de verdade, vivendo sobre o mesmo teto. E o clima estava tão bom que eu achava que conseguiríamos isso logo.

Em clima de romance, eu e Edgar combinamos de fazer uma visita ao prédio que eu iria montar a minha escola. Ele queria conhecer o lugar... Apoiava meus planos. Era a nossa velha cumplicidade de volta.

Nessa tarde, Isabel levou as crianças para passearem no morro. Eu sabia que ela queria conversar com o pai sobre o casamento com Lauro, já que apesar de concordar com o pedido, ele não parecia se simpatizar muito com Lauro e seu jeito espontâneo. As crianças seriam ótimas armas para amaciar seu Afonso.

Assim, eu e Edgar pretendíamos fazer um programa a dois na nossa visita. Só que o tempo passou, o horário combinado já tinha chegado e nada de Edgar aparecer.

Já tinha passado mais de uma hora do horário... E eu estava irritada. Imaginei mil coisas... Lembrei o passado... As ausências de Edgar... Aquela mulher aparecia na minha cabeça... E me lembrava de Edgar falando as palavras Melissa e doente.

Eu tinha cansado de esperar, e não podia ficar parada me sentindo assombrada pelo passado, sendo tomada pela raiva. Lauro estava saindo pra resolver umas coisas, e pedi que me desse uma carona. Eu ia ver o prédio sem Edgar. Lauro me deixou lá e disse que me buscaria depois que resolvesse suas pendências.

Eu fiquei andando pela escola, pensando na vida. Estava em um dos cômodos que se tornaria uma sala de aula, quando escutei chamarem o meu nome e reconheci a voz de Edgar.

Por um momento, eu tive dúvidas se devia responder, pois ainda estava com raiva. Mas acabei respondendo e ele apareceu na sala:

– Meu amor, me desculpa. Eu tive um imprevisto... – ele falou sentido

– Imagino qual tenha sido esse imprevisto... Tem a ver com aquela mulher e a Melissa, não é mesmo? – não consegui me conter

– Laura... Melissa passou mal e eu tive que socorrê-la. Acabei me atrasando... mas eu vim assim que pude.

– Eu imaginava... aliás, eu sabia...- estava ficando com mais raiva

– Meu amor, entenda, eu tenho outras responsabilidades, e às vezes imprevistos acontecem... Eu não queria me atrasar.

– Eu tento entender... Mas sabe o que é? Isso lembra tanto o passado... Um passado que quero tanto esquecer, e que tenho medo que se torne o meu futuro.

– Laura... A gente tá tão bem... Foi só um atraso... Isso não será o nosso futuro... Foi só um imprevisto... Você não pode achar que sempre será assim – ele disse intenso

– Mas no passado também tivemos momentos bons que de um dia pra outro se tornaram horríveis... por causa desses imprevistos. Na verdade, os imprevistos se tornaram constantes naquela época... Edgar, me deixe.. Eu preciso pensar... me acalmar. Não quero brigar.

– Você quer que eu vá embora?

– É melhor.

– Tá bom, eu vou, não quero brigar – ele saiu triste.

Eu comecei a andar perturbada pela sala quando notei que Edgar voltava:

– Pensei que você não queria brigar- falei

– E não quero... Não voltei pra brigar... Eu te amo, Laura, e voltei pra te amar.

O olhar de Edgar era intenso, até podia notar certa fúria. Ele estava falando sério. E eu mal tive tempo de reagir quando ele se aproximou de mim e me beijou com fervor.

Eu sabia que não estávamos resolvendo as coisas daquela forma... Não era a primeira vez que esse problema nos assombrava e nós só adiámos algo que em algum momento voltaria a aparecer.

Mas eu não queria brigar também... E o clima era excitante... irresistível... Já estava imersa nele... Minha raiva transformada em vontade. Em vontade de extravasar meus sentimentos com furor.

Edgar e eu nos amamos, parcialmente vestidos no chão daquela sala. Não fora um ato longo em questão de tempo... Mas o fora na intensidade das sensações. Estávamos imersos num frenesi inevitável.

Eu mal podia acreditar no que tínhamos acabado de fazer... De certa forma, eu sentia vergonha e uma imensa vontade de rir. Assim eu e Edgar gargalhamos no braço do outro enquanto ainda estávamos no chão tentando recuperar as nossas forças.

Depois de um tempo, um pouco mais estabelecidos, nos levantamos e tentamos nos recompor. Mas ainda não parávamos de rir pro outro.

– A gente não vai resolver as coisas assim – comentei

– Eu sei... Mas me fala que não foi divertido?

– Foi, Edgar, e muito.

– Você quer conversar sobre o que aconteceu antes?

– Não, agora não ...

– Então, me mostra o prédio... Quero saber como vai ser a sua escola.

E comecei a andar no lugar com Edgar. Falava dos meus planos. O que seria cada sala, o modo de usá-la de acordo com as minhas ideias, como seria a área de lazer. E ele prestava atenção encantado:

– Eu vou montar essa escola, Edgar. Mesmo que por causa da minha reputação... Ela não tenha nenhum aluno... eu vou montar!

– Tenho certeza, meu amor. E ela será a melhor escola do Rio de Janeiro... E vai ter muitos alunos sim...

– Eu gostaria de ter alguns alunos pagantes para manter a escola, contratar professores, comprar materiais, penso em ter várias turmas... Mas o objetivo não é o lucro... E sim criar novos cidadãos preparados pra mudar o mundo. Eu pretendo oferecer bolsas para alunos carentes. E gostaria que elas fossem muitas.

– Seu sonho é lindo, meu amor. E você vai conseguir!

– Obrigada, meu amor. Seu apoio é muito importante pra mim!

Nos beijamos, mas acabamos sendo interrompidos ao escutar Lauro pigarrear discretamente na sala:

– Estou incomodando?- ele perguntou

– Com certeza, volte daqui uns minutos – Edgar brincou.

– Claro... – ele saia brincalhão, mas eu o impedi.

Nós conversamos um pouco mais. Mas depois decidimos partir. Eu iria pra casa com Lauro, e Edgar passaria em sua casa pra tomar um banho, e depois me encontraria.

Edgar já tinha ido e Lauro estava prestes a dar partida no carro, só que ele olhou pra mim e começou a gargalhar:

– O que foi? – perguntei incomodada

– Tem algo estranho na sua saia – ele falou em meio a risos, e eu percebi que realmente havia um pouco de um material gosmento na minha saia, não podia ver o meu rosto naquela situação, mas eu devia estar vermelha, pois me sentia extremamente envergonhada enquanto apressada limpava minha roupa - Ainda bem que eu não cheguei antes, pois os pegaria numa situação bem comprometedora.

– Lauro ... – o repreendi

– Não se preocupe, Xará. Isso acontece com casais apaixonados e o Edgar realmente vira a sua cabeça, não?

– Pronto... você já brincou, vamos parar de falar nisso? – tentava evitar aquele assunto

– Se bem que se D. Amália visse. Ela mudaria a opinião dela sobre você ser uma mulher distinta. Mas eu não mudei não – ele continuava zombando

– Tá bom ... Lauro.

– Xará, sem brincadeiras. Fico feliz por ver você e o Edgar assim... Estava receoso depois que te deixei chateada aqui.

– Mas a gente não resolveu esse problema... E isso ainda me dá medo. Quando você me deixou aqui, eu me sentia tão ... Será que não estou me enganando novamente?

– Não, não está. Vocês são ótimas pessoas, querem fazer o melhor. E eu vejo como você e Edgar se amam... Tenho fé que um amor assim não existe pra ambos ficarem separados, não depois de passar por tantas coisas. Vocês vão ficar juntos. Só precisam conciliar as diferenças que ainda persistem – ele comentou otimista

Edgar e eu acabamos não falando sobre acontecido. Talvez fosse o medo de acabar com uma situação que estava boa demais. De esbarrarmos em uma barreira instransponível, pois esse problema era uma questão realmente difícil de resolver.

Continuamos com o nosso romance escondido... Às vezes, ele dormia em minha casa, mas saia cedo para as crianças não verem.

Eu, Pedrinho e Cecília também passamos a frequentar mais a casa de Edgar. Inclusive, nós até dormíamos lá. Era uma maneira de eles irem se acostumando com a casa, com a rotina familiar que pretendíamos lhes dar em breve. E desse modo, era até mais simples pra eu e Edgar passarmos a noite juntos. Pois não era preciso ninguém sair mais cedo. Já que as crianças não estranhariam de nos ver juntos no café da manhã, pois até pediam que eu dormisse lá.

Almoçar, jantar, tomar café da manhã, brincar e colocar as crianças para dormir lá era fenomenal. Trazia aquela impressão de lar... de família unida e feliz. Nós 4 juntos naquela casa era algo que nunca tinha acontecido antes... Eu estava tão contente com aquilo e percebia que Edgar ficava encantado nesses momentos. Era como viver num sonho. Um sonho muito real.

E também houve a estreia de “O amor e o tempo” no Alheira. E Edgar e eu fomos juntos. Diva e Frederico não tinham adquirido exatamente o tom que eu pretendia. Mas eles eram engraçados em vários momentos, e conseguiram encantar em alguns outros.

O público gostou.. Aplaudiram efusivamente, riram bastante, se deslumbraram. E dentre esse público, o espectador mais animado era de longe Edgar. Ele estava radiante, completamente fascinado.

Depois de eu receber alguns cumprimentos e elogios por escrever a peça. Edgar e eu saímos. E ele continuava empolgado. Elogiava a peça e brincava com o fato de lembrar tantos momentos do nosso passado feliz. Ele estava alegre, admirado, e até me incentivava a publicar o livro, ou melhor, todos os livros, os contos infantis, as ideias educacionais, o nosso romance, tudo que tinha escrito enquanto estava no interior.

Só que dias depois, Pedrinho e Cecília ficaram na casa de Edgar, enquanto eu fui resolver umas pendências da minha escola. O combinado era que eu fosse pra lá depois e que nós todos passássemos a noite lá.

Mas ao chegar a casa me deparei com uma situação angustiante. Edgar estava extremamente preocupado, Matilde apreensiva, até Pedrinho estava inquieto. E não via Cecília, eu já imaginava o tinha acontecido e fui tomada pelo pavor:

– Filho, cadê sua irmã? – segurei na mão de Pedrinho e falei intensa

– Não sei, não sei – ele dizia abatido.

– Você não está brincando novamente? É sério, filho. Não está brincando de esconder...

– Não ...mãe, eu juro. Não fiz nada. Não sei onde Cecília tá– ele disse já com as lágrimas escorrendo dos seus olhos

Pedrinho estava falando a verdade, eu sabia... Ele era um menino que escondia o choro pra não demonstrar fraqueza. A maneira que ele reagiu... ele estava preocupado de verdade. O abracei apertado:

– Eu sei... meu filho. Me desculpa... Me desculpa por duvidar de você- eu estava emocionada

Mas ter a certeza de que Pedrinho não estava envolvido. Aumentou a minha angústia. Minha menina tinha sumido, e eu sabia que dessa vez devia ter acontecido algo grave... Comecei a ficar desesperada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Laura e Edgar ainda tem uns probleminhas mal resolvidos não? E em relação a Cecília, tá rolando uma preocupação?
Espero que tenham gostado, e que comentem pra me animar pro próximo.