Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 57
O jantar


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelos comentários, eles me animaram bastante, obrigada mesmo... Sei que... não postei ontem, mas é que meu dia foi mais corrido. Sendo assim só consegui terminar o capítulo hoje.
Espero que gostem dele e que comentem muito pra me animar. Algumas perguntas que fizeram nos últimos comentários serão respondidas e tem até um "bônus" no final, que espero que ao menos deixe uma curiosidade.



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“- Flores de alecrim – Laura

– Corajosas, sinceras e felizes- Edgar

– Quero que todos os meus dias tenham o perfume de alecrim, Edgar - Laura

Lado a Lado


Por Laura


Eu tinha aceitado o convite pra jantar com Edgar. Mas enquanto caminhava, sentia que estava indo pra uma arapuca. Pensei em voltar, mas já tinha dado a minha palavra, e eu também gostaria de passar um tempo sozinha com ele, realmente ficar e jantar só naquela casa devia ser bem triste. E eu me sentia um pouco culpada por essa solidão. Não gostava de vê-lo sofrer. Só esperava que tivesse forças pra resistir a ele.




Edgar abriu a porta, me olhou e sorriu iluminado. Eu vestia um vestido rosa claro com um pouco de decote, era apertado na parte de cima, e tinha um laço de um tom mais escuro, mais próximo do rubro na cintura, sendo que abaixo do laço o vestido ficava mais solto. Eu queria estar bonita pra Edgar... E ele pareceu gostar do visual... Tinha conseguido o que queria, Edgar parecia encantado.





– Você está linda, meu amor – ele beijou meu rosto e me guiou pra dentro da casa.


Mal tínhamos chegado à sala de jantar, ele me agarrou pela cintura e me deu um beijo daqueles que me deixavam sem ar:

– Edgar ... – o repreendi depois do beijo que tinha sido plenamente retribuído, ai, eu estava mesmo numa armadilha e seria tão difícil resistir a ela.

– Laura – ele sorria atrevido, eu fingi uma expressão de raiva que não existia em mim – o que foi? Você me beijou também. E que eu saiba ... não passamos dos limites...

– Está bem – eu ri mais tranquila e ele puxou uma cadeira para mim

– Minha dama ... – ele sorria enquanto eu me sentava e depois se sentou numa cadeira próxima a minha.

O ambiente estava permeado por um clima de sedução. A sala estava escura, Iluminada somente por uns candelabros que estavam na mesa. Havia flores de alecrim em cima dela. O que trazia um cheiro delicioso, além de boas lembranças do nosso passado, do nosso amor feliz, corajoso e sincero.

Matilde apareceu e serviu o jantar. Era o meu assado preferido e ela parecia bem contente. Quando ela se afastou, comentei:

– Só faltaram os músicos tocando violino pra completar o jantar romântico, Edgar.

– Seria um pouco de exagero – ele brincou – E achei que quanto menos gente melhor. Queria ficar sozinho com você, meu amor. Mas se você quiser, no próximo eu chamo os violinistas– ele sorriu

– Não... Acho que assim está bom!- concordei

Ele pegou em minha mão delicadamente enquanto me olhava de maneira encantada e ao mesmo tempo insinuante.

Nós começamos a comer e conversar de forma animada. Falávamos dos nossos planos, do cotidiano, das crianças, do futuro, do passado. Eu comentei sobre as minhas aulas no interior e os meus planos pra nova escola, os manuscritos que tinha escrito e algumas situações engraçadas que tinha vivido. Ele me falou de seu trabalho como advogado, de alguns casos e clientes interessantes. E até me contou sobre eventos importantes que aconteceram no Rio de Janeiro na época que eu estava fora, como a revolta da chibata.

Enquanto comíamos, bebíamos e conversávamos, era visível a nossa satisfação nos olhares que trocávamos. Edgar me olhava apaixonado e sedento... Eu também, pois às vezes “esquecia” o limite que não queria ultrapassar. Os olhares dele eram um convite irresistível a perdição. E eu não conseguia ficar indiferente, pois somente esses já me deixavam mole, ávida por ele... É ... eu me sentia perdida.

Após terminarmos de jantar, Edgar propôs:

– Vamos pra outra sala?

– Prefiro continuar aqui... – a sala de estar não me parecia uma boa ideia, já tinha algumas lembranças picantes de nós dois no sofá.

– Tá com medo? – ele provocou

– Estou... nós já passamos do limite lá – confessei

– Está bem... Lá seria mais confortável ...- ele deu um sorriso provocante – Mas podemos continuar aqui.

Eu voltei a falar, e Edgar mantinha o olhar firme em minha face. Ele me respondia, mas aquele olhar sugestivo tirava a minha tranquilidade:

– Tem alguma coisa errada no meu rosto, meu amor? - perguntei

– Seu rosto é perfeito – ele respondeu sorrindo – Mas tem uma sujeirinha aqui! – ele se aproximou de mim, seus dedos tocaram delicadamente a minha face, e seu rosto ficou próximo do meu.

Ele sorria sereno, e achei que me beijaria. Na verdade, eu desejava muito aquele beijo e até fechei os olhos. Mas ele voltou ao seu assento e me acordou desse devaneio ao dizer:

– Pronto.

– Tirou tudo?- perguntei ainda mole

– Quase ... Espera um pouco. – ele falou de modo sedutor e se aproximou novamente de mim

Eu senti seu toque na minha face, seu hálito contra a minha boca. A minha respiração ficou acelerada. Não consegui mais me segurar e coloquei meus lábios nos dele.

Edgar não se fez de rogado e se aprofundou em meus lábios, me recebeu em seus braços, e o beijo se tornou voraz. Quando dei por mim, ele já tinha se sentado na sua cadeira e me colocado em seu colo.

Prosseguimos com movimentos mais ousados e sensações mais profundas. A cada toque dele eu me sentia mais mole, mais entregue, mais arrepiada. Me sentia frágil, prisioneira daquela vontade urgente que se apoderava de mim. Eu precisava dele. Totalmente.

As suas mãos tocavam a minha pele, seus braços me puxavam pra o seu corpo. Mas então ele tirou um dos braços que me apoiava, e uma mão começou a se aventurar pelo meu seio. Senti um leve torpor e ao mesmo tempo uma sensação de desequilíbrio, estava prestes cair quando ele me segurou e disse com a respiração entrecortada:

– Está um pouco perigoso aqui, meu amor. Vamos pro quarto? – aquela quase queda não serviu pra colocar a minha cabeça no lugar, não era minha mente que me guiava naquele momento, era o meu amor, meu desejo.

– Ótima ideia, meu amor. – eu devia estar mesmo maluca, passava por cima da sensatez, e ignorava os meus medos mais íntimos.

Entre beijos e puxões, nós passamos pelos cômodos, escadas e corredor. Entramos no quarto. Eu era mesmo muito fraca... Em poucas horas sozinha com Edgar, já estava no quarto com ele. Ele tinha esse poder... eu o amava, o desejava, ele me fazia perder a cabeça... Era como se houvesse um ímã forte me atraindo a ele. Era como se houvesse uma força fora de mim, uma vontade irresistível de ser dele, de estar com ele completamente.

Em pouco tempo nossas roupas estavam no chão. E nos amamos com calma, profundamente... com carinho, paixão, deleitando cada beijo, toque, e sensação... E mesmo que minha mente dissesse que eu era fraca, eu me sentia maravilhosamente feliz.

Nós já estávamos suados e saciados. Eu me mantinha nos braços de Edgar, enquanto acariciava sua barba, e ele riu, na verdade, gargalhou:

– Tá me provocando, é? – perguntei

– Não, tô feliz.

– Tá se sentindo vitorioso. Não é? Conseguiu o que queria... E nem foi difícil pra eu cair na armadilha.

– Não é isso, meu amor... Não é isso. Eu só te amo, e te quero demais... A ideia de ficar afastado de você... É absurda... É torturante. Eu não consigo... Sei do seu medo... e não estou desmerecendo... Mas é que ... prefiro deixar na mão do destino... Eu não consigo e não quero ficar mais tempo sem ter você.

– Edgar... - falei preocupada

– Você não vai continuar nos torturando, né? Eu sei que você também não quer ficar longe de mim. – Edgar tinha razão nesse ponto, era tão difícil resistir a ele, e em certos momentos era torturante.

– Você também não coopera..- brinquei

– Que isso, eu estava firme, foi você que me beijou- ele riu.

– Depois do clima de sedução que você montou ...

– Eu prometi que não haveria briga, já cama ...E sou mesmo irresistível.- ele disse orgulhoso

– Não, é que eu sou muito sem-vergonha, acho que cairia na lábia de qualquer outro que me convidasse pra jantar - provoquei

– Laura... não diz isso nem brincando, você é a minha mulher, só minha – ele parecia aborrecido e eu ri

– Sim, sou só sua ... sempre fui. Agora, falando sério, Edgar... Vou deixar na mão do destino... não vou mais sofrer por antecedência... Seja o que Deus quiser.

– Isso quer dizer que ...

– Que não vou mais nos torturar... Não sou muito boa em resistir... nunca fui, nem quando estávamos brigados. Hoje foi mais uma prova disso... Tenho consciência que vai continuar acontecendo, então nem adianta mais tentar, é melhor parar de sofrer por isso – eu tinha voltado atrás e até sentia um gosto bom de liberdade na boca.

– Logo agora que eu tava achando o jogo divertido! – ele brincou

– Se você quiser, eu volto atrás.

– Não, de jeito nenhum. – ele sorriu radiante, e me beijou apressado.

Eu achei que nos amaríamos novamente, mas ele afastou, e se levantou:

– Quando eu libero, você me despreza assim? – fingi descontentamento

– Não meu amor, é que ... achei ... – ele falou pegando o seu relógio no chão

– Isso é momento de olhar as horas, Edgar?

– É... Olha já passou da meia-noite. Quer dizer que já estamos no dia 12.

Ele foi até uma mesinha de canto. Abriu uma gaveta, e trouxe 2 embrulhos pra mim:

– Parabéns, meu amor!

– Então você lembrou?- perguntei animada com a surpresa

– Como não podia me lembrar do dia que nasceu o amor da minha, a minha alma gêmea? Era por isso que eu queria marcar o jantar no dia 12.

– E conseguindo marcar um dia antes, você esperava que eu passasse a noite com você?

– Sim. Assim foi até melhor, não?– ele foi direto

– Sem-vergonha - protestei

– Não vai abrir? – Edgar sorria

– Claro...

Eu abri o embrulho maior, e vi um livro... Não era um livro novo... Mas era muito melhor que um livro novo... Era a primeira edição de Os Maias, de Eça de Queiroz. Um livro sobre o qual Edgar e eu já tínhamos conversado... E que ele sabia que eu gostava muito.

– Obrigada, meu amor... – falei o abraçando.

Depois me dediquei a abrir o menor:

– Um relógio ... – falei admirada

– De pulso... Eu pensei em te dar uma joia... Mas como você é uma mulher prática e inovadora... Diferente. Achei que um relógio de pulso de ouro... seria mais interessante, mais útil – Edgar sorria

– Adorei, meu amor. Adorei os dois...– falei o beijando- Coloca pra mim? – ergui o meu braço

Ele atendeu o meu pedido, e logo depois me beijou nos jogando na cama:

– Agora, nós podemos continuar de onde paramos antes, não?- ele perguntou

– É claro.

E nos amamos novamente.

No dia seguinte, eu acordei e vi que Edgar tinha trazido uma bandeja com o café da manhã enfeitada com flores de alecrim:

– Café da manhã pra a aniversariante- ele disse me beijando

– E perfumado com alecrim.

– Agora que fiz as pazes com você e com o alecrim... Por mim, seu café da manhã sempre terá alecrim. – ele sorriu

Eu comecei a comer, mas parei ao me lembrar:

– Eu não devia comer aqui... Prometi as crianças que meu dia seria delas, isso inclui o café da manhã – olhei pra Edgar que começava a fazer uma expressão sentida - Não ... vou comer sim. Não posso fazer desfeita com o meu amor – dei um beijinho nele e voltei a comer – Sabe, você também está convidado pro nosso dia especial.

– Aceito com muito prazer – ele estava feliz, seus olhos brilhavam.

Depois de devorarmos o café da manhã, partimos pra minha casa. As crianças já tinham acordado, mas por sorte não nos viram entrar juntos e não perceberam que eu passara a noite na casa do pai deles.

O dia foi incrível, repleto de felicidade e amor. Fomos ao jardim botânico, e eu e Edgar, como uma família unida, nos divertimos a beça com nossos filhos.

Ao voltarmos, fomos recebidos com um jantar especial e um bolo preparado por Isabel. Até meu pai, Tia Celinha, Guerra e Carolina apareceram. O clima era de festa e não demorou muito pra as crianças, cansadas pela agitação dormirem.... As visitas já tinham partido e Lauro e Isabel se recolhido.

E me sentindo livre da pressão que eu mesma me impusera ao tentar resistir a Edgar, nós dois fomos pro meu quarto e nos amamos com muita paixão. Era o meu aniversário, o primeiro depois de anos que eu passara com ele. E eu me sentia verdadeiramente feliz. Naquele ano, ele era o melhor presente, um presente tão desejado, mas que antes achava que não teria mais.

Tinha amanhecido a pouco quando o acordei:

– Edgar... Meu amor... – ele estava tão sereno que até parecia um pecado acordá-lo

– Já tá na hora de acordar? – ele me perguntou

– Ainda tá cedo... Mas eu gostaria que você fosse embora... Não quero que as crianças saibam que passou a noite comigo... Não quero confundir as cabeças delas.

– É isso mesmo? Vou ter que sair escondido do quarto da minha mulher para que nossos filhos não saibam? Me sinto o amante da minha própria esposa – ele falou matreiro

– Pensa no lado positivo... Você passou a noite comigo, antes isso não acontecia... Estamos evoluindo...

– Tá certo... Pensando por esse lado, eu vou sair... Mas espero ser recompensado depois – ele se levantou sorrindo, me beijou e se arrumou.

Eu o levei pra fora, e nos despedimos com beijos no portão:

– Eu preferia ficar até mais tarde – ele disse sapeca – Mas até que isso traz certo frisson... ser o amante da própria mulher.

– Então vai logo, meu amante. Pois meu marido é muito ciumento e meus filhos vão acordar logo – eu ri, não era uma situação perfeita, mas eu não me sentia tão feliz há tanto tempo.

Bônus

Por Cíntia (eu mesma)

Naquele dia quando Catarina estava indo para mais um recital no teatro Alheira, ela não se conteve e fez um desvio. Passou em frente da casa ocupada por Laura e Isabel, e da qual, ela esperava que a primeira não ocupasse mais em breve.

Ela estava impressionada que depois do escândalo que ela forçou e patrocinou através do Pasquim, Laura ainda permanecesse no Rio. Aquela mulherzinha estava sendo mais persistente do que Catarina esperava.

Sendo que a cantora até mesmo fez outra jogada, e estimulou Melissa a brincar com uma amiguinha doente. Catarina, apesar de não parecer, amava a filha de verdade. Ela só a amava menos do que si própria. E roséola era uma doença inofensiva, que não prejudicaria sua menina e manteria Edgar ocupado por uns dias. O que ela sabia que afetaria Laura e os filhos.

Com isso tudo, ela pensava que aquela filhinha da nobreza não aguentaria por muito mais tempo. E que em breve, fugiria novamente, deixando Edgar livre, com todas as atenções voltadas pra Melissa.

Só que ela foi surpreendida com o que viu. Laura, Edgar e os filhos voltavam pra casa, sorridentes ... felizes de verdade. E nos olhares do casal, ela acabou suspeitando de algo a mais... pela sua intuição, havia um envolvimento mais profundo entre eles.

Mesmo perturbada com essa suposição, ela fez sua apresentação. Não precisava voltar pra casa, já que por causa dos seus compromissos profissionais, a babá dormiria com Melissa naquela noite.

Para espairecer, Catarina decidiu passar a noite na casa do seu amante Umberto. Passara momentos tórridos nos braços daquele rapagão belo e viril.

Isso não fora suficiente para desanuviar a sua mente. Acordou cedo e partiu. Mas novamente, resolveu fazer um desvio e passou na frente da casa de Laura.

E observando a tudo escondida, ela se surpreendeu mais uma vez ao ver Edgar saindo cedo daquela residência depois de se despedir aos beijos da sua esposa. Pra era era cena tão medíocre... proveniente de um romancezinho brega.

Edgar e Laura tinham voltado... isso era evidente. Ela sentia que suas iniciativas não tinham servido para nada. Edgar, tolo, voltara pra sua mulher, mesmo depois de todo o sofrimento que ele passara por ela...

Ela não podia esperar outra coisa daquele paspalho... Mas não ia ficar parada enquanto sentia sua filha ser prejudicada, e via aquela Laura sair vitoriosa.

Ela não podia admitir isso, ainda mais depois dos insultos que Laura lhe falara ... E também dos impropérios que a mãe dela tinha lhe dito há alguns anos, além da claque preparada por essa em sua estreia, que quase colocou fim a sua carreira e atrasou o seu estrelato no Rio de Janeiro.

O Pasquim e a doença de Melissa não tinham dado certo. Mas aquela filhinha da mamãe podia esperar. Catarina queria colocar medo de verdade nela. Pra que ela desistisse de viver no Rio.

Precisava atingi-la num ponto realmente preocupante. Eles estavam numa cidade grande, se tratavam de pessoas importantes e ninguém iria desconfiar. Catarina sorria maliciosa ao ter essa ideia, e ao lembrar do rostinho daquela menina loirinha tão meiga e pequenina.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Teve momentos bons né? E a mudança de opinião da Laura? Será que o clima bom está perto do fim? Alguma curiosidade sobre o que Catarina irá aprontar?
Espero que tenham gostado e que comentem muito, isso sempre me estimular a escrever