Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 53
Desvelo


Notas iniciais do capítulo

Meninas muito obrigada pelos comentários. Eles em animaram bastante, tanto que me empolgou a escrever esse capítulo hoje.
Espero que gostem e que comentem muito pra me animar a escrever o próximo.



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“Mas eu tenho defeitos seríssimos, não sei cozinhar, não bordo, nem costuro. Tenho um gênio terrível e odeio que discordam de mim”

Laura em Lado a Lado


Por Edgar

Laura e eu havíamos voltado ... de certa forma... Ainda não completamente, mas caminhávamos para uma reconciliação. Eu estava muito feliz com isso. Os nossos passeios familiares eram muito mais agradáveis. Nós tínhamos momentos genuínos de carinho. Me sentia fazendo parte de uma família feliz. Pois mesmo que veladamente podia namorar Laura, dizer o que sentia, ser natural com a minha mulher, me aproximar dela e dos meus filhos.

Essa ideia de esconder o nosso romance não me agradou, o que queria mesmo era ter a minha família comigo, morando na mesma casa. Fazer tudo de modo aberto, eram a minha mulher e os meus filhos. Não tinha necessidade de esconder.

Mas Laura ainda tinha muitas dúvidas e medos. Muita coisa aconteceu no passado, ela queria agir com calma... e eu respeitei esses anseios para continuar próximo a ela. Uma coisa eu já tinha entendido, não adiantava debater quando ela estava decidida. E de certa forma, até que tinha um sabor especial, um lado engraçado e gostoso nesse segredo.

Entretanto, a verdade é que quando Laura falou em ir devagar, eu não imaginava que isso também se referia as nossas noites, a nossa intimidade. Eu a queria tanto, e às vezes, ficava tão louco quando a beijava e tocava. Chegava a ser doloroso quando ela me pedia pra parar.

Ela estava me deixando maluco, não sei até quando aguentaria. E a cada dia que passava, pensava em conversar sobre isso, sobre a necessidade de ficarmos assim. Ao tocá-la, sentia que ela me queria, via em seu olhar que ela gostava e que desejava continuar. Mas não prosseguíamos.

Queria lhe fazer tantas perguntas... Se ela me desejava, será que me desejava mesmo ou estava enganado? Por que esse pudor repentino depois daquela noite que passamos juntos? Eu precisava tanto repeti-la. Eu precisava sentir Laura completamente, tê-la em meus braços, unir os nossos corpos. Eu sabia que estávamos indo devagar, mas ela era a minha mulher, nós nos amávamos, e ir devagar, não precisava significar que não podíamos nos amar...

Só que no meio disso tudo, Melissa ficou doente, ela tive febre alta, dor de garganta, e o médico me informou que se tratava de uma doença infantil, roséola, não havia motivos pra muita preocupação, pois apesar de sua saúde frágil, ela ficaria boa logo.

Mas nesse estado eu precisei ficar mais com ela, a Catarina sempre se assustava e se atrapalhava quando Melissa adoecia, e acabei não conseguindo ver Laura e as crianças com tanta frequência.

Eu tinha muito medo que isso fizesse Laura se afastar novamente de mim, e fazia um esforço para ir na casa dela, precisava vê-la e aos nossos filhos. Mas não conseguia sempre, e às vezes, quando chegava, as crianças já tinham dormido. Eu me sentia horrível, as 24 horas do dia eram poucas para fazer tudo que precisava.

Conversei com Laura tentando explicar a situação, mas embora ela não reclamasse, eu percebia que a afetava bastante. O que me fazia ter mais medo de perdê-la novamente.

Mas então Melissa melhorou. E eu me senti aliviado. Minha filha estava melhor, tranquila, e eu poderia voltar a minha rotina.

Fui à casa de Laura, brinquei com nossos filhos. Namorei um pouco a mãe deles. Cecília estava muito animada com a apresentação que faria no dia seguinte, e eu como pai babão, também mal podia esperar pra ver a minha garotinha cantar.

Foi um dia muito bom, mesmo com alguma pressão e desconfiança de Laura, eu pensava que as coisas tinham se resolvido e tudo voltaria aos trilhos.

Só que no dia seguinte, eu comecei a me sentir mal enquanto trabalhava no escritório. Sentia uma fraqueza, uma dor no corpo, dor de garganta... Devia estar com febre. Tentava trabalhar, mas era difícil.

O horário da apresentação de Cecília estava chegando, e eu começava a ficar com medo. Eu tinha que ir mesmo se tivesse morrendo. Queria tanto vê-la e era muito importante pra ela e pra Laura.

Mas quando me levantei pra ir, senti dificuldade em andar... Me sentia péssimo. E pensei que realmente estava doente... Pelos sintomas, suspeitava ter o mesmo que Melissa. E se fosse o caso... não poderia ir. Não queria passar aquilo pra Cecília, Pedrinho ou Laura. A verdade é que também, me sentia tão fraco que provavelmente não conseguiria chegar a casa deles.

Á contragosto e com muito medo, telefonei pra Laura... Falei que não iria, não podia deixar que eles me esperassem. Depois explicaria direito.

Com muita dificuldade, subi as escadas, cheguei ao meu quarto e me joguei na cama, só consegui tirar os sapatos. E com aquela fraqueza e dor pelo meu corpo acabei adormecendo.

Acordei e vi Laura, cheguei a pensar que era um delírio. Afinal, eu me sentia fraco e confuso, também tinha frio, sabia que estava com febre. Então ela se aproximou de mim, e delicadamente colocou a mão em minha testa:

– Você está se sentido bem, meu amor? Tá tão quente– ela disse carinhosa, e eu percebi que não era uma ilusão.

– Laura … você tá mesmo aqui- falei com pouca força- Eu estou bem – na verdade não estava, mas não queria preocupá-la.

– Mentiroso. Vejo que não está. - ela parecia até um pouco brava- Você tá queimando de febre, Edgar. Por que não me contou que estava passando mal? Sabe o que eu achei? - me sentia um menino levando bronca

– Eu queria ter ido, meu amor. Queria mas não consegui... Não te contei pra não te preocupar … Pra não estragar a apresentação... Pra você não vir aqui … Não quero que fique doente também.

– E adiantou? Eu fiquei mais preocupada ainda. E vim- ela falou firme.

– Você mesma disse que estou com febre, não pensei direito – dei um sorriso amarelo tentando descontrair a situação.

– Tá bom... - ela riu – Vou te desculpar, pois tá doente. - Laura beijou o meu rosto, e mesmo estando um caco, me senti bem naquele momento, era como se ela me passasse todo seu amor e ternura naquele beijo.

Depois ela ajeitou algumas almofadas na cama e voltou a falar:

– Sente-se um pouco. Você precisa comer ...

– Meu amor, talvez seja melhor você ir... Não quero que fique doente – falei sem me mover.

– Você sabe o que tem? Sabe se é contagioso? – ela me perguntou

– Imagino...Acho que estou com a mesma coisa que a Melissa. Roséola.

– Uma doença de criança? – ela riu – Não se preocupe ... Já passei pela cota de doenças infantis ... na minha infância mesmo. Agora senta – ela me estendeu um prato

Fiz um esforço e consegui me sentar... Mas me sentia muito mole. Laura colocou o prato no meu colo e olhei pra ele sem nenhuma vontade de comer:

– Laura ... não estou com fome...

– Mas precisa comer – ela insistiu

– Minha garganta dói.

– Você é pior que menino, Edgar... Quer que eu te dê comida na boca?

– Não, não precisa.. – disse voltando à razão, tentava manter meu orgulho – O que tem aqui?- ainda queria me livrar

– É uma sopa. Eu mesma fiz.

– Você? – não consegui conter a minha surpresa

– É. Tá com medo? Saiba que aprendi a fazer algumas coisas depois que parti.

– Não, não estou com medo, só surpreso. Vou ficar honrado em comer algo feito por meu amor ... Ou devo ter medo? – provoquei – E será que não mereço algo mais se eu comer essa sopa?- ela pareceu entender o que eu queria

– Beijos serão suficientes? – fiz que sim com a cabeça satisfeito, ela se aproximou de mim e beijou a minha boca delicadamente – Depois que comer tudo ganha mais – ela disse sorrindo ainda com os lábios próximos aos meus.

Apesar de não ter fome, e sentir dificuldade ao engolir, comi aquela sopa, não estava ruim. E após terminar realmente recebi a minha grata recompensa dos lábios de Laura.

Laura ainda insistiu que eu tomasse banho, segundo ela aquilo ajudaria a baixar minha febre. E como eu estava fraco, ela me amparou até o banheiro, e até me ajudou a despir. Pensei que se eu estivesse em outra situação, com mais ânimo, essa ação seria muito mais prazerosa.

Senti um choque térmico ao entrar na água, que me parecia bem mais fria que o normal, mas não devia estar. Após o banho, eu realmente me sentia um pouco melhor. Apesar de ainda me sentir debilitado.

Vesti um pijama e me deitei novamente... Laura me olhava preocupada sentada em uma cadeira próxima a cama:

– Você vai dormir aí? – perguntei

– Sim, vou passar essa noite com você... Não quero te deixar sozinho – em outra ocasião essa frase seria muito mais tentadora

– Não precisa passar uma noite tão desconfortável, meu amor. Deite aqui – coloquei minha mão no espaço vazio da cama ao meu lado e Laura ainda parecia indecisa – Não precisa ficar com medo.

Ela se levantou... E começou a se despir. E mesmo naquele estado, aquela visão dela tirando as suas camadas de roupa, ficando apenas de combinação, mexeu com o meu libido.

Quando Laura se deitou ao meu lado, não consegui resistir. Me aproximei e agarrei a sua cintura por trás. Ela estava linda, um cheiro delicioso exalava do seu corpo. Era inebriante. Comecei a beijar o seu pescoço e ombro.

Ela se contorceu, se aconchegando mais em meu corpo. E eu queria tanto tê-la naquele momento. Mas senti um mal súbito, uma fraqueza, dor por todo o meu corpo, e acabei deixando escapulir algumas palavras sem querer:

– Ai... Eu não consigo – estava me sentindo um caco até mesmo no meu ego, ela se virou, ficando frente a frente comigo e disse

– Não se preocupe, Edgar... Isso não conta contra a sua virilidade – ela sorria sapeca – Você só está doente, meu amor.

–Obrigado. Mas ... – falei ainda desanimado

– Só me abraça e vamos dormir – ela sussurrou e apagou a última vela que estava acesa

Eu a abracei, coloquei o seu rosto contra o meu peito e joguei a coberta em cima da gente. Pelo menos isso eu ainda conseguia fazer. E assim dormi sentindo o seu corpo aninhado ao meu. E mesmo que eu preferisse fazer outras coisas antes, aquilo era maravilhoso.

Durante a noite, percebi que Laura acordou algumas vezes, ela me acariciava, mexia em meu cabelo com cuidado e até mesmo chegou a colocar compressas molhadas em meu corpo. Eu estava apático e confuso, mas era tão reconfortante tê-la comigo, dormindo na mesma cama e cuidando com tanto desvelo de mim. E de certa forma, aquilo me encantava de uma maneira transcendente.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo contou com a ajuda da minha "colaboradora em assuntos médicos" kkk. Obrigada.
Então o que acharam? Ainda tem gente brava com o Edgar? Ou amoleceram com ele doente?
Espero que tenham gostado.... e que comentem bastante, participem... Isso me empolga sempre.