Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 52
Namoro escondido


Notas iniciais do capítulo

Meninas, vocês me animaram tanto com os comentários, realmente muito obrigada. Até consegui postar hoje kkk. O meu agradecimento especial vai para Lia, comentarista frequente, que recomendou a minha história. Valeu, Lia fiquei tão feliz.
Olha vou deixar o capítulo e espero que gostem...



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“-Ai não tá certo isso – Laura

– Não? - Edgar

– Não- Laura

– Não... Mas a gente já tá casado, hein? - Edgar

Lado a Lado


Por Laura



A situação entre mim e Edgar estava bem diferente nos últimos dias. Eram momentos muito bons acompanhados de alguns temores que sentia.


Os passeios familiares pareciam ter mais sabor com a nossa paquera e olhares discretos para não chamar a atenção das crianças. Mesmo que escondendo, eu me sentia mais estimulada a ir, pois era um clima gostoso, sempre era bom vê-lo, conversar sobre a gente, falar alguns atrevimentos, curtir a cumplicidade, e receber uns beijos e toques discretos. E o gosto do segredo aumentava esse efeito.

Edgar e eu até levamos as crianças ao cinema. Finalmente ele me convencera a ir...E eles ficaram muito empolgados com o filme do foguete que acertava o olho da Lua, e com os selvagens que viviam lá. Eu também me empolguei. Realmente era uma experiência incrível. Ainda mais que no escuro, pude sentir o toque de Edgar na minha mão, e a doce sensação de namoro e felicidade no ar.

Mas nem sempre as crianças estavam com a gente... E por mais que eu ansiasse por esses momentos, eu também tinha medo deles. Tinha medo de fraquejar.

Eu queria ir devagar até nesse sentido... Nós havíamos passado uma noite juntos. Uma noite magnífica da qual nunca me arrependeria e que desejava tanto repetir. Mas tinha medo de me entregar a Edgar novamente. Podia ser bobagem ou exagero, mas tinha.

Talvez se me entregasse mais, acabasse me tornando mais suscetível aos seus encantos, e não conseguisse dizer não a ele quando me pedisse novamente pra voltar a morar na nossa antiga casa.

Na verdade, eu pensava nesse motivo. Mas muitas vezes via que era besteira. Se fosse só isso, eu não resistiria.

A motivação verdadeira e principal de tentar resistir a Edgar era outra... Um medo não confesso. Um grilo que ficou na minha cabeça depois que passamos aquela noite juntos. E só foi embora dias depois quando minhas regras vieram.

Não é que eu não quisesse ter mais filhos com Edgar... Mas esse não era o momento... uma nova criança podia mexer nessa aproximação, apressar as coisas artificialmente, e eu não queria isso, queria agir com segurança, não queria mais um inocente metido nessa situação complexa.

Pensei em tentar algum método anticoncepcional... Mas eu não era muito regular... E conhecendo eu e Edgar, não achava que funcionaria. Se começássemos a nos amar com frequência, seria mais difícil resistir. Talvez fosse melhor cortar o mal pela raiz mesmo.

Mas tinha noites em que eu passava sozinha, e em grande parte dos momentos que estávamos juntos, que cada célula do meu corpo clamava por seu toque ... meu corpo e coração clamavam por senti-lo por completo. E era tão difícil impedi-lo, as vezes, parecia sobre-humano pedir para ele parar.

Um dia, depois que as crianças haviam dormido. Eu e Edgar acabamos indo pra cozinha aos beijos com a desculpa que ele queria um copo de água. E lá começamos um namoro mais ousado.

Ele se sentou na cadeira e me puxou para o seu colo. Ele me beijava com ímpeto, passava a mão no meu corpo procurando aberturas em minhas vestes. Nós tínhamos a respiração irregular, e começamos a suspirar.

Eu não teria forças pra não continuar naquele momento. Estava prestes a chamá-lo pro meu quarto, quando escutei passos seguido de uma voz:

– Mãe. Mãe – era Pedrinho

Rapidamente me pus de pé, me afastando, tentando recuperar o fôlego, e quando Pedrinho apareceu na porta da cozinha, instintivamente, Edgar pegou o seu chapéu que estava em cima da mesa e colocou em seu colo:

– Edgar, o que tá fazendo aqui? - Pedrinho perguntou desconfiado

– Eu.. eu – Edgar gaguejava assustado

– Seu pai veio beber um copo de água, filho- respondi

– É – ele respondeu mais composto, já conseguindo respirar, Pedrinho ainda nos olhava com estranheza e eu falei para desviar o seu foco

– Quer alguma coisa, meu amor?

– Canta pra mim, mãe -ele pediu

– É , claro, querido. Pode ir pro quarto que já estou indo. Vou pegar a água pro seu pai. - ele ainda parecia desconfiado, mas acabou saindo

Enquanto ele caminhava, Edgar e eu começamos a dar uma risada que tentamos abafar com a mão:

– Foi por pouco! - Edgar falou

– Com certeza... Eu tenho que ir ao quarto de Pedrinho- falei enquanto enchia um copo de água

– Será que depois a gente não pode continuar? - ele sugeria

– Melhor não, Meu amor... Não quero ser pega novamente... – coloquei o copo em cima da mesa, minha cabeça já voltava ao lugar, Edgar ainda não tinha me confrontado sobre o fato de evitá-lo nos últimos dias, mas sabia que isso não demoraria, e tentava adiar esse confronto- Se acalme um pouco – falei rindo e olhando insinuante pro chapéu

– Mãe! - Pedrinho gritou

– Tá vendo? Eu tenho que ir, meu amor – o beijei com carinho, e sai aliviada por encerrar aquela conversa e também por ter sido interrompida antes por nosso filho.

Enquanto, eu fazia esforço para me manter mais casta com Edgar.. Lauro e Isabel também estavam em clima de romance.

Em confidências, Isabel me contara que os dois tinham voltado no baile. Trocaram vários beijos. Mas não passaram disso. A situação dos dois eram diferente da minha, eles eram namorados mesmo, e Lauro se mostrava bem respeitoso. As vezes, pensava até que ponto D. Amália tinha influenciado nesse modo.

Os dois moravam juntos, mas ficavam apenas nos beijos. Era bonito, pois sabia que Lauro a desejava e Isabel também. Mas como Isabel nunca tinha se casado. Lauro queria proporcionar aquele ideal romântico, mesmo que ela já tivesse um filho. Eu pensava como conseguiam isso, já que se eu morasse com Edgar, por experiência, sabia que não resistiria. Aliás, sem morar juntos já era difícil.

Lauro começava a conviver com Seu Afonso, e a conversar bastante com Neto. Eu sabia que ele pretendia pedir Isabel em breve. Mas seu Afonso, severo do jeito que era, não gostava de Lauro morar com a gente. Em sua cabeça, algo de errado acontecia. E Lauro até pensou em se mudar. Mas eu e Isabel o dissuadimos dessa ideia.

Ele nos ajudava em casa e era ótimo com as crianças. Com o namoro de Lauro com a mãe e essa proximidade, Neto se sentia mais querido, quase como se já tivesse um pai. E estava muito empolgado pois Lauro tinha comprado um carro, e vivia dando voltas com ele, Pedrinho e Cecília.

Depois do baile, as fofocas começaram a melhorar. Ainda tinha comentários maldosos sobre eu e Edgar estarmos fingindo pra abafar o escândalo, sobre os nossos modos mais quentes na festa, e até mesmo sobre o fato de eu ainda morar com Isabel. Nós recebíamos olhares atravessados e não éramos queridos em certos lugares. Mas o teor das fofocas e a intensidade da rejeição tinha diminuído.

O fato de sair uma nova edição do Pasquim colocando como vítima da vez um empresário. Também tirou um pouco do foco em mim. Com isso até senti a liberdade de começar a perguntar sobre o Pasquim, tentar desencavar o seu funcionamento, com a intenção de provar quem eram os responsáveis por aquela matéria que me atingiu. Eu sentia que era a Catarina, mas precisava ter provas.

Eu sabia que ainda seria complicado, já que a mancha na minha reputação não desaparecera, mas também comecei a pensar novamente na minha escola e contratei homens para reformar o prédio que eu tinha comprado. Não custava... Eu não ia desistir do meu sonho assim.

Em relação a família, eu e Edgar conversamos sobre nossos filhos verem as avós. Com D. Margarida era mais simples, já ela era uma pessoa muito mais agradável. Edgar combinou uma visita na em sua casa, e queria que eu estivesse presente.

Mas não quis... A ideia de uma família unida era bonita. Só que tinha medo da minha sogra perceber o quanto eu e ele estávamos próximos... Eu queria manter isso de maneira bem discreta . Só os nossos amigos mais íntimos sabiam. E aquele era um momento das crianças com a avó, não meu e de Edgar. E mesmo sem mim, Pedrinho e Cecília ficaram bem felizes em conhecê-la.

Apesar do jeito da minha mãe, acabamos concordando em levar nossos filhos pra conhecer a Baronesa também. Junto de meu pai, eu os levei até a mansão deles, e apesar das minha diferenças com D. Constância. Tinha que admitir que ela tinha jeito e era muito carinhosa com as crianças. Cecília e Pedrinho ficaram encantados com a avó, que brincou de esconder e contou belas histórias.

Comigo e Edgar, eu ainda resistia a ele, e percebia que em breve seria confrontada sobre isso. Ele provavelmente só não tinha falado nada com medo de criar uma discussão. E eu também não falava por isso, ainda lembrava de termos brigado por não querer ter mais filhos no passado. Mas sentia essa conversa cada vez mais próxima, e ela teria acontecido se não houvesse uma mudança.

As visitas de Edgar se tornaram menos frequentes numa semana. Tinha dias que ele nem aparecia, ou quando chegava as crianças já estavam dormindo.

Cecília notou sua falta e começou a perguntar sobre o pai. Ainda mais que ela estava planejando uma apresentação com Lauro e Edgar tinha se mostrado muito interessado nisso antes. Já Pedrinho que era mais fechado. Não falava nada. Mas cheguei a perceber em seu olhar um pouco de resistência.

Com temor, Edgar conversou comigo. E enquanto falava, percebia uma dor, um medo em seu olhar. Melissa estava doente. E ele estava passando mais tempo cuidando dela. Ele ficou preocupado que isso afetasse a gente. E eu percebia que ele estava tentando conciliar, apesar de que ainda estivesse muito atrapalhado com seu tempo.

Como mãe, eu entendia o fato de uma criança doente precisar de cuidados extras e mimos. Eu tentei relevar... Pensar como ele, que seria por pouco tempo.

Mas tinha um medo profundo de me enganar e não conseguia esquecer o passado. Lembrava dos meses em que ele quase não via o nosso filho, que eu cuidava sozinha dele, até mesmo quando Pedrinho adoecia, eu não podia contar com Edgar, pois ele estava cuidando da Melissa.

Sentia uma opressão com essas lembranças ruins que não conseguia afastar. Mas não queria conflitos. E tentei disfarçar, não coloquei em palavras, apesar de sentir. Não queria cobrar, não queria parecer insensível, e preocupá-lo mais ainda.

Como Pedrinho lembrava de Melissa, preferi não falar sobre ela e justifiquei às crianças que o pai estava muito ocupado, era muito trabalho e outros problemas, por isso diminuiu as suas visitas.

Eu também incentiva Cecília a prosseguir com seus planos. A planejar a sua apresentação... e ela se deliciava nisso.

Um dia, Edgar estava com ela, e Cecília praticamente o intimou para a apresentação que seria no dia seguinte:

– Você vem, né, Edgar? Vai ser uma apresentação especial pra você...- ela sorriu em seu colo

– Claro que venho, filha!- ele sorriu

Antes de Edgar sair naquele dia, eu ainda conversei com ele sozinha:

– Você vem mesmo na apresentação, não é? È importante pra Cecília. É importante pra mim- falei firme

– É claro, meu amor – ele respondeu calmo e me beijou – É muito importante pra mim. Eu não perderia por nada!

No fim da tarde seguinte, estávamos todos preparados para a apresentação. Lauro com sua roupa de gala e Cecília com seu vestido preferido. O piano afiado na sala, e cadeiras arrumadas para a “plateia” sentar e se deleitar com o “show”.

Só que Edgar não tinha aparecido ainda, e já estava quase na hora da apresentação. Meu coração estava apertado com medo que ele não viesse. Cecília também parecia incomodada, e eu tentava disfarçar incentivando-a.

Então Cássia me informou sobre um telefonema. Eu imaginava de quem seria. E não fui surpreendida ao ouvir a voz de Edgar do outro lado da linha:

– Meu amor, eu não posso ir. Sinto muito. Peça desculpas a Cecília ... me desculpa, não há nada no mundo que eu quisesse mais do que estar aí com vocês.- ele disse abatido

– Edgar, mas … - eu imaginava que seria isso, mas era muito difícil ouvir aquilo

– Laura, depois te explico. Por favor. – sua voz soava fraca, culpada

– Tá bom. Vou falar com nossa filha – eu já estava firme e desliguei o telefone.

No fundo eu estava possessa. Não podia acreditar que Edgar ia perder a apresentação. Ia perder aquele momento que nossa filha preparou pra ele. Ele tinha confirmado... Mas provavelmente por algum mal estar da Melissa, não veio.

Eu disfarcei o que sentia... Tinha que fazer isso pra não afetar a minha menina. Disse que algo muito grave acontecera e que Edgar não viria.

Ela ficou triste, não queria se apresentar. Mas eu, Lauro e Isabel a incentivamos. Cecília tinha que se apresentar, estava pronta e Cássia e Efigênia queriam ver a sua apresentação pela primeira vez.

Ela acabou se animando e cantou pra gente acompanhada por Lauro no piano. E ainda houve um momento especial, algo que ela e Lauro mantiveram em segredo. Cecília tocou sua primeira música no piano, “Brilha, Brilha, estrelinha”.

Foi lindo e emocionante. E Edgar perdera tudo. Não acreditava que ele perdera esses momentos.

Tentamos manter um clima feliz depois da apresentação. Incentivando e elogiando Cecília. Apesar de que no meu coração, eu sentia raiva por Edgar não estar com a gente. Raiva por acreditar que ele viria.

Mas logo depois que as crianças dormiram, eu não resisti. Precisava fazer alguma coisa, precisava saber. Telefonei pra casa de Edgar e Matilde atendeu:

– O dr. Edgar está, Matilde?-perguntei

– Está, D. Laura.- bom, pelo menos ele estava em casa

– Gostaria de falar com ele.

– Ahh, D. Laura... O dr. não me parece bem. Ele mal conseguiu subir as escadas depois que telefonou pra senhora.

– O Edgar está doente? - perguntei assustada

– Ele não falou nada. Mas está muito abatido! E disse que não iria jantar.

Eu comecei a ser tomada por uma culpa por ter sido injusta com Edgar, ao mesmo tempo por uma vontade urgente de vê-lo, de cuidar dele.

– Obrigada, Matilde. Estou indo praí.

Falei com Isabel, pedi que ela olhasse as crianças. E fui ao encontro de Edgar...Estava muito ansiosa e preocupada com ele.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? E essa ideia da Laura? Acha que ela conseguirá resistir mais? kkk Deu pra enganar um pouco com essa doença da Melissa e o bolo do Edgar? Acharam que ia acontecer uma briga daquelas? Coitado né, meninas... O que acham que vai acontecer com ursão doente?
Espero que tenham gostado e que comentem muito, participem, isso me anima muito mesmo e me ajuda a escrever.