Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 4
Confusão nas ruas


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários, e espero que gostem. Bem e descubram quem era com as batidas na porta kkkk.



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Por Edgar

Fui atender a porta praguejando pela visita inesperada e indesejada, o que mais queria era ficar com Laura em nosso quarto. Mas não... fui obrigado a atender... Que a tal visita não esperasse uma boa recepção minha. Aliás, nem uma boa aparência, já que estava de robe e com os cabelos desarrumados por causa dos momentos anteriores passados com minha esposa.

– Edgar? - disse Guerra provavelmente surpreso com minha aparência

– Guerra … entre! - falei um pouco seco.

– Acho que eu interrompi alguma coisa que não devia ... – ele disse me olhando dos pés a cabeça e com certa acidez em seu comentário

– Laura e eu já havíamos nos recolhido – respondi um pouco constrangido enquanto nos sentávamos no sofá

– Desculpe pela hora e … pela interrupção – ele segurou uma risada, mas depois voltou a falar sério e preocupado- É que ... recebi uma informação, e penso que é melhor te contar logo para não brigarmos igual daquela vez.

– Descobriu mais alguma coisa envolvendo o meu o pai? - perguntei certeiro

– Sim, Edgar. Parece que seu pai está se aproveitando dos tumultos da vacina para desmoralizar o governo. Ele está pagando arruaceiros para aumentar a confusão e espalhar a desinformação - Guerra respondeu sério

– Você tem certeza? - estava desapontado com mais essa ação do meu pai

– Certeza, eu não tenho. Mas isso veio de uma fonte confiável. E vim te falar que irei investigar. Não quero que se aborreça...

– Eu não me aborrecerei se for verdade, apure tudo como um bom jornalista. Ahh... Guerra.. Sei que meu pai é bem capaz disso. Esse tipo de ação dele já não me surpreende mais.– falei reconhecendo a verdade.

Em pouco tempo Guerra confirmou as suas suspeitas. Meu pai era um dos responsáveis por aquela confusão e mesmo eu não tendo participação nessa sujeira, senti que tinha que fazer alguma coisa para amenizar as ações dele. A situação já havia ido longe demais

Com a ajuda de Laura e Isabel fizemos um encontro com Zé Maria e Tia Jurema (que eram bem vistos no morro da providência, líderes populares por assim dizer) e meu sogro, que sendo médico poderia elucidar os aspectos técnicos. A conversa saiu um pouco do controle com uma discussão entre Zé Maria e Assunção, mas até que conseguimos explicar que a vacina era benéfica a população e que alguns poderosos estavam manipulando o povo para desmoralizar o governo.

Guerra publicou a matéria sobre o envolvimento do meu pai naquilo. E no mesmo dia que saiu a notícia, houve uma confusão e mais um capítulo humilhante para minha família quando Zé Maria enfrentou um capanga do meu pai, que em plena rua Ouvidor confirmou mais uma vez o envolvimento do seu Bonifácio em tudo.

Após esse episódio, a revolta se acalmou e a vida na cidade parecia voltar ao normal. Mas meu pai não se deu por vencido, pois tomou mais uma decisão arbitrária e mandou fechar o jornal de Guerra, que estava disposto a entrevistar Zé Maria, visto como um herói que ajudou a acabar com a revolta.

Era repressão pura, não podia cruzar os braços. Meu pai já havia passado do limite há muito tempo. Estava indignado com ele, tanto que resolvi ajudar o meu amigo e ofereci a minha casa para confeccionarmos folhetos para informar o público do autoritarismo do Senador Bonifácio Vieira.

Menos de 24 horas após entregarmos os folhetos pela cidade, recebi uma visita inusitada do meu pai e do delegado Praxedes que deu voz de prisão a Guerra, como eu era culpado do mesmo “crime” que meu amigo, falei que teria que ser levado junto, e meu pai apoiou. Assim eu e Guerra fomos levados para a cadeia. Ainda bem que Laura havia saído para fazer compras para os bebês com Isabel (um programa bem feminino para variar como ela dizia) e não estava em casa.

Eu estava há algum tempo na cadeia, quando Laura apareceu. Aquele não era o lugar para uma mulher, ainda mais para minha mulher, o amor da minha vida e que carregava o meu filho. Mas vê-la através das grades me alegrou mais do admiti, era como se estivesse vendo o Sol depois de anos preso na solitária, ela me dava esperança:

– Meu amor! Você não devia estar aqui – falei após o primeiro momento

– Eu tinha que te ver, Edgar... Então quer dizer que sou a esposa de um criminoso? - ela disse fazendo graça

– Um criminoso perigosíssimo... por sinal... pelo menos para o senador Bonifácio Vieira!- comentei aceitando a brincadeira, Laura merecia, ela era incrível, conseguiu até me animar numa situação como aquela.

– E revolucionário, proliferador de palavras audazes. Oi, Laura – falou Guerra no mesmo espírito brincalhão.

– Oi, Guerra. Desculpe, não cumprimentá-lo antes, é que ... – ele a interrompeu

– Eu compreendo. - Guerra riu

– Desculpe, meu amor por te fazer passar por isso – falei colocando minhas mãos nas grades- Espero que não afete o bebê!

– A causa é justa, assim você me dá orgulho, e aposto que ao bebê também – ela se aproximou das grades e colocou as mãos em cima das minhas, o que deixou o guarda que a acompanhava um pouco tenso, Laura percebeu isso e riu, voltando a falar – Não se preocupe, Guarda. Meu marido não é tão perigoso quanto falou, e nem eu. - ela ria inocente, ele se acalmou um pouco e até riu de volta

Acariciei a barriga de Laura e nos beijamos mesmo com os espectadores indesejados.

– Não sei como passarei a noite longe de vocês.- eu disse após o beijo

– Nós também.

– Mas vai ser por pouco tempo, tenho certeza que amanhã conseguiremos sair, farei uma petição, afinal esse foi um autoritarismo estúpido do meu pai.

– Se você não sair amanhã, eu mesma dou um jeito em seu Bonifácio - ela estava graciosa, nos beijamos novamente, e dessa vez escutamos protestos de Guerra.

– Olha o decoro e o açúcar, pessoal – ele falava atrevido.

– Bem que você queria um amor assim, Guerra. Confessa...- desafiei

– É verdade. Estou morto de inveja – ele se mantinha brincalhão

– Desculpa.... E vocês não estão precisando de alguma coisa? Alguma roupa, comida. -ela perguntou e nós movemos a nossa cabeça, ela não precisava trazer nada, aquela estada seria curta, tinha certeza- Nem algo para passar o tempo? Palavras cruzadas? Um tabuleiro de Xadrez?

– Não.- Guerra riu - Até que seria bom, mas acho que dará para passar a noite com nossos pensamentos.

– Nada vai acabar com a falta que sinto de você – respondi e ela e me olhou carinhosa

– Olha que eu fico aqui o resto da noite – ela falou

– Não, meu amor. Aliás acho que você já ficou mais tempo do que podia. O guarda vai se irritar com tanta demora- disse olhando para o Policial

– Não precisa se preocupar comigo, senhora!- ele nos olhava comovido

– Tá vendo! -ela me beijou rapidamente e depois foi andando em direção a saída– Mas você tem razão, meu amor, não posso abusar do nosso colega. Aliás como é seu nome?- perguntou Laura ao Guarda

– Pedro! - ele falou firme mantendo a pose séria

– Você é um doce, Pedro. Vou propor ao meu marido de colocarmos o seu nome no nosso filho se ele for menino.- ela saiu sorrindo acompanhada por Pedro que parecia satisfeito

Eu fiquei pensando nela e no meu pai durante aquela noite interminável. Mal havia amanhecido quando o Delegado nos soltou sem tempo de eu entrar com qualquer pedido. Minha mãe fora a responsável por isso. Passei na casa dela para agradecer com a esperança de não ver o meu pai. Mas acabei me encontrando com ele, e de certa forma, nós tivemos uma conversa onde amenizamos o clima ruim entre a gente.

Depois de um bom banho e de me arrumar na casa dos meus pais, voltei para casa e encontrei Laura ainda no quarto, mas já acordada, me deitei na cama ao seu lado e a abracei enquanto sussurrava em seu ouvido:

– Dormiu bem, meu amor?

– Não, você acha que eu consigo dormir bem sem você?

– Eu também não consigo, aliás, passei a noite toda pensando em você!- respondi enquanto a virava e depois a beijei com vontade

– Mas pelo menos eu estava numa cama normal. Você deve estar todo dolorido- ela comentou após o nosso beijo

– Sim, é verdade – passei a mão em pontos do meu corpo que doíam – Mas só de beijar você, já estou pronto para outra! - falei brincalhão

– Não se atreva a passar outra noite fora, senhor Edgar Vieira – ela se passava por irritada, e nos beijamos novamente.

– Claro que não, eu prometo … Sabe até que gostei do nome. - disse depois que descolamos os nossos lábios

– Que nome? - ela me perguntou

– Pedro, se nosso filho for menino.

– É verdade, é um nome bonito! - ela disse animada

– Tá decidido então, Pedro! - confirmei

Na verdade, esse era um dos nomes que tínhamos cogitado antes. Apesar de ser um representante do império e de seus defeitos, Laura e eu gostávamos da figura do imperador D. Pedro II. Ele era um homem culto, conhecedor de diversas aéreas e ciências, além de ter relações com poetas, artistas, cientistas, e também financiar a arte, a educação e a ciência com seus próprios fundos. Não houve uma política firme de educação em seu governo, é verdade, mas D. Pedro sempre gostou dessa área, tanto que dizia que como Laura, queria ser professor.

– Agora só precisamos decidir o nome se for uma menina! - Laura falou contente e voltamos a nos beijar.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? As batidas não foram tão ruins né? kkkk. Era só o Guerra.
Gostaram? Comentem pois vcs sabem o quanto me anima e o terceiro capítulo foi menos comentado que os anteriores e com o rede notícia com falta de movimento e diminuição de comentáriso, admito que fico menos ansiosa para escrever os capítulos dessa história do que a da anterior. Claro que se vocês comentarem mais por aqui meu ânimo melhora né? kkkk
Também farei uma proposta, não estou dizendo qual vai ser o sexo do filho da Laura, mas se for menino será Pedro como coloquei nesse capítulo, caso for menina, estou com muitas dúvidas e deixarei essa decisão para quem comentar, farei uma votação aqui, vocês podem escolher o nome da filha de Laura, caso seja uma menina, entre uma das opção abaixo, então pode falar qual nome prefere, o nome mais votado será o indicado no próximo capítulo kkk, ja adiantando que a criança ainda não terá nascido, kkk, as opções estão abaixo:
1-Anita
2-Beatriz
3-Cecília
4-Júlia
5-Helena
6-Raquel
7-Rosa
Escolham o nome que vcs preferem, se houver algum empate ou falta de votos escolhei dentre esses o que mais me agradar.