Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 34
A visita


Notas iniciais do capítulo

Meninas muito obrigada pelos comentários. Eles me animaram bastante. Espero que goste desse capítulo...
Minha dedicatória especial vai para a Roberta que recomendou a minha história. Valeu, Roberta!



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“- Eu fiz o que deveria fazer – Guerra

– Você pode ter feito a coisa certa, Guerra. Mas fez da maneira errada. - Edgar

Lado a Lado

Por Edgar

Naquele dia, mesmo sendo sábado, eu me levantei cedo. E sem muita demora, me arrumei, tomei o café da manhã e saí. Estava bem ansioso enquanto dirigia pelas ruas, tanto que até peguei alguns caminhos errados e fiz mais voltas do que precisava para chegar ao destino que pretendia.

Eu estava passando por uma pracinha, quando reconheci alguém. Não estava longe de onde queria, e apesar do visual um pouco diferente, eu cheguei a conclusão que era Isabel. Havia dois garotos com ela, um menino mulato e outro branco de cabelos castanhos.

Parei imediatamente e tentei visualizá-lo. Só podia ser o meu filho. E mesmo um pouco longe, eu consegui ver o seu rosto. Sim, era Pedrinho, eu o reconhecia. Ele estava grande, tão crescido. Mas tinha as mesmas feições de quando partira. Eu reconhecia nele os meus próprios traços.

Fiquei parado por uns instantes, meu coração parecia querer sair pela minha boca. Eu estava tão feliz. Depois de tanto tempo eu via o meu filho e ele estava, me parecia, tão bem.

A surpresa inicial havia passado, e eu estacionei o meu carro. Fui até Isabel, os meninos já tinham se distanciado e brincavam pelo local. Eu olhava o meu filho admirado, quando ela percebeu a minha presença:

– Edgar? – ela parecia surpresa

– Bom dia, Isabel – não desviei o olhar do meu filho- Pedrinho está lindo, tão crescido – falei com orgulho.

– Edgar, desculpe, mas nós temos que ir.

– Não, Isabel. É o meu filho, será que não posso nem observá-lo? – pedi

– Isso é com você e a Laura. Ela o confiou a mim... sinto muito... Não posso. – depois ela começou a gritar- Pedrinho! Neto! Venham, vamos embora!

Os garotos nos viram e Neto falou:

– Ahh, mãe, mas acabamos de chegar.

Pedrinho não disse nada, e me olhou assustado. Será que ele me reconhecera?

– Afonso Neto! Pedro! Sem mas ... vamos embora! – ela falou séria.

– Vamos, Neto. Vamos mesmo – meu filho puxou Neto e ambos se aproximaram da gente

Pedrinho parecia querer se esconder atrás dela e ficar longe. Ele me reconhecera sim. Mas parecia estar bem assustado:

– Pedrinho, não fique com medo. Eu ... – tentei falar com ele, mas ele me interrompeu.

– Vamos, Tia. Eu quero ir embora – ele puxou o braço dela

– Sim, Pedrinho, Já estamos indo. Eu sinto, Edgar- Isabel estava partindo.

– Eu os acompanho. – falei firme e fui andando ao lado deles

Pedrinho continuava com medo e mantinha distância de mim. Aquela reação havia me abalado, eu realmente não esperava aquele comportamento. Tudo o que eu queria era conversar com ele e abraçá-lo. Mas ele se portava como se eu fosse um estranho, não, pior que um estranho. Ele se portava como se eu lhe quisesse fazer mal.

Nós chegamos a casa onde eles moravam. Era uma residência grande, maior do que eu esperava. E a rua era larga, bem arejada, com várias árvores. Era um ótimo lugar para se morar. Alguém devia os estar ajudando financeiramente. Imaginei que fosse o meu sogro.

Mal entramos na casa, e Pedrinho saiu em disparada para dentro. Laura que estava na sala, se assustou com essa atitude, e tentou falar para ele:

– Pedrinho, o que aconteceu? – ele continuou correndo, ela olhou para entrada, me viu, fez uma pausa surpresa e depois falou – Edgar...

– Com licença, Edgar ... Laura. – Isabel entrou com Neto e nos deixou sozinhos

– Laura ... o que você disse a ele? Por que ele tem medo de mim? – falei baixo, mas em tom de acusação.

– Eu não disse nada de errado, quem acha que eu sou, Edgar? – ela respondeu baixo, mas estava irritada.

– Então por que ele tem medo? – meu tom havia aumentado

– Não sei. E é melhor conversamos em outro lugar. Acho que ninguém precisa nos ouvir, né?- ela começou a andar e eu a segui

Ela chegou num cômodo que parecia um escritório, e fechou a porta depois que entrei:

– Teremos mais liberdade de falarmos aqui.

– E então, o que foi aquilo?

– Eu não sei, Edgar! Talvez ele se assustou apenas, não esperava que você aparecesse tão de repente. Ainda não tinha falado nada com ele. Ou você acha que depois de tantos anos ele correria para os seus braços?

– Não, Laura. Mas não esperava isso e não fui eu que quis ficar esses anos longe dele. Ahh... Eu não deveria me assustar com isso, afinal, imagino as coisas que você disse de mim para ele- eu estava com raiva.

– Você acha mesmo que eu seria capaz disso? Que eu seria capaz de virá-lo contra você? – ela reagiu

– Eu não achava que você era capaz de fugir com o nosso filho!

– Eu nunca faria isso, Edgar. Nunca falaria mal de você. E quanto a fuga, sim, eu fugi. Sei que você sofreu, e falar que a minha intenção não era te fazer sofrer não diminuiu seu sofrimento. Mas não era. Você se esqueceu de levar em conta o que acontecia naquela época? O quanto eu sofria, e que nosso filho já começava a sofrer? Não, você não o escutou falando que o pai não o amava, você não percebia o quanto me fazia mal, o quanto nos fazia mal com as suas ações...

– E por isso, eu mereci esse sofrimento, é isso?

– Não. Você não merecia. Mas era que ... – ela ficou muda, parecia emocionada, mas depois disse -E eu, e Pedrinho merecíamos sofrer? Nós tínhamos que aceitar aquela situação?

– Aquilo era temporário, Laura. Ia mudar.

– Não, não ia, Edgar, não sem tomar uma atitude drástica, e você não capaz de uma atitude assim. – ela estava bem alterada

– E por isso fugir era o certo?- rebati no mesmo tom

– Não sei, nunca saberei, mas pelo menos era uma atitude! Eu só queria paz para mim e pro meu filho, não podia esperar mais, foram dois anos pisando em meus sentimentos, sendo humilhada, sofrendo. Vivendo naquele clima de briga. Eu não conseguia aguentar mais, não com meu filho sendo ferido também. E você não deixou a gente ir e viver uma vida separada da sua. Eu não vi ...

– Não vire as coisas, Laura. Não há justificativa para o que ...

– Nessa história há dois lados, Edgar.

– Certo ...– falei ofendido, meus sentimentos estavam em polvorosa, não sabia mais como agir

Nós ficamos uns instantes nos olhando calados, era muito raiva reprimida. Muitas acusações duras vinda de ambos. Eu não conseguia me controlar quando se tratava de Laura, ela mexia muito comigo, e aquelas palavras me atingiram em cheio, mas eu não daria o braço a torcer. Não quando não concordava. Entretanto, sabia que precisava recuperar o domínio sobre mim.

– Edgar, não adianta discutir isso. Vamos falar do presente, o que você quer? O que pretende fazer?- ela falou mais calma

– Eu quero ver o meu filho, conversar, reconstruir a nossa relação, conviver com ele- disse mais sereno também.

– Tá bom, é muito justo. Eu te peço duas coisas então, um tempo para eu conversar com ele, prepará-lo para o encontro. E também vamos tentar manter uma relação mais pacífica, pelo menos na frente dele, Edgar, não vamos brigar.

– Quanto tempo, Laura?- perguntei duro

– Amanhã à tarde após o almoço. Acho que até lá, consigo prepará-lo. Um dos motivos que não te avisei da minha volta, era porque queria fazer isso, não queria que o reencontro de vocês fosse assim. – ela parecia sincera e eu resolvi ceder

– Tá bom! Amanhã nos encontramos na pracinha que ele foi com Isabel às 2 da tarde? – sugeri

– Certo.

Eu saí daquela casa abalado, confuso, com raiva. Eu queria estar com meu filho imediatamente, mas não queria ver aquele medo em seu rosto. Há tanto tempo, sonhara em vê-lo, não imaginava aquele comportamento arisco. Mas tinha esperança que isso mudaria no dia seguinte.

Voltei para casa e fiquei pensando no que acontecera, na reação de Pedrinho e na minha conversa com Laura. E ainda tinha muita curiosidade, eram tantas coisas que eu não sabia deles e gostaria de saber.

A nossa conversa... Foram tantas palavras duras. Laura causava essa reação em mim, eu ficava incontrolável. Falava mais do que o meu habitual, era mais ríspido, menos sensato do que o meu comum. Eu simplesmente despejava tudo o que estava em mim.

E ela também fora dura, falara do seu sofrimento do passado, que ela achava que eu não me importava, mas me importava, é que doía a mim lembrar daquela época, dos seus olhares, das nossas brigas, do seu choro. E ainda saber que o culpado daquilo era eu. Eu tentava fazer o melhor, mas ela sofria pela situação... Ela acabou desistindo de mim, da nossa família, do nosso amor... A pressão fora muito grande. O sofrimento também. Será que fora demais para o nosso amor?

Nada daquilo isentava-a da sua ação, da sua fuga, do sofrimento que eu passei, do tempo que de não saber sobre ela e meu filho. A ausência deles, o vazio na casa, na alma. Não vê-lo crescer. Ele estava tão grande e eu perdera tanta coisa. Eu não conhecia o meu próprio filho.

Mas mesmo com todo esse sentimento ruim, porque eu a não esquecia? Ainda existia em meu peito, muito forte, muito vivo, o meu amor por ela. Ele não morrera, eu já sabia antes dela voltar. Mas ao vê-la, constatei o quanto o meu amor era forte. O quanto ela mexia comigo. A maneira que eu me sentia ao estar com ela. O quanto a amava e a desejava. A sua presença me fazia sentir vivo.

Já era noite, e batidas me tiraram dos meus devaneios. Abri a porta, e mesmo com tantas coisas dentro de mim, não consegui conter o meu sorriso. Era Laura, estava linda em um vestido, até parecia que a Lua iluminava somente ela naquela cidade.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?
Gente vou dar deixar um aviso a todas. Ultimamente eu tenho andado bem ocupada, e não tenho me sentindo muito bem, escrever tem sido mais difícil, a recepção não tem sido muito boa em algumas vezes, e meio que muitas vezes, essa atividade que eu gosto tanto, tem me estressado, em vez de me relaxar.
Eu adoro escrever mas ultimamente ela tem perdido um pouco da sua graça, estou cansada, precisando dedicar mais tempo a outras coisas. Assim, vou esperar estar um pouco mais relaxada para escrever, mais inspirada, com mais tempo, já que meu cotidiano tem sido corrido.
Assim, vou avisar que é possível que eu fique uns dias sem postar, e também é possível que a minha frequência diminua. Na verdade, eu preciso me sentir melhor, conciliar meu tempo melhor.
Não vou deixar de escrever, mas preciso disso para me manter bem. As leitoras são muito importantes para mim, por isso não deixarei de escrever. Não pretendo deixar. E por isso vou dei esse aviso para não estranharem a mudança quando perceber.
Como sempre peço não deixem de comentar, pois como disse, o momento é mais difícil e vcs sempre são um estímulo para mim. Espero que não fiquem triste com esse aviso. È que estou precisando realmente.
Obrigada



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