Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 12
Bom Conselho


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais do que pensava, mas saiu, kkk. A verdade é que eu estava um pouco desanimada hoje e demorei para engrenar. Pessoal muito obrigada pelos comentáriso, espero que gostem desse capítulo que escrevi com todo o carinho. Só mais uma sugestão se quiser escutem essa música: http://letras.mus.br/chico-buarque/85939/
De certa forma, quando o escrevi, ela me ajudou e me inspirou um pouco (acho que a situação descrita tem um pouco a ver com a da história)



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Por Laura

Coloquei Pedrinho no berço, enquanto tentava ignorar a voz de Edgar que falava mesmo após eu ter fechado a porta em sua cara.

Meu filho estava agitado com a comoção, e começava a chorar. Eu tentava conter a minha raiva para não assustá-lo mais e consegui acalmá-lo, fazendo o dormir novamente. Mas a insistência de Edgar que ainda tentava conversar podia botar tudo a perder e acordá-lo novamente.

Abri a porta do quarto, ficando no corredor e a fechei novamente, não queria que nossas palavras acordassem o meu filho:

– Sei que você não deve se importar conosco, mas ao menos respeite o sono do meu filho! - falei com raiva

– Como não me importo, Laura? Como? O que aconteceu? Por que ...- ele parecia confuso e preocupado enquanto gaguejava

– Edgar … - eu respirei fundo, se ele iria continuar dando uma de desentendido, eu tinha que jogar as coisas na cara dele - eu fiquei mal após a sua partida, de cama, com risco do nosso filho nascer antes do tempo, estava sofrendo sozinha, fiquei assim por semanas, e .. Pedrinho nasceu de 7 meses, frágil, esteve a beira da morte por algumas vezes. E você estava comigo? Não, estava com elas, com sua filha , com sua amante. Enquanto eu sofria aqui sozinha e sem nenhuma notícia sua!

– Meu amor, eu não sabia. Pensei em vocês todos os momentos que estive fora, tentei apressar as coisas, fiz tudo para voltar antes do nosso filho nascer. Ahhh... Como eu queria tê-lo visto nascer. Como me arrependo de não estar com você, de ter perdido isso. - ele falou sentido, parecia realmente triste.

– Eu mandei cartas ... telegramas ... Várias vezes!... Não vai me dizer que estava ocupado...Que mesmo sabendo o que acontecia, não se comoveu e não conseguiu um tempinho, uma migalha, Edgar só isso... para sua esposa, para me responder, para me trazer alívio...

– Eu não sabia... Eu só recebi um telegrama... me informando que estava tudo bem, que você tinha ido a fazenda do seu pai, só esse! Não recebi nada sobre seus problemas … Se eu tivesse … - ele estava perturbado, falava acima do tom, não sabia em que acreditar, ainda mais quando citou um telegrama que não enviei

– Eu não mandei esse telegrama, esse telegrama não existe, nunca existiu, não de mim! Não fui à fazenda do meu pai, não falei que estava bem, pois passei mal desde que você partiu!

– Laura... Aconteceu alguma coisa, não sei explicar, mas eu juro, recebi e achei que estava tudo bem. Pensei o tempo todo em vocês, te mandei várias correspondências, senti uma saudade imensa, e não soube que estava mal, que nosso filho havia nascido. Eu voltaria imediatamente se soubesse…

– E onde estão essas cartas? Evaporaram? Elas não chegaram a mim... nenhuma linha ...Edgar ... não posso acreditar. Não depois de você trazer aquela mulher e sua filha para minha casa, esfregando a sua família feliz na minha cara enquanto não demonstrou nada ... nem mesmo consideração pelo nosso filho.

– Eu não sei... Não consigo entender ... Eu escrevi... E Laura... a minha família é você, e o nosso filho. A Melissa ... mas a Catarina não …- eu o interrompi

– Como você pôde, Edgar? Como pôde trazer aquela mulher para cá depois de tudo que sofri.- falei já não segurando minhas lágrimas

– Meu amor, eu não podia deixar a Melissa em Portugal, ela é doente, podia morrer, o clima do Brasil fará bem a ela. - ele esticou os braços tentando me abraçar, mas me desviei do seu abraço, tudo aquilo ainda doía muito em mim, e depois ainda enxuguei as minhas lágrimas, ele não as merecia.

– Então simplesmente você as trouxe sem avisar? Me ignorou. Como se eu não existisse...

– Eu não queria te envolver, te preocupar com isso- ele tentava se justificar – Melissa é minha filha, Laura. É doente. Não podia abandoná-la!

– Aí você me deixou de lado. Você não podia abandoná-la, mas a mim e nosso filho sim! Ele não está doente agora, mas já esteve... será que isso te preocupa um pouco? Pelo menos um pouquinho, já que está tão preocupado com sua filha doente?

– Claro!! Eu não me perdoaria se algo mais grave tivesse acontecido. Não me perdoaria se ele tivesse... e eu ... Me desculpa, Laura. Eu não queria... Ainda bem que ele se recuperou!

– Ele está bem, mas não por sua causa – falei tentando deixá-lo.

– Laura … a gente vai resolver... vamos esclarecer essas coisas, eu prometo. E Catarina não vai incomodar, ela prometeu isso. As coisas vão voltar a ser como antes, meu amor.- ele segurou o meu pulso me impedindo de partir

–Não fala o nome dessa mulher! – gritei com raiva, mas depois falei de forma mais calma- Não, Edgar. Você não entendeu ainda? Nada voltará a ser como antes. Não tem como correr atrás no tempo, já aconteceu tantas coisas. Nada voltará a ser igual àqueles dias quando Catarina era só uma sombra em outro continente e Melissa não existia para você!

– Mas a gente vai esclarecer as coisas, a situação vai melhorar! - ele falou esperançoso e firme, seu rosto estava próximo ao meu, nós nos encaramos por um momento, nossos rostos vermelhos, nossa respiração forte, aí escutei o choro do meu filho.

– Meu filho, me chama! – me soltei e entrei no quarto fechando novamente a porta atrás de mim.

– Nossa conversa ainda não acabou, Laura! A gente vai se acertar... Você vai ver. E eu quero ver o meu filho. Tenho esse direito - ele fez uma pausa – Vou sair, mas volto quando você se acalmar.

Escutei os passos dele se afastando, peguei meu filho, e o abracei. Em que confusão Pedrinho tinha nascido, em que confusão, eu e o pai dele o havíamos metido. Não era justo com ele. Ele era tão pequeno, tão frágil, deveria viver em um ambiente de paz, e eu tinha que protegê-lo...

Me lembrava da discussão com Edgar. O que me fez chorar novamente. Ele havia voltado, e trouxera aquela mulher. Sabia que dela só viriam problemas... Eu não tinha esperança para mim... Mas será que pelo menos o meu filho conseguiria paz?

Sentimentos contraditórios me dominavam, eram muitas coisas ruins, muitos desentendimentos, assuntos nebulosos, não entendia as suas reais motivações, mas pelo menos algo ficou claro, Edgar não havia nos abandonado. Isso me trouxe ao menos uma satisfação, e uma pequena esperança de resolver os problemas, de algum dia no futuro ainda poder compartilhar bons momentos com ele. Havia muitas mágoas, é verdade, mas nós tínhamos Pedrinho... E eu tinha que pensar que as coisas ainda não estavam perdidas apesar da nossa situação atual

Eu conversei bastante com Isabel depois que ela chegou. Contei tudo o que acontecera, e ela me consolou, me acalmou. Procurava ver o lado positivo das coisas. Dizia que eu e Edgar nos amávamos e nos acertaríamos apesar dos problemas. Será que isso era mesmo possível? Será que ele me amava, ou só dizia isso?

Não era muito tarde quando ela se recolheu. Mas eu percebi que ela achou melhor me deixar sozinha com Pedrinho, pois notara que nós dois precisámos de um momento só nosso.

Levei Pedrinho para o meu quarto, eu não podia amamentá-lo, mas lhe dei uma mistura que me meu pai recomendou.

Olhava bem em seu rosto. Ele estava prestes a completar 1 um mês de vida. E eu já começava a reconhecer os seus traços. Me lembrava tanto o Edgar. O cabelo era castanho como o meu. Mas as feições, e os olhos que me pareciam cada vez mais claros se aproximando do tom verde dos

de Edgar. Eles eram bem parecidos, e se tornariam mais à medida que Pedrinho crescesse. Eu sabia.

Ele fazia umas expressões engraçadas, e às vezes até parecia sorrir. Após tomar a mistura, ele estava assim, quase como já sorrisse para mim. E eu sorri para ele. Como eu amava aquele menino, como esse tipo de amor era gigantesco e recompensador. E vê-lo daquela maneira me trouxe esperança, de paz, de um futuro feliz, ele me acalmou. E eu acabei adormecendo com meu filho em meus braços.

Acordei mais tarde, já estava bem escuro, mas como havia uma vela acesa no quarto pude ver o olhar encantado de Edgar. Ele nos observava de pé com uma expressão de felicidade, de realização e com um sorriso iluminado. Uma lágrima escorria na sua face, mas ela era de pura felicidade.


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Notas finais do capítulo

O título desse capítulo é o mesmo do de uma música de Chico Buarque, eu a estava escutando hoje e percebi que havia várias palavras delas que eu queria dizer a Edgar, que ele poderia dizer nessa situação e que seria bom ele ouvir de Laura, como:

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
...

Brinque com meu fogo
Venha se queimar


Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe

Então o que acharam? Acha que Edgar conseguirá reverter a raiva da Laura? Querem que ele sofra muito? kkk
Gente espero que tenham gostado do capítulo, e não deixem de comentar, recomendar, de mostrar que estão ai, estão lendo e querem mais.... Eu tenho andado meio desanimada e a participação de vocês sempre me anima



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