Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 13
Canção de Ninar


Notas iniciais do capítulo

Meninas obrigada pelos comentários... Vou contar uma coisa a vocês kkkk. Eu faço meta em relação aos números de comentários. Quanto mais comentário para mim melhor e mais animada eu fico para escrever... Eu tenho a intenção de escrever um capitulo a cada dia, de segunda a sexta. Mas eu meio que criei uma regra,a regras dos 10 comentários, onde eu só começaria a escrever o próximo capítulo caso o anterior tivesse 10 comentários. E eu fico tão ansiosa, até os 10, vocês não imaginam, e eu não consigo escrever apreenssiva. Assim, hoje e ontém quase não coloquei um capítulo, já que os 10 comentários foram atingidos a tarde, e quase não deu tempo de escrever. Assim peço a vocês, se quiserem, se puderem, comentem, não deixem de comentar se estão gostando, pois assim eu conseguirei colocar os 5 capítulos semanais, pois eu realmente não consigo escrever antes disso, e quanto mais cedo chegar ao número mais tempo terei de escrever. Claro que quanto mais comentários, melhor né? Ou seja se passar de 10 é melhor. kkk Vou deixar vocês com o capítulo agora, espero que gostem.



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Por Edgar

Eu saí tonto de casa. Eram tantos acontecimentos, e ainda não entendia direito o que acontecera, o mundo parecia ter despencado em cima de mim há algum tempo e só agora eu descobrira.

Ahh ... eu estava tão feliz quando entrei naquela casa. Esperava ver Laura ainda grávida, beijar a sua barriga enorme. Mas não... Eu perdera o nascimento do meu filho. Como eu desejei estar com ela nesse momento... Eu tinha um filho! Um filho com Laura! E soube disso na presença da Catarina ... O olhar de Laura … eu via a raiva .. a mágoa... dela. Não... devia ter sido um momento mágico! Por que tudo tinha que acontecer assim? Por que a Catarina …. Não era desse modo que esperava o meu retorno.

Eu andava sem rumo como se estivesse perdido. E de certa forma estava. Escutava as palavras de Laura, o quanto ela sofrera na minha ausência, momentos que deveriam ser tão felizes foram cercado de medo, de aflição, da sensação de abandono. Como doía em mim. O quanto eu a fizera sofrer, a culpa era minha, se eu não tivesse ido a Portugal, nada disso teria acontecido … Laura não sofreria tanto, eu veria o nascimento do nosso filho e talvez ele nem nascesse tão antes do tempo. Se eu soubesse que isso aconteceria... Mas havia a Melissa e eu não sabia... Não tinha como saber ...

Não conseguia entender... Como todas as minhas cartas e as de Laura desapareceram? E pior, como aquele telegrama que me informava que ela estava bem chegou? Um telegrama que não deveria existir, que ela não havia escrito. Alguém tinha que ter feito isso.

Era tanta confusão em minha cabeça que parecia que ela ia explodir. Fui falar com Guerra. E com ele desabafei. Contei o que acontecera, como estava me sentindo. Falei até mesmo que Laura não me deixara ver meu filho. E eu queria tanto conhecê-lo.

Ele me motivou a resolver as coisas e a ter paciência com Laura. Tinha que reverter toda essa impressão ruim que ela tinha de mim.

Quando saí do Jornal, pensei em ir a casa da minha mãe para ao menos avisar que voltara. Mas depois mudei de ideia. Mandei um bilhete a ela, contei da minha chegada, e fui para casa de Catarina.

Depois daquilo tudo, eu não podia ficar parado esperando as coisas se resolverem sozinhas. Enfrentei Catarina, estando nervoso e isso até que era bom pois falei com poucas travas:

– Catarina, eu não quero te ver novamente na minha casa... Você entendeu? Se você aparecer por lá … Eu ...

– Mas Edgar, e a Melissa, eu não conheço mais nada no Rio! E se ela passar mal?

– Dê o seu jeito, mande um recado! Vou colocar um telefone aqui, até lá, você terá que se virar, mandar recado, outra pessoa, mas você não... Entendeu?- eu estava bravo

– Entendi – ela disse conformada

– E mais uma coisa, não minta pois não tem outra explicação... Aquele telegrama que recebi informando que Laura estava bem... Foi você que mandou?

– Edgar … - ela fazia de injustiçada

– Não minta, Catarina. Ou repenso a minha decisão sobre sua estadia no Brasil...

– Edgar... Você estava preocupado... eu precisava de mais tempo … a Melissa precisava de mais tempo. Não achei que faria mal... achei que te tranquilizaria.

– Você tem ideia do que fez? - gritei irritado – Eu devia …. eu perdi o nascimento do meu filho.

– A minha filha precisava de você, Edgar... Eu pensei na minha filha. Não sabia dos problemas da Laura e do seu filho … legítimo. Não... Melissa também é sua filha, apesar de … – ela falava chorosa

– Eu sei que Melissa é minha filha. Nunca deixaria de ampará-la... Mas isso não justifica a sua mentira. Um telegrama falso? Eu devia ter desconfiado. E as cartas da Laura, e as minhas cartas... Você não as desviou de alguma maneira? - falei furioso

– Desviar? Como, Edgar? - ela parecia chocada

– Não sei... Você me diz...

– Edgar, eu sinto muito que as cartas não chegaram. Mas eu não tenho culpa da incompetência dos órgãos desse paizinho, agora eu tenho que ser culpada de tudo? Já confessei o que fiz, não vou assumir o que não fiz...

– Eu ficarei de olho, Catarina... Não tente nada parecido, não escreva nada no nome da minha mulher. E não incomode mais a Laura em nossa casa.

Resolvi ir embora. Catarina não falaria mais nada, e eu não tinha provas que ela desviara as cartas. Era melhor deixar assim, era melhor acreditar que ela falava a verdade.

Voltei para casa. Esperava que Laura já tivesse se acalmado. Com receio subi as escadas e percebi que a porta do nosso quarto estava aberta.

Laura dormia abraçada a nosso filho. A emoção tomou conta de mim... Era meu filho e minha mulher... Como sonhara com aquilo. O quarto estava escuro e eu não consegui distinguir o rostinho dele. Com cuidado acendi uma vela.

E vi o rosto do meu garoto e o de Laura. Eles estavam tão serenos. Tão angelicais. Pedro era lindo com cabelos escuros, tão pequeno e vê-lo pela primeira vez, daquele jeito com Laura o abraçando foi maravilhoso. A felicidade tomou conta de mim. Nada no mundo era mais bonito ou melhor que aquilo. Uma lágrima começou a escorrer em meu rosto, eu sorria.

Laura acordou, mas não parecia assustada ou brava. Por um momento percebi que ela sorria, e me aproximei deles, sentei na cama e os abracei. Laura estava comovida. Ela colocou nosso filho em meu colo, os sentimentos me dominaram novamente e mais lágrimas desceram em meu rosto:

– Ele é lindo, Meu Amor- falei encantado

– Sim … Edgar … ele é lindo. Parece com você ! - ela começava a chorar emocionada

– Você acha? - eu sorri – Obrigado por ele, por me fazer tão feliz.. - me virei para ela e percebi que ela se levantava e enxugava as lágrimas

– Edgar … acho melhor colocá-lo no berço – ela falou se recompondo, o clima de encanto já havia passado para ela.

Eu acompanhei Laura e levei Pedro até seu quarto. Foi difícil deixá-lo, mas Laura disse que ele precisava descansar. Quando nós estávamos no corredor, eu comecei a falar:

– Meu amor, você não pode acreditar que eu sabia e não me importei. Eu te amo, Laura. Nunca te deixaria assim. Você me conhece … eu …

– Não sei em que acreditar, Edgar. Depois de tudo que aconteceu … Não sei se te conheço, não sei se ama … - ela estava calma, mas a sua mágoa era evidente

– Eu te amo, Laura. E também amo o nosso filho. Você tem que acreditar nisso! - respondi empanhado em convencê-la

– Edgar... nós já discutimos muito hoje, não acha? … Eu estou tão ...cansada. - ela realmente parecia cansada – Acho que já foi suficiente. Vou dormir.

– Tá bom, meu amor... Eu vou para o quarto de hóspedes. - estava me virando quando ouvi a voz dela

– Não! A Isabel está no quarto de hóspedes...- eu a olhei confuso, queria entender a situação – Ela está amamentando Pedrinho.

– Amamentando? Por que? - perguntei surpreso

– Eu não estava bem e meu leite secou!

– Laura, eu sinto muito.- falei me sentindo culpado por isso

– Não precisa... Já passou … Eu devia ter pedido a Matilde para arrumar outro quarto para você … farei isso amanhã.

– Não tem problema, Laura. Eu me viro. Durmo em qualquer lugar. - falei respeitoso

– Tá bom. Boa noite, Edgar!

– Boa noite, meu amor! - a nossa despedida fora mais fria do queria, mas era melhor que eu respeitasse a vontade de Laura, com o tempo recuperaria a confiança dela, com o tempo ela perceberia o quanto a amava

Laura entrou no quarto e me vi sozinho. Tomei um banho e depois me ajeitei no sofá. Era o único lugar que me veio a mente. Não era muito confortável, mas daria para passar a noite.

No dia seguinte, me levantei cedo. Quase não havia dormido pelo desconforto e pelos problemas que dominavam o meu pensamento. Eu teria que ter paciência com Laura. Só esperava que nós não ficássemos afastados por muito tempo. Era tão doloroso ficar longe dela, estando assim tão perto, não podendo aplacar a saudade que sentia após a minha viagem. Saber que ela havia sofrido tanto por minha causa, e não poder consolá-la.

Fiz uma visita a minha mãe e ela acabou me falando de todas as dificuldades e medos que Laura passou. Dos problemas que meu filho enfrentara, e eu pensei que de certa forma, tivera sorte, pois por várias vezes eu quase não cheguei a conhecê-lo. O que seria de mim e de Laura se o pior tivesse acontecido? Nós nunca nos perdoaríamos. E nosso amor talvez não resistisse. Mas ele estava bem agora! Eu ia reverter tudo!

Ainda falamos sobre Melissa, e ela parecia ansiosa em conhecer a neta.

Eu decidi que tentaria me aproximar do meu filho e Laura. Eles precisavam saber que eu não os havia abandonado. Que os amava, e eu também queria ficar próximo deles. Queria protegê-los e ampará-los. Eles já haviam sofrido muito por mim, eu não poderia fazê-los sofrer novamente.

E assim me tornei bem presente na vida deles. Brincar e conviver com meu filho era maravilhoso. Eu cheguei a lhe dar mamadeiras, até aprendi a trocar suas fraldas, lhe dar banho e vesti-lo.

Laura permaneceu na defensiva, e nós dormíamos em quartos separados como no início do nosso casamento, mas com o tempo passamos a conversar sobre e com o nosso filho. Nos orgulhávamos dele e até o mimávamos. Ela sempre dizia que ele era parecido comigo e eu tinha que concordar, ainda mais quando a tonalidade dos seus olhos ficava mais parecida com a dos meus..

Eu sentia muita falta de conversar com ela sobre outros assuntos, de rir de verdade, fazer os nossos jogos de palavras. Sentia falta da nossa antiga cumplicidade, de olhar em seus olhos e não ver mágoas, somente amor. E as vezes quando a via queria tocá-la tanto que meu corpo pedia, ardia por isso. Mas eu respeitei o tempo dela, tinha que ser paciente.

Meu foco era Laura e Pedrinho. Mas eu não deixei de visitar Melissa. O clima do Brasil realmente fizera bem a ela, já que quase não tinha mais crises. Melissa crescia bem. Ela começara a falar e já me chamava de pá..pá, o que me deixava muito feliz.

Para não perturbar Laura, eu não falava nada sobre essas visitas. Ela sabia que a visitava, mas não tocávamos no assunto. Também quase não conversamos mais sobre os problemas que ela sofreu na minha ausência e sobre as cartas sumidas.

Quando Pedrinho fez 4 meses, Isabel e Neto deixaram de dormir em nossa casa, pois ela voltou a trabalhar no Teatro. Ainda amamentava Pedrinho durante o dia, mas a noite, eu e Laura lhe dávamos misturas e leite de outros animais. Ele crescia forte, segundo o meu sogro já tinha alcançado o peso normal de um bebê da sua idade. E também era muito inteligente. Era inquieto, parecia querer pegar tudo que via. Sorria bastante e toda vez que eu notava o sorriso do meu filho, sentia uma felicidade, um alívio, a esperança de que as coisas se resolveriam, de que Laura e eu voltaríamos a ser como antes, que seríamos uma família feliz de verdade!

Um dia quando jantávamos, eu toquei em Laura ao lhe servir vinho. Ela e eu ainda estávamos meio afastados. Mas notei que meu toque ainda causava uma reação nela, pois sua pele se arrepiou. Será que ela já estava preparada? Será que sua mágoa estava sendo aplacada ?

Depois que tomei meu banho, escutei Laura cantando para Pedrinho dormir. Eu adorava vê-la assim, como uma sereia encantando o nosso filho, pois ele fica quietinho a escutando. E fui espiá-la, ela estava linda com uma camisola branca, era um ninfa, sua voz era doce:

“Se essa rua

Se essa rua fosse minha

Eu mandava

Eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas

Com pedrinhas de brilhante

Só pra ver

Só pra ver meu bem passar


Nessa rua



Nessa rua tem um bosque


Que se chama

Que se chama solidão

Dentro dele

Dentro dele mora um anjo

Que roubou

Que roubou meu coração


Se eu roubei



Se eu roubei teu coração


Tu roubaste

Tu roubaste o meu também

Se eu roubei

Se eu roubei teu coração

É porque

É porque te quero bem ” *

O ritmo e sua bela voz acalmavam o nosso filho, enquanto me encantava também e faziam meu corpo arder. Meu Deus, como eu amava, como a desejava ardentemente. Ela percebeu que a observava, e sorriu para mim. Um sorriso encantador, há quanto tempo ela não sorria assim para mim. Foi como uma lufada de esperança em meu coração.

Não demorou muito, e Pedrinho adormeceu. Laura e eu estávamos no corredor, me aproximei dela sorridente. O seu olhar dessa vez não parecia ruim, pelo contrário, parecia me chamar e fui ganhando confiança de me aproximar dela:

– Ele dormiu... – falei de maneira suave

– Sim.

– Que bom, meu amor! - segurei a sua mão, e suavemente comecei a fazer carinho nela

Ficamos nos olhando por uns momentos, não aguentei e a beijei de forma calma, como se estivesse a explorando, tentava descobrir até onde poderia ir, e percebi que ela me correspondia. Eu já ardia por ela, e aprofundei o meu beijo que se tornou voraz. Há quanto tempo eu ansiava por isso, há quanto tempo queria beijar aquela boca vermelha, sentir o seu gosto e seu perfume de perto, tocá-la. Eu não podia me conter de tão feliz.


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Notas finais do capítulo

* Fiz uma pesquisa e descobri que essa canção de ninar, além de linda, adoro!, é provavelmente muito antiga ( composta até o século 18 e sem o autor conhecido) e seria possível Laura tê-la cantado a seu filho, ela é uma das canções folclórica coletadas por Villa-Lobos que criou alguns arranjos e na intenção de preservar a identidade e folclore brasileiro, lançou as em 1922 na semana da arte moderna. Agradeço as meninas do rede noticia que me deram essa dica.

Então, o que acharam? Foi um capítulo maior, pois eu decidi retratar um periodo maior de tempo.Espero que tenham gostado, e por minha sanidade mental e por querer mais capítulos, espero que comentem, recomendem, mostrem que estão interessados.



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