Os Jogos do Vício escrita por Ryskalla


Capítulo 6
Capítulo 5 - O Pequeno Refúgio


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora master para postar, de verdade. Vou ser sincera, além de problemas, eu estava um pouco desmotivada e com preguiça de passar tudo pro papel. Maaaaaaas, essa fase trágica está passando e irei me empenhar mais em terminar essas histórias. Aqui está mais um capítulos para aqueles que não desistiram de esperar. Beijinhos e espero que gostem :)



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Amy estava mudando pouco a pouco. A confusão que permeava seus olhos já não existia mais. Alguns Perdidos seguiam os dois, entretanto nunca mostraram qualquer sinal de hostilidade. Era um hábito que incomodava Brooke, por qual razão estariam fazendo aquilo? Perdidos não eram demônios inteligentes, atacavam por instinto e sempre buscavam uma presa menor... Uma que não oferecesse perigo. Mesmo que formulasse diversas teorias para o estranho comportamento daqueles demônios, nenhuma parecia viável ao humano. Enquanto isso, a certeza de que sua mãe estava viva se firmava cada vez mais dentro da cabeça de Amy.

— Princesinha, venha para perto do fogo. Está frio e não é seguro ficar nas sombras. — A menina se aproximou lentamente, com um sorriso no rosto. Ela devia ser a única criança que sorria em um ambiente como aquele. A fogueira iluminava uma parte limitada e ao seu redor só havia escuridão. Salvo o brilho vermelho do olhar dos Perdidos que ainda os seguiam.

— Brooke, Brooke! Parecem vagalumes, não é? —Um sorriso se formou no rosto de Brooke sem que ele percebesse. O homem abriu os braços e Amy correu para eles, se refugiando do clima frio mesmo que ele não a incomodasse, de fato. — Quando você acha que começará a nevar?

— Espero que não muito em breve... Precisamos chegar a um refúgio o quanto antes. A neve só nos atrasaria e também não temos comida o suficiente... Estamos andando por essa floresta há dois dias e nenhum sinal do refúgio ou dos anjos... — Teria acrescentado o seu temor de que tal refúgio não existisse, mas buscou se controlar. Não podia deixá-la assustada, ela era apenas uma criança. Mesmo que uma criança incomum.

— Davis disse que em breve chegaremos, talvez amanhã. — Os olhos vermelho-rosados do albino fitaram o urso remendado por um instante. Por vezes não gostava da forma como Amy falava dele... Era quase como se ele estivesse vivo. Quase como uma terceira presença, que não era bem vinda e que jamais deveria existir.

— Davis é um urso muito esperto. — Amy deu um aceno positivo com a cabeça animadamente o que fez Brooke rir. — Mais esperto que eu?

— Hm... Talvez!

— Ora, tem certeza? — O albino indagou com um falso tom ameaçador.

— Sim, tenho!

— Então imagino... Que você deverá ser punida! — A mão pálida e macia de Brooke alcançou o abdômen da criança que, mal começara a sentir as cócegas, deixou escapar várias gargalhadas. Assim ficaram por quase cinco minutos. Uma guerra de risos num mundo onde se travava uma guerra de sangue. Ali, num ponto da floresta, um pequeno e luminoso refúgio surgiu. Criado pela amizade de um homem e uma menina... Contudo aquele refúgio não era forte o bastante e aquela era a maior preocupação de Brooke.

— Ei... Brooke. — A pequena em seus braços sussurrou lentamente.

— Diga, minha pequena flor.

— Sabe outra coisa que o Davis me disse? — O rosto fino do homem moveu-se de um lado para o outro enquanto fitava os olhos infantis de Amy. — Ele disse que você é o meu anjo... O anjo que me ajudará a encontrar mamãe.

Um pequeno nó se formou na garganta do albino, quase o impedindo de falar. Ele a abraçou com mais força e trouxe seu rosto para perto de si de forma que pudesse sussurrar no ouvido da menina.

— Davis é um urso realmente muito esperto, querida. E eu sei de algo que Davis provavelmente não sabe, você gostaria de saber? — Após um aceno confirmativo, Brooke continuou. — Eu nunca irei lhe abandonar e farei tudo o que puder para lhe proteger, Davis já lhe contou isso?

— Não... — O sono estava chegando até a menina, Brooke podia ver a força que ela fazia para manter os olhos abertos. Que horas seriam? Deu um largo suspiro e beijou suavemente a testa de Amy.

— Hora de dormir, princesinha.

E aquela era a parte em que os Perdidos ficavam mais inquietos. Como nas duas noites anteriores, Brooke percebeu que a luminosidade avermelhada daquelas odiosas criaturas se aproximava toda vez que Amy dormia. Pelo visto teria que permanecer acordado durante outra noite... Quanto tempo mais iria aguentar?

Desembainhou a espada e a manteve firme em sua mão de metal. Observava atentamente os pares de orbes vermelhos flutuantes, esperando que um deles pudesse atacá-los a qualquer momento.

Podia sentir Amy respirando. Era capaz de notar sua pequena respiração irregular, como se a garota estivesse em meio a um pesadelo. Sentia vontade de acordá-la, de salvá-la daqueles sonhos ruins, porém o medo o impedia. Sabia que a menina não se lembraria de nada daquilo quando acordasse, agora... Se a acordasse exato momento em que sonhava... Quais traumas poderia produzir?

Em dado momento, algo inesperado aconteceu. Todos os Perdidos simplesmente foram embora. Brooke acreditou que seus olhos o enganavam, que até mesmo cochilara por alguns segundos e tudo fora um breve sonho. Não, não era um sonho. Os perdidos iam embora, desinteressados. Mesmo assim... Por que a sensação de que estavam sendo observados não cessara?

Quando os primeiros raios de Sol surgiram, Brooke ainda se sentia desconfortável. Deveria acordar Amy e continuar a viagem. O único problema era...

Onde estava Amy?

Levantou-se quase que imediatamente. Talvez os Perdidos tivessem a levado, talvez fosse por isso que eles já não estavam ali. Era um completo idiota que ficaria momentaneamente perdido se Amy não estivesse conversando com alguém a poucos metros dali.

— Amy? — Brooke chamou cautelosamente. A menina virou-se e Brooke viu que não havia ninguém ali. — Com quem estava falando?

— Hm? Ah, bem... — Seus dedos brincavam com o vestido enquanto os olhos da menina se encontravam fixos no chão. — Eu não sei... Ela está perdida, mas fugiu quando você chegou.

De certo ninguém é capaz de se esconder tão rapidamente. Nem mesmo um demônio. Ou talvez... Sim, havia um demônio capaz disso.

— Como ela era, Amy? — Indagou, receoso.

— Era uma menina, que nem eu. Não, acho que mais velha. Ela disse... — Parou e olhou para os lados, como se temesse que a menina estivesse ouvindo. Aproximou-se do homem e sussurrou em seu ouvido. — Que queria o Davis.

— E você deu o Davis a ela? — Desejava avidamente que a resposta fosse sim, no entanto Amy retirou o urso de dentro do seu capuz.

— Nunca! Davis disse que ela não conseguiria carregá-lo. Davis disse que ela está morta. — Brooke franziu o cenho e pensou em Cedric. Era um fato que o amigo possuía a estranha capacidade de ver os mortos. Capacidade que Brooke não conseguia entender. Se havia Céu e Inferno, por que essas almas continuavam vagando pela terra? Tentou afastar tais pensamentos e desejou que o amigo estivesse bem. Talvez conseguisse encontrá-lo no Refúgio.

— Acho melhor irmos embora daqui... Temos um longo caminho pela frente. — Segurou a mão de Amy e retornou para o acampamento para recolher sua escassa bagagem. Desejou que o urso estivesse certo, pois não haveria comida para mais um dia.

Amy estava inquieta, embora se esforçasse para não demonstrar. Sabia que seu salvador tinha muitas preocupações e que de nada adiantaria dizer que a menina de antes agora os seguia de perto. E mais alarmante ainda: Que ela falava na mente de Amy.

Não tinha jeito, nada mais explicava o fato de que Amy podia ouvir perfeitamente a voz da estranha, mesmo que esta não movesse os lábios. E as coisas que dizia! Eram tão horríveis que Amy desejava chorar, mesmo que não pudesse. O que seu anjo pensaria se começasse a chorar sem motivo algum?

— Você é uma aberração. Você não tem mãe e nem pai. Não é humana. Vai destruir todos eles... Seu amigo vai morrer e a culpada será você. Você é como eu e como aqueles que tudo destroem. Falsa. Você é uma falsa. — A cortante voz congelava a alma da criança. Davis perguntava constantemente o que havia de errado e Amy apenas balançava a cabeça. Antes, a tranquilizara dizendo que a estranha não iria machucá-la. Agora, estava desconfiado em relação a forasteira. Perguntava-lhe se ela estava fazendo alguma coisa e a pobre menina nada respondia, temendo se afundar em lágrimas.

Amy, você quer que eu a mande embora? Eu posso fazer isso, apenas precisa balançar a cabeça, sim? — Era o que Davis lhe dizia. Embora duvidasse de suas palavras, deu um leve aceno positivo e quando Davis começara novamente a falar, fora interrompido pelo berro de satisfação de Brooke.

— O Refúgio! Olhe, princesinha, bem alí no meio do lago! — E correu, puxando-a para mais perto da água. Era lindo e aterrorizante ao mesmo tempo. A menina nunca vira nada igual. Pararam ao contemplar uma placa com os dizeres:

A pureza de Eva eliminará o fardo.

O pecado de Lilith o afundará.

— O que é isso? — A garotinha indagou, após olhar disfarçadamente para trás. A estranha sumira, mas acreditou ter visto outro alguém.

— Penso que seja um aviso... Apenas humanos podem entrar no abrigo, humanos que não tenham relações com aqueles atingidos pelo pecado de Lilith. — Seu tom de voz era pensativo, ainda incerto sobre o real significado daquelas palavras. Teriam de atravessar o lago a nado? Ou talvez pudessem atravessar andando? Não, aquilo era loucura. Não iria doer tentar. — Amy, fique aqui, vou tentar uma coisa...

Aproximou-se cautelosamente do lago e colocou o pé esquerdo nas águas, esperando que este afundasse.

Não afundou.

Voltou para terra firme, assustado e assustou-se mais ainda ao perceber que não havia diferença entre a água e a terra. Era como se não houvesse água ali, como uma ilusão... Talvez fosse.

— Amy! Venha, é seguro. — Entretanto a garotinha estava com medo e recusava-se a sair do lugar. Brooke tornou a pisar nas águas, porém afastou-se um pouco da margem, na esperança de que ela entendesse que não havia riscos. — Não tenha medo, Amy, venh...

Aconteceu rápido demais e a única coisa que Brooke podia se lembrar com clareza era de como seu coração parou. A criatura caíra em cima de Amy que berrava de pavor. Ergueu a espada e correu para o ataque.

No entanto, alguém chegara primeiro.

Era um anjo, um dos mais belos que ele já vira. Seus cabelos castanhos estavam trançados até os ombros e sua pele negra tinha uma vivacidade que Brooke nunca contemplara antes. Com simplicidade e segurança, tomou Amy em seus braços e seguiu em direção ao Refúgio após sinalizar para Brooke fazer o mesmo.

O albino seguiu rumo à construção, porém não sem antes olhar para trás. E o que viu não foi uma besta furiosa por ter sua presa roubada, mas sim uma criatura semelhante a um... Cachorro? Não, não poderia ser. Ainda assim, Brooke tinha a sensação de ver um cachorro sofrendo com o abandono de seu dono.


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