POV - Nikoru

O som perturbador que vinha do lado de fora da casa da árvore fez com que eu acordasse um pouco atordoada.

Observei ao meu redor, e ainda estranhando toda aquela nova "realidade", fitei as meninas, que ainda dormiam. O barulho não parecia incomodá-las.

Essa ideia permaneceu em minha mente, até que um estrondo mais forte que o anterior fez com que o chão da casa tremesse.

Todas ali presentes levantaram de súbito.

– Oh my Glob, o que é isso? - Disse Cake, que presa nas cobertas, procurava uma saída.

– Eu não sei... - Respondeu Fionna, saindo de dentro de seu saco de dormir.

May coçava os olhos, como quem não estava entendendo do que se tratava, ou quem ainda não havia acordado para processar tais informações.

Outro estrondo ecoou, balançando as vidraças das janelas do cômodo.

Todas nós levantamos às pressas, e corremos para o andar inferior.

Fionna pegou sua espada, e ainda de pijama, saímos da casa da árvore.

Meu ser estremeceu ao ver tal figura. Um monstro gigantesco feito inteiramente de gelo, que usava uma coroa dourada com uma gema vermelha efervescente bem no meio, estava à minha frente.

– Tirem-me desse mundo horrível! - Berrava o monstro, com uma voz um tanto feminina para o tal.

O grotesco esticou os braços e começou a soltar raios de gelo pelas mãos.

Seus berros e repetições da mesma frase deixaram meus ouvidos doendo.

Fionna começou a correr em direção ao mesmo, e automaticamente, todas nós fizemos o mesmo.

Olhei para May, que também estava me fitando com um olhar assustado. Seus olhos diziam o mesmo que os meus. "O que vamos fazer?".

A aloirada saltou com a ajuda de Cake e ajustou a ponta da espada para o tal ser, mas o mesmo desferiu um tapa na garota, lançando-a contra um monte de pedras.

Cake, desesperada, pulou no monstro e grudou em sua face. Suas garras começaram a arranhar o gelo que ao meu ver, era indestrutível.

Mas o ataque não durou muito tempo, pois o estranho puxou a mesma de sua face com toda força e lançou-a em direção às mesma pedras que Fionna havia sido jogada.

Elas não se mexiam, pareciam ter ficado inconscientes.

Os olhos vazios da criatura se direcionaram a nós duas, e com passos pesados, começou a vir na nossa direção.

POV - May

Quando pude perceber ele veio em minha direção e me pegou pela cintura. A criatura berrava em meus ouvidos e me sacudia como um louco, fazendo-me ficar tonta, quase a ponto de desmaiar. Meus olhos se fechavam aos poucos e tudo que pude distinguir em meio à tantos borrões foi a tal gema avermelhada que reinava em sua coroa.

Mantive os olhos abertos, não resistindo ao "sono" que me levava e tentei fazer alguns arranhões nas frias e duras mãos do ser que me apertava, com uma adaga que Fionna carregava anteriormente. Mas antes que eu fizesse, senti a pressão das mãos ficando mais fracas e meu corpo sendo lançado em direção às pedras onde estavam minhas duas amigas.

– Nikoru, a coroa! Destrua a coroa! - Berrei com ajuda das únicas forças que me restaram e senti a dor do impacto, logo tudo havia ficado escuro.

POV - Nikoru

May...

Seu corpo estava caído sobre o monte de pedras, junto com o das outras.

Pude ver as gotas de sangue que escorriam do ferimento em sua cabeça tirando o branco de seu cabelo, assim permanecendo um tom avermelhado.

Uma raiva efervescente foi subindo por todo o meu corpo, deixando-me insana. Tudo o que eu tinha em mente era acabar com aquela fera. Mas, como eu o faria?

Interrompendo minha linha de raciocínio, ele preparou um soco que parecia ser mortal, devido ao tamanho de suas mãos e também pelo fato delas serem feitas de gelo.

De súbito, lancei meu corpo para o lado, fazendo que o monstro desferisse o soco no solo, causando um tremendo impacto.

Vendo que ele estava com dificuldades de tirar a mão de dentro do chão, fitei seu braço, que me levaria diretamente para a coroa, o ponto fraco que May havia citado.

Ignorando todo o perigo presente na cena, pulei com toda a minha força e raiva, assim escalando seu imenso membro.

A coroa estava ficando cada vez mais perto, então, por impulso, estiquei a minha mão na esperança de pegá-la, mas era tarde de mais.

Eu estava sendo arremessada em direção às pedras, assim como as outras.

Fechei meus olhos, e por incrível que pareça, não senti dor alguma.

Embora estivesse totalmente exausta e coberta por arranhões, a minha ira era maior e fazia com que os cortes abertos não doessem. Eu via meu próprio sangue escorrendo dos mesmos, mas não sentia absolutamente nada.

Lentamente levantei-me, a dor não me afetava naquele momento. Tudo o que eu queria era tirar a vida daquela aberração.

Peguei a espada de Fionna e corri em direção ao mesmo.

Tomei impulso e saltei incrivelmente alto, fazendo-me sentir num sonho.

A espada que estava presa em minhas mãos tocou a "pele" de gelo da criatura, fazendo-a urrar de dor.

Usei a mesma como apoio, assim preparando um chute e acertando-o na coroa.

POV - May

Assim que abri meus olhos pude ver a criatura se apoiando ao chão. Ele gritava com todas as suas forças, de longe podia ver que a gema da coroa, que agora estava jogada no chão, tinha um tom acinzentado.

Acenei para Nikoru e dei um sorriso falhado. Logo em seguida ela jogou a espada para que eu pudesse acabar de matar o monstro.

Levantei-me com dificuldade e caminhei até a criatura que me fitava imóvel.

Finalmente ergui a espada com bravura e fiz com que o monstro gritasse com todas as suas forças. Finalmente ele caiu, derrotado, assim como eu.

Pude sentir as mãos gélidas de Nikoru envolvendo meus braços. Minhas pálpebras estavam cerradas e tudo que eu conseguia ouvir era minha amiga repetindo meu nome diversas vezes.