POV- Nikoru

“Good little girl.

Always picking a fight with me,

You know that i’m bad.”

Foram esses versos que fizeram com que meus olhos abrissem.

O quarto estava escuro. Não existia nenhuma janela naquele cômodo. Cheguei a achar que ainda estava de noite.

Ainda um pouco cansada, virei-me para o lado e foquei meus pensamentos no dia anterior, quando Fionna e Cake foram embora, deixando-me sozinha com aquele garoto ameaçador.

Bom, pelo menos para mim.

Ele não abriu a boca para falar comigo depois daquilo, cheguei à conclusão de que minha presença não o agradava.

“Marshall é frio com todas as pessoas que ele não conhece? Ou somente com as que ele não gosta?” Pensei.

Enquanto eu tentava buscar alguma resposta para aquelas perguntas, um rosto surgiu dentre os devaneios de minha mente.

Seus cabelos, mais brancos e puros que a neve, e seus olhos mais azuis e profundos que o oceano.

– May... – Sussurrei para mim mesma.

O que será que havia acontecido com ela? Teria encontrado o livro? Teria ido embora, após descobrir que eu não estava em casa?

Bom, eu não poderia descobrir se não saísse daquela cama.

“But you’re spending the night with me.

What... do you want... from my world?

You’re a good little girl.”

Os versos continuaram, e acabaram por interromper meus pensamentos.

Uma voz tão doce, mas tão agressiva. Tão forte, mas tão frágil.

“Marshall?” Pensei, levantando-me bem devagar.

A dor havia sumido. O que estava acontecendo?

Coloquei os pés no chão, e fui em direção a luz que vinha do andar de baixo.

Desci as escadas, e me deparei com aquele ser flutuante, que segurava uma guitarra. A mesma tinha formato de um machado.

Fiquei parada, somente o observando, até que a música terminou e ele abriu os olhos.

– Sua voz é muito boa para canto – Disse, tentando ganhar sua amizade. – Você tem talento.

– Você não deve entender nada de música – Retrucou o mesmo.

– Nossa... você é sempre tão educado assim?

– Não... – Sua boca abriu, parecendo que iria completar a frase, mas o telefone tocou antes que ele pudesse o fazer.

Marshall flutuou até o mesmo, dando início a uma conversa estranha.

– Alô? – Ele disse para a pessoa do outro lado da linha.

Aproximei-me, na tentativa de escutar a conversa.

– Outra humana em Aaa? Como assim? – Ele questionou, me deixando cada vez mais curiosa. – Tudo bem, já vou.

POV- May

– Hey, acorde humana. – Murmurou uma voz que eu não reconheceria se não fosse pelo tom assustador. O mesmo guarda que havia gritado comigo antes. – O príncipe Gumball quer falar com você.

– O que? – Forcei meus olhos para que a minha visão fosse mais clara. Ele realmente queria falar comigo? Por quê?

Assim que a cela se iluminou pude ver o rosto triste do príncipe entre as grandes. Seus olhos não tinham o mesmo brilho de antes e ele parecia exausto.

– Humana? – Ele chamou por mim, embora soubesse que eu estava lá. – Bem... Eu sinto muito por mantê-la aqui a noite toda, mas era meu dever.

Embora eu soubesse que a culpa foi minha não disse nada. Tudo o que veio na minha mente foi a noite que eu passei trancada em uma cela escura e fria.

– Eu preciso da sua ajuda, é realmente importante. – Ele exibia uma expressão aflita, o que me fez acreditar que fosse algo realmente sério. – A Ice Queen, ela entrou em contato com seu mundo, da mesma forma que você entrou em contanto com o nosso.

– Você pode ao menos me dizer quem é Ice Queen? – Arqueei as sobrancelhas

– Isso é uma pergunta um tanto difícil. Ice Queen é uma mulher que ficou louca devido á uma coroa mágica. Ela quase não tem controle sobre suas ações e por isso pode acabar destruindo seu mundo.

– O que? Ela não pode fazer isso! – O desespero tomou conta de mim. Nikoru, eu precisava salvá-la. – Me leve de volta para o meu mundo, por favor! Eu preciso...

– Você não pode, o livro está com Ice Queen. - Antes que pudesse terminar a frase fui interrompida por Gumball. – A única coisa que você pode fazer é tentar encontrar outro portal.

– Me tire desta cela antes, por favor. – Disse em um tom triste.

– Eu não posso... – Ele sussurrou – Você terá que permanecer na cela até que alguém pague sua fiança.

– O que? Qual seu problema? Como espera que eu salve o meu mundo presa em uma cela? Você precisa me tirar daqui, eu preciso salvar as pessoas que amo, por favor. – Implorei.

– É contra as regras do reino doce. – Ele balançou a cabeça.

– Regras? Você vai mesmo manter uma garota presa em uma cela por dois dias porque ela mandou você se calar? Eu não posso acreditar em algo assim... Você é maluco! – Protestei. Gumball estava abusando da pouca paciência que eu tinha.

– Certo... Eu vou soltar você. Mas ainda tem uma divida com o reino doce, não se esqueça disso. – Ele abriu um largo sorriso quando sai da cela.

– Muito obrigada. Você disse que havia outra humana além de mim em Aaa, não disse?

– Sim. Eu posso te levar até ela.

– Eu ficaria muito agradecida – Sorri