E Se Eu Não Voltasse, Você Sobreviveria Sem Mim? escrita por GiGihh


Capítulo 32
Aprontamos com todos... Com nós dois também


Notas iniciais do capítulo

oieeee!
este foi o maior cap desta fic até agora...
para o final do cap eu meio que me inspirei na musica intrumental do Alexandre Desplat - Marry Me Bella, da trilha sonora de crepusculo...
boa leitura meus amores!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359263/chapter/32

SADIE

A cozinha da casa do Walt estava uma bagunça! Sentado no sofá ele olhava em nossa direção com curiosidade e um pequeno traço de medo da meleca que fazíamos.

Liz, Emma e eu estávamos separando a gema da clara. Gabriela e Milena estavam no mercado comprando bexigas. Já tínhamos quebrado mais de 43 ovos. Ao lado estava uma bacia de açúcar e duas jarras leite.

As duas chegaram com vários pacotes de bexigas coloridas e então vieram nos ajudar a quebrar muito mais ovos.

Walt bufou irritado com nosso silencio sobre a pegadinha e foi para o quarto. Nós cinco riamos enquanto a mistura começava a ser feita:

Nas bexigas pequenas colocamos uma gema, duas colheres de açúcar e uma xícara de leite. Fechamos as varias e as colocamos em lugar quente... Em um bexigão, 17 gemas, 34 colheres de açúcar e uma jarra inteira de leite e deixamos em um lugar quente... Por mais de uma semana!

TERÇA-FEIRA

– CARTER, SEU INFELIZ, ANDA LOGO QUE EU TO COM PRESSA! – gritei já irritada – VOCÊ TAMBÉM ZIA!

Os dois estavam demorando e eu começava a ficar impaciente. Tinha ainda que pegar muita coisa... E esconder também!

–Sadie, esta muito cedo. – vovô disse com a voz sonolenta – Dê a ele mais tempo...

–Não! Ele combinou comigo e a galera que íamos ao parque. – soltei um suspiro – CARTER SE VOCÊ NÃO DESCER AGORA VAI VER O PAPAI MUITO MAIS CEDO!

–Já to indo criatura! – ele desceu as escadas correndo e Zia vinha logo atrás. – Não precisava da ameaça. Ta de TPM por acaso?

–Não. Eu sou muito pior de TPM, irmãozinho.

–Então pra que me ameaçar?

–Ou eu ameaçava ou você não vinha. Vamos logo! - Virei às costas e segui até a porta.

–Mas a gente nem comeu...! – Zia protestou.

– Nós comemos no caminho... – comecei, mas...

–Eu to morrendo de fome! – Carter me interrompeu.

–PRA FORA VOCÊS DOIS! – gritei e eles correram até a porta e seguíamos até a escola.

Mais uma vez eu saia na madrugada; dessa vez estava ainda mais cedo (03h33min), mas tínhamos que esconder tudo antes que qualquer um visse! No caminho encontramos a galera com caixas de papelão contendo nossas bombinhas.

Os portões estavam fechados e não tinha ninguém próximo à escola. Isso era perfeito! Teríamos que pular os muros e ajeitar as coisas...

Jake e Miguel foram os primeiros a passar para o outro lado e nos esperavam próximos ao muro. Liz e Gabi foram depois e não tenho duvidas de que foram amparadas na queda... Eu fui depois, mas parei sobre o muro, me sentando ali e Walt fez o mesmo.

Nos organizamos da seguinte maneira: Milena estava sobre os ombros de Thiago; os dois do lado de fora da escola. Do lado de dentro, Gabi estava sobre os ombros de Miguel. Com cuidado e sem tanta pressa, as caixas foram passando de mão em mão: dos mais baixos para as meninas nos ombros dos rapazes, então eram passadas para as minhas mãos e as de Walt. Nós dois passávamos para Gabi e ela passava para Liz, que as empilhava no chão.

As caixas acabaram e Walt e eu passamos a ajudar os outros a passarem para o lado de dentro. Primeiro Milena; pegamos suas mãos e a puxamos para cima do muro. De cima ela pulou para os braços do Jake. Carter e Zia foram os últimos a passarem por nós dois, então Walt pulou e quando eu fui pular, dei uma leve olhada para trás... Eu não vi ninguém, mas mesmo assim as sombras pareciam esconder alguém...

Senti suas mãos em volta da minha cintura, amparando meu corpo ainda no ar e me livrando da queda. Pude sentir os olhares sobre nós dois e alguns sorrisos maliciosos e insinuativos, mas não liguei.

Cada um pegou uma caixa e seguimos para a sala dos professores...

[...]

Pulamos os muros de volta e passamos correndo pela frente da escola rindo da travessura que ainda faríamos. Corremos até o primeiro Starbucks pra matar a fome enquanto esperávamos o horário da entrada.

Croissant, pães de queijo e sanduíches enchiam a mesa (varias mesas juntas para cabermos todos os 12) enquanto esperávamos pelas nossas bebidas: Expresso com chantilly, Cappuccino, Canela Café Mocha, Morango Frappuccino base creme, Baunilha Frappuccino, Baunilha Latte, Café gelado com leite e outras variedades foram colocadas na mesa.

Com exceção do Frappuccino de Morango, todas as bebidas eram a base de café, detalhe percebido pelo meu irmão, que também percebeu que a bebida de morango não era minha...

– Carter, devolve meu café! – ele tinha pegado justo o meu! Que desaforo!

–Não devolvo não. Você já é hiperativa sem isso aqui e se tomar é ai que você não para de me azucrinar! – ele disse em um tom sério, mas meus amigos achavam que estávamos brincando...

–Carter, irmãozinho – algumas risadas – eu não vou parar de te azucrinar até a sua morte e, se depender de mim, até depois dela... Com ou sem o café.

Ele devolveu o café, relutante e bastante apreensivo...

[...]

O intervalo se aproximava e, como todos os alunos malignos sabiam, os professores se reuniam na sala dos professores para rever matérias e tomar um chá. Todos sem qualquer exceção.

Estávamos na sala de teatro (aquilo era mais um teatro mesmo, mas ok), e todos juntos. O diretor havia chegado à conclusão de que em algumas aulas poderiam se misturar as

classes

, matérias como artes (musica e teatro) e educação física.

Havíamos sido os primeiros a chegar. Os meninos estavam tocando os instrumentos, criando uma batida bastante envolvente. O ritmo contagiava a mim e as meninas que começamos a dançar no grande palco; eu comecei e logo elas me seguiam dançando animadamente. A galera que chegava batia as mãos no exato ritmo enquanto os assanhados assoviavam aprovando nossa dança.

–Muito bem. Estavam todos ótimos! – a professora chegou com o seu costumeiro sorriso carinhoso e amável. Georgia era a única professora que eu realmente gostava. Ela tinha os cabelos castanhos em comprimento médio, os olhos em tom de mel brilhavam sempre que via um aluno; ela é o tipo de professora que consegue gostar de todos os alunos mesmo com todos os defeitos. – Muito bom mesmo!

Todos nós sorrimos. Os rapazes saíram de trás dos instrumentos e vieram para a ponta do palco junto com a gente. Não precisávamos dizer “obrigada” ou coisa do tipo; nossos olhos brilhavam de felicidade e orgulho próprio, mas o sorriso era a maior denuncia.

–Meninos, eu amei a musica. – ela comentou se sentando e analisando cada rosto radiante – A batida foi bastante envolvente. – ela voltou seus olhos pra mim - Sadie, nosso pequeno raio de sol – as classes e eu rimos – Você sempre contagiando os outros; isso é muito bom. Meninas, vocês dançam muito bem mesmo! – ela voltou a sua atenção para o estante das turmas – Quero ver esse mesmo entusiasmo e essa mesma alegria durante o resto do ano.

Sentamo-nos no palco e esperamos as instruções para seguirmos com a aula.

– Quero ver a mesma energia presente em cada nota; não importa se vocês vão dançar, cantar ou tocar. Eu quero ver a energia presente. – então sua expressão congelou e ela voltou a olhar para o palco – E desculpem meus modos. – o sorriso voltou ao seu rosto – Sejam bem vindos, Carter e Zia. – seu rosto voltou a assumir um semblante mais profissional; sem deixar de ser agradável – Mesmo com toda essa batida animada, hoje, vamos nos focar em musicas mais suaves e instrumentais, sem qualquer tipo de voz. – ela olhou para mim – Sadie, para o piano.

Levantei e segui pelo palco até o piano. De longe pude escutar o Carter:

–Desde quando você toca? – o tom de curiosidade era nítido e a surpresa também, mas era a saudade no tom de voz que me intrigava... Mesmo já sabendo o porquê... Minha mãe costumava tocar pra gente toda noite depois de ouvirmos suas histórias.

–Desde quando você e o papai foram embora. – respondi e senti as massas de gente ficar atentas a conversa.

–E nenhum de nós nunca soube...! Pensei que te conhecia.

– Me via duas vezes por ano e acha que me conhece?

Deixei a pergunta pairando no ar e fui fazer o que me foi designado. Toquei até metade da aula; até deixar Carter encantado e surpreso com o fato de eu ser realmente boa.

[...]

O sinal estava prestes a bater e a professora havia deixado cinco minutos pra gente descansar (não sei do que; já que as aulas dela são as únicas que não são cansativas e tediosas). Estávamos os 12 discutindo sobre se deixaríamos ou não a professora ser atingida pelas bombinhas, mas fomos interrompidos pela porta aberta... Marcos, o inspetor gente boa (namorado da vadia) entrou...

–Desculpe professora, - ele estava constrangido? Ele não era tímido! Nem um pouco. – É que preciso levar uma aluna até o diretor. – todos os olhos se voltaram para mim.

–Por que precisaria levá-la? – a professora estava corada? Deuses... Tem coisa boa acontecendo na minha vida pelo menos!

– Por que parece que alguém andou jogando pedras na janela do quinto andar. – de novo os olhos estavam postos em mim, inclusive os dois adultos... Mas eles olhavam para mim por não ter mais condições de suportarem o olhar um do outro...

–Ah, mais que absurdo! – exclamei – Não é só porque uma coisa dá errado nessa escola que a culpa automaticamente é minha! – as massas de pessoas riram.

A professora olhou para mim e depois arriscou um breve olhar no inspetor...

–Não Marcos. Você não pode levá-la. – ai... Eu adoro essa professora!

Marcos saiu da sala um pouco mais constrangido do que entrou e Georgia baixou os olhos pensativa, mas com um pequeno sorriso bobo... O sinal tocou... Eu sabia o que fazer...

Todos saíram, e eu segurei a professora. Meus amigos me esperavam na porta e eu e ela não estávamos tão longe, assim eles conseguiriam ouvir a conversa.

–Obrigada por me defender. Foi muito legal da sua parte, professora. – fui sincera e Georgia sorriu.

–Não foi nada. E talvez, você, faça algo legal por mim também.

–Vou fazer uma coisa legal contigo.

–Vai?

–Vou. Não vai para a sala dos professores.

– Mas o que...?

–Confie em mim. – dei um sorriso maroto – Você não vai querer estar lá. – segui até a porta e me virei mais uma vez para a professora – E eu nunca te disse nada disso!

[...]

Gabriela e Thiago estavam do lado de fora da sala e observavam os professores pela janela pequena. Eles e estavam com o resto da gangue e Milena e eu estávamos escondidas próximas a porta de entrada na sala. A vadia foi a ultima a entrar na sala e a fechar a porta. Milena e eu pegamos dois pedaços de elásticos bastante fortes e prendemos na maçaneta da porta. Na frente, bem na frente mesmo, ficava o armário com as coisas achadas e perdidas. Prendemos a outra ponta do elástico lá e, para ter certeza de que as portas agüentariam, prendemos o segundo elástico. Mandamos a mensagem confirmando que já estava tudo pronto.

Ouvimos o som do bexigão estourando sobre os professores (nós o prendemos no teto) e as bexiguinhas sendo atiradas pela janela por estilingues. Os gritos dos professores eram agonizantes e chegavam a dar dó.

Bati na porta e voltei para o canto da parede. Eles correram para a porta tentando fugir das bombinhas extremamente fedidas. A porta não abria e eles começavam a gritar por socorro, ninguém mais alto do que Andrea... O cheiro começava a sair da sala e Milena eu saímos correndo, prendendo o riso e as lagrimas...

[...]

Fomos dispensados mais cedo já que nenhum professor parecia ter condições de dar aula alguma. Georgia encontrou meus olhos... E sorriu.

–Nossa, foi demais! – Thiago, Miguel, Jake e Austin disseram ao mesmo tempo arrancando risadas no meio do caminho para casa.

–Vocês duas perderam a cara dos professores! – Emma jogou na nossa cara.

– É. – concordei

–Mas vocês perderam os gritos de bem pertinho da porta! – Milena devolveu.

–Nossa! Verdade! – concordei – Eu cheguei a ficar com dó...

Riamos da pegadinha e chegamos ao ponto de nos separarmos. Cada um seguiu com um grupo bem menor e que logo depois se dividia de novo. Carter, Walt e Zia me seguiam já que bancavam as babás. Peguei meu celular e ignorando as perguntas nos olhos dos três disquei o numero... Até ele atender.

–Alo?

–Eu preciso de um favor seu. – fui direto ao ponto.

–Que tipo de favor?

– Preciso que encontre e passe tudo o que sabe sobre um caso. Consegue isso pra mim? – minha voz soava quase urgente.

–Vai ser difícil...

–Isso quer dizer que consegue? – uma pontada de esperança crescia em mim

–Sadie...

–Consegue? Por favor, me diz que sim.

–Consigo!

–Ai, eu te adoro! Vou te mandar o nome por mensagem, ok? Tchau. – desliguei sem esperar resposta e digitei o que queria saber. Continuei andando até Carter me chamar:

–A casa da vovó fica pra lá. – ele apontou para a direção contraria a que eu seguia.

–Eu sei. - Voltei a andar ignorando os três...

–Sadie? – Zia me chamou

–Eu não vou pra casa. E se quiserem bancar os seguranças andem logo que eu tenho mais o que fazer.

Eles chegaram rápido ao meu lado e voltamos a caminhar em um silencio quase incomodo.

–Então pra onde vamos? – Walt perguntou sorrindo.

–Providenciar o necessário para as pegadinhas de amanhã.

QUARTA-FEIRA

Andrea tinha uma espécie de ritual: sempre depois que o sinal indicante do fim do intervalo soava, ela seguia para o banheiro e retocava toda a maquiagem... Essa era uma chance imperdível de zoar com ela... Mas antes nós íamos causar com o diretor.

Preparamos tudo para Andrea e depois voltamos para a nossa mesa. Thiago era rápido e comandaria a pegadinha com a professora... E nós íamos causar um pouquinho.

–Chegou galera! – Milena exclamou feliz da vida e ergueu as garrafas mostrando para nós. Ela e Jake vinham com uma caixa cheia de garrafas de 300 ml... De cerveja. Abrimos com os dentes e tomávamos como se fosse água pura e fria. Walt, Carter e Zia olhavam para nós chocados demais para falar.

–Não vão tomar? – perguntei forçando um pouco um sorriso depois de um longo gole.

–Sadie... - Joguei três garrafas e cada um pegou uma.

–Vamos! Bebam!- exclamei.

–Eu vou ter que contar isso pro papai. – Carter murmurou ainda chocado.

Peguei a garrafa dele de volta e, eu mesma, abri com o dente. Levantei do meu lugar, já sabendo que tinha vários olhos sobre mim. Abri a boca do meu irmão e despejei o liquido a força...

Sua expressão de surpresa foi à chave pra eu começar a rir igualzinha a uma bêbada junto com meus amigos. Caminhei até Walt e sussurrei em seu ouvido:

–Abre. É só refrigerante.

Zia foi a primeira a tomar a iniciativa. Não demorou a todos estarem repetindo as doses de “cerveja”.

Logo estávamos combinando por mensagens quem faria a loucura de dançar na mesa; eu e mais alguma santinha... No fim eu e Zia ( é, eu também fiquei surpresa...) estávamos dançando em cima da mesa com as garrafas na mão. Gabriela se juntou a nós e logo todas as meninas estavam sobre os bancos dançando e os meninos conseguiram se fingir de bêbados muito bem.

Todos nós enrolávamos para falar e riamos por tudo e no fim, todos os olhos estavam sobre nós!

–Podem ir para a diretoria agora! – ouvi a voz imponente do diretor e senti meus amigos vacilarem, mas eu não. Percebi que o diretor se aproximava com alguém... Lion? Ahh, mas é agora que eu apronto mesmo!

Apertei meus olhos para Lion, como se eu não o enxergasse bem. O diretor se aproximou com o menino do lado e parou de frente para mim. Tentei controlar a minha raiva...

–O que significa isso? – ele se controlava para não gritar. Olhei pra ele como se não o reconhecesse e depois refis o mesmo ato com o pivete do Lion... Por fim, arregalei os olhos pra ele... E quebrei a garrafa vazia na cabeça do moleque.

Meus amigos e eu explodíamos em risadas, enquanto o menino caia inconsciente no chão (relaxem! Não teve nenhum corte e não foi nada sério). Depois me virei para meus amigos, ignorando o diretor e me “joguei” na direção do chão de costas... O diretor me ergueu nos seus braços antes que eu caísse.

–Sadie, o que significa isso? – sua voz era tão severa que por um segundo eu não o reconheci.

–Ué, eu disse que ia me vingar dele! – olhei pra ele e depois grite com Miguel – Manda outra aí! – a garrafa voou até minha mão e o diretor tentou tirá-la de mim. – Nem tente! – minha voz e meu olhar agora eram assassinos.

Ele estremeceu e, com o queixo apontou para meus amigos...

–Para a minha sala, AGORA! – eles foram andando ainda com as garrafas na mão atrás do diretor. Eu ainda era carregada, já que pensavam que o meu caso já era mais grave. Alguns como Milena, Austin e Miguel, tinham o bom senso de “tropeçarem” no caminho.

Chegando lá, o diretor me deixou sentada em uma poltrona e o povão se aglomerou em volta. O coroa seguiu até a sua mesa e se apoiou nela de frente para nós. O discurso começou. Percebi Carter e Zia tentando se encolherem contra as paredes, Walt estava ao meu lado e já não parecia se importar tanto com as pegadinhas, o resto prendia o riso.

Não consegui prestar um pingo de atenção em palavra alguma e estaria quase dormindo se tudo não fosse tão hilário. Finalmente, não me aguentei. Fiquei de pé em um pulo e, como fiz com Carter, forcei o diretor a engolir. A expressão do velhinho foi pior do que a do meu irmão. Rimos demais e o diretor estava sem ação.

–Muito bom, não acha? – perguntei com um tom de voz que deixava claro o meu estado sóbrio.

–Então... Mas... Por que quebrou a garrafa no menino? – o diretor estava começando a ficar bravo; a partir dessa pergunta meu tom de voz ficou sério e o riso morreu.

–Eu disse que se você não fizesse algo, eu faria, não foi? – ele não me respondeu – Não foi? E também disse que não me responsabilizava por danos fiscos ou morais em ninguém.

Ele ia começar a reclamar, mas um grito terrível ecoou pela escola inteira e em menos de 2 minutos a vadia estava aqui... Ou melhor, a galinha!

Andrea entrou na sala do diretor coberta por mel e varias camadas de penas de galinha. Meus amigos caíram no chão de tanto rir; nem mesmo Carter e a namoradinha saíram impunes ao riso... Mas Walt ficou do meu lado a cada segundo em que eu recebia o olhar furioso dela. Ele tinha sim um sorrisinho no rosto, mas eu podia sentir a tensão do seu corpo próximo ao meu.

–Foi só falar do diabo que ele apareceu. – comentei, quando os risos diminuíram de volume, com um tom de escárnio e diversão na voz.

– Foi ela, diretor! Eu sei que foi! – a galinha gritava descontroladamente... E Pela janela da sala do diretor, vi Thiago correndo enquanto prendia o riso.

–Ela esteve aqui o tempo inteiro, Andrea. Não tire conclusões precipitadas. – assim nós três começamos a discutir e, no fim, estremeci de medo com sua ultima frase:

–Ótimo diretor. Não faça nada. Eu mesma farei. – quando ela saiu da sala senti os olhares voltados para mim. Senti os braços de Walt envolvendo meu corpo de uma forma protetora... Mas não consegui tirar os olhos da porta.

[...]

O fim da tarde se aproximava rapidamente. Na frente de um grande apartamento, Walt e eu procurávamos uma entrada segura. Encontramos uma arvore grande, e subimos por ela até uma janela aberta. Pulamos e logo de cara, consegui ouvir o barulho do chuveiro ligado.

Walt e eu começamos a revirar o apartamento a procura de dois objetos: um secador de cabelo e um álbum de fotos.

Encontramos o secador e pela parte de trás do aparelho, enchi de farinha. O deixamos sobre a penteadeira, onde o encontramos. Segui para um pequeno cômodo onde estava cheio de fotos: minhas, das minhas amigas e de...

–Sadie? – Walt me chamava em um sussurro – Vamos. – peguei a foto e a joguei no bolso do Jens. Walt me levou até a janela e, me puxando para junto de si, nos escondeu nas sombras.

Andrea chegou vestida como a vadia que é e parou na frente do espelho e se preparava para ligar o secador... Liguei meu celular e o coloquei para filmar... O grito de ódio somado a surpresa foi de mais pra mim. Com o rosto e os cabelos loiros falsos, brancos tive de morder o lábio inferior para não gargalhar.

... Eu senti seus olhos sobre mim... Eu a senti olhando para mim! Mas estávamos escondidos nas sombras... Foi então que me lembrei de quem sussurrava em seu ouvido...

Walt notou o peso do olhar e começou a me puxar para fora. Nós dois corremos pela própria porta da frente enquanto ela corria atrás de nós... Ainda escondidos nas sombras e de mãos dadas corremos até minha casa e, só no meu quarto, eu senti as sombras nos deixarem.

–Sadie... – Walt ofegou - Tem alguma coisa pra me contar?

Conte a ele e eu farei com que a Vadia e insignificante mortal torture todos aqueles que são realmente importantes para você... De um jeito ou de outro, você será minha!

Apófis parecia ainda ter controle sobre tudo... Inclusive sobre mim!

– Não, não tenho nada pra te contar.

QUINTA-FEIRA

Espalhados pela escola, nós tínhamos uma pegadinha bolada, mas ela dependia de outras pegadinhas...

A professora tinha fobia de insetos e nós enchemos o seu carro com as mais variáveis espécies de besouros possíveis... Mas antes ainda aconteceria muita coisa.

Estávamos no intervalo e Austin e Carter (isso mesmo!) já tinham colocado nozes extremamente picadas no meio de todos os pratos da cantina... Não demorou para aquele gritinho ser reconhecido e uma professora vermelha e inchada entrar correndo e vir na nossa direção.

Mas tínhamos um bom plano para isso: tínhamos levado duas garrafas de 2L de coca-cola. Bem rápido, jogamos duas pastilhas de menta dentro das garrafas, fechamos e sacudimos... Quando sentimos que iria explodir, jogamos na direção da professora.

Resultado: ela iria embora para casa melada de refrigerante em um carro infestado de insetos...

[...]

Eu estava guardando alguns livros no meu armário quando eu o vi chegando furioso.

–Sua vadiazinha mimada! – Lion não era muito bom com palavras

–Oi Lion. Gostou do nosso showzinho ontem no refeitório? – perguntei sinicamente.

–Tudo isso por tentar roubar um beijo seu? – ele riu se divertindo – Você é mais difícil do que pensei.

Ouvi a voz irritada da professora vinda pelos corredores e mais dois alunos vinham com ela...

Se livre de todas as esperanças de Walt ficar com você, pequena Sadie. O único jeito de salvar seus amigos é esse... Esqueça o garoto... E faça com que ele se esqueça de você!

Não. Não, não, não! Apófis não podia fazer isso... Será que já não basta tudo o que passei?

Essa foi a vingança que prometi a Andrea... O seu pequeno e fragil coração partido... Escolha agora o que será...

Mas, então o que seria? Meus amigos e família sem segurança ou meu coração partido?

–Se você queria um beijo meu... Era só pedir. – não cheguei a olhar nos olhos de Lion, mas eu soube que brilhavam. Puxei seu rosto para perto do meu, roubando beijos do garoto...

Seus lábios eram frios e ásperos; o beijo em si era apenas desejo sem qualquer traço de carinho. Foi quase asqueroso: o beijo era molhado demais, frio demais... Lion me prensou contra a parede e desceu seus beijos gelados pelo meu pescoço, mordiscando-o de leve. Conduzi mais uma vez sua boca até a minha odiando cada toque áspero dos seus lábios nos meus e odiando ainda mais cada ação minha.

O grunhido de raiva me fez soltar os lábios de Lion e olhar para o lado. Andrea estava vermelha de raiva e uma veia pulsava sobre sua testa... Ao seu lado Carter e Walt vinham me olhando confusos; Carter ainda vinha com raiva... E Walt parecia ter perdido todos os seus minutos de vida.

Lion ainda me prendia a parede, com as mãos acima da cintura e as minhas ao redor o seu pescoço... Nunca me senti tão culpada!

De uma porta do corredor a menina Marcella (a vadia que “ama” o Walt) saiu e não passou um segundo para ela estar atracada ao pescoço dele... Lion sorriu e avançou sobre os meus lábios de novo...

Quebrei o beijo com o súbito grito de Andrea e a vi correndo em fúria para fora... Mal sabia ela que ainda enfrentaria o transito de Londres com um carro cheio de insetos...

Marcella sorria satisfeita e eu escondi meu rosto no peito de Lion... Eu não podia chorar... Não agora!

No fim existiam dois olhares magoados, dois felizes e um raivoso... Senti o beijo frio no meu pescoço e estremeci...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então galera????
Se manifestem que agora será o ultimo cap da fic... Foi maravilhoso ter os comentarios de vocês até agora e eu espero que vocês não me abandonem nesses ultimos dois...
Até ;)