E Se Eu Não Voltasse, Você Sobreviveria Sem Mim? escrita por GiGihh


Capítulo 33
Entre dores e amores - part 1


Notas iniciais do capítulo

Oiee galera! Eu estou aqui de volta com lágrimas nos olhos teimando em me despedir de vocês... A fic chegou ao fim, mas eu tenho que agradecer muito a todos vocês que comentaram, favoritaram, pela recomendação linda que eu recebi e também as pessoainhas que acompanham em silencio.
O cap inteiro ficou ENORME, por essa razão, dividi ele em dois, mas isso não quer dizer que vou demorar a postar. Postarei logo na sequencia, ok?
Até lá embaixo amores!



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Final – parte 1

O perigo era evidente. Aquele moleque poderia estragar meus planos... E o tolo do pai também... E sua família e amigos... Ela tinha que ser solitária! Tinha que separá-los e usar esse discurso como vingança pareceu convencer a vadia humana...

Mas ela falhou!

A cada instante seus amigos pareciam mais unidos... Mais fortes...

Sadie e o hospedeiro de Anúbis eram um problema resolvido. O coração partido dele era a minha confirmação... Agora falta a família... Eu poderia começar pelo irmão...

WALT/ANÚBIS

Não. Não queria... Não podia acreditar que era verdade. Ela beijava Lion com força. Beijos esses que eu pensava serem sós meus... Eu estava errado... Ela escondeu seu rosto no peito do moleque que tentara violentá-la e meu mundo pareceu desabar de novo.

–Ora... – Marcella começou em um tom debochado e irônico – Eu sempre soube que o Lion e a Sadie iam acabar juntos. Meus olhos conseguem ver os casais destinados a ficarem juntos – ele completou olhando para mim com malicia.

–Então você deve ter um sério problema de visão. – o tom de Sadie foi grosso e frio.

–Vi vocês dois se agarrando...

–Se não sabe diferenciar uma ficada de um lance sério, não me faça perder tempo com o som da sua voz. – as duas estavam muito agressivas.

–Assim você me magoa loira... – Lion tentou beijá-la mais uma vez e tive que fechar meus punhos com força para não tirá-lo de perto dela a força... Sadie se esquivou do beijo e dos braços do menino.

–Não Lion. Prometi um beijo e você já ganhou dois. É mais do que o suficiente por hoje. – ela piscou pra ele enquanto Lion se afastava pelos corredores mandando beijos.

–Você é ridícula, Sadie! – Marcella rosnou – Acha que pode ter todos os meninos que quiser, mas não pode!

–Sou tão ridícula que você quer ser igual. Posso ter o menino que eu quiser e isso irrita você, não? Você sabe que nunca vai ser bonita como eu, talentosa como eu, divertida como eu... Você nunca será como eu. Isso acaba com você porque sabe que não é desejada.

–Ai, vai pro inferno Sadie! – ela gritou e Sadie riu.

–Já estive lá; é melhor do que a escola. – Sadie comentou, sorriu pra nós três e piscou mais pra mim do que pra Marcella e Carter e saiu andando...

Senti-me congelado, preso ao chão a vendo desaparecer pelo corredor. Marcella continuava agarrada ao meu corpo tremendo de raiva e Carter olhava para o lugar onde antes Sadie havia estado... Afastei os braços da menina e me preparava para seguir atrás da loira, mas...

–Hei gatinho, onde pensa que vai? – ela enroscou os braços ao redor do meu pescoço enquanto eu continha meu ódio e repulsa.

–Não sei se te... – manti o tom de voz controlado.

–Ai... Podíamos matar as duas ultimas aulas. – seu tom era manhoso e irritante, voltei a olhar para o corredor onde Sadie havia sumido...

– ESQUECE ELA! – ela gritou frustrada e com muito ódio – Ela não quer nada com você e você viu isso! Você vai...

–Pra longe de você. – meu tom foi grosso e ríspido; eu não costumava ser assim, mas ela tinha tocado no meu ponto fraco. Marcella recuou assustada e eu comecei a correr pelos corredores buscando a loira. Encontrei-a, em uma sala vazia e sem uso, com a lateral do corpo encostada na parede.

– O que foi aquilo? – perguntei quase sussurrando; ela não focou seus olhos em mim.

–Aquilo o que? – a sala estava sem luzes e o dia nublado; juntos, faziam a sala escura tal como meu humor naquele dia.

–Você e o Lion.

Um esboço de um sorriso apareceu em seu rosto, mas não consegui ver seus olhos.

–Foi só um beijinho. – ela disse em tom inocente, como se falasse com o pai.

Só um beijinho?– me segurei para não gritar, mas o nó na minha garganta só permitiu um ganido raivoso sair.

–Ou vários. – Sadie ficou quieta por bastante tempo; estávamos os dois perdendo aulas, mas não parecia mais ter importância.

–Ele... Ele tentou... Ele quase te violentou semana passada! Como...?

–Como tive coragem de beijá-lo? – Sadie continuava na mesma posição e seus olhos não me eram visíveis. –Não sei explicar... Acho que... Não sei. Só tenho sentimentos fortes por ele.

–Fortes? – a palavra ecoou pela sala. –No sentido ruim?

– Não. – ela sorriu timidamente ainda evitando olhar pra mim. – Eu gosto dele, Walt. Por mais que eu deteste tudo o que ele faz e como age... Eu não consigo deixar isso de lado.

–Não acredito em você. – as palavras me escaparam cheias de dor, contra minha vontade.

Eu a ouvi puxar o ar com força.

–Pensei que me entenderia, que fosse meu amigo! – seu tom agora parecia um pouco magoado.

–Amigos? Sadie... – seu nome ecoou com um timbre quase suplicante - E nos túneis...?

– Nós ficamos, Walt, só isso.

–Só isso? Não pareceu ser só isso pra você e não diga que não significou nada. Sei que significou alguma coisa pra você.

–E como sabe disso? – sua voz era quase indiferente e isso me deixou quase desesperado.

–Porque significou muito pra mim – sussurrei a única verdade que me atrevi sussurrar.

–Nós ficamos e não nego que gostei... Mas foi só isso.

– E ano passado...?

–Walt, ano passado foi um beijo ou dois.

–Mas... E tudo o que tivemos?

Ela se virou pra mim e eu ainda não via seus olhos.

–É esse o ponto, Walt. Nós dois nunca tivemos nada. – abri a boca pra arrumar outra desculpa, mas já não tinha nada; isso era uma verdade dolorida – Foi tudo ilusão nossa; uma primeira paixão passageira.

– Sadie... – foi só um sussurro quase inaudível e cheio de medo... Medo de perdê-la.

–Acho que é melhor que você entenda. – ela fez uma pausa e se aproximou um pouco, mas ainda tinha um metro nos separando – Você e eu, já não... Me desculpa, mas tudo acabou... Já não... Já não há mais nada entre nós dois. – ela se aproximou mais e levantou a mão, como que para me acariciar o rosto, mas ela logo pendeu – Nunca existiu um final feliz pra nós dois... Pra nenhum de nós. – ela agora se referia a Anúbis.

Passei apenas a olhá-la tentando disfarçar um pouco da dor que eu sentia. Ela quebrou a distancia... E beijou minha bochecha, sussurrando em meu ouvido:

–Tchau Walt. – ela passou por mim, indo em direção a porta... Segurei seu braço e a virei para mim; os corpos colados e os olhares fixos... Ela ergueu a mão disponível e levou até o pescoço e depois a colocou no meu peito. Erguia minha mão e levei até a dela, prendendo-a ainda mais a mim. Ela se livrou do aperto e seguiu para fora da sala...

... Mas tinha deixado seu colar comigo. O colar que eu dera! A única coisa que ainda poderia nos manter unidos; uma simples ligação!

Aquilo era um sonho... Um pesadelo digno do Caos.

Sentei no fundo da sala, no chão. As costas apoiadas na parede, os cotovelos no joelho e as mãos me cobriam os olhos... Quando me permiti chorar por ela.

SADIE

Por quê? Por quê? Por quê?

Sua voz, seus olhos, sua essência... Tudo nele tinha sido quebrado por mim. Eu havia sido a responsável pela morte do espírito de um menino maravilhoso... E nem chorar eu podia!

Despedi-me com um beijo singelo no rosto e Walt me puxou para ele. Não consegui fazer nada durante um tempo e quando minhas defesas começaram a ceder aos seus toques, àquela voz destruiu tudo o que eu ainda tinha esperança.

– “Devolva o colar. Não deixe pensar que tem qualquer esperança de tê-la de volta.” – Mas... A vontade de chorar aumentou quando fiz o que foi mandado. – “Não corra! Ande, desfile, faça charme. Tem muitos olhos aqui.”– Andei lentamente como se eu não tivesse problema nenhum com a vida... Na verdade, começava a achar que nem isso eu tinha mais.

Não me aguentei e parei em um corredor aparentemente vazio e respirei fundo varias vezes, tentando conter minhas lágrimas.

Não aguentava ficar mais aqui. Era agonizante. Precisava sair daquela escola... Corri até o muro ignorando os protestos da cobra e pulei o muro.

Meio caminho pra casa... Mas eu ainda não me permitia chorar... Ainda não... Já tinham me tirado o coração então eu tinha o direito de ser fria a ponto de não chorar... Não chorar por amor.

CARTER

Sadie... Walt... Mais que diabos estava acontecendo? Minha irmã foi a primeira a sair do corredor (não entendi porque ele estava beijando aquele outro menino, mas também não sabia o porquê de Walt e ela não estarem juntos), Walt , quando despistou a garota chata, a seguiu.

– Por quê? – o tom irritadiço da voz da menina me trouxe de volta. – Por que sempre ela? Aquela vadia não deveria ter voltado... Não deveria nem ter nascido! – ela dizia como se realmente quisesse ver Sadie morta e isso me incomodou.

–Essa vadia... – a menina olhou pra mim esperando que eu concordasse – é minha irmã! – ela ficou surpresa... E marcada com uma tapa na cara.

Segui pelo mesmo corredor que os dois haviam sumido, mas Marcella vinha atrás. Parei na porta entreaberta da sala e consegui ouvir toda a conversa, os timbres machucado e o indiferente.

Marcella tentou entrar varias vezes naquela privacidade, mas eu tapei-lhe a boca e comecei a afastá-la e, com esforço, tranquei-a em um armário de limpeza... Voltei para o corredor e vi Sadie andando lentamente, quase desfilando como se não tivesse acontecido nada. Ela estava me intrigando bastante com todos esses acontecimentos... Comecei a segui-la de longe e logo vi que iria matar aula. Isso era totalmente contra os meus princípios... Mas eu tinha ordens claras de protegê-la.

Pulei o muro depois dela e a vi respirar fundo várias vezes e prender a respiração. Estranhei, mas a segui. Sadie sempre foi a mais rápida, a mais ágil; ela parecia sumir por entre ruas, esquinas e vielas, mas eu logo me achei... Ela seguia pra casa.

WALT/ ANÚBIS

Não... Era um sonho ruim... Só um sonho... Eu sonho toda noite e penso o dia inteiro nela. Uma hora sinto saudade e em oura o mais puro desespero.

Ela nunca nos amou...

–Não consigo acreditar... Não posso perdê-la... Ela é a única razão de eu ainda estar vivo!

–Foi a única a quem eu arrisquei tudo...

–Eu... Eu não quero mais viver, Anúbis... Não preciso mais de você...

–O que? Não! Reconquiste-a... Nós ainda podemos... Nós... Ela... – nunca ouvi um deus tão acabado.

–Ela nunca foi nossa; de nenhum de nós... Aceite isso; aceite morrer por dentro...

Sadie havia nos jogado no fundo do abismo mais profundo e sombrio e a única coisa em que eu ainda pensava era em seus braços, seus olhos, seus lábios... O que eu faria sem ela?

–Nunca teve um final feliz pra nós... Pra nenhum de nós. – em voz alta, minha voz dava medo... Eu já tinha perdido ela e, agora, perdia a mim mesmo...

SADIE

Meus avôs tinham saído de casa e só voltariam depois do período de aulas, então eu tinha a casa vazia e só para mim por uns 85 minutos. Era muito pouco tempo para eu chorar o que tinha que ser chorado, pouco tempo para eu deixar de sentir e pouco tempo para por a máscara da falsidade no rosto.

Quando fechei a porta e dei as costas para a entrada, me virei para a escada. Eu precisava estar no meu quarto...

– QUAL É O SEU PROBLEMA? – Carter chegou gritando... A não! Ele tinha visto aquela cena e me seguiu até aqui... Que inferno!

–Carter, não to a fim de conversar. – falei em tom baixo, comparado ao berro dele, minha voz era apenas um sussurro.

– Ah claro! Só são os seus sentimentos que importam, não é? O que foi que deu em você PRA FAZER AQUILO COM O WALT? – ele começou com tom irônico, mas controlado, mas não resistiu a dar mais um berro.

Eu o ignorei e subi as escadas ainda reprimindo as lágrimas.

– Carter, você queria que eu fizesse o que?

– Não beijasse aquele pivete. Você gostava dele ano passado...

–Ano passado já passou. O passado está morto assim como tudo o que aconteceu lá.

Abri a porta do meu quarto e fui fechar as minhas cortinas. Queria, literalmente, me isolar do mundo e de tudo o que nele existe... Mas meu irmão ou é muito burro ou muito cego pra não perceber tudo o que se passava comigo agora.

–Olha só Sadie, isso pode ser só um joguinho pra você, algo fútil e passageiro, mas é importante pra ele. Walt lutou contra toda a maldição da sua família, lutou contra a morte POR VOCÊ! Você só brincou com ele no passado... Ah, com ele e com mais um deus... Tudo isso só pra SE DIVERTIR COM OS SENTIMENTOS DOS OUTROS!

–Carter, para... – minha voz soou tão fraca, já que era impedida por um nó enorme na garganta. As lágrimas me subiram aos olhos contra a minha vontade; eu não consegui mais impedi-las de subir, mas eu as reprimia pra não caírem... Meu irmão não escutou minha voz e nem viu meus olhos já que estava de costas pra ele.

–Você é tão gelada quanto qualquer inverno; incapaz de gostar de alguém! Não consigo ver um motivo para tudo isso... Por que, Sadie? Por que fazer isso com a pessoa que eu mais vi demonstrar carinho sincero por você?

–Carter...

–Ele te amava... Talvez ainda ame com um coração quebrado, mas ame... Você transformou o menino cuidadoso e quieto em rebelde...

–Carter, por favor... – minha voz era quase um choramingo; seu discurso estava acabando com as minhas forças...

–Mas não; isso não foi o bastante pra você... Tinha que destruir a pessoa por dentro só por que você...

–EU O AMO, CARTER! – gritei as palavras que a mais de um ano estavam presas na minha garganta. Meu irmão perdeu a fala e meu corpo caiu sem forças no chão junto com as minhas lágrimas – Beijar o Lion, entregar o colar, dizer tudo o que eu disse... – minha voz morreu enquanto lágrimas voltavam a rolar pelo meu rosto chocando meu irão mais que tudo – Foi tudo muito pior do que parece!

–Sadie... Eu vi você negando tudo isso a ele...

–Foi à mentira mais dolorosa que já contei... Isso tudo... Minha vida toda é a pior verdade que já contei!

–Sadie... POR QUE VOCÊ FEZ TUDO ISSO?

– PORQUE A PORRA DA REPRESENTAÇÃO DO CAOS NÃO LARGA DO MEU PÉ E ADORA INFERNIZAR A MINHA VIDA COM A AJUDA DE UMA VADIA POSSUIDA! – assim que soltei essas palavras percebi tudo o que havia falado... Me levantei do chão enxugando minhas lagrimas e afastando os cabelos do rosto. – Carter vai embora.

–Não, Sadie, que história é essa?

–Eu disse pra você sair... – Carter veio na minha direção... Começamos a brigar com direito a tapas e leves puxões de cabelo. Carter conseguiu me jogar na cama e me prender ali mesmo... As lagrimas voltaram a escorrer, parando no meu cabelo. Ele saiu de cima de mim e se deitou do meu lado... Carter me abraçou protetoramente de um jeito que achei que nunca faria; ele afagou meus cabelos e pediu que eu contasse tudo quando conseguisse...

Nunca pensei que eu fosse me abrir com meu irmão, contar tudo a ele... Mas não esperava o pedido de desculpas que veio no fim de tudo...

CARTER

Ela ficou alguns minutos só chorando em silencio. Foi à pior coisa pela qual eu já passei; ver minha irmãzinha com o coração partido e saber que eu não poderia fazer nada para fazer a dor passar, me destruía por dentro... Mas seu alguém perguntar eu nego!

...Ela contou tudo; bom ela mostrou. Sadie encostou a ponta dos seus dedos no meu rosto e sem dizer nada eu pude ver tudo o que ela passou: como passou a sentir alguém nas sombras, as discussões sem fim, ameaças e bilhetes de Andrea, a perseguição no parque, Walt aparecendo para salvá-la... Senti o que minha irmã sentia, seu medo de perder as amigas, o medo de machucarem nossa família, vi tristeza quando Marcella roubou um beijo de Walt, senti a repulsa quando Lion tentou violá-la, a adrenalina e a felicidade quando ela cavalgou junto ao menino... Um sentimento forte demais para eu conseguir descrever em palavras quando o beijo no riacho aconteceu... Desejo, saudade e paixão nos túneis... E vi a serpente. Ouvi suas palavras e me senti culpado por dizer tudo o que disse.

Sadie o amava de uma forma que eu nunca vi ninguém amar... Talvez com exceção do Walt... A dor que senti quando Sadie contou todas aquelas mentiras hoje mais cedo, foi tão pura e forte que me surpreendo com a sua força em reprimir as lágrimas...

As lembranças sumiram e me senti culpado... Ela tinha passado por coisas demais e não foi justo eu dizer o que lhe disse.

–Sadie... Me desculpa? Eu não devia ter dito nada daquilo...

–Você estava com raiva... – sua voz soou tão fraca que só fez minha culpa aumentar...

–Mas mesmo assim, me desculpa?

Ela não confiou na voz e apenas assentiu. Cinco minutos depois das lagrimas caírem lentamente e de forma sofrida, minha irmãzinha adormeceu ainda no meu abraço. Com cuidado, me levantei e cobri seu corpo frio; se eu não estivesse perto e não sentisse seu coração bater, eu diria que ela estava morta... E no fundo estava... Morta por dentro.

Eu tinha que fazer alguma coisa!

Peguei meu celular e liguei, o mais rápido possível, para Zia... Sadie tinha me mostrado muito mais do que apenas suas dores... Ela me mostrou uma alegria... Um novo casal...

–Carter, cadê você e a Sadie? Parece que até o Walt sumiu...

–Eu preciso da sua ajuda!

–O que foi? Cadê vocês?

–Estamos em casa, a Sadie dormiu, ela não estava muito bem...

–E você precisa de...?

–Preciso que você e os amigos da Sadie juntem a professora de musica com o inspetor.

–O que?

–Um novo casal... É importante!

–Ok.

–Ah e fique de olho no Walt e não o deixe fazer nenhuma besteira.

–Que tipo de besteira?

–Olha, eu já estou voltando... Só da um jeito.

Desliguei e rabisquei um pequeno bilhete para Sadie, caso ela acordasse. Voltei correndo para a escola... Eu tinha um pressentimento horrível em ralação a Walt... Pulei o muro e quase fui visto pelo diretor que estava rondando os corredores... Só os deuses sabem por quê.

Achei Zia com Emma, Liz, e Milena...

–Juntaram os dois? – perguntei ofegante

–Vai ser difícil... – Liz comentou.

–Mas nós gostamos de um bom desafio – Milena acabou a frase. As três meninas mais novas saíram e só sobramos Zia e eu.

–Cadê o Walt?

–Deve ter ido embora...

–Ah, mas que ótimo! – exclamei com ironia e soquei um armário com raiva. Zia estava surpresa e assustada com minha atitude.

– Posso saber o motivo de tudo isso?

–Acho melhor não... Fique longe da Andrea se puder. – comentei me lembrando dos gritos de Sadie “... uma vadia possuída...”.

– Mas nós temos que ajudar a...

– Já se perguntou por que aquela mulher dá tanto trabalho para a minha irmã?

–Não, mas...

–Sadie teria dado um jeito nessa daí a muito tempo. Tem alguém agindo por trás da professora... Alguém que nós conhecemos muito bem.

–Você esta sugerindo que... – Zia ficou pálida e eu só sussurrei.

–O Caos anda muito perto da vida da minha irmã.

SADIE

O meu celular não parava de tocar Rock N Roll da Avril Lavigne e minha cabeça latejava tanto que me senti tentada a ignorar a ligação. Não! Atenda é importante... O alarme soou dentro da minha cabeça.

–Alo?

–Eu sou demais, não sou? – a voz me transmitia um sorriso.

–Você conseguiu? – perguntei abismada e levantando da cama de um pulo.

–Consegui, anjo.

–Ai... Eu te amo, eu te amo, eu te amo!

A risada ecoou na ligação.

–Eu sei...

–Olha, eu vou tomar um banho rápido e te encontro no Starbucks em 20 minutos, pode ser?

–Pode... Você faltou hoje?

–Matei as duas ultimas aulas; nenhuma surpresa, né?

–Não, não é surpresa. Te vejo em vinte minutos.

Desliguei e corri para o chuveiro. Eu estava em um estado lastimável! Meus olhos estavam inchados e vermelhos e meu corpo estava bastante pálido. Um banho frio me faria um bem tremendo. Me encolhi com o frio repentino da água na minha pele, mas me senti bem melhor. Lavei meus cabelos, mas o banho não durou mais que dez minutos.

Vesti uma saia jeans um pouco curta, mostrando bastante minhas pernas. Coloquei uma camisa de botões com estampa camuflada, bem no estilo militar. E dobrei as mangas deixando as até a metade do braço. Calcei meus coturnos e coloquei algumas pulseiras pretas, peguei meus óculos de sol (eu tinha disfarçado com um pouco de maquiagem e a água fria tinha ajudado, mas ainda estava evidente que eu tinha chorado; meus olhos estavam vermelhos, mas o inchaço sumiu – ninguém podia me ver assim!), meu celular, a foto que eu tinha roubado e sai de casa.

Eu tinha encontrado o bilhete do Carter e pelo visto ele é certinho demais e teve que voltar para a escola. Eu não conseguia acreditar que tinha desabafado todas as ultimas semanas com meu irmão; era estranho, mas até reconfortante; Carter agiu como o irmão que a muito tempo eu não tinha... Bom, era melhor assim. Eu preferia manter este assunto em particular o quanto fosse possível.

No caminho passei um leve gloss de morango nos lábios para disfarçar um pouco mais meu desanimo. Meus cabelos ainda estavam úmidos sobre meus ombros, mas eu tinha muita presa em sair de casa para secá-los... Mesmo assim muitos homens me encaravam, babando abertamente.

O Starbucks estava quase vazio e os que se encontravam lá era um bando de engravatados metidos. O vi logo de cara e me dirigi até a frente da mesa na qual ele estava sentado. Max sorriu de lado e se levantou para me abraçar.

–Você esta atrasada em 6 minutos. Mas, reconsiderando o quanto você está linda, eu te perdôo. – eu sorri.

Nossa mesa era a mais afastada possível de todos. O assunto que iríamos conversar era sigiloso e, nem mesmo eu, tinha direito de saber. O garçom se aproximou perguntando os nossos pedidos; o policial pediu o clássico café espresso e eu pedi, surpreendendo Max, um cappuccino com canela.

– E você deveria tomar café?

–Por que não deveria? Eu com certeza não vim aqui pelo chá. – ele sorriu com a minha sinceridade.

–Não vai tirar esses óculos? – ele perguntou confuso; relutante eu tirei os óculos. Max arregalou os olhos bastante surpreso. – Você andou chorando? Sadie, o que foi?

Dei um sorriso de lado.

–Não é nada. Você pode me ajudar com as informações que trouxe. – ele olhou para mim confuso – Quero me livrar de uma pessoa e esse caso parece ter alguma relação... - suspirei – Mas preciso ter certeza do que estou fazendo e você vai me ajudar.

O garçom trouxe nossos pedidos e, ao mesmo tempo, bebericamos as bebidas. Max pôs sobre a mesa uma pasta azul. Ele olhou para mim com duvidas, mas deixou que eu abrisse e admirasse o conteúdo.

Tinha uma foto junto das muitas folhas que compunham o relatório: a menina era muito bonita; cabelos castanhos, a pele clara e as feições delicadas... Havia sangue e uma faca em seu pescoço... E eu conhecia aquela foto.

–Max, se eu te mostrar uma coisa – olhei em seus olhos – promete não contar nada a ninguém?

–Depende.

–Por favor! Não conte nada. – peguei meu celular e mostrei a foto e a legenda que recebi por mensagem; a mesma mensagem antes da festa na escola...

–Sadie... Você acha que quem matou essa menina está ameaçando você?

–Acho, mas ainda me falta certeza. – voltei a olhar os papeis, tomei mais um gole do meu cappuccino – Aqui diz que nunca encontraram o culpado.

–Não tinha pistas de nada que incriminasse alguém.

–Pretendo conseguir que a pessoa assuma isso em voz alta.

–Como vai conseguir isso?

– A pessoa é imprudente e age por impulso, raiva e adora sentir o medo vindo de mim.

–Então você sabe mesmo quem é – ele disse abismado.

–Sei, mas ainda me falta a certeza. – pensei rápido, eu tinha que fazer alguma coisa... – Esteja lá no colégio, ok? Amanhã mesmo tudo será esclarecido e eu espero que minha vida melhore depois. – tomei outro gole da bebida quente.

–Vou estar lá.

–Leve, pelo menos, mais quatro policiais com você. – eu disse analisando os papeis mais uma vez.

–Você deveria pensar em fazer parte da policia ou criminalística. – ele sorria – É melhor que muitos de nós e só tem 14 anos!

–Eu tenho meus contatos. – disse sorrindo; peguei a outra foto que eu roubei e mostrei a ele. – É essa a menina da foto? – duas meninas lado a lado; uma era delicada e sorria de forma angelical, a outra tinha um sorriso frio e um olhar duro.

–A menor. A outra é...

–Minha professora.

–Sadie... – ele me olhou querendo e conseguindo ligar muitos pontos.

–Eu vou arrumar as provas que você precisa junto com a confirmação ao vivo amanhã. Hoje eu vou garantir a minha certeza. – levantei deixando o cappuccino ainda na metade; comecei a pegar o dinheiro, mas Max me impediu.

–Acho que é o mínimo que posso fazer, já que você esta assumindo um caso.

–Brigada. – coloquei meus óculos e sai andando em passos firmes. Ainda era 12h01min, mas Carter e os outros já voltariam da escola. Não! Eu precisava continuar sozinha; acho que não aguentaria explicar muitas coisas. Saí andando até parar em frete a um grande parque, ele era longe da escola, então ninguém viria parar aqui. Caminhei até estar sozinha e meus cabelos secarem, tirei os óculos de sol, pendurando-os na gola da camisa e abri um portal... Eu precisava muito da ajuda de alguém.

O Duat era o mesmo de sempre, mas era no salão do julgamento que eu queria ir. Subi as escadas escuras sem ter noção do que via, mas ao chegar ao topo, um rosnar se fez ouvir. O chacal não tinha os olhos castanho chocolates, mas foi reconfortante enxergar o feroz animal.

–Vem cá. – chamei de forma gentil e, surpreso com sigo mesmo, ele veio até mim. Sentei em um degrau da escada e ele parou ao meu lado; ele me permitiu acariciar seu pelo e me senti estranhamente só.

–Meu pai esta julgando novas almas? – o chacal assentiu. – Você pode me levar até ele? É importante. – minha voz era um sussurro e o chacal se aproximou mais de mim, voltei a acariciar seu pelo e ele se levantou seguindo escada acima; seus olhos brilhantes me chamavam a seguir junto com ele.

Ele me guiou até o Salão. Meu pai ouvia, com o que parecia ser tédio, um cara falar; ele parecia estar com seus pensamentos bem longe. Minha mãe estava ao seu lado e seu rosto era apenas preocupação e, assim como meu pai, observava o nada... Meu pai olhou para a direção do chacal se perguntando o porquê dele estar ali. Ele seguiu o dono da mão na cabeça do animal e me encontrou. Não sei dizer o que se passava em sua mente, mas logo minha mãe me encontrou também.

Meu pai terminou de julgar o homem (que foi considerado, Ah, por falta de palavra melhor, puro) e se levantou, vindo até mim. Seus braços me envolveram em um abraço caloroso e cheio de preocupação.

–Você esta inteira pelo visto. – ele comentou parecendo mais tranquilo. Mamãe sorriu para mim também parecendo mais calma. Não deixei que ele quebrasse o abraço.

–O que esta fazendo aqui? – ele perguntou ainda sorrindo – Não deveria estar na escola?

Fiquei em silencio olhando para baixo... Meu pai entendeu o que isso significava.

–Você matou aula? – seu tom de voz era perigoso, mas ele ainda estava feliz por eu estar bem e com ele.

–Talvez. – mexi no meu cabelo me sentindo inquieta.

–Como talvez?

–Tá bom! Eu matei aula, satisfeitos? – perguntei e meu pai começou a me analisar.

–Não acha essa saia curta demais para você usar?

– Não, paizinho. Esta do tamanho certo. – respirei fundo e não deixei criticar mais as minhas roupas – Mas eu não vim aqui pra ficar ouvindo suas criticas... Preciso da sua ajuda.

Ele me analisou por completo dessa vez e reparou nos meus olhos vermelhos.

–Você... O que? – eu não costumava pedir ajuda, mas...

–Não me force a repetir. – pedi a ele.

–Você sempre foi independente, Sadie... No que eu posso te ajudar? – ele se rendeu.

–Preciso ver alguém.

[...]

Era um lugar claro para o Duat. Reconheci a menina logo de cara, mas agora ela parecia ainda mais bonita. Seus olhos, como que por reflexo, vieram até mim. Nós duas tínhamos muito que conversar.

Meu pai ficou o tempo inteiro atrás de mim ouvindo nossa conversa e, antes que ele perguntasse como eu sabia de tudo aquilo mostrei a mensagem com a foto. No fim consegui todas as respostas que precisava.

Enquanto nós dois voltávamos para o salão, perguntei:

–Pai, existe algum jeito de afastar um, ah... Um deus da sua cabeça?

–Pensei que já soubesse...

–Não. Não falo de um deus ocupar um corpo, mas... Um sussurro no fundo da mente.

–Sim. – ele me olhou tentando descobrir aonde eu iria chegar. – Mas tem que ser a pessoa que escuta a se livrar da voz. Se não for com você, você não poderá fazer muita coisa.

Ai que ótimo!


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Notas finais do capítulo

E? Acham que o Walt/ Anúbis vai fazer besteira e deixar a Sadie? Será que Andrea ainda tem jeito? Teremos novos casais?
rsrsrs Vou deixar vocês descobrirem...
Até o proximo!



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