“Sakura, Sakura... você esqueceu seu querido Sasuke-kun?”

Fui abrindo meus olhos lentamente, tentando imaginar como eu havia parado no quarto da Temari... Só encontrei duas explicações, se eu fosse sonambula ou alguém me carregou até o quarto. Tenho certeza que não ando enquanto estou dormindo então, por eliminação... Sabaku no Gaara era minha explicação mais plausível.

Percebi que havia acordado bem cedo e tinha certeza que o ruivo ainda não tinha saído de casa, percebendo isso, levantei rapidamente do colchão, segui para o banheiro e escovei os dentes. Feito isso saí do quarto amarrando o cabelo em um coque totalmente desajeitado. Confesso que quase caí da escada tropeçando nos meus próprios pés enquanto eu descia apressadamente para vê-lo.

Eu não havia raciocinado ainda no que eu faria quando o encontrasse, na nossa noite de ontem e em tudo que parecia estar ocorrendo conosco. Não havia parado para pensar no que eu sentia por ele, eu só queria sentir.

Parei em frente a porta da sala de jantar e lá estava ele, na cabeceira da mesa, de frente para mim. A cortina do recinto já estava aberta, possibilitando que os primeiros raios de sol tocassem em sua face e cabelo, e ele me pareceu ainda mais belo quando em seus lábios brotou um pequeno, quase imperceptível sorriso. Com esse gesto tão singelo me senti como se estivesse hipnotizada, eu não tinha mais controle das minhas pernas, por isso adentrei o lugar para me aproximar mais ainda do garoto que me observava.

Quando fiquei bem próxima ao ruivo, uma gargalhada me tirou do transe e observei pela primeira vez realmente aquele lugar. Como eu deixara passar despercebido que ele não estava sozinho? E eu imaginei que deveria estar com uma expressão facial muito ridícula, pois Kankuro ainda ria. Desviei os olhos para Gaara e o sorriso ainda brincava no seu rosto que agora parecia estar bem rosado.

Sentei na cadeira que estava mais próxima do ruivo apenas para tentar disfarçar que minha real intenção era na verdade ir até ele. Feito isso soltei um “bom dia” aos dois rapazes presentes, Gaara parecendo ainda envergonhado bebericou do liquido em sua xicara e depois acenou levemente com a cabeça, sem ao menos levantar seus olhos para mim. E ao contrario dele, o moreno me respondeu de forma calorosa, ao mesmo tempo em que mostrava um sorriso que expressava certa malicia.

– Você acordou mais cedo que de costume Sakura. – disse Kankuro enquanto parecia analisar o efeito que essa frase havia causado em mim.

Sorri para não demonstrar o nervosismo que começava a me consumir. Eu até gostaria que Gaara soubesse que fiz isso por ele, mas qual seria sua reação?

– É porque estou bastante empolgada com o trabalho no hospital. – foi o que eu respondi enquanto na minha cabeça se passavam diversas respostas e como cada uma delas afetaria os dois garotos que a escutariam.

Kankuro parou de me olhar para passar os seus olhos no rosto de Gaara, quando fez isso seus olhos adquiriram uma aflição. Assim que isso ocorreu, fiz o mesmo que ele e olhei o rosto do ruivo e encontrei lá alguma coisa que eu não conseguia identificar.

– Achei que a causa fosse o Gaara. – escutei Kankuro falar e antes que eu pensasse em qualquer resposta, o ruivo já havia se levantado...

– Ela já disse que não. – e assim eu escutei a voz de Gaara a primeira vez naquele dia.

Gaara me encarou e eu senti meu corpo inteiro estremecer, os seus olhos estavam diferentes. Quando parou de me encarar, ele deixou a cozinha e logo após escutei a porta principal da casa abrir e fechar. Ele havia saído da casa.

Olhei para Kankuro quase implorando por uma explicação. O moreno me encarava sério, parecia também esperar que eu dissesse algo. Eu deixei passar alguma coisa?

– Você nem percebeu, não é? - foi tudo que o castanho disse.