No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 9
Futuro... de novo.


Notas iniciais do capítulo

06-05-13: AH! DESCULPEM, MAS VOU TER QUE ADIAR O CAPITULO PARA AMANHÃ!!!!
NÃO ME MATEM!!!!!

JA NE!

—--

Yo, people! Mais um capitulo postado.
Estou particularmente satisfeita com esse... senti meu coração palpitando em algumas partes e isso costuma indicar que conseguir traduzir as ideias do meu cérebro em textos 8DDDD

espero que gostem!



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Estava difícil de respirar. Ele podia ouvir a morena tossindo e sua garganta coçava, mas precisava continuar reprimindo, sentindo o maxilar doer com a força com que trincara os dentes. A fumaça ainda se dissipava e havia um peso sobre as costas de Gokudera pressionando-o para baixo. Seus braços e joelhos, ambos escorados num chão arenoso não iam aguentar muito mais a súbita necessidade de força exigida deles, mas não podia ceder...

Não com Haru encolhida logo abaixo de si.

Mas o que diabos estava acontecendo?!

Haru parecia parar de tossir, abrindo um dos lacrimejantes olhos pra encará-lo, percebendo a parede de escombros sobre as costas. Ele viu-a se contorcer no limitado espaço entre ele e o chão debaixo de si, tratando, não sabia dizer como, de se virar e apoiar o peito dele contra suas costas. Contou até três e empurrou o chão com as mãos, conseguindo impulso o suficiente para levantarem e sair debaixo dos escombros.

A parede tombou com um sonoro ‘Crack’! levantando uma cortina de pó e areia à sua volta. Fora isso... não viam mais nada. Todo o resto que os cercava era um grande teto de breu e escombros. Hayato caíra sentado, ofegante enquanto batia pó e pedrinhas dos braços, agora completamente vermelhos, arranhados, e roupas. O coração dela também não parava de correr. Bens à kaa-chan por colocá-la num curso de ginástica. Haru fizera uma nota mental para agradecer à sua mãe não importando a cara de confusão que recebesse.

Haru lhe estende a mão e o ajuda a se levantar. Havia eco. Muito eco. Pareciam estar dentro de um túnel...

E havia sons... abafados, mas muito claros. Sons de luta. Explosões.

Gritos.

Alguém estava lutando na superfície.

Haru mordeu o lábio, sentindo o coração vacilar... ela não queria... não suportaria passar por aquilo de novo, nem por cinco minutos, nem cinco segundos!

“De novo...” sussurrava e os agudos da falha voz que eclodiria em pranto a qualquer segundo correram para todos os cantos escuros do túnel, atingindo Gokudera de todos os como as facas do Bastardo. A morena desabaria a qualquer segundo e o rapaz não estava pronto para receber o baque.

Mas para o Guardião da Tempestade aquilo não fazia sentido... eles não haviam salvado o mundo?

Um soluço ecoou pelo túnel. Não demorou para crescer em um choro reprimido.

Haru estava com medo... E aquilo o estava deixando nervoso.

“Oi, isso não é hora pra desabar. Recomponha-se!” sua voz saiu mais autoritária do que pretendia.

Haru apenas cobriu o rosto com ambas as mãos, chorando ainda mais forte.

“Está me ouvindo, Mulher?! Eu falei pra PARAR!!” rugiu. Sua fúria ecoando pelo túnel, repetindo a idiotice da qual se arrependera no momento que escapou de sua boca e fazendo-a ralhar com ambos, de novo, de novo e de novo. Haru virou o rosto. Ela tremia. Podia dizer que estava brava, com ele, com a situação... mas o medo era grande demais para deixá-la reagir, acuando-a, fazendo-a desabar até precisar se encolher no chão, as trêmulas pernas, fortes o bastante para erguer a ambos do meio de escombros não sendo capaz de sustentar uma delgada menina de quinze anos.

Droga...

Droga, droga, droga, droga!!!

Ele não queria vê-la assim. Não gostava de lembrar que ela era frágil e dependente... não ali! Não quando pareciam estar em algum lugar onde... ele tinha chance de falhar. Gokudera odiava aquela sensação.

Pediu pra ela se recompor. Era só por alguns minutos... A cabeça morena sacudiu devagar, sem forças. Palavras desmontadas saíam da boca da morena, sem que os soluços lhe dessem chance de estruturá-las. Mas nem fora preciso. Hayato checou o relógio do celular. A tela estava trincada no canto, mas o aparelho ainda funcionava.

Já estavam lá havia sete minutos. A bazuca estava quebrada.

Estavam presos ali... e não havia como saber por quanto tempo.

De novo.

Podiam voltar no próximo segundo ou em meses. Talvez nunca, sem o auxilio necessário... e as coisas do lado fora apreciam turbulentas. Ele teria que protegê-la. Até voltarem.

Ele estava com medo.

Medo de falhar.

Ia levantar Haru pelos ombros (não havia utilidade permanecerem ali se não sabiam se iam mesmo voltar automaticamente) quando viu uma maleta preta ao lado dela. Gokudera a analisa um instante. Parece ser de metal e não tem nem tranca nem senha... apenas um buraco, como a entrada para o anel das boxes... e o emblema do Guardião da tempestade na frente.

Aquela era a sua maleta. No futuro.

Tratou de colocar uma porção de suas chamas e ela se abriu, instantaneamente. A sensação de Dejá vu o inundava... Dentro da maleta há uma carteira, um diário e algumas boxes.

Haru começava a chorar alto. Ele grita para que se cale, mordendo a língua quando o eco de sua própria alterada voz o repreende pela ignorância. Abre o diário.

E todo o conteúdo, cada palavra e frase... estava em G-Code.

Procurou pela última página na qual escrevera. Checou a data. Os verdes olhos se arregalaram.

Dois anos no futuro.

Aquela não era a batalha contra Byakuran... era alguma outra coisa. Algo que aconteceria no ano que a Décima Geração Vongola se mudaria para a Itália.

Institivamente começara a folhear as páginas de trás pra frente, traduzindo e checando cada título até chegar à contracapa do caderno. E para sua surpresa... havia instruções ali. Ao lê-las, Hayato sorri.

Ele era um gênio!

“Este é o G-guide. Ele e a Anti Time Travel Case são protótipo ainda em fase de teste. Preservo nestas sucintas páginas um pouco de cada dia para que, caso se repita os eventos que nos levaram até as ‘Batalhas do Futuro’ ou para prevenir quanto aos surtos da Vaca Estúpi do pequeno Bovino, você do passado, eu, possa ter pelo menos uma noção do que está acontecendo.”

Gokudera ria. Gênio! Gênio! Gênio!

“Este é apenas um panorama de onde e quando você está. Como proceder, no entanto, é contigo. Boa Sorte.”

Gokudera parou de rir quando reparou que parecia meio maníaco. Mas era difícil se conter... Desde que voltaram do Futuro o guardião vinha pensando como ele se precaveria de outra situação daquelas... Passara horas e horas em aula e em seu quarto estudando textos, perguntando-se o que seeia e o que não seria importante revelar de cada um de seus dias pro caso de trocar de lugar com seu eu de outra época. Sorriu orgulhoso por descobrir que seu eu de um futuro próximo havia conseguido.

E mais, olhando para a ‘maleta anti viagem no tempo’, com um design que muito lembrava o estilo oculto das boxes do Innocenti, ele estava orgulhoso ao ver que também conseguira um jeito de manter aqueles registros no passado. Perguntou-se seu eu mais velho carregava aquele negócio de um lado para o outro todo o tempo e fez uma nota mental para criar uma versão mais compacta, algo como “pote anti viagem” ou “plástico-bolha anti viagem no tempo”. Ele precisaria de algo mais prático, isso com certeza.

Hayato folheou as páginas mais um pouco, sentindo seu cérebro trabalhar. Hm...Precisava de um tempo pra decifrar as ultimas páginas escritas e ver se descobria o que estava havendo na superfície, mas, primeiro....

A mulher.

Levou um tempo só ouvindo-a soluçar e reprimir o choro. Reparara agora que, desde que gritara com ela, a Mulher vinha sim, tentando forças as lágrimas a pararem de cair. Ela só estava falhando miseravelmente. Decidiu esperá-la se recompor sem abrir a boca. Já havia causado estrago demais. Queria ler logo o diário, mas... devia isso à Haru.

Quando retomou o controle de si, o que lhe parecera ser eras depois, Gokudera contou sobre o diário, pedindo, com muito cuidado com as palavras que utilizava, para que ela esperasse um pouco mais.

Levou um tempo, a força que fazia com a vista pela ausência dos óculos não ajudava, mas chegou a uma página, bem próxima da última na qual escrevera, cujo título parecia relevante.

“Gangues Estúpidas

Aparentemente, ele havia acabado de ser informado que Namimori estava sendo atacada. Estava em um voo para lá quando registrava a informação. A yakuza parecia ter desenvolvido suas próprias ‘armas boxes’. Reborn os informara da possibilidade do maldito Verde ter tido algum envolvimento naquela história. Não eram um grupo grande, mas várias gangues de quatro e cinco pessoas causando tumulto.

Che. Só aquilo? Então aquela confusão era só pelo susto... a Vongola havia sido pega de surpresa.

O texto conta também que Hibari, o Guardião responsável pela pequena cidade natal deles (porque Gokudera não estava surpreso?) estimara um prazo de três dias (do qual, pela data, já havia passado o primeiro) para ‘eliminar a praga’.

E ele deixara claro que não queria a Vongola se metendo em seu caminho, do contrário, seriam espancados até a morte como um gangster idiota qualquer. Juudaime concordara com os termos, avisando que mandaria somente a Varia para cuidar da população e manter os civis fora de perigo enquanto o Guardião da Nuvem se divertia.

...

Era isso? Tudo sob controle? Era só esperar mais dois dias para o Idiotas das Tonfas extinguir alguns marginais?

Então porque seu eu de dois anos no futuro estava em um voo para lá?

Um último soluço saiu da garota Hahi enquanto ela secava os olhos, exausta. A sensação da parede pressionando-o contra a garota enquanto ele usava o corpo para servir de escudo se ascenderam em sua mente.

Haru.

Ele voltara pra proteger Haru.

E como haviam parado naquele lugar? Onde diabos estavam, afinal?!

Não sabiam quando voltariam. Sequer se aconteceria automaticamente. Dentro de dois dias, quando Hibari acabasse precisariam procurar alguém e arrumar um jeito de voltar. Até lá, munidos com uma única garrafa de água e alguns lanches que ele claramente pegara do voo...

...eles teriam que sobreviver.

ooo

As primeira duas horas ficaram lá. Sentados. Feito dois retardados, esperando a bazuca reverter sozinha. Era uma última esperança de tolos.

Mas a agonia de cada segundo a mais que ficavam ali só aumentava o desespero, sua irritação e, consequentemente, suas chances de descontar a frustração nela. Por isso Gokudera decidiu andar.

Descobriram estar no que parecia ser uma estação de metrô abandonada. Os escombros sob quais haviam sido enviados eram partes da parede que se soltara com os tremores das lutas à cima. De tempos em tempos o túnel estremecia, soltando um pouco de pó e pedrinhas, feito uma ruína antiga. Precisavam ficar atentos para outro eventual desabamento...

E com Haru muito perto, ele não conseguia ficar atento.

Por duas vezes ele sentira a pequena trêmula mão dela tentar escorregar para perto de si em busca de proteção, sendo rispidamente enxotada ambas as vezes. Gokudera se sentia um lixo. O ‘Gênio! Gênio! Gênio!’ com o qual se parabenizara fora a muito substituído por todas as variantes possíveis e imagináveis da palavra ‘imbecil’ que ele conhecia, incluindo em outros idiomas. Olhar... tocar... quanto mais contato com a fragilidade dela, mais agitado ficava. Era a primeira vez que se falavam pessoalmente desde o dia que Tsuna e Kyoko viraram um casal e, desde a primeira troca de olhar, Gokudera sentira sua guarda ficando baixa. Ela o distraía. Aquilo o deixava inquieto.

Hayato sabia que ela precisava da proximidade, mas não... não podia. Não quando aquela ação o privaria de, de fato, protegê-la.

De inquieto ele estava ficando bravo. Bravo consigo próprio, não com Haru... Mas aquilo, infelizmente, não o impedia de descontar nela. Tinha que se segurar pra não gritar a cada soluço ou choramingo que a Mulher deixava escapar. Andaram não sabiam por quanto tempo. Comeram um dos lanches que estava na maltea e prosseguiram pelo que parecia a eternidade ao longo do túnel abandonado.

Até que, enfim... uma porta.

Era uma entrada para funcionários. Gokudera a arromba e encontram o que parece ser uma escadaria. Sobem e encontram um longo corredor com várias portas. Eles abrem e vasculham todas, mas param na que parece mais habitável. Andaram muito, as pernas cansavam. E o pior, não tinham ideia de que horas eram.

Melhor descansar.

Sentou-se no canto que lhe parecera mais sóbrio. O alivio que sentiu por saírem debaixo daquelas paredes rachadas se dissolveu quando houve outro tremeu e um pouco da tinta do teto caiu no canto da sala.

E ele queria tanto dormir. Mas precisaria ficar vigiando. Pelo menos ela poderia descansar.

Che. Até parece.

Haru fizera questão de se encolher no canto mais distante de si. Estava brava e magoada e, enquanto não tivesse forças para expressar aquilo com gritos e xingamentos, ela se manteria bem longe dele. Aquilo o frustrava. Melhor ler. Pegou o diário e tentou traduzir as páginas.

...

Tsk. Ela estava abraçando as próprias pernas.

...

...

Haru não parecia nem um pouco disposta a descansar.

...

Merda.

Ele não... ele não tinha outra opção.

“Oi...” chama a mulher.

Haru o olha. Ele está vermelho muito, muito, muito vermelho.

“Vou deixar bem claro, mulher... q-que é só dessa vez.”diz Gokudera estendendo o braço, chamando-a. “Vem.”

Haru sorri, sentindo as lágrimas que vinha segurando escorrer desmedidamente enquanto ela pula no pescoço dele, derrubando os dois no chão. Ela o aperta com tamanha força que Hayato se esquece completamente de qualquer impressão de fragilidade que tivera dela. Seu rosto queima. Seu coração late. Ele resmungou uma reclamação, mas, com os braços cercou as costas dela, virando-se bruscamente para o lado. Soltara um surpreso ‘Hahi’ quando parou com a cabeça apoiada no braço dele. Sua testa estava apoiada na curva do pescoço dele e o antes trêmulo corpo começava a sucumbir àquele calor que Hayato emanava, sentindo em seu rosto cada mínima movimento da boca dele. Haru sorri. Ela passa os braços envolta do troso dele, puxando-se para mais perto possível e rindo-se internamente dos espasmos contrariados que ele soltava, só pra depois resmungar e abraçá-la também.

Agora ela sentia que podia descansar.

Sim... ela podia.

Apesar de ter achado que aquela ideia era boa nos primeiríssimos segundoa, o rapaz de cabelos prata agora se arrependia... Quer dizer, a ideia era ele poder dormir sabendo que, se algo acontecesse a ela, ele sentisse e acordasse, mas...

Tumtumtumtumtum...

Gokudera mal conseguia lembrar de como respirar!


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Notas finais do capítulo

Só pra explicar, este capitulo e os dois próximos são um plano que tive para uma segunda Fic GokuHaru [na verdade essa visita ao futuro nasceu antes de No Olho da Tempestade] e, como disse em outros comentários, decidi juntar aqui pra tornar essa um pouco mais interessante ;D

O que fran fazia lá, que luta é essa do lado de fora e tudo o mais será explicado POR CIMA, já que são trechos da fic 1896 que estou fazendo paralela a esta aqui xDDD

não esqueçam de me dizer o que acham!

p.s.: Próximo capitulo na segunda-feira!