No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 7
Casinha


Notas iniciais do capítulo

Yo!!!!
Pensando no clima de feriado, hoje estarei postando um capitulo quase NA INTEGRA, sem quebrá-lo, só pra vocês terem uma noção do que costuma ser o tamanho médio de um capitulo meu xDDD
[lembrando que essa é a segunda parte do capitulo anterior]

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359026/chapter/7

Outro dia tranquilo em Namichuu.

Pra não dizer chato.

O Décimo Vongola não era do tipo que reclamava da quietude. Principalmente depois de tudo o que passaram no futuro. Mas aquele dia específico não estava calmo ‘em paz’. Estava apenas quieto. E Tsuna e seus guardiões sabiam muito bem quem era o responsável por essa monótona quietude.

Suspirou preocupado. Kyoko parecia bem feliz, e, mesmo sem uma confirmação verbal vinda de sua namorada, ele tinha certeza de que aquilo indicava que pelo menos Haru estava bem.

O que só o deixava ainda mais confuso.

‘Só espero poder voltar a falar logo com Gokudera-kun...’

“Tadaima, Kaa-” e Tsuna se depara com, não um, mas dois corpos inconscientes estendidos no chão de sua sala “HIIIII!”

Ele estivera a aula inteira se perguntando o que havia acontecido com jovem guardião. Seu amigo estava estranho desde que chegara todo amarrotado na segunda e Tsuna não conseguia perguntar-lhe o que acontecera. Mas ao chegar em casa, qual não é a sua surpresa ao encontrá-lo bem ali, estirado no chão com um pano umedecido sobre os olhos e uma boca firmemente enrugada em dor. E tinha mais um...

“K-kaa-san, o que aconteceu aqui?”

“Ara, Tsu-kun...” o rosto sorridente de Sawada Nana pipocou na porta da cozinha, enquanto ela enxugava as mãos, claramente sem dar a mínima para o quão estranho era ter pessoas desmaiadas no meio da casa. “Gokudera-san veio te visitar e acabou passando mal...”

“S-sim, m-ma-mas... Bianchi também?!”

Gokudera era de se esperar. Mas a imagem da Hitman Mestre em Envenenamentos, deitada próxima a ele: mãos sobre a barriga como o irmão e um pano úmido sobre os olhos ocultando todo o rosto exceto uma boca ligeiramente curvadas em desconforto era simplesmente... errado.

“Pois é... estranho, não?” agora Nana parecia ponderar sobre a anormalidade da situação, pondo o indicador no queixo enquanto as castanhas orbes passeavam pelo teto. “Eles simplesmente se encararam... e desmaiaram. Haha!”

‘Não é uma situação pra se rir, mãe...’

“Urgh...” ouviu-os murmurar.

Ah! Eles pareciam ter acordado. Pelo menos resmungavam coisas um para o outro.

“I-idiota...” Gokudera gemia entre dentes. “É seu castigo por ter tirado o-os óculos...”

“Por favor...” a voz era débil, mas não vacilava. “...não me dirija a palavra... até ter virado homem, Hayato...”

“Ora s-s-sua...!”

À mesa tomando chá, Reborn apenas sorria, pedindo mais lanches para Mama, deixando o pobre moreno como o único a estranhar a situação.

Mas o que foi que aconteceu!?!

Passaram-se boas horas até os irmãos recuperarem forças para se levantar. Infelizmente, pra Tsuna, nenhum deles parecia disposto a abrir mão da discussão para lhe explicar o que estava havendo...

“Diga, pelo menos, que já contou pra ela sobre o que sen-” o mais novo a cortou bruscamente.

“Não há o que contar, porque isso não vai mudar minha decisão!”

Silêncio. Pela primeira vez, Tsuna testemunhara o queixo da de cabelos róseos cair, incrédulo, Até Gokudera a seu lado parecia espantado.

“HA-YA-TO...” B-b-b-bianchi estava... perdendo a compostura? E que olhar... pasmo era aquele? Ela dizia cada sílaba devagar, mastigando cada uma como se fosse o irmão a ser triturado em seus dentes. Era como se a raiva que ela sentia quando via Lambo Crescido e o confundia com o ex estivesse se manifestando quando ela olhava para Gokudera... “Eu sempre soube que você era muitas coisas, mas não achei que COVARDE fosse uma delas!”

E os dois meninos engasgaram, um horrorizado, o outro, apavorado.

“E você ainda nem percebeu, não é?!” não. Seu braço direito estava claramente tão perdido quanto o pobre e apavorado chefe mafioso.

“Pra mim CHEGA!” ela ruge, só pra depois se virar e dar um beijo na bochecha do arcobaleno com um doce ‘até logo, Reborn~’, pegar seu casaco e avançar até a porta “ Cansei de você! Se precisarem de mim estarei na presença de gente que ENTENDE DO AMOR!” Bam! Fecha a porta e se vai.

...

Tsuna olha pra Gokudera, devagar.

“Su-sumimassen... Juudaime!”

E ele também sai correndo pela porta.

Bam!

“Ara... seus amigos já foram? Que visita mais rápida...” Nana olha pro embasbacado filho. “Tsu-kun? Está bem?”

Ele leva ambas as mãos para a cabeça...

“Por que ninguém me explica nada!?!” choraminga o pobre chefe mafioso pro alto.

ooo

Gokudera voltou pra casa, exausto. Chegava a ser ridículo estar tão cansado sem ter feito uma atividade produtiva que fosse.

Bianchi o cansava. Mulheres o cansavam. Elas eram sensíveis demais para pobre e genial cérebro dele conseguir lidar. Foi pro banho, um banho bem longo... Depois arrumou pra dormir.

...e ligou pra Haru.

Era hora de dar um fim àquela palhaçada antes que...

....que ...ahn...

...Bom...

Ele ia dar um fim naquilo. Ponto.

Estava terminando de enxugar o cabelo quando Haru atendeu.

“Ciao~!”

E ele quase tacou o celular pela janela.

“A-aneki!!!”

“Por favor, não me encare. Não suporto ver essa sua cara de pau tamanha é a vergonha de ter um irmão que entende tão pouco do amor.” E evitava olhá-lo tanto quanto ele já que parecia fazer questão de não usar mais os óculos. Fora só de relance, um mero raspão no cruzar de olhos e ele já podia sentir a cabeça rodar, zonzo.

“M-mas o que você-“

Hello, Gokudera-kun!” Haru brota na tela pendurando-se no pescoço de sua irmã, tirando-a momentaneamente de seu campo de visão. “Bianchi-san disse que veio visitar a cunhada! Haru está tão feliz desu~!!!”

EH?!

Ele ia matar a sua irmã...

“Ah, vamos lá, Ahodera, não precisa fazer essa cara, é só brincadeira desu~!”

“E VOCÊ LÁ TEM TEMPO PRA FICAR BRINCANDO, IDIOTA?! Chama a aneki! OI, Bianchi!!” e o rosto da mais velha aparece na tela. Ainda. Sem . Os malditos. Óculos! Gokudera fora obrigado a dizer tudo mirando a parede do quarto se não quisesse cair inconsciente pela terceira vez naquele dia. “S-sai já daí! A Baka Onna tem trabalho a fazer!”

“Oh...” ele não precisava vê-la pra saber que a mais velha sorria. E algo no tom que usava lembrava muito a Mukuro, tamanho era o nível de dissimulação da voz. “Está in-co-mo-da-do, Hayato~?” porque ele tinha a impressão de que aquela não era a palavra que ela pretendia usar? “Por que não vem pra cá e me tira daqui? Digo, se tiver ganas de aparecer.”

Ora, aquela...

“É verdade! Por que também não visita a Haru, Gokudera?” Haru pipocou novamente na tela.

“A-ah...” droga de Mulher Idiota, e suas fofurisses na hora errada! Ele virou o rosto de novo, ajustando a cor do vídeo pra não verem que estava ficando vermelho. “E-e-eu...” do celular ainda saiu um “Já vou avisando que é uma festa do pijama, Hayato, então te aconselho a escolher com calma sua roupa de baixo e se preparar pra dormir aqui. Huhuhu~.’ vindo de sua irmã. O-o que? Mas por quê escolher com...? NÃO! Nem pensar!! ”Baka! só liguei pra pedir pra você parar com esse jogo de casinha... Está me dando nos nervos.”

“Ahhhhh, mas brincar de Famiglia-chan é tão legal desu~!” ela até dera um nome para sua doença! “E Bakadera devia agradecer por deixarmos você ser o chefe da casa desu~! Olha o que Haru e Bianchi fizeram!” e levanta uma folha de papel cheio de desenhos que sua tela não permitia entender direito. Eram provavelmente de sua irmã, já que Haru desenhava bem.

Sério, quantos anos elas tinha? Seis? Ele não esperava aquilo nem mesmo da Vaca Estú-

“Aqui é a casa, esses são Tsuna-chan e o cãozinho Yama-chan~!” Ela realmente havia desenhado o Maníaco do Baseball como um cachorrinho. Huhuhu... até que era engraçado...

‘Pega, garoto!’ e tacaria a espada dele para dentro do caminhão de lixo, vendo-o persegui-lo até sumir no horizonte infinito...

NÃO! VOLTA GOKUDERA!

Haru mostrou a próxima página.

“Aqui são Haru brincando com os filhinhos Lambo-chan, Ipin-chan e Tsuna-chan!”

Quem ela estava fingindo ser? Sawada Nana? Bom a mãe de Juudaime era mesmo uma das ídolos da Garota Hahi... Ele precisou segurar pra não rir e acabar por incentivá-la, porque Haru se desenhara brincando com os “filhos” usando a fantasia de Namahage e parecia não notar no absurdo daquilo.

Quero dizer... você brincaria com seus filhos fofamente vestido de Homem do Saco (não, ele não está se referindo a um certo bom velhinho)? Maníaco do Parque, talvez? Pois é, Gokudera também não.

“Que tal colocarmos Ryohei e Hana como vizinhos da Famiglia Goku-chan?” a voz da aneki chegara a seus ouvidos, mas graças a uma Haru ajustando a tela, Hayato não podia vê-la... Mas pôde ver as madeixas soltas da morena caindo sobre os ombros e pareciam ter crescido um pouco. Se flagrou divagando com a vontade de correr a mão pelos cabelos dela e sacudiu a cabeça para afastar tais pensamentos. “Kyoko-chan pode ser a filhinha deles.”

Quando terminou de ajustar e se afastou (pro desgosto do rapaz), a câmera enquadrava mais ou menos o meio do quarto de Haru, agora mais ‘arrumado’, com a papelada toda empurrada para os cantos, onde as duas criminosas estavam sentadas frente à frente na baixa mesa de centro da Baka Onna. Bianchi, à esquerda, parecia apoiar a cabeça na mão, deixando o cabelo longo e róseo encobrir a parte do rosto que aparecia na tela dele. Não tinha certeza se fazia de propósito, se por consideração a ele, ou se por também passar mal... Mais ficou agradecido.

“Hmm... Haru não consegue ver Hana com crianças em sua casa, nem se fosse a versão chibi da melhor amiga... nem mesmo... de mentirinha desu”

Gokudera também não.

Espera...

“OI, que história é essa de Famiglia Goku-chan?” ambas as mulheres voltaram os olhos para a tela. Bianchi voltou a virar o rosto e escondê-lo atrás do cabelo no instante seguinte. Ele continuou. “Falei sério. Quero que me deixem fora de suas brincadeirinhas.”

Haru estava vermelha. Uma certa mágoa certamente passou pelos grande olhos castanhos, mas fora logo substituído por aquela irritação da qual Hayato já sentia falta. Haveria briga! Ah, é... e seria das boas! Ele estava pronto pra receber o primeiro insulto quando sua irmã abre a maldita boca e solta um “Por mim tudo bem, Haru... A gente encontra alguém melhor”.

Vush! Toda aquele lindo sangue fervendo, toda aquela deliciosa fúria e descontentamento da garota escorre para fora de seu ser ralo abaixo. Mas que desperdício de uma boa irritação.

Bianchi sorria. Nada de mostrar os olhos olhos, ainda ocultos pela longa franja rosa, apenas o sutil curvar dos lábios. Ah, ela ia pagar por aquilo...

“Pode recostar ai Hayato... Haru vai voltar a trabalhar e pode precisar do seu auxílio...” sabia que ela não o estava vendo, mas não deixou de estreitar os olhos cheios de suspeita. “Não, nós não vamos mais chamar seu doce nome em vão.”

E lentamente ele se recostou na cabeceira de sua cama. Colocou o celular no suporte em cima da escrivaninha de modo que pudessem (Haru pudesse. Bianchi não o faria nem se quisesse) vê-lo e pegou a enciclopédia A.M.N.I. que guardava debaixo do travesseiro em caso de emergência/Mulher Estúpida desabafando.

Ele havia vencido? Havia, não havia?

...

Hmm...

“Agora, enquanto você trabalha, preste atenção nos candidatos a chefe da famiglia e me diga o que acha deles... ” AHÁ! ELE SABIA!

ooo

“Pode guardar seus grunhidos para si. Não estamos mais te incluindo do jeito que você queria, não é?” e Gokudera voltava os olhos para o grosso livro bem devagar, feito um gato contrariado. “Ótimo...” e por trás da longa franja que o impedia de ver seu rosto, Bianchi pisca para a morena.

Ele está totalmente sob controle.

No quarto de Haru, ela se segurava pra não rir do modo como Bianchi jogava os humores do irmão de um lado para o outro, feito uma domadora de feras no circo. Claro que ela detestava aquela crueldade contra os animais (contra os animais), mas Bakadera realmente fizera por merecer.

Ainda não sabia ao certo das intenções ocultas de Bianchi... ela adorava a mais velha, reconhecendo-a como uma mulher madura e sofisticada desde a primeira vez que se viram e era óbvio que tempo com ela no futuro só serviu para aproximá-las.

Haru via em Bianchi o que ela sempre quis em uma irmã.

Quando contara sobre seu ‘noivado’ de mentirinha com Gokudera, no entanto, a Garota Hahi entrara em contato com um lado da mais velha que não conhecia... um lado mais mulher e menos hitman... mais quente e acolhedor... emotivo. Sonhador.

Pegou-se perguntando se Bianchi sabia que seu tempo juntas estava acabando.

E pela proximidade da de cabelos róseos com Reborn... Haru suspeitava que sim.

Lançou um olhar para a tela de seu celular. Gokudera olhava para o livro com uma determinação um tanto cômica... Huhuhu~! Ele nem percebia que elas sabiam que só estava encenando... Hayato nunca focava em um livro enquanto não estivesse de cabelo preso e óculos na cara.

O que era uma pena... O estilo ‘rapaz estudioso’ que apresentava quando amarrava o cabelo e colocava aqueles óculos seria sempre o mais charmoso desu~.

Voltou pro seu trabalho. Sem fingir. Ela realmente queria terminar logo com aquela tortura.

“Bom, para candidato nº 1 que tal...” Bianchi pensou com cuidado. Usando-se de sua experiência como Hitman para benefício próprio, ela sabia muito bem que até a ordem da escolha seria importante. Huhuhu... “Famiglia Yama-chan? Takeshi cozinha bem e parece ser... muito atencioso...”

O alvo reagira com um reprimido tique nos olhos.

Tempode reação: 0,97 segundos... desconsiderando as limitações digitais: 0.68 segundos

Oh~... Nada mal, Hayato.

“Aí Haru ficaria sem o akita inu dela!” respondera sem tirar os olhos do papel. Hayato aproximara o livro do rosto até ocultar os lábios, mas sem dúvidas estava sorrindo. “Apesar...”

O suspense o estava matando, Bianchi podia sentir. Céus, se ela tivesse combinado aquilo com a morena, as coisas não estariam se desenrolando tão bem quanto agora.

“Apesar...” incentivou, antes que visse seu irmão explodir outra parede do quarto.

Ela parou de escrever um segundo para dizer. Sorria tão lindamente, era uma pena Hayato não poder ver.

“Haru realmente acha que Yamamoto-kun seria um pai incrível desu~!” ainda mais lindo fora a força com que Hayato afundara a cara no livro. Bianchi rira alto para não deixar sua amiga perceber o baque do encontro dos dois objetos maciços e deixou a menina continuar. “...Mas... Não sei. A gente não conseguiria conversar muito... Ele é calmo demais, meio... desligado.”

Era engraçado ver uma desligada falando de outro... Embora tivesse que levar em consideração quão desligada Haru se mostrava e o quanto ela realmente era.

“Ok, próximo então...” Hayato havia acabado de relaxar as sobrancelhas. Aquilo seria interessante. “Famiglia Roku-chan” Hayato engasgou... Haru engasgou!! Bianchi queria sair correndo e rir. “Mukuro é bem inteligente...”

“Hahi, Mukuro-san é muito assustador desu~!” os olhos espremidos vergonha se arregalaram assustados “E dangerous...” sem tirar os olhos do livro Hayato mexia a cabeça afirmativamente. Será que ele ao menos percebia o que ele... Não. Com certeza não.

“Com Hibari, Haru estaria super protegida...

Porque que Gokudera sentia que cada característica dos ‘candidatos’era para alfinetá-lo? O que ela estava insinuando? Que podia arrumar para a Famigliazinha idiota da Mulher Estúpida alguém tão bom quanto ele?

Há!

Vai sonhando...

E, finalmente, Bianchi parecia atribulada.

“Hmm, vejamos... um mafioso vigilante... forte... gênio...”

Isso mesmo, nunca vão achar. Gokudera ri pra si próprio. Ele era uni-

“...Guardião da Tempestade” espera, ela não dissera nada sobre ter que ser um- “...e... você queria um cavaleiro, mas um príncipe também serve, não serve?”

Es-es-espera só um pouquinho....!

“Sabe, Haru, na Varia tem um certo Be-”

“ELE NÃO!!” rugiu. E de tal forma que o celular da morena estremeceu e caiu pra fora do travesseiro no qual estava apoiado até quase (por muito pouco) atingir o chão. Bianchi o pegara no último segundo.

Reajeitou o aparelho. As meninas voltaram a aparecer no centro da tela. Quando ambas param, Haru olhando-o como se quisesse entender por que ele estava prestando atenção na conversa, ele pigarreia e prossegue. “Acho que já chega de agir como se eu não estivesse presente quando sou eu quem esta pagando a conta da chamada!”

Haru abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Bianchi fora mais rápida.

Ara... então desliga.”

Ela falara sério.

Depois de um segundo inteiro digerindo o tom que a irmã usara, Gokudera não fora capaz de disfarçar o olhar ofendido. Haru notou que Bianchi não estava mais emanando aquele ar brincalhão... ela estava séria. Fria. “Não estamos precisando de você.”

Antes de Hayato decidir desligar a morena solta um “Não!” que chama a atenção de ambos irmãos.

“Não diga isso, Bianchi! ! S-se... Se Gokudera não casar com Haru de mentirinha... então Bianchi não poderá ser a cunhada de mentirinha da Haru e... e...!” ela precisava resgatar o clima leve... queria e queria muito passar os últimos anos com eles em paz. Eles com ela e também um com o outro. “Haru quer mesma que você seja minha ‘Sister-in-Law’... mesmo que só de brincadeira.”

Então era aquilo? O elaborado plano de Bianchi era fazê-lo participar para serem cunhadas de faz de conta? Porque elas não simples...mente...

Bianchi estava abraçando Haru. Forte.

Um aperto... temeroso.

As orelhas de sua aneki estavam ficando vermelhas. Não via. Não conseguiria ver nem se o cabelo não estivesse impedindo, mas tinha certeza de que os olhos claros, verdes como os dele próprio e como os do homem cujo sangue tornava-os parentes, estavam marejados. A voz dela, sempre tão decidida, sempre tão inabalável, agora denunciava aquilo.

“Ainda que Hayato nunca aceite, Haru.. “ e não completara com ‘brincar “Nada vai me fazer deixar de te ver como minha irmã. Não esqueça disso.”

Ele vê. Claramente. Pela primeira vez Hayato entra em contato com cem por cento das emoções de sua irmã e em um peso que faz seu coração vacilar. E ele soube que ela quis dizer cada palavra.

“Ara...” diz, virando o rosto até os cabelos que bloqueavam a vista de Hayato a separassem dos olhos surpresos de Haru. “Parece que estou meiop gripada...” Mentirosa. “Vou... ao banheiro, sim?” dito isso, Bianchi se levantou e saiu. O som da porta se fechando não sendo capaz de abafar o soluço dela.

Gokudera viu a Mulher Estúpida observando a porta do quarto por longos segundos, os olhos bem abertos, confusos... doloridos. Haru havia percebido.

Ambos os quartos, o dele e o dela caíram no silencio tão logo a mais velha se retirara. A morena pareceu voltar a si com um fraco ‘Hahi.... É melhor ajeitar os desenhos da Bianchi e da Haru antes que ela os perca de-desu~’ e, pegando uma caixa de papelão do armário, se pôs a arrumar.

Na tela, cercada de papel, prestes guardar seus planos pra um futuro imaginário no fundo de uma caixa, Haru enrolou o longo cabelo solto e jogou-o para dentro da blusa do pijama. Havia substituído o blusão da universidade do pai por um original: short amarelo, blusa de manga comprida amarela e um longo capuz que cobria o rosto inteiro com a estampa da máscara do Namahage. Ele chegava a ficar irritado com o modo como... bom, como ela ficava bonita, mesmo daquele jeito destrambelhado. Gostava muito do cabelo dela solto, caindo sobre o rosto feito uma moldura cara para um quadro fino, muito melhor do que o rabo de cavalo alto no qual costumava aprisionar as madeixas ou o improviso de colocar pra dentro da blusa. Gostava dos cosplays. Deus lhe perdoe, ele gostava dos cosplays que ela inventava... da habilidade dela para criar como um todo, na verdade. Ele não tinha dúvidas que quando crescesse Haru seria o estilo ‘Mama’, assim como a Sawada-san. Só que com alguns acréscimos: Ela faria roupinhas de bichinhos pros filhos, já que nunca falhava em compartilhar seu amor pela roupinha da Vaca Estúpida, cozinharia e, o que ele sabia que seria a parte que a tornaria absolutamente única, ensinaria a cada um deles a fazer cosplay e se defender contra agressores.

Não negava que queria fazer parte de um futuro como aquele.

Mas queria que aquele futuro durasse.

'Covarde!' gritava-lhe a voz de Bianchi.

Sim.

Talvez ele fosse mesmo um covarde.

“Ah!” ela observa uma das folhas nas mãos. E então mostra para a tela. Era o desenho da casa que comentara na noite anterior, quando aquele jogo nasceu. Ela parecia tê-lo incrementado, pois os antes toscos rabiscos de lapiseira estavam agora caprichosamente passados à caneta, com cada espaço colorido com lápis de cor.

Uma casa pequena, menor do que a dela, inclusive, mas do mesmo tom amarronzado, como barro queimado. A casa à esquerda era claramente a de Juudaime (Haru copiara muito bem), então deduzia que a da direita seria a do Sasagawa.

Uma casa pequena. Simples. E cercada pelos amigos. Era tão fácil de ler as intenções... e tão simples... que só podia se sentir mal por saber que não seria capaz de oferecer aquilo. Aquilo, só aquilo...

Não de verdade.

Ao beiral da porta da casa do meio. Ele viu Uri... desenhado com graça, deitado preguiçosamente à sombra de um Namahage de jardim.

“...Haru também vai fazer um parquinho maior e mais perto, porque ela quer que os filhos e os amigos deles tenham um lugar pra brincar!”

“Oi, estúpida...” chamou, apoiando o rosto na mão, esticando-se na cama. O livro aberto do qual não lera uma linha sequer estava de volta embaixo de seu travesseiro. Antes que ela começasse com o ‘Haru não é estúpida desu~’ ...“Que desenhozinho mais patético é esse?! Você não espera mesmo que eu e Uri nos sujeitemos a essa cabanazinha, espera? Só na minha casa na Itália eu tenho coisas o suficiente para encher pelo menos três quartos. Pode aumentando isso aí e contratando alguém pra limpar. Na verdade... Põe a Vaca estúpida de empregada, eu não quero ele como filho nem de brincadeira!”

A pausa dela fora curta... mas fora com o peito se aquecendo que ele vira a expressão surpresa dela mudar lentamente para um sorriso diferente dos que ela costumava dar, um que Gokudera só vira uma vez, quando contaram que finalmente voltariam pra casa depois de tanto tempo presos no futuro...

Um sorriso agradecido.

“Problema seu, Bakadera.” o sorriso aumentou “Vamos ter uma casa pequena e fim de história.”

“Oi! Não se ignora a opinião do chefe da casa assim!”

“Ah, não? Bom então Haru vai disfarçar melhor da próxima vez que ignorar.”

“Não foi o que eu quis dizer!”

Bianchi logo se junta a eles. A princípio ficou meio recuada quando abrira a porta para se deparar com ambos os jovens aos gritos, discutindo sobre os traumas que uma criança de cinco poderia ou não ter por ser obrigada a fazer todas as tarefas domésticas. Ela sorri, entra e se junta a eles. Fica ao lado de Haru nas discussões, claro. Mas está com os óculos.

No fim, ficara resolvido que a Famiglia Goku-chan teria dois filhos. Fuuta-chan e I-pin-chan. Yamamoto é um cão perdido a quem Haru sempre alimenta, mas que não pode, sob nenhuma circunstância, trazer pra casa. Seus vizinhos são os Sasa-chan, que não tem filhos e cuja a esposa tem como hobby caçar as criancinhas do bairro que ficam acordadas até depois da hora de dormir pra fazer sabão e os Sawa-chan, cujo único filho é Lambo-chan e os bichinhos são Hiba-chin, o porco espinho e Roku-chin o, bom... o abacaxi.

Quanto mais tempo falavam, mais bizarra ficava a família, com direito aos vizinhos Sem-Teto Ken-chin, Chiku-chin e sua corujinha Chrome-chan, até os vizinhos de cima (não ‘cima’ como outro andar, mas cima como uma espaçonave flutuando sobre a casa), Arco-chans, os bebês alienígenas.

Era já bem tarde e as meninas estavam terminando de comer outro pedaço do bolo que Haru fizera quando Bianchi cospe um “Sabe Hayato, apesar de achar admirável esse seu voto de castidade pré-nupcial, não acha um pouco demais você sequer permanecer no mesmo cômodo que sua esposa de mentirinha?”.

M-M-M-M-AS QUE DIABOS ELA ESTAVA DIZENDO! E HARU? PORQUE HARU NÃO REAGIRA, SERÁ QUE A MORENA...

“Hahi... o que é castidade, Bianchi-san?”

“Ah, minha pura cunhadinha... Castidade é quando-”

“AHHHHHHHH! OLHA A HORA! É MELHOR TODOS IRMOS DORMIR! J-JA NE!” e desligou.

Maldita aneki...

Mas era bem tarde mesmo. Só quando a luz do display de seu celular parou de brilhar foi que percebeu o quão cansados estavam seus olhos. Sua cabeça tratou de começar a flutuar pra fora da realidade tão logo pousou-a sobre o travesseiro, sendo seu último pensamento lúcido a certeza de que, ainda que não pudesse estar perto... ainda que não pudesse cuidar dela nem lhe proporcionar tudo o que ela queria e que muito merecia em um futuro real... ele não a deixaria guardar aqueles sonhos em uma caixa qualquer no fundo de seu armário. Não ainda... Não enquanto não tivesse aproveitado juntos o que aquilo podia oferecer.

ooo

Já acomodadas ambas na cama da morena, com milhões de planos, pensamentos e conclusões girando em sua cabeça, a Escorpião Venenosa ouve Haru perguntando bem baixinho se ainda estava acordada. A pobrezinha tivera um dia tão cheio e ainda assim não conseguia dormir. Ah, Hayato, quantas emoções e questionamentos você ainda a fará fazer até decidir responder ao doce chamado do Amor?

Quando a mais velha diz que sim, Haru pergunta:

“Agora é sério desu... o que é castidade, Bianchi-chan?”

...

Bianchi sorri. Mexe gentilmente em seu cabelo e dá um rápido beijo na testa dela.

“Pergunte a Hayato... Eu vou adorar vê-lo responder~.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu não tenho certeza do que achar desse capitulo. Tem realmente muita muita muita preocupação passando pela cabecinha desses dois, mas temo ficar me repetindo.

Eu comecei a reparar [já faz umas semanas] ans aberturas, encerramentos e até alguns episódios que toda santa foto que tiram, quando Kyoko está com Tsuna ou com uma das crianças do colo]] essas duas meio que se juntam. Outra coisa que me motivou a falar sobre esse carinho q Bianchi desenvolvera pela Haru fora o fato de ter sido ela quem conversou com a pobrezinha quando Tsuna finalmente contara sobre a Máfia.

Sei lá.... pode ser coisas de fan-girl, mas eu sinceramente acho que, entre Haru e Kyoko, Bianchi é mais próxima de Haru xD

dito isso... me sigam o que acharam, sim? O resto da fic vai retomar a regra do menos que 2000 palavras.

Sobre o joguinho de Famiglia-chan... A coisa é REALMENTE bem mais louca na minha cabeça, mas evitei ficar prolongando aqui xD

amanhã tem mais!
Ja ne!