No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 3
Dependência


Notas iniciais do capítulo

UHUL! EU DE NOVO!
Bom... relendo os capítulos tudo de uma vez eu eprcebi que a história está tomando um clima que não era o que eu imaginava inicialmente.... Talvez eu faça algumas alterações nos capítulos anteriores...
Nada sério e não haverá necessidade de relê-los [embora eu ficaria muito grata se o fizessem], só pra resgatar o clima no qual havia criado a fic, pra começar 8D

Enfim, espero que gostem... esse cap tem algumas das cenas que mais gostei de escrever [mas o clima continua errado] e por isso espero que me digam o que acharam!



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Era terça-feira de noite. Hayato já estava farto de ramen, spaghetti e derivados então decidiu preparar uma lasanha. Com o celular no bolso da calça e os fones nos ouvidos, ele curtia outro incomum momento de silêncio. Do outro lado da linha apenas o risca-risca da lapiseira de Haru confirmava que havia, sim, alguém ocupando-a.

Não tinha certeza como chegaram a esse nível de conforto... talvez pelas vezes que ele a ajudara na lição, respondendo algumas coisas e esperando pacientemente ela terminar de escrever antes que a próxima pergunta fosse feita. Mas o fato, o estranho fato é que aquele silêncio não o incomodava. A nenhum deles aliás.

Não sabia como nem porque, mas era bom... era bom saber que podiam ficar quietos, com a outra pessoa ainda na linha, pronta para responder caso qualquer um deles voltasse a falar.

Era quase como tê-la convenientemente ali do lado. Do seu lado.

Terminava de colocar a lasanha do forno, fechando-o e programando o timer quando admitiu que, sim, ele começava a sentir dificuldade em desligar a chamada.

Sentia dificuldades em se despedir dela. Aquilo sim era desconfortável.

Sentando em seu sofá ainda ao som do risca-risca, sua mente começa a tomar um rumo que sempre o desagradava. Ele sabia que se parasse muito pra pensar na situação... na sua situação com a Haru... bom... as coisas começariam a ficar estranhas. Era por isso que preferia jogar esses pensamentos pra longe. Ligaria pra ela sem receio e mandaria mensagens até ficar satisfeito, sem muita frescura de “será que isso” ou “será que aquilo” ou do porque dessa necessidade tão grande e crescente de falar com ela. Não precisava de um motivo. Se era o que queria fazer e Haru não se incomodava [não além do que ele já pretendia incomodar Pelo menos], ele faria e só.

Pro inferno com as insinuações dos outros Guardiões.

De repente... um gato.

Seu gato.

Uri aparecera a seu lado no sofá e tão logo esticou a mão para fazer carinho, o infeliz do bichando mia, fazendo o outro lado da linha explodir em um agudo “URIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!” que o arremessou para fora do sofá, terminando com um quase inaudível (não se sabe se por falar baixo ou se por danos permanente a sua audição) “-chan~!”

Céus, ele quase tivera um ataque cardíaco!

O rapaz estava prestes a dar a bronca da vida da Estúpida quando reparou na confusão do pequeno felino. Uri ainda estava no sofá, os olhos bem abertos, procurando alguma coisa. Ele andou de um lado, depois pro outro, mexendo as orelhas até finalmente lançar um par de questionadores olhinhos escarlate pro dono como se quisesse saber de onde havia surgido aquela conhecida voz...

Huhuhu... ele teve uma ideia.

Tirou os fones e desplugou-os do aparelho, guardando-os no jeans. Então colocou o celular em viva-voz diante de Uri e pediu pra Haru falar alguma coisa.

“Hagi? Mas falar o quê?”

E Bum! Uri dera um pequeno salto, encarando o celular como se quisesse saber como a humana havia parado ali. Ele voltou os olhos pra Gokudera: lindos olhos confusos e surpresos e miou. Adorável.

“Kyaaaaaaaaaa~” fizeram ambos, Haru do outro lado da linha e Hayato em seus pensamentos.

“Mulher...” disse bem devagar entre cerrados lábios “Você. Não tem. IDEIA. Da cara que ele está fazendo...” e ele abafa o riso com as mãos, com medo de irritar o gato a fazê-lo começar a arranhá-lo ou pior: parar de fazer aquela cara de confuso.

Entrando no apartamento e sorrindo ao sentir o cheiro de lasanha, Bianchi devolve a chave recém copiada à gaveta do armário do corredor, ao lado da futura tranca nova, exatamente na mesma posição que encontrara pra ele não desconfiar, como fizera todas as outras vezes. Não fica surpresa ao ouvi-lo conversando com Haru, mas algo... algo naquele apartamento parecia estranhamente aconchegante e acolhedor. Ele havia arrumado a casa e a mantinha limpa todos os dias... e também não explodia mais nada. Mais que isso, vinha se alimentando direito e, embora não o visitasse com frequência, sempre que o fazia havia um cheiro delicioso no ar, geralmente comida italiana. Ainda assim havia algo. Algo a mais. Uma leveza que ela nunca sentira em nenhuma outra de suas invasões...

“Ah! Ele deve ter reconhecido a voz da Haru desu~!”

Bum! Uri dá um pulinho e começa a rodear o aparelho, cutucando-o com a pata enquanto mia incessantemente por respostas.

E Hayato Gokudera, o Smoking Bomb, Guardião da Tempestade e Braço direito do Décimo chefe Vongola ri. Não um riso comum, não aquela risada zombeteira e debochado,... Não. Seu irmão estava gargalhando. Era algo que nunca o vira fazer... Algo que... nunca tivera intimidade o suficiente para testemunhar. Ele parecia tão confortável. Ria alto, ri com gosto e felicidade como vira tão poucas vezes.

A Escorpião Venenosa sorriu ao perceber que gostava daquele novo som: A gargalhada de seu irmão.

Ele traz o aparelho pra perto de si e fala que ela devia ter visto a cara do bichinho quando ouviu a voz dela.

“Ahhhhhh, Haru também quer ver desu~!!!”

“Hayato” disse Bianchi, surpreendendo-o, mas graças a Deus trazia junto àquele costumeiro sorriso os óculos que o permitiam ficar conscientes na presença dela. “Vamos tirar uma foto.”

Gokudera lhe ergueu uma sobrancelha.

Mas assim eles fizeram.

Pela segunda vez colocou o celular no viva-voz e no momento que o gato se surpreendeu com o som que vinha do aparelho, Bianchi tirou a foto, mandando-a para a morena aquela linda carinha felina de quem pergunta “o que é isso falando comigo?!”.

O resto da tarde se passou com o trio tirando diversas fotos do gato que cada hora surpreendia mais, parando somente quando Gokudera começara a ser atacado pelas garras do bichano (o que rendeu boas sete fotos que Bianchi prontamente enviou pra Haru).

Quando terminaram a sessão e o rapaz voltou com a janta (sim, demorou isso, além do que Hayato já almoçava tarde) Bianchi pergunta a Haru que modelo de celular é o dela. E quando a morena respondeu...

Ara, é um modelo bem novo também... Hayato, não é mais fácil então vocês fazerem chamadas em vídeo?”

...

Ambos ficaram em silencio. Gokudera instintivamente olhara para o aparelho sem nem mesmo saber que do outro lado da linha Haru tivera a mesma reação, encarando o objeto eletrônico como se fosse a pessoa do outro lado da linha em si.

Porque não haviam pensado naquilo antes?!

ooo

Era já o fim da terceira semana da “ausência física” da morena e Kyoko começara a planejar uma reunião da família toda para parabenizar Haru pelo seu trabalho. Além disso, serviria pra ajudar a garota a relaxar. Ela planejava pedir a Gokudera pra avisar a sua amiga [ciente da nova e incomum proximidade deles], mas... Ele não estava com o celular. Quer dizer, não em mãos. E nem com fones. A rotina principal consistia no de cabelos prateados mandando textos durante a manhã, mudando para os fones quando saíssem da escola e, a parte que só Bianchi sabia, as chamadas em vídeos quando estivesse em casa. Mas naquela sexta-feira em especial, ele não parecia disposto a fazer nada daquilo, mantendo o celular em sua bolsa durante todo o dia.

Aquilo pareceu estranho. Kyoko decidiu mandar um texto ela mesma... vai saber se eles haviam brigado.

Caminhando pra fora da escola com o grupo, estando ele e Yamamoto mais atrás enquanto os casais conversavam animadamente, fazendo seus planos para o final de semana, o Maníaco do Baseball lhe pergunta uma idiotice.

“Ei, por um acaso você e a Haru brigaram?”

Os olhos verdes se arregalaram, ainda que levemente.

 “Claro que não, Idiota.” Ele sentia que ia se arrepender por perguntar “Por que?”

“Hoje você não está mandando mensagens pra ela nem nada...” e ele dá uma risadinha que fez o sangue do de cabelos prata ferver. “Geralmente você é mais grudado neste celular do que Tsuna em Kyoko e Ryohei em Hana...!”

“B-BAKA PÁRA DE FICAR PENSANDO IDIOTICE...”explodiu. Mas explicou “...a Mulher Idiota deixou o celular descarregar. De novo. Só... só isso.”

“Ah, entendi...” e depois de mais alguns passos “E como é que você sabe disso?”

Porque da ultima vez que ela demorou mais de um minuto pra responder fora por terem conversado quase a noite inteira até o celular dela desligar e ela não conseguir recarregá-lo até voltar da escola.

Mas nunca que ele contaria aquilo pro Maníaco do Baseball.

O rosto de Gokudera voltara a ficar vermelho como as chamas do próprio atributo e o Guardião se dirigiu rápido à frente do grupo, despedindo-se de Juudaime e sumindo na próxima esquina rumo seu apartamento sem dizer mais nada ao sorridente rapaz.

Não que precisasse dizer alguma coisa.

ooo

“Mulher Tonta, já falei pra ela que é pra fazer chamada de vídeo com o celular plugado na fonte...”

Por culpa dela seu dia havia sido uma tortura, ainda pior do que antes de começarem a se falar porque toda vez que alguém se virava pra falar com ele era só pra perguntar sobre a Haru e de um jeito, no mínimo, insinuante.

Seu maior tormento agora não era a falta de atenção, mas o excesso dela. Gokudera daria um braço pra fazê-los voltar a ficar lovey-dovey uns com os outros ao invés de trazer aquelas conversinhas para si, como se ele fosse ficar todo bobo e apaixonado pela... pela... ahhhhhrg!!

“Estúpida...” resmungava enquanto abria a porta, estreando sua mais nova fechadura. Che, ele queria só ver a Aniki tentar abrir aquela porta.

E o pior, quinta feira era dia de E.F., a Idiota só chegaria de noite em casa.

Bufou mal-humorado. Já havia percebido antes, mas...  o que era para substituir algumas horas da ausência da morena e suas discussões com ela naquele meio tempo havia se transformado em uma dose diária e integral de conversa e aquilo começara a pesar como uma necessidade para o guardião.

Gokudera se jogou em sua cama, ainda sem saco para tirar o uniforme.

Quando foi que... o seu humor durante todo o dia começou a depender tanto dela?


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Notas finais do capítulo

Its the mood.... Ahhh vou ter que esperar acabar a fic e passar um tempo [pro meu cérebro desapegar], só então poderei reescrever com um olhar mais crítico...

mas o importante mesmo é que vocês gostem xD
segunda feira tem mais!!! o//