No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 25
Haru Haru Love Classes


Notas iniciais do capítulo

A parte escrita "no capítulo anterior" está sim no capitulo anterior... mas só coloquei faz pouco tempo, então não estranhem, sim? xDDDDD

Capítulo enorme, eu sei... e sim eu também cortei esse algumas vezes xDDDDDDD
Especial para Mina Phantonhive!!!!!! Espero que goste!



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No capítulo anterior...

“Não.” responde seco.

“M-mas...”

“De jeito nenhum!” já estava até de pé, sacudindo os braços injuriado “Essa foi a ideia mais imbecil da história das ideias imbecis!”

Por que ele tinha que ser tão resistente… Tão teimoso e, acima de tudo…

“Tinha que vir de uma mulher estúpida!” e aquela foi uma apunhalada um tanto desnecessária.

Tão… UURRGHH!

Haru não devia, mas decidiu alfinetar. Ele queria brincar de cutucar a ferida? Muito bem, cutuquemos a ferida!

“Se há algo para se gostar em um namorado… é que ele seja cavalheiro!” os olhos verdes se estreitaram perigosamente, mas não havia problema, Haru não passaria daquilo. “Não to pedindo pra virar um Tsuna-san, mas podia pelo menos evitar ser tão… tão... GROSSO!”

Gokudera arregala os olhos indignado. Não pela ofensa… nem por dizer que ele não sabia ser cavalheiro…

Fora por compará-lo ao seu grande Chefe.

“Você ficou completamente louca se pensa que alguém pode se comparar a Juudaime.... Nem eu nem qualquer outro homem que já pisou na terra será tão honesto, tão digno, tão respeitável quanto o Décimo! Está completamente acima de qualquer nível, mu... lher...!”

Só o olhava… quando Haru piscava, era bem devagar.

“Ok, a frase não saiu como planejei...”

Haru respira fundo... se senta… e se esparrama pela mesa derrotada. Por isso que era tão difícil. Gokudera se esforçava bastante, ela sabia… mas às vezes… simplesmente…

“Sabe qual o nosso problema…? Estamos ambos apaixonados por Tsuna-san”

E os olhos voltam a se arregalar.

“De modos diferentes, Baka… mas ainda assim.”

Hayato fechou a cara, mas não ousou responder. No final, mesmo contrariado ele havia entendido o que ela queria dizer. Um dos principais problemas em se lidar com um sujeito explosivo, certamente era esse... se fazer entender. A pessoa enraivecida fecha os ouvidos quase que completamente, de modo que fica difícil ter uma conversa civilizada... Ela mesmo se enchia de vontade de jogar tudo pro alto e explodir alguém cada vez que Gokudera dava uma dessas (e era quase o tempo todo).

Se pelo menos…

Espera… ERA ISSO!

A morena então se levanta em um pulo.

“Gokudera-kun, me fala… Qual foi a coisa mais dura que Tsuna já lhe dissera?”

O rapaz piscou algumas vezes. A mera ideia de ver Tsuna ralhando era em si um absurdo. Mas não impossível. A vaga sensação de que já testemunhara momentos assim o preencheu e, pensando agora…

A única vez que se sentiu repreendido fora enquanto treinava sozinho, depois de perder a tutela de Shaman. Estivera literalmente se matando para aprimorar suas técnicas, quando Iemitsu o impediu. Na hora não entendera a conversa que tivera com ele… mas depois, quando Tsuna veio nervoso, lhe dizer que se um deles morresse a luta inteira seria em vão...

Che.

Ele ficara honrado e agradecido por saber que era valioso para o grupo, como gaurdião e como amigo… mas só de lembrar o momento, voltava a se sentir um completo idiota. Coisas óbvias como aquelas não precisavam ser relembradas, ele já deveria saber delas.

A morena logo o tira do devaneio.

“Agora imagina se toda vez que Gokudera fizesse algo... qualquer coisa que fosse… não. Imagine como se sentiria se recebesse uma bronca cada vez que se aproximasse...”

“Impossivel!” ela nem precisara terminar e o rapaz já estourava e interrompia “Eu nunca permitiria isso acontecer! Um chefe não deve ser incomodar dessa forma, se minha presença é um estorvo eu devo me retirar… e... deixá-lo em... paz… imediatamente.”

Pouco a pouco… de palavra em palavra Hayato diminuía a voz até parar de falar. Haru mal precisara encará-lo cinicamente. Sozinho o gênio finalmente ligava os pontos da conversa.

Enfim, ele bufa e abaixa os olhos, derrotado. Haru quase apertara a cara dele, tão lindo era ver que a havia entendido, mas se conteve.

“Bakaonna! Estúpida! Mulher Idiota!...” e esses era apenas os mais frequentes “Isso sem mencionar a atitude fria e rabugenta -desu. Quando Haru e Gokudera-kun estão sozinhos… Haru entende. É fácil dizer quando é brincadeira e quando é sério, ela aprendeu…” respira fundo, pensando nas palavras que ia usar “Mas quando estamos em grupo, bem… é diferente. É estranho -desu. E, tecnicamente, você está trabalhando. Se Haru não souber quando é só implicância e quando ela realmente está sendo inconveniente… Bom… eu não quero atrapalhar o trabalho de um guardião.”

E aquilo era um ponto para se pensar.

Gokudera ainda não a encarava. Parecia remoer alguma coisa dentro daquela cabeça prateada e não estava ainda disposto a compartilhar. Talvez os momentos de expressão mais dolorida dele viessem desses incansáveis remoer. Era impressionante, pois pela quantidade de besteira que falava quase não se percebia... mas Hayato era um cara que pensava bastante antes de abrir a boca.

Imagine se não pensasse...

Enfim, quando Haru já achava que não chegariam a lugar algum.

“Droga...” estalou a língua e trocou o peso para outra perna, finalmente voltando a fitá-la “Vou poder te chamar como quero quando estivermos a sós?”

“Hagi, mas que insistência em insultar Haru!”

Olhos verdes começaram a encará-la, reforçando a pergunta. As sobrancelhas permaneciam praticamente unidas desde que começara a pensar e percebia que o maxilar estava tenso. Ele estava… fazendo cara de pidão? Não a cara bonitinha, não como cachorrinho… mas como um menino encrenqueiro querendo sair do castigo. Haru se perguntou se Gokudera sequer tinha consciência das expressões que fazia.

“Não tem jeito… Gokudera realmente vê esses nomes como apelido carinhoso, não?”

A resposta fora um virar de cabeça seguido do típico bufar contrariado. Mas não fizera qualquer outra coisa para desmenti-la.

“Tá, se for só Haru e você, pode chamar do que quiser...” sorriu “Só lembre que Haru vai dar o troco!” e estendeu a mão. Ela não havia ainda esquecido o propósito daquela conversa, no final das contas “Trato feito então? Vamos começar as aulas?”

O rapaz olhou para aquela mão estendida percebendo que já era o terceiro acordo que tentavam empurrar pra ele. Aquela mania com certeza era culpa da mãe. Sentio a barriga revirar com a mera expectativa de ter mais um compromisso a cumprir, como se sua agenda já não estivesse cheia o bastante... Mas, quem sabe… podia realmente aprender alguma coisa.

Pffff… até parece!

Finalmente segura aquela mão pequena e macia, com a estranha mania de usar força excessiva em cumprimentos, e a sacudiu.

Trato feito.

“Não acredito que to aceitando fazer isso...”

“Está na hora do guardião se tornar… um gentlemen -desu~!!!”

ooo

Aula 1: Cavalheirismo -desu~

Um bom cavalheiro é cordial no falar. Flores e bombons são lindos e românticos, mas se entregues em meio a gritos e tapas, perdem todo o charme. Para ser um verdadeiro Gentleman, é necessário boa postura.

“Ok, já que tocamos no assunto… Haru passou a noite imaginando como seria Gokudera sendo cordial, lisonjeiro... e dizendo coisas lindas e românticas, como nos filmes desu~...”

"Hm-hum..." assente, preparando-se psicologicamente para o que ele teria que aprender.

“E a imagem que criei foi perturbadora, não faça isso.” ele ergue os dois braços pro alto, desacreditado “Não precisa forçar nada, apenas… não me xinge sem motivos em público.”

“Tá”

Aquilo fora simples demais… melhor reformular a frase.

“Nada de ofensas à toa na frente de estranhos...”

“Ok. Posso fazer isso.”

Ele ainda não estava entendendo. De novo.

“Chega de me chamar de estúpida.”

“O QUÊ? Mas...”

Céus! Nem parecia que havia acabado de ter aquela conversa!

“Sem ‘mas’! Toda vez que chego perto é ‘imbecil’ pra lá, ‘tonta’ pra cá! Só chame Haru assim, se ela merecer desu!”

“Fácil, do jeito que você é estú...” ela ergue a sobrancelha. Bem… devagar... “...ah.. er...” desistiu “Hmph.”

“Ótimo! Se for muito difícil de segurar, troque de termo… ao invés de estúpida diga.. sei lá… ‘querida’, algo assim.”

“Tá de brincadeira, não?!”

“Você vai acabar chamando Haru… Entre o xingamento de sempre e um outro adjetivo Haru vai entender que Gokudera só quer implicar e que a coisa não é séria. Não precisa falar de modo bonitinho, pode falar irritado mesmo. Mas só xingue quando for estritamente necessário -desu~.”

“Tá, mas então nada de Bakadera, Ahodera e nem Takko-head...”

“O QUÊ?! Mas Haru gosta tanto quando...”

É a vez dele erguer aquela cínica sobrancelha lentamente.

Touché.

“Ok… Haru entendeu.”

ooo

Na praia, os meninos logo retomariam o treinamento, mas agora havia um pequeno acréscimo…

"Esse é um treino de concentração.” e a pequena boquinha sorriu com doce maquiavelice enquanto o resto da praia parecia pausar o que fazia para olharem todos para o mesmo ponto. “As regras serão essas...”

Regras? Não não ouviam nada sobre as regras... Lá estavam os bobos babões sem ouvir uma palavra da explicação, pois, no meio da praia, rindo e relaxando, as meninas arrumavam o guarda sol (meio desnecessário com as nuvens a sobrevoar a praia, mas nunca se sabe...), esteiras e lanches.

Kyoko… com um biquíni simples, preto e shorts branco. Estendia as esteiras e colocava uma toalha por cima de tudo.

Hana… trajava um shorts azul marinho e biquíni listrado, vermelho e branco, no melhor estilo náutico. Havia acabado de abrir o guarda-sol e segurava a cesta cheia de lanches para não encher de areia.

Até Chrome… cuidando de passar protetor solar nas crianças. Estava adorável com o bikini rosa e azul bebê, ainda que usasse uma leve, e larga, blusa de capuz, branca e aberta por cima de tudo.

Por algum motivo, ninguém prendia os olhos muito tempo na menina do tapa-olho... Rapazes passavam, olhavam parecendo ver algo estranho nas costas dela e se retiravam pra longe. Mas não se apegaram àquilo.

E Haru. Ah, Haru...

Inacreditável.

A morena se dirigia até Gokudera. O mundo girava em slowmotion.

Haru havia trocado para o biquíni… o qual o rapaz não sabia como era por estar debaixo de um camisão branco que a menina parecia insistir em usar enquanto não estivesse na água.

Kami-sama o odiava…

Era melhor assim, não? Ele não se distrairia durante o treino, diferentemente dos outros… Mas, mesmo assim… A pequena alegria de ir à praia para vê-la de biquíni era em parte um… um direito seu… Parte de si até gostava da ideia de que os outros não a vissem de biquíni, e Haru merecia um prêmio se a motivação fosse aquela, claro… Mas a primeira parte…

Não sabia explicar por que se sentia tão afetado por aquele detalhe…Talvez fosse aquilo que mais tentava negar; saber que era suscetível a hormônios da idade, indiferentemente a qualquer apelo de seu cérebro para se tocar de que era um guardião profissional, não importava…

Gokudera só sabia que queria muito mesmo vê-la de biquíni… e aquela vontade lhe fora negada.

A garota Namahage se aproxima enquanto ele pouco a pouco fechava a cara.

“Hahi, porque está olhando assim pra Haru?”

“Estou calculando.”

“Mas, o quê?”

“Se você merece uma ofensa.”

E não dissera mais nada, nem retirara aquele agonizante olhar de si. Inclusive o intensificara!

“Vai mesmo ficar parado esperando Haru merecer um xingamento…?”

“Nunca demora muito...”

A morena se dá um tapa na testa, já completamente esquecida do que pretendia falar com o rapaz. Tacou a garrafa no meio da cara dele e saiu.

~Round 2

Estavam exaustos e se recuperando dos estragos causados pelo treino. Conversavam sobre o que poderia ser as surpresas de domingo ou os motivos para estarem no tal campeonato de vôlei de praia e, no geral, agiam como um bom grupo de adolescentes na praia...

Enfaixados, feridos e cercados por homens de terno preto (os subordinados de Dino insistiam em usar vestuário enquanto em serviço, ainda que seu chefe implorasse pelo contrário)… mas ainda assim, adolescentes normais.

Tsuna fora à uma barraquinha de quitutes comprar água. Saíra há pouco do hypermode e se sentia esgotado. As meninas que o perdoem, mas o rapaz mal podia esperar para voltar às aulas, às fugas de sempre e às explosões com as quais estava acostumado. Só assim teria algum descanso.

E ainda tinha Brutus…

Achara que seria um terror dividir o quarto com o brutamontes, mas, chegando lá, qual não fora a surpresa dos dois mafiosos ver que Hibari escolhera o cômodo como seu ninho de solidão. Bastou um lento abrir de olhos do Skylark para a dupla fechar a porta devagar, em silêncio e se retirar para dormirem em cima de suas malas no fim corredor mesmo, só para poderem dizer que viveram para ver mais um dia nascer.

Oras, no fim do corredor estava o quarto 7, que era onde haviam se acomodado as meninas… E fora enquanto sofria de torcicolo em cima de sua bagagem que ouviu...

Haru chorava.

Olhando agora a morena parecia bem, estava até mesmo batendo em Gokudera do jeito que sempre faziam e o melhor, ela e Kyoko voltaram a se falar. Mas Tsuna não conseguir perder a sensação… de que a tristeza da morena era culpa sua.

Digo, e se, sem perceber, tivesse feito uma besteira que a tivesse chateado? Ou será que estava brava? Será que Haru chorava de raiva?

Bom, não importava. Reborn era o pior e mais insanamente cruel tutor da face da terra (olhou para os lados. O bebê parecia não estar perto o bastante para ler seus pensamentos. Prosseguiu)... mas uma coisa aprendera com ele:

O Chefe deve estar sempre à frente.

Se havia errado… Tsuna iria se desculpar.

Virou-se para o atendente perguntando:

“Ah, senhor… pode me ver um desses, por favor?”

ooo

Sentados à sombra do guarda-sol (ou melhor, se matando à sombra do guarda-sol) Haru e Gokudera voltavam a discutir pela incapacidade do rapaz de dizer qualquer sentença de cinco palavras sem que sete fossem um maldizer ou xingamento (não se esqueçam dos que ele não dizia em voz alta por educação).

Foi quando chegou… Tsuna.

“Ah, Haru...” e só o chamar já a fizera parar como se tivesse congelado. “Isso é pra você.”

Ele lhe estendeu um pedaço de torta de abacaxi com chantilly.

“Não sei se gosta de abacaxi… eu particularmente acho uma fruta muito assustadora…” riu sem graça, percebendo que estava divagando. “...mas queria fazer as pazes. Desculpe se te chateei… ou… não sei. Desculpe.”

Haru pegou a torta com ambas as mãos e assentiu com a cabeça sem tirar os olhos do doce. Prendia os lábios entre os dentes e sentia o rosto ardendo como se fosse o próprio sol a se aproximar dela. Não conseguiu dizer uma palavra sequer.

Logo Kyoko o chama e Tsuna se despede.

“Ah, bom, eu já vou. Vejo vocês no almoço!”

Estava ainda em choque. Em suas mãos havia o pedaço de torta mais lindo que já vira, e não era por capricho do confeiteiro. Seu coração estava disparado e parte de si se contia para não chiar de empolgação tão lindo fora aquele gesto simples, gentil e aleatório.

Como um verdadeiro cavalheiro.

A outra parte, claro… sentia que as queimaduras de terceiro grau vinham de um par de olhos verdes atrás de si.

Gokudera não dizia nada. Nem mesmo uma palavra.

Ela não queria fazer aquilo. Não queria mesmo porque o doce parecia estar uma delícia… mas era a coisa certa a fazer.

De olhos bem fechados, Haru estende o doce para Hayato com ambas as mãos, oferecendo a ele o carinho que ela recebera.

Porque, em sua cabeça, era isso que uma namorada deveria fazer ao receber algo de outro garoto.

O rapaz imediatamente arregala os olhos. Era o fim do silêncio.

“Imbecil.”

“Hahi.” finalmente abrira os olhos. Ele estava... ofendido.

“Juudaime te ofereceu um presente, o que você pensa que é estendendo isso pra mim?” e aquilo doeu... de verdade, doeu mais do que Haru era capaz de admitir. Ele se levantou e se virou pra sair “Come logo e me deixe em paz.”

“Gokudera...”

Antes que desse um passo que fosse, ainda se virou e foi derrubado de costas na areia quente com o nariz agarrado por um rígido par de dedos e uma garota muito zangada montada sobre sua barriga.

“Quando Haru te estender um doce… VOCÊ ACEITA, SEU BAKAAA!” e enfiou a torta pela goela abaixo. Teria parado por aí, mas ainda não tinha acabado de falar. Cada grito era um lanche da cesta que trouxeram enfiado na boca do guardião “NÃO IMPORTA SE FOI TSUNA-SAN, O IMPERADOR, OU A SUA AVÓZINHA… SE HARU OFERECER, VOCÊ ACEITA SEU… SEU...!”

Haru estava prestes a enfiar a comida pelas orelhas dele quando uma ideia muito sinistra veio à sua mente já bem doentia.

O resto do grupo se aproximara achando que Gokudera só tivera outro de seus enjoos… Acabaram pegando-os no meio de uma situação um tanto delicada.

“Lindinho...” ele virou a cabeça devagar, registrando o que ouviu. Bochechas cheias de lanche e olhos cheios de horror. Todos pararam onde estavam e nas posições que estavam “Quando Haru-chan te oferecer comida… só recuse… se não tiver fome, querido…” e colocou um pequeno pedaço de sanduíche na boca dele, devagar, delicadamente.

As palavras eram meigas, mas transbordavam ódio e intenções que só vira nos assassinos mais cruéis. Cada apelido era um golpe nas entranhas que se dobravam em agonia. Mal conseguia respirar, quanto mais falar! Gokudera engoliu aquele lanche todo, pronto para xingá-la. Hesitou.

“F-f-ficou louca, mulher?!”

“Não, Fofinho, porque diz isso…?” aquele foi como um soco na boca do estômago...

Santo padroeiro dos mafiosos, tira ele dali!

“Para.” queria soar ameaçador. Soou ameaçado.

“Parar com o que...” de repente ele parecia pálido. Não só os amigos, mas estranhos também olhavam “Docinho de coco?”

Aquele fora como um chute no meio das pernas…!

“Haru… ta me assustando...”

“A todos nós...” comenta Ryohei. Hana tapa sua boca.

“Ah, deixa disso...” e mexe a bochecha dele, pronta para a cereija no topo do bolo “Meu Chuchu!”

A foto do terrível rosto de sua irmã…!!

Aquilo já era demais.

“TÁ, MULHER, EU ENTENDI!” levanta depressa, derrubando-a. Pega o resto do sanduíche tirando a arma das mãos dela, devorando-o em uma dentada “OBRIGADO, DROGA!”

“Obrigado… o quê...?”

Abriu a boca totalmente transtornado. Se xingasse a situação pioraria, se imitasse, perderia o jogo e o resto da dignidade. O rosto vermelho de vergonha com tamanha cena. Fechou a boca. As silabas não se formavam. Ele tinha raiva, mas estava constrangido e estranhamente contente. Grunhiu e saiu.

Haru sorri vitoriosa. Testemunhar aquilo fora tão… adorável.

ooo

Aula 2: Declarações -desu~

Presentes e jóias são ótimos, mas nada substitui palavras sinceras de carinho e afeição. O bom cavalheiro sabe o que dizer sem precisar de motivo ou ocasião específicas!

Caminhavam sozinhos pela cidadezinha enquanto Haru falava e falava. Sinceramente Gokudera sentia que não estavam chegando a lugar algum com aquelas aulas estu-, ah, aahh… desnecessárias. Mas prosseguia porque, de certo modo, pelo menos desse jeito podia continuar tendo seus maravilhosos embates com a morena. Não vencera nenhum desde que chegaram à praia, fato, mas ela veria só. Daria o troco ou não se chamava-

Oxi… pra onde a mulher fora?!

Olhou em volta alarmado. Quase um quarteirão atrás a garota estava parada, fitando uma vitrine de queixo caído, o restinho da frase ainda pingando para fora da boca.

Ao chegar mais perto, e checar a tal vitrine, Hayato ficou preocupado… Haru estava babando por um terno.

“Tão lindo…” e suspirou.

Torcia para que estivesse imaginando a ele dentro do terno e não a seu chefe...

“Tão caro…”

“Sabe… acho que minha parte favorita de você estar na máfia…" e ela se vira, as bochechas levemente e um sorriso... que ele não via havia bastante tempo "é Gokudera que fica mesmo o máximo de terno…desu~!”

Sentiu as bochechas queimando e virou o rosto. A festa re rolava em seu interior era tamanha que se esquecia de se importar com as pessoas que estavam em volta. Soltou um resmungo, puxando-a para longe dali antes que inventasse de fazê-lo provar.

Che. Mulher mais estranha.

Prosseguiram.

Não demorou nem um minuto, Haru pára novamente. Antes de conseguir perguntar o que era, ela o puxa para um beco, apavorada.

Ele abre a boca e Haru a tapa com frias mãos. Orbes castanhas de mais puro pânico. Ouvem risos.

“É ela…!” sussurrava, feito vítima de filme de terror.

Seu cenho franziu em dúvida e irritação.

“...A bruta!”

Tirou as mãos dela de sua boca com um tapa e revirou os olhos. Ralhava por fazê-lo se diminuir daquela forma. Imagine se Juudaime o pega se escondendo de uma menina de colegial, que vergonha que iria passar!

Espera.

Ele ia passar?

Che. Não mesmo!

“Você devia se envergonhar, mulher!” onde já se viu… enfrentara um (suposto) príncipe mafioso e retalhador de mãos vazias, além de outros tantos assassinos da elite do submundo do presente e do futuro cara a cara, mas não era capaz de dar conta de uma valentona de escola?! “Deixa de ser ridí-” puxou todo ar com a boca ao ver o monstro pobremente disfarçado de ser humano que passava pela rua falando no celular.

De biquíni.

Por que quem não devia sequer saber daquele tipo de vestuário se recusava a usar uma blusa?! Isso se houvesse alguma que coubesse, porque a suposta menina era um armário! Nem os camisões do Sr. Miura caberiam naquele troço.

De repente havia menos cor nele que no branco dos olhos. Já era naturalmente pálido, Gokudera estava era transparente.

“Você... ta bem -desu?”

Olhou pra ela sentindo as pálpebras doerem por estarem abertas no limite de sua capacidade. Sacudiu a cabeça recompondo-se.

“T-t-to… Estou?! Claro q-que estou, não sou c-como você!!” voltou a espiar pela beira do beco.

Nossa... aquilo não era gente. E e fosse um AMNI, Gokudera não se daria ao trabalho de catalogá-lo.

Voltando a atenção para Haru, percebeu que ela ainda estava nervosa e sua reação provavelmente não a estava ajudando. Uma ideia muito estranha pipocou em sua cabeça. Sabia que seria bom ela pelo menos tentar enfrentar a cois-, a-a menina.

Só esperava que Haru soubesse a hora de correr...

“Oi, mulher… que tal uma aposta?”

Ainda assustada, ela inclinou a cabeça, feito um bicho curioso.

“Você enfrenta a bruta e manda ela parar de te encher…” pensou com calma. Tinha que ser algo que valesse muito a pena ela aceitar arriscar o couro daquele jeito “e eu... te levo pra sair…”

“Mas Gokudera já-”

“...usando o terno que vimos na vitrine.”

Haru parou. O rapaz podia jurar ter ouvido um estalo vindo daquela cabeça castanha. Só depois de um tempo a morena piscou em reação.

“Mas você disse…”

“Disse que era caro… e não que não tinha dinheiro. Heh!” e sorriu vitorioso.

Os olhos castanhos se arregalaram, brilhando em furiosa antecipação. Devagar ela endireitava a cabeça, esticando as costas e ombros antes encolhidos por medo. Haru estava determinada.

“Mas só vale se ela te deixar em paz mesmo. Se você apanhar esque-”

“FEITO -DESU!”

E saiu correndo atrás da menina. Algo naquele olhar, na pressa e na empolgação… lhe diziam que havia feito um péssimo negócio…

ooo

Haru corria feito uma gazela louca, chegava a ser difícil de acompanhar e ele era um desgraçado que sabia correr! Olhavam de um lado para o outro, procurando por sua oponente. Claro que uma criatura colossal daquelas não podia ter ido longe.

“Ora, ora, se não é a pequena Miura...” e lá estava!

Pequeno era o rosto da garota, compactado bem no centro da cabeça bolachuda.

“Ano… ” parara. Não era porque a oponente era uma valentona que precisaria partir para a ignorância… Talvez… se explicasse direitinho. “Ha.. ha… Haru...”

Escondido atrás de uma caixa de correio (para não interferir, só isso), Gokudera mordeu o lábio sentindo a apreensão da morena. Devia chamar a polícia agora ou esperava pra depois que ligasse para o exército?

Se a coisa ficasse muito feia ele seria capaz de chamar era Uri mesmo…

“Desembucha!” rugiu a besta. Ele podia sentir os arrepios correndo o corpo dela.

“Haru tem um namorado!” quando a frase parou ali a mão do rapaz foi de encontro à testa. Baka, como que aquilo ajudaria em alguma coisa?! ”E-e-e ele prometeu… que usaria um terno muito lindo pra me levar pra sair… se eu conseguisse fazer você parar de me incomodar.” Ai, Haru, o que foi que ele fez…? “En-então…” a morena abaixa numa profunda reverência. “Por favor seja amiga da Haru-desu!!!”

O mundo parou. Gokudera se arrependera imensamente da aposta que fizera…

“Claro, Haru-chan...” sorriu, e foi o mais terrível sorriso já esmagado no rosto de um ser humano.

“Hagi, sério?!”

...porque agora ele provavelmente iria apanhar feio por causa dela...

“Claro... que não.” e avançou em pesadas passadas.

Diante de lojistas e estranhos, Haru apertou os punhos, sem sair da reverência. Seu rosto era uma sombra.

“Haru sente muito...” ergue a face devagar, o castanho e geralmente bobo olhar substituído por uma expressão terrível a qual Gokudera jamais esperaria ver na garota Namahage. Um macabro sussurro fora a última frase “...mas ela quer muito vê-lo naquele terno.”

Fora a pior briga de rua que já testemunhara.

Chamaram a polícia, o corpo de bombeiros e os salva-vidas… nenhum deles ousou se aproximar, limitando-se a chegar, parar e assistir ao embate. Briga de mulher, não se mete a colher. Gokudera tapava o rosto com ambas as mãos, parando muito raramente para espiar o estrago por entre os dedos e sempre se arrependendo depois. Quando a pobre coisa começara a gritar por clemência ele segurou a morena pelos braços, arrastando-a para longe enquanto a ex-valentona se encolhia trêmula na calçada prometendo nunca mais implicar com a morena.

“Haru, pára!” ele segurava os braços, ela chutava, tentava impedir as pernas, arranhava. “PÁRA, MULHER!”

As autoridades se encarregaram de dispersar a multidão enquanto bombeiros discutiam uma forma de fazer a enferma entrar no caminhão.

A coitada só soltava um choramingo apavorado, os pequenos olhos pretos eram duas bolas de gude dentro de um lago. Um lago muito feio.

“T-ta tudo bem, ela já parou.” Haru ainda teimava em se aproximar, fazendo a bruta se encolher. Ele apontou para um canto gritando “Haru! Quieta! Vai pra lá!” e ela finalmente se acalmou. “Pronto, viu? Ela não vai mais te machucar...!”

“Bububububu...” choramingava.

Ajudaram-na a se levantar e trataram de fazerem as pazes. Teve tanta pena…

Mas algo doía mais que o peito do garoto.

...

“Vai ser crédito ou débito, senhor?”

E era seu bolso.

Tim! Fez a caixa registradora. E reconhecera aquele como sendo o som do dinheiro voando pra longe, bem longe de si. Haru ainda dava pulinhos de alegria ao sair da loja.

Che, quem precisava de teto, comida e eletricidade pra tomar banho quente afinal? Gokudera tinha um terno.

Bubububu... ecoava em sua cabeça sem que sua dignidade o permitisse imitar.

Caminhavam em um passo arrastado de volta para a pousada. A sacola em sua mão parecia pesar uma tonelada, então a entregou à Haru que a abraçara alegremente sem preder o ritmo do saltitar. Quando viraram uma esquina, o rapaz percebeu que bastante gente direcionava a atenção para o mesmo ponto.

“Só falta a ocasião para usar...desu~”

“Acho que nem isso faltava mais.” parou de andar.

“Porque diz isso?”

“Lembra da tal programação de domingo...? Acho que descobri o que é.”

Olhando para onde os olhos verdes fitavam, a morena contou não uma, nem duas, mas várias limousines, entre outros carrões, todos estacionando em frente a um casarão rústico enquanto várias pessoas corriam de um lado para o outro com móveis e artigos finos de decoração para dentro do lugar.

“Mafia -desu?”

Ele diz que sim.

“Os Zucche.”

ooo

Assim que chegaram na pousada foram recebidos pelo aroma de comida quase pronta. Só então perceberam que estava tarde e que haviam passado o almoço na cidade à base de lanches e surras. Trataram de guardar suas coisas e procurar por Reborn.

Precisavam saber o que a outra famiglia pretendia ali.

Bianchi suspira triste por terem descoberto a primeira surpresa. Só depois de reunirem todo o grupo, com muita insistência e dor de barriga, a mafiosa conta o motivo da festa.

“O Halloween é na semana que vem, mas, como ficaram sabendo que estaríamos aqui a passeio, Giallo, o Chefe da Famiglia Zucca...” cujo plural é Zucche, Haru descobrira. ”...os convidou a participar da festa deles. Apesar do motivo ser o Dia das Bruxas, será uma festa de gala com algumas gincanas temáticas.” E suspira, ainda desanimada. “Já adivinharam também o que preparei pra vocês amanhã?”

Eles negaram.

“Ótimo! Mal posso esperar pra ver suas caras quando descobrirem!”

E sem mais, a Hitman se retira para a cozinha, pronta para dar muita dor de cabeça aos Cavallone até que fosse servido o jantar.

Antes que planejassem onde comprariam os trajes, relâmpagos e trovões surgem, pegando-os de surpresa. As nuvens que os receberam no dia anterior finalmente desbocavam, soltando aquela intensa chuva que segurara por tanto tempo.

Ja, parece que chega de treino por hoje. Estão liberados para uma folga...”

Ah, claro, ainda bem que foram liberados à tempo de pegar o tempo bom…

“A não ser que prefiram prosseguir com chuva...”

“Não! Não! Não!” afirmaram os rapazes em uníssono.

“Huhuhu… Ótimo.” pulando até o sofá mais próximo, o bebê retira se chapéu e põe uma toquinha, despedindo-se do grupo para tirar o cochilo sagrado.

Então fora por isso que os liberara…

Agora estavam todos acomodados no refeitório, conversando. Não demoraria para o jantar ser servido e, na pior das hipóteses, ainda teriam o dia seguinte para procurar por trajes adequados (exceto por Gokudera, cujo traje valia por uma vida, claro).

Yamamoto, Lambo, Hayato e Haru dirigiram-se para a mesa da solidão, prontos para se manterem longe dos casais quando…

“Nee, porque não se sentam conosco?” Tsuna acabara de pegar sua bandeja na cozinha e se acomodava com os que estavam sobrando… ao lado de Haru. “tem algo errado?”

Olhos doces e sinceros encaravam o grupo. Gokudera imediatamente atravessou a Miura [não literalmente, mas fora a sensação que tivera quando se viu teletransportada para o lado da janela enquanto o namorado se colocava entre ela e Tsuna] para resgatar seu lugar ao lado direito do chefe.

“Problema algum, Juudaime!” dizia com aquela empolgação que só usava para o chefe. Haru e Yamamoto se encararam. A menina começou a se encolher até quase se fundir à madeira da mesa.“Só queríamos que o senhor ficasse mais à vontade…!”

“Oh… bem…” e soltou os ombros, ainda se ajeitando “Eu estou à vontade perto de vocês.” Haru apoiou a cabeça nas mãos, segurando as bochechas rosadas e dando tudo o que tinha para manter a atenção na janela escura e cheia de respingos que o vento trazia. Estava claramente no limite, diferentemente do namorado… Gokudera praticamente brilhava com a emoção de voltar a ficar perto de seu chefe. Fazia muito tempo que não experienciava aquilo. “Ano, Haru-chan…”

Quando Tsuna mostrou que estava interessado em conversar com a morena, no entanto… aquele entusiasmo se desmanchou.

“Eu sei que está chovendo… mas falei Dino agora a pouco e ele se ofereceu para nos levar à cidade pra comprar os trajes e… bem… eu não sou bom em escolher vestidos… Você não quer vir pra ajudar Kyoko-chan?”

Por um segundo levantou a cabeça, o castanho olhar alegre com a possibilidade de fazer compras com as amigas… mas Gokudera já tinha o que usar e não era do tipo que sairia pra fazer algo que não precisava.

Yamamoto viu cada detalhe… o nascer da expectativa, a dúvida, até quando olhou pro rapaz, mudando de ideia e murchando um pouco para responder.

Guardou o que sentiu pra si e esperou.

“Ah, obrigada… Tsuna-san… mas eu já vou com um dos vestidos que eu trouxe e-”

“Se quer ir, vai.” resmungou Gokudera. O beisebolista fechou os olhos e apoiou a testa nas mãos, respirando bem fundo.

“Hagi... Não, eu não preci-”

“Juudaime teve todo o trabalho de vir até aqui... pra te fazer o convite, e eu sei que você quer ir. Então vai!”

“N-não tem problema, Gokudera… se-se ela não quiser…!”

“Ah, mas ela quer, Juudaime, garanto que a mulher quer, principalmente por ter sido o senhor a convidá-la...” se levantou.

A morena fechava a cara, começando a compreender a o motivo da irritação. Seu peito queimava e a vontade mais gritante beirava entre chorar e acertar um murro na cara do infeliz. Ela provavelmente optaria pela segunda…

Não fosse pela sopa de Tsuna ter ido parar na cara de Gokudera.

Dino dera um passo para intervir, mas Bianchi o conteve. Sinalizou para que todos os deixassem. Reborn continuava a dormir.

“Mas o q-”

“Qual é o seu problema?” aquela era… a primeira vez que via a ele, o Guardião da Chuva, bravo de verdade. Intensos olhos estreitos… a voz baixa, mas firme como os movimentos lentos e ameaçadores “Tem ciúmes do chefe, mas não da namorada? Ela quer ficar porque você vai ficar!”

“Eu não pedi pra-”

“Se tivesse um mínimo de consideração por eles, aceitaria ir junto, nem que fosse pra escoltar Tsuna, do jeito que um guardião faria! Mas não, está aí se remoendo porque ele veio falar com ela e não com você...” sacudia a cabeça devagar, como se não acreditasse no havia dito e ainda menos no que estava prestes a dizer “De verdade, Gokudera, você é um dos meus melhores amigos… mas se só consegue conciliar a namorada e o chefe desse modo, não merece nenhum dos dois!”

Gritou, saiu e sumiu. Os que ficaram estavam em choque.

ooo

O vai e vem dos guarda-chuvas, saindo da pousada até os carros e voltando mantinham-na distraída. Não fosse pelos subordinados de Dino e Bianchi a chamá-los, talvez o grupo nem se importasse em deixar o passeio pra lá… Ficou agradecida por isso.

Leves batidas na madeira da cerca da varanda chamaram sua atenção. Haru se virou para a direção dela…

“Oi...” Kyoko-chan “Posso me juntar a você?”

Haru sorriu e concordou. A ruiva se sentou com ela no banco da varanda. Nem fora necessário esperar pelo silêncio constrangido… Haru o atropelara sem cerimônia.

“Desculpa.”

“Ok.”

...

A morena piscou algumas vezes e franziu o cenho. Teria Kyoko já adivinhado tudo o que estava correndo por sua cabeça na última hora inteira que estivera refletindo, depois da discussão do jantar?!

“Ano… não vai perguntar porque a Haru… está pedindo desculpas -desu~?”

Sorrindo daquele jeito leve, típico dela, sua amiga dá um sútil erguer de ombros.

“Não faz diferença. Vou desculpar mesmo assim.” e mostrou a língua.

Ah, Kyoko…

“Não… acho que talvez.. dessa vez… não vai, não.”

E antes que a ruiva perguntasse, Haru despeja tudo o que vinha sentindo, por Tsuna e por Gokudera. Enquanto falava e falava, ficava claro os momentos em que chegava a alguma conclusão no meio da frase, parava, guardava pra si ou contava… Tinha vezes que parecia que começaria a chorar… então ela ria. Outras, contava algo engraçado e os olhos escorriam…

Era difícil de acompanhar as várias linhas de pensamento que soltava e a Sasagawa só tinha certeza de que entendera realmente muito pouco do que a amiga pretendia explicar. Mas não ousava interrompê-la. Haru não funciona na ordem. Não… ela era um poço de caos que, por algum estranho motivo, só funcionava como deveria por estar bagunçado.

Ela se continha para não rir cada vez que percebia aquela característica.

A única frase que a ruiva realmente entendera fora a última.

“Haru só quer gostar de Gokudera… do jeito que ele merece.” e parou.

Não chorava… não ria… Ela simplesmente parou, como se tivesse ouvido dos próprios lábios a solução que esperava encontrar na amiga.

Kyoko não se surpreendera nem um pouco… não era a primeira vez que Haru fazia aquilo. Era o tipo de pessoa que pergunta a data, se lembra, responde e agradece, como se o outro tivesse mesmo feito alguma coisa.

“Nee… que tal uma promessa?”

A garota Namahage limpou os olhos, já não mais triste nem feliz, somente curiosa.

“Eu prometo segurar o bocó do meu namorado pra ele parar de fazer besteira… Se você prometer que não vai demorar, nem enrolar,” e aquela era uma ênfase importante “pra se resolver com o seu.” e piscou.

“Kyoko… chan..”

A ruiva do nada bate palmas empolgada, cantarolando um “minha primeira missão~!”.

Haru a agradece. Se abraçaram.

“Quando sentir que está segura... me avise.” foi a última coisa que disse antes de soltá-la.

Não demorou para Romário aparecer com o guarda-chuva aberto, só esperando pela última passageira ser acomodada em seu lugar no carro.

Haru acenou se despedindo. Depois limpou o rosto nas mangas, reprimindo um último soluço e decidindo pegar um copo de água bem grande… falara tanto que sentia a garganta áspera.

Chutara a madeira da cerca umas vezes, preparando-se psicologicamente para o que viria a seguir. Droga, ela ia mesmo obrigá-la a fazer aquilo hoje. Sorriu. Queria muito esperar a fera se acalmar antes de cutucá-lo com a vara curta, mas não dava tempo.

Entrou. Hora de procurar Gokudera.

ooo

No carro, à caminho da cidadezinha, Tsuna pergunta se estava tudo bem entre ela e Haru.

“Tsu-kun…” suspira, sacudindo a cabeça de um lado para o outro atribulada “...por que você tem que ser tão… tão… adorável?”

Tsuna arregalou os olhos. A frase parecia um elogio... a palavra usada era um elogio, mas soara como um lamento e Kyoko o olhava com frustração. Não sabia como reagir e ele tinha que dizer algo, não tinha? Abriu a boca, o olhar confuso e bochechas vermelhas, desistiu... abriu de novo e finalmente pediu desculpas.

O rapaz mal percebia que o que acabara de dizer fora 'Me desculpe por ser adorável… não foi minha intenção.'

E eram palavras sinceras!

“É DISSO MESMO QUE ESTOU FALANDO!”

Ela ri e lhe dá um beijo.

Kyoko sorria meio triste… contou que elas fizeram uma promessa, mas que não era pra ele perguntar ‘qual’, pois era coisa de garota. O garoto fecha a boca.

“Eu achava que ela estava confusa… mas confusa é o que a Haru-chan é, e não como ela está, entende?” não, Tsuna certamente não entendia “Na verdade ela já está bem decidida.” e ri “Me pergunto se demorou muito para a ficha cair…”

“Do que... está falando…?”

“Nada, nada… só pensando em voz alta.” e mostra a língua.

O carro fez uma leve curva em um silêncio quase completo. Somente o tamborilar da chuva no teto lhes fazia companhia. E Romário. Mas Romário dirigia.

“Você… vai ficar bem?”

“Tsu-kun!”

“Que foi, eu só achei que…?!”

Kyoko ri. Sentia-se cruel por pensar assim, mas era tão engraçado assustá-lo...

“Não dá pra enganar a hyperintuição.” ela respira fundo e a tensão desaparece. “Eu estava triste no começo. Mas agora já passou.” dá de ombros. “Eu sei lá… de repente me veio uma certeza... de que antes mesmo de voltarmos a Namimori… vai tudo se ajeitar.”

“Mesmo?” e pára um instante “Como?”

“Chame isso de hyperintuição feminina.” uma piscadela e Kyoko lhe dá um selinho, ajeitando-se para saírem do carro. “Chegamos, você vem ou não?”

Tsuna sorri. Logo a segue para fora do carro.

ooo

Encontrá-lo… fácil. Gokudera nunca ia para muito longe de onde explodia. E Yamamoto o sujara de sopa (céus, ele realmente jogara sopa no Smokin Bomb!), então estaria ou num dos banheiros ou na cozinha pra se limpar.

Trazê-lo pro quarto com alguma desculpa convincente? Beh, ela podia ter feito melhor…

Fazê-lo abrir a boca?

Impossível.

Durante quase uma hora inteira Haru estivera desfazendo sua mala e tagarelando sem parar sobre… bom, ela já nem sabia mais sobre o que falava. Tirava uma blusa, dobrava e guardava… tirava um vestido, mostrava e colocava em sua frente diante do espelho. Parava de falar um segundo para analisar o reflexo, ela realmente precisar escolher um vestido. Depois o jogava em uma pilha e retomava a falação.

Uma hora ela chegou bem perto de fazê-lo reagir… Haru perguntara sobre o jogo de vôlei e ele disseram “Humf”.

Pelo menos havia algo mais o incomodando além da discussão…

O rapaz se encontrava deitado em uma das camas e encarava o teto. Ao menos enquanto ela estivesse olhando pra ele. Quando se virava, Haru percebia pelo reflexo do espelho que olhava pra ela.

E era aquele olhar que a deixava tensa. Era a mesma expressão que fizera quando foram para o futuro… Medo e raiva. Orgulho e maturidade. Fique longe e não vá, tudo embaralhado e sendo digerido por aquela cabeça de polvo prateada.

“Oras, vamos lá, você tem mais senso de estilo que eu, não podia ao menos colaborar?”

“Qual o real motivo pra isso tudo?”

“Escolher o vestido pra festa de domingo, claro!”

Gokudera se sentou.

“Você quer dizer aquele amarelo que você deixou o tempo todo pendurado no cabide?”

Droga! Haru achara que o havia escondido. Bom, não tinha jeito… iria direto ao assunto.

Só que o assunto fora direto a ela.

“Se vamos terminar, prefiro que não fique me-” ela lhe dera um pesado pescotapa. Ele estava sentado e ela de pé, o pescoço a fácil alcance, e a menina tinha a delicadeza da criatura que derrubara na cidade ainda naquele dia. Portanto doera bem mais do que qualquer coisa que a Domo fizesse.

“BAKA! Haru não vai terminar…” as bochechas ficaram vermelhas e o olhar castanho se perdeu na estampa do cobertor sobre a cama “ela só estava com saudades de ficar a sós com você -desu~.”

A morena se sentou no chão, apoiando os braços e a cabeça sobre a cama próxima a ele.

“Só por que minha mãe disse que eu tinha que escolher aqui... ou estava tudo acabado, não quer dizer que Haru ainda estava em dúvida. Gokudera devia perguntar mais pra ela.”

O rapaz parou um instante. Queria gritar, mas não encontrava motivo… pelo menos metade da raiva havia evaporado e ele não sabia dizer quando.

“Então… você já não gosta mais do Juudaime?”

“Gosto.” claro e simples. A raiva perdida reencontrava seu caminho.

“E ainda não gosta de mim.”

“Gosto. Muito.” tão simples quanto dizer que dois mais dois eram quatro.

Só que pro rapaz, o que ela dizia era dois mais dois é igual a cinco. Aquilo era injusto… Quando começara, pretendia ser curto e grosso, mas as palavras continuavam a sair e sair e Haru ouvira a tudo sem interromper.

“Nee… o que gosta mais? OVNI ou AMNI?”

“Que pergu-?”

“O que você gosta mais?”

Che. Como se ele não tivesse entendido onde ela queria chegar.

“Se fosse obrigado a escolher, seria AMNI. Preciso ficar no planeta terra se quiser continuar sendo o Braço Direito de Juudaime.”

“Então não gosta mais de OVNI? Os aliens não significam mais nada pra você?”

“...”

“Haru gosta de Tsuna. E ela vai sempre admirar a determinação e a gentileza, o carinho e a inocência, tanto quanto Gokudera também admira… mas ela sinceramente já se convenceu que o acabaria matando se convivesse com aquelas qualidades mais que uma semana. Haru… só gosta de Tsuna-san… mas ela precisa de alguém que não a deixe ficar fazendo besteira. Por isso que escolhi Gokudera-kun. Haru… Eu não só gosto de você… mas também preciso de você.”

O ar parecia pouco em seus pulmões… precisava se controlar, ele estava bravo! Devia estar bravo!

Fique bravo...

“Mas… se já sabe tudo isso.. porque estamos nessas Aulas todas?”

“Primeiro porque é superlegal…” havia controvérsias, mas deixou que terminasse. “Depois… bom… porque Gokudera só gosta da Haru. Ela também acha injusto ela ser a unica a gostar de dois, por mais que um seja só platônico -desu~”

Ela fazia o que fazia… por ele.

Gokudera escondia a boca com a mão, sentindo as bochechas quentes. Sabia só de olhar para aquela menina debruçada à beira da cama que ele podia explodir, podia gritar, podia ralhar o quanto fosse e ela aceitaria pela mera sensação de ser a errada. Nunca encontraria outra oportunidade para desabafar toda a raiva que sentira desde os primeiros instantes que a vira solitária, temendo ser deixada para trás e prometera a si próprio que não a permitiria sair da família.

Mas, droga! Onde estava a raiva quando precisava dela?! Para onde fora toda aquela fúria que acumulara especificamente para mostrar o quão mais-errado-que-ele ela estava?

Che. Mulher idiota.

Aprendera a desarmá-lo sem a menor cerimônia…

“Idiota.” e dá um peteleco na testa dela, sorrindo ao ouvir aquele ridículo Hahir o qual já passara a esperar “você mesma não tinha garantido que eu também estava apaixonado pelo Juudaime?”

A estúpida tivera a ousadia de arregalar os olhos, como se não tivesse entendido o que ele quis dizer.

“Não! Não desse jeito! Imbecil!”

Haru ri.

“Ok, vamos estabelecer umas coisas. Eu sou o namorado. Juudaime é o chefe.” e apontava pra si e pra porta, várias vezes até parecer que ela havia encucado. “Namorado. Chefe. Chefe. Namorado. Não cruze essa linha… e ficaremos bem.”

“O mesmo vale pra você - desu~” e piscou pra ele com aquela indireta descarada.

“Idiota!”

Ela ri e se levanta… Se aproxima dele, subindo na cama.

“Oi,oi,oi,oi..! O-o que você ta fazendo, mulher?!”

“Feche os olhos…”

“...” Oh, céus “N-não, nem pensar!”

“Fecha logo! Haru quer te dar um beijo!”

“...” piscou algumas vezes, mas nada aconteceu. “Pode dar. To esperando.”

“B-baka…” estava ajoelhada bem na sua frente, ficando cada vez mais vermelha, de um modo que até suas chamas teriam dificuldade pra imitar “Haru… ta com vergonha.”

“Vergonha de quê? Já nos beijamos antes, mulher!”

“Não… Gokudera-kun sugou a alma da Haru para fora do corpo pela boca e a largou no chão quando a mãe dela entrou e isso definitivamente não conta!”

Agora ele ficara vermelho.

Antes que aquela vergonha reativasse a bomba que o garoto era, Haru o segura pelos ombros e o força a se deitar, sentando-se sobre sua barriga.

“Fecha os olhos. Gokudera vai ser a cobaia agora!” ele ainda pretendia protestar, obrigando-a a completar a frase “Depois a gente troca…”

De repente ele parou, se não o conhecesse bem, diria que era tímido todo o tempo… Gokudera finalmente fechou os olhos.

E assim, com a casa esvaziada e quieta, ao calmo som de chuva e ventos, Haru segurou aquele rosto com ambas as mãos, sentindo as curvas do maxilar que tanto ja beijara, mas ainda achava pouco… e encostou seus lábios. Eram mordiscados por ansiedade, mas quentes e com um surpreendente gosto de café e menta, coisas que sabia que ele gostava, mas, parando pra reparar, nunca o vira comer. Quando ele começou a corresponder, Haru sentiu cócegas e o curvar dos lábios dela fez o coração disparar.

Ele estava tenso e tudo o que fazia para acalmá-lo o deixava mais nervoso. Era engraçado, mas a fazia sentir que estava fazendo errado...

Passou a arranhá-lo. Bem de leve, no pescoço e nas bochechas. Estavam tão perto, tão juntos que sentiu o cenho dele franzir como se fosse seu e o grunhido que soltara estremeceu o corpo inteiro. Nervosismo virava irritação. O medo acabava e ele ficava mais à vontade.

Sentiu uma pressão surpreendê-la na cintura quando as mãos, grandes se comparadas a ela, a puxaram mais pra perto e Haru pegou a deixa para afundar as mãos naquele cabelo prateado com o qual ele tomava tanto ciúmes e aprofundou o beijo, parte para compensá-lo, parte para distraí-lo e parte porque ela queria muito aquilo. Sentiu os lábios dele se curvarem e fora sua vez de experimentar o disparo das batidas… estava fazendo algo certo e aquela era a melhor sensação que já experimentara em vida…!

Podia parecer besteira… mas os dois dias que passaram com os pais enchendo o saco, sem deixá-los em paz, pareciam ter ajudado. Antes, ficavam sozinhos ele evitaria contato físico, resmungaria… Ambos ansiavam por momentos a sós, mas não sabiam o que fazer, limitando-se a acumular possibilidades, a imaginar cenas e situações…. mas agora… era como se ansiassem por aqueles momentos, prontos para colocar tudo em prática sem medo, sem saber se erravam, se acertavam…

Sabiam apenas... que aprenderiam juntos.

Aos poucos, Haru para, finalizando com beijos curtos e selinhos, até se separarem e ela se afasta, mas não muito, só o suficiente para fitar as ordes verdes e geralmente zangadas, percebendo, para sua surpresa, que ele havia soltado seu cabelo.

“Haru jura… ela ainda vai te ensinar a não ter vergonha de beijá-la assim em público…”

Para onde fora o olhar tenso, desconfiado e o cenho franzido? O que acontecera com o as caretas e os bicos emburrados? Haru olhava para um Gokudera tão calmo, sorrindo pra ela e segurando seu rosto com uma ternura que a faria desmanchar não fosse por aquele sorriso provocativo...

“Quer apostar?”

Nascia ali… ou talvez antes, no embate com a bruta, uma mania que ela não sabia ainda dizer se seria saudável.

“Quero! Se Haru vencer ela pede alguma coisa. Se Gokudera vencer ele pede.”

“Feito.”

E riram um para o outro.

A chuva se intensificava e o céu era um único breu. Já havia erdido a noão do tempo.

“Tá tarde, não…?”

“É…”

De súbito, ele rola, trocando de posição.

“Mas agora é a minha vez.”

Feche os olhos...

ooo

“Doo-dloo-doo-doo-doo…~” cantarolava a bela moça a caminhar pela pesada chuva sem nada a protegê-la contra os respingos. Seu visual costumava afastar os mais recatados e atrair encrenqueiros… Mas não naquela noite...

I'm singing in the rain

Just singing in the rain

What a glorious feelin'

I'm happy again

Não… aquela noite era especial! A caminhada logo se transformava em um alegre saltitar, atraindo a atenção dos passantes.

I'm laughing at clouds

So dark up above

The sun's in my heart

And I'm ready for LOVE~!

Longos cabelos róseos grudavam em seu rosto e costas enquanto o ignorado guarda-chuva ia e vinha aos largos movimentos de sua mão sem que nada daquilo a incomodasse.

“Mamãe, porque aquela moça tá dançando?”

“Oras, meu filho...É porque ela está feliz.

Let the stormy clouds chase

Everyone from the place

Come on with the rain

I've a smile on my face

Rodopios delicados se transformavam em um simpático dançar enquanto a bela moça se aproximava de seu destino.

I walk down the lane

With a happy refrain

Just singin',

Singin' in the rain~

Chegando ao portão da pousada ela faz uma pomposa reverência a seu querido público de estranhos e desconhecidos e entra.

Bianchi não poderia estar de melhor humor…

Ao chega à varanda e torcer cabelo e roupas, percebe que as luzes da lanchonete ainda estavam acesas. Antes que chegasse a achar aquilo estranho, lembrou-se das poucas pessoas que resolveram ficar e não teve a menor dúvida de qual delas encontraria ali.

Era uma pena que a chuva não possuía o mesmo significado para todos...

Sentado no mesmo lugar das outras vezes, Yamamoto passava o tempo olhando calmamente pela janela, apoiando a cabeça em um dos braços enquanto o outro descansava sobre a mesa. O que não era o habitual para um verdadeiro esportista.

Provavelmente remoía os acontecimentos sentindo-se péssimo e culpando-se pela própria reação.

Típica neura de cara legal.

He, ele sequer percebera que havia entrado. Bianchi se dirigiu em silêncio para a cozinha.

O transe era tamanho que quando retornou, o rapaz só reagiu depois que batera com a tigela de sopa quente na mesa.

Yamamoto a encarou dos pés à cabeça, perguntando-se o que fazia ali.

“Quem diria… o calmo guardião tem um lado negro.” e ri. estava ensopada. “Você causou uma cena hoje, não?”

Um sorriso sem graça fora sua resposta. Bianchi empurrou a tigela mais para perto dele para o caso de não tê-la percebido.

“Por conta da casa.” e pisca.

Yamamoto sorri. Um sorriso de verdade.

“E quem diria que você tem um lado claro. Fiquei surpreso.”

“É, pode-se dizer... que é o efeito que a família tem na gente.” e ela dá de ombros de volta ao modo difícil de ler. “Mesmo uma profissional tem seus momentos.”

Ele encarou a sopa por um tempo, mas logo voltava a divagar. A Escorpião perguntou-se se ele era mesmo estúpido ao ponto de estar esperando os outros dois ou só puramente idiota por se criticar tanto por causa de uma explosãozinha.

Claro, podia ser os dois...

“Me fala, você é alguma espécie não classificada de masoquista? Digo… ficou para trás só pra ver se ela se resolveria ou se sairia chorando? Pretendia dar ‘o ombro amigo’ caso o pior acontecesse?”

“E você ficou pra me vigiar, não?” um sorriso nascia no canto da boca.

“Claro que não." o sorriso desmanchou "Eu fui. Experimentei, comprei e voltei.” simples assim, sem qualquer remorso ou preocupação. “Depois comecei a cantar e dançar, mas isso não vem ao caso.” ele a encara desacreditado. Era de se esperar que ela temesse alguma besteira vinda dele, não? “Você tem um lado negro, Takeshi…” e faz uma pinça com o indicador e o polegar “só que é desse tamanhinho.”

“Olha, eu não pretendo interferir. Haru é livre pra escolher quem quiser…” e completa. Sabia que não havia necessidade de se explicar, mas achava que era o certo, ainda que ela ficasse brava “Mas se por um minimo acaso ela não escolher Gokudera… Bom, não vou ficar sentado esperando ele mudar de ideia.”

“Justo.” diz simplesmente.

Yamamoto sorri.

“Ainda bem que essa chance não vai existir.” dito isso Bianchi sorri e se retira, não mais dançando, mas ainda com um leve gingar despreocupado “Boa noite, Takeshi.”

O rapaz suspira um tanto almo e um tanto triste, ciente de que ela estava certa. Já havia perdido aquela batalha havia bastante tempo. Percebeu que estava com fome. Mexeu no prato e sentiu com certa estranheza que a tigela estava vazia… quando olhou por cima, havia um buraco que atravessara a mesa e corroía o chão. Levantou num salto batendo nas pernas da calça pra ver se não estava queimando também.

Bianchi tinha um lado claro… mas era daquele tamanhinho.

ooo

Enfim… Sábado.

Gokudera acordou leve... Não sabia o que aquilo significava, mas era como conseguia descrever. Estava com um humor fenomenal, talvez até voltasse a produzir algumas dinamites.

Levantou-se percebendo que Haru não estava lá. Não demorou nada para sentir o cheiro de bolo vinda do refeitório.

“Che.”

Era demonstrações de afeto em público que ela queria… era o que o guardião daria a ela...

Mas primeiro… banho.

No café da manhã estavam todos à mesa. E por todos entende-se que Haru não estava mais à distância, mas junto das meninas, como sempre ficavam.

“A chuva ficara tão pesada que precisamos dormir pela cidade mesmo...” contava Kyoko, depois de contar tudo sobre as roupas que haviam comprado.

“Hahi, não ficou muito caro?”

“Bom… teria ficado, mas parece que um cara lá devia um favor a Reborn e nos deixou ficar de graça!”

“Que sorte -desu~!”

“Falando em ontem… como estão as coisas com Gokudera, vocês conseguiram se resolver?”

Como que única e exclusivamente para responder a pergunta da Kurokawa, o dito cujo surge. Blusa meia manga cinza e jeans preto, ainda com toalha na cabeça, mas já de correntes e anéis.

Haru se vira para dar Bom Dia, recebendo um dedo apontando para o seu nariz.

“Mulher, eu te juro… se você me deixar sozinho numa cama feito um garoto de programa mais uma vez… eu vou me vingar.”

Haru piscou algumas vezes.

“Torrada com geleia?”

Ele pára. Pensa antes de pegar a torrada com a boca e a toma com a mão emburrado.

“Dá próxima vez... quando eu acordar... esteja lá!”

E saiu andando.

Ela achara estranho, e quando olhou para seus amigos a cor não existia mais neles. Foi então que se tocou da impressão que dera.

“N-n-n-não é o que estão pensando -desu!! N-não tudo, pelo menos…”

“Ah, é sim!” ainda ousava retrucar.

“Hahi! Lógico que não!”

“Mulher, você nem sabe o que estão pensando.”

“Ah, mas sei, e Gokudera também sabe! E NÃO. É. ISSO. Seu…”

“Nah-ah! Não se esqueça da Aula 1!”

Haru congela.

“Seu…”

“Sim?”

“Grande…”

“Eu sou um grande... o que?” eeee a cereja no topo do bolo “Amorzinho?”

“UGH!” e se retira contrariada, ainda gritando “IDIOTA!”

“HA! TRATO DESFEITO, POSSO TE CHAMAR COMO BEM ENTENDER, BAKAONNA”

Risadas malignas emanavam do rapaz e ecoavam pelo refeitório enquanto ele saía.

Bianchi estava brilhando. Ela imediatamente olha pra Yamamoto, pronta pra esfregar a vitória na cara dele... mas o rapaz já não parecia triste.

Na verdade… ele sorria, olhando pra ela.

“Iiii...”

Fim do café… era hora do tão esperado vôlei!

ooo

Aula 3: Ciúmes -desu~

Queixos caídos. Risos do outro lado. Umas poucas crianças corriam na frente da área reservada para o campeonato.

Quando uma bola chegara perto demais, no entanto, fora destroçada por pelo menos três facas, uma katana, dois guarda-chuvas elétricos e uma infinidade de disparos claramente exagerados. O choque fora tamanho que o menino sequer chorou. Só deixou o queixo cair na areia, tal como estavam os pobres garotos e garotas da Vongola enquanto Bianchi tirava centenas de fotos registrando aquele momento.

“Bem-vindos ao primeiro campeonato anual de vôlei de praia!” anunciava a voz do babê distorcida pelo megafone “E na disputa de hoje: Décima Geração Vongola contra a própria Esquadra Idenpendente de Assassinato de Elite...”

A Varia.

“Shishishishi… saudades?”


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Notas finais do capítulo

Nada a comentar. Eu, claro, vocês tem mais é me dizer o que acharam, sim?! Desembuchem, podem descer o rodo que eu aguento!!!

8DDDDDD



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