No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 24
Praia


Notas iniciais do capítulo

Pois é, outro capítulo que parto em dois xDDDD Mas espero que gostem!



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PoisonScorpioOfLove is online

PoisonScorpioOfLove says:

HARUUUU~

Mal nos falamos esses dias... eu estava na correria com os preparativos para nossa viagem (ideia minha, gostou?) e nem pude te perguntar como foram essas aulinhas particulares com meu irmão…

Não me poupe de nenhum detalhe, por favor…

...

…HaruHaruCakeDesu is typing…

...

…HaruHaruCakeDesu is typing…

…HaruHaruCakeDesu is typing…

PoisonScorpioOfLove says:

Haru?...

...

…HaruHaruCakeDesu is typing…

HaruHaruCakeDesu says:

CALMA AI, TO ACABANDO

...

…HaruHaruCakeDesu is typing...

HaruHaruCakeDesu says:

~DESU

Já havia alguns dias que não se falavam, mas, finalmente, chegando a quinta-feira do feriado, poucas horas antes de saírem, Bianchi arrumara um jeito de conversar só com Haru e saber de primeira mão como foi o embate entre o rapaz e os pais dela. Sabia que a menina ainda estava em casa, porque Gokudera ainda não havia saído para buscá-la, então teriam algum tempo pra papearem.

Mas Haru demorava tanto!

Depois de mais alguns muitos pontinhos, a morena finalmente aperta Enter.

Segue-se então... os minutos de leitura mais frustrantes da mulher que se auto-intitulava cunhada da garota Namahage. Começou com uns risinhos, como sempre começaria qualquer babado. Era divertido imaginar as típicas cenas de pais indo contra o relacionamento… Seu próprio pai sempre fora contra os dela, claro, mas a única coisa que fazia era ignorá-lo e sair do país quando a coisa ficasse feia.

Depois passou para uma expressão mais séria... o garoto perdera dois dias que desembocaram na carona que o pai da menina dera até a casa dos Sawada o que, para o bom entendedor, queria dizer que estava tudo indo bem, até ficar impaciente e, finalmente, já ao ponto em que um humano arregalaria os olhos em descrença com tamanha falta de ação e romance no rapaz que a genética classificava como seu parente, ela solta um melancólico suspiro e sorri.

…E enche a cara do irmão com poison cooking no quarto do Sawada com o som dos gritos dos meninos e os maldizeres de Hayato servindo-lhe de doce trilha sonora enquanto se retirava do quarto sem olhar para trás do jeito que só pessoas descoladas fazem.

Agora sim...

Voltou ao computador. Esticou as costas, estralou os dedos e suspirou de novo. Dessa vez de alívio.

Para sua surpresa, Haru havia escrito um pouco mais enquanto ela estivera ausente.

HaruHaruCakeDesu says:

Mas foi divertido…

Haru sabe que Gokudera não é chegado a coisas românticas nem nada… Nem me incomoda mais. Acho que me acostumei.

Os dedos finos, mas calejados, tamborilam na madeira d escrivaninha.

É. Dessa vez não dava para aliviar.

“MAS O QUE FOI QUE EU FIIIIIZ?!” foi o grito que ecoou pelo bairro inteiro enquanto três meninos voavam pela janela da casa que um dia fora a mais pacata de Namimori seguido das mini-explosões causadas pelas muitas granadas escondidas na cabeleira do menor.

ooo

Haru já pensava em ligar por não estar recebendo mais resposta quando seu celular vibrou.

“Moshi mosh-”

“NÃO se deixe contaminar pela alergia do meu irmão!”

Devagar, ela tira o aparelho do ouvido para olhar para a tela. Colocou-o de volta.

“Bianchi… chan?”

“Já me basta carregar o fardo de um humano que não compreende o poder do Amor, não vou aceitar que ele destrua o que há de mais sensato em você também!” Com certeza era Bianchi. “Deixe tudo com a Aneki... Huhuhuhu… espero que já tenha feito as malas, cunhadina... Essa viagem vai ficar pra história.”

E depois de uma risada maligna, a mais velha desliga.

“Hahi?”

ooo

Uma grande muvuca se formava na frente dos Sawada enquanto os jovens amontoavam o micro-ônibus que Reborn alugara especialmente para a ocasião (uma velha amiga amarela e verde de Tsuna, ainda com aquela longa corrente e a guia presas no pára-choque frontal só à espera de alguém que pudesse puxá-la enquanto voa com determinação, pro imenso desgosto do rapaz) com malas, lanches e, bem, com eles próprios. Todos, menos um.

Ou, melhor… dois.

Chegando no portão dos Miura, já avistara o pai da garota à sua espera.

Humf... Típico.

Ainda assim… parecia diferente.

Sentado sozinho no banco, o gorducho parecia ter perdido o olhar na distância. Os bons e velhos café e livro esquecidos e intocados a seu lado, e um incessante tique na perna fazendo as tábuas da varanda terem o privilégio de experimentar um mini terremoto particular.

“Oi, velho! Pára de destruir a casa!”

Finalmente o homem percebera sua presença. Mas havia algo errado.

“A-ah, bom dia... Hayato...”

E não falou mais.

Gokudera podia até responder o cumprimento... mas não quis. E também não pretendia entrar sem convite ou algum sinal de consentimento. Sendo assim ficara ali. Parado. Vendo aquele homem se ajeitar e reajeitar em seu desconforto.

“Rapaz…” começou enfim, ao limpar a garganta. “...eu não acho que este é o melhor momento pra falar sobre isso, eu devia ter perguntado ontem...” Lá vinha. “...mas você já deve ter percebido que a palavra 'máfia' não quer dizer muita coisa pra minha esposa...”

Hayato parou, confuso. Esse não era o assunto que estava esperando.

“Ela parece pensar em ‘garotos mafiosos’... e-e ‘sucessor da famiglia’ como uma pessoa qualquer pensaria sobre um filho de político, o sobrinho do deputado, do prefeito...” o pobre homem sacudia a cabeça, esfregando testa “...eu não sei bem o que ela viu de tão ruim na polícia… mas tenho quase certeza que esse… 'ponto de vista' não é exatamente a realidade.”

Ele disse... o olhou... e esperou.

A resposta fora um lento e significativo balançar da cabeça prata, os verdes olhos fixos no óculos do homem.

Não. Não era. E Gokudera sabia bem.

Quando o tique do homem se alastrara para a outra perna e o chão parecia hospedar um exército de sapateadores irlandeses bêbados, já umidecendo os lábios e preparando-se para perguntar mais alguma coisa, Hayato se adiantou.

“Mas também não é como está pensando.” precisava de muita cautela agora. Muita.

“Com... metralhadoras... violência e chapéu fedora... e as coisas que mostram em filmes, você diz?”

“O chapéu continua em alta.” o velho sorriu. Seu peito deu um nó, mas prosseguiu. “A Vongola é... ela é especialmente conhecida pela diplomacia e o número de grandes aliados fiéis. Não vou dizer que não… temos problemas. Nós temos.” e agora? “Mas a maioria é culpa do Reborn. É ele mesmo que as resolve, de qualquer forma.”

“Reboyama-san, você diz...” uma fração da tensão do homem se dissipara, depositando-se inteiramente nas costas do rapaz “Ele tem mesmo cara de quem apronta. Ele é um tutor muito severo?”

“Absurdamente.” calafrios subiram suas costas. O Sr. Miura riu. Saiu mais como um riso apreensivo que sincero, com certeza não estava menos preocupado. Mas o tique cessou. Ficaram em súbito silêncio durante um tempo.

“Alguém tem que disciplinar essa molecada.”

De volta ao silêncio...

“É...”

E silêncio outra vez.

Percebendo que o assunto definitivamente não evoluiria para além daquilo, o Sr. Miura respira fundo e esfrega os olhos por baixo dos óculos durante alguns segundos. Era quase possível ouvi-lo pensar… onde é que sua filha estava se metendo.

Hayato abriu a boca… mas parou. Queria dizer que ficaria tudo bem. Queria prometer que cuidaria dela…

Mas o som... não saiu.

“Pode entrar, garoto. Do jeito que ela é só vai ficar pronta quando o feriado acabar.”

Dito isso Sr. Miura se levantou, abriu a porta e entrou. Gokudera o seguiu.

ooo

A casa estava quieta como nunca vira. Era como um prefácio do que se passaria ali depois que eles e Haru (a garota mais barulhenta da vizinhança, senão de Namimori) estivessem na praia.

Respirou fundo.

Não fazia seu estilo pensar nessas coisas, mas... o silêncio... a sala escurecida pelas cortinas fechadas durante o dia... o cheiro de mobília parada... e as lembranças vagueando pelo lugar...

A incômoda certeza o atingia e não largava, fazendo-o lembrar... que aquele silêncio seria também o silêncio que todos deixariam em suas casas quando fossem para a Itália. Não que seus vizinhos se importariam com algumas explosões a menos. Não iam.Mesmo. Mas para os outros… Maníaco do Beisebol … Sasagawas… Juudaime…

...Haru...

A melancolia provavelmente não seria pouca.

Che...

Pior ainda se os pais soubessem onde estavam se metendo. Não era pra menos que mantinham segredo.

O Sr. Miura não estava mais à vista. Devia ter voltado pra fora ou ido pro quarto. Hayato não se apegou a isso.

Seu maior consolo no momento era saber que, por mais que a longo prazo aquilo que dissera ao velho se tornasse uma mentira, no presente, a única coisa realmente preocupante eram mesmo os treinos de Reborn. Eles seriam massacrados, enquanto as garotas se divertiriam na praia sem qualquer consideração pelo esforçado grupo de guardiões, como sempre acontecia. O perigo já havia passado e, se algo estava previsto para acontecer, seria dali a dois anos.

E nem precisariam muito mais que um maíaco das tonfas para resolver.

Então estava tudo bem. Sua lógica lhe garantia que não fazia sentido se preocupar. Segurando forte a camiseta sobre o peito, seu punho fechado parecia quente e Gokudera continuava sentindo um peso. Mas por que?

E porque a infeliz não descia logo para saírem daquela quietude que já o estava enlouquecendo?!

De repente, uma foto.

Em cima de uma das prateleiras repletas de livros acadêmicos, havia uma fileira de retratos de família sendo a maioria delas, da garota Hahi.

O rapaz chegou mais perto pra ver e segurou pra não rir.

Uma mini-Haru em preto e branco dava um sorriso desdentado para a câmera. Os bracinhos alegres e abertos tinham o resto das mangas de uma fantasia de policial pendurados, de longe grande demais para a criança. Só quando segurou o retrato vendo que não era uma foto recente com filtro P&B… mas uma foto antiga mesmo que percebeu.

Aquela era a Mulher Domo.

“Era o uniforme da minha mãe.” CÉUS, Hayato quase pôs um ovo de susto.

“O quê?!”

A mulher lhe dera um pescotapa. Feito impressionante, já que precisara praticamente pular para alcançá-lo.

“A foto, garoto...” e pegou o retrato ao lado do que acabara de ver “era eu com o uniforme da minha mãe.”

Não respondeu. Torcia para que aquilo não desembocasse numa daquelas histórias de ‘quando eu era da idade de vocês’. Já tivera uma conversa melancólica com um adulto, duas já ia além de seu limite...

“Hoje acho isso engraçado... mas quando eu era da idade da Haru-chan...”

“Ah, não...” e levou outro pescotapa.

“Cala a boca e me escuta. Quando era mais nova achava o máximo a ideia de defender a justiça… caçar os bandidos. Para a criançada é só isso o que acontece. Um distintivo então… era um sonho!”

Ele não queria ser rude. Não dessa vez, mas a força que Hayato fazia para não revirar os olhos começava a ceder. O que vem depois? Vai dizer que a mãe morreu e isso a fez mudar de sonho…. ah, céus, soltem os violinos...!

“Então ela morreu.“ e durante alguns segundos, a frase também.

A mulher observava a foto como o Sr. Miura fitava o horizonte à pouco, na varanda. Olhar fixo, com pensamentos perdidos. O cenho começava a franzir, e um confuso sorriso se arriscava nos lábios, dando a impressão que nem ela própria pretendia se perder tanto numa lembrança tão remota. Gokudera perguntou-se quantas vezes ele já não olhara assim para um piano... enquanto pensava em sua própria mãe.

“Foi uns três meses depois dessa foto.” dissera enfim.

“...”

A irritação o abandonara. Já não sentia mais vontade de revirar os olhos… na verdade, Hayato respirava fundo sentindo-se um idiota. O simples fato de ter advinhado dava-lhe a sensação de ser o assassino. Por mais que pensasse o que pensou… ouvir aquilo… Droga, podia até ser de um velhote gagá e moribundo...!

...Não dava para ignorar.

“E depois...” Juudaime que o perdoe, ele estava incentivando o assunto! “Foi por isso que começou a detestar a polícia?”

A tristeza fora instantaneamente substituída por ultraje.

“Ficou doido?! Eu nunca detestei. Tive medo, remorso, rancor… mas amo esse trabalho até hoje! Não senhor, eu fiz questão de entrar pro batalhão com as melhores notas de desempenho.”

Hein?

“Por que?”

A Mulher sorriu.

“Pra pegar o cara que fez isso com ela… e mostrar que eu não seria igual.”

Por um segundo, os olhos verdes se arregalaram.

“Sabia quem era?”

Ela continuou.

“Todos sabíamos. Homem comum. Estudou, trabalhou duro, se formou... Policial. Tinha família, pagava impostos… Pelo menos os que o salário permitia. Se meteu em encrenca e quem pagou o pato foi a viatura mais próxima...”

“E… você passou nos exames?”

O sorriso aumentou.

“Antes da última prova o pai da Haru me pediu em casamento.” deu de ombros e todo aquele largo e saudoso sorriso se desmanchou em receio. “Já dá pra ver o que eu escolhi.” e o receio virou vergonha. “Eu… me acovardei.”

Esfregava a pequena testa atribulada, num gesto que mesmo Gokudera dificilmente decifraria se ela herdara do marido ou se o contrário. Naquele pequeno segundo em que se desenrolou o movimento, todo o sentimento de repulsa e aversão que já sentira por aquela pequena pessoa afrouxou. Aquilo era tão… errado. Talvez fosse a semelhança com Haru, mas o estava machucando vê-la ser frágil. Menos Domo. Mais mãe e também filha.

Não era normal. Preferia ver o monstro de sempre...

“Depois que chegam os filhos as coisas mudam. Mudam muito. Me pegava com tanto medo de não conseguir sustentá-la que soube que faria qualquer coisa. Até hoje não sei… se o que me assustou mais fora achar que acabaria como minha mãe… ou como o outro que a matou. Percebi que o emprego… a índole… tudo isso pouco afetariam o resultado. A linha que separa o lado certo do errado, bom do mau é tão fininha… geralmente nem percebemos quando passamos de uma para outra. Por isso escolhi me afastar.”

“Domo...”

“Quieto, eu não acabei, rapaz...” não ouve tapa, ela já parecia não ter força sequer para firmar a voz. Apenas prosseguiu. “Faça as escolhas certas. Eu tentei ensinar isso pra Haru, mas acho que ela ainda não absorveu a mensagem. Você é um gênio, não é? Prove. Quando voltarem estaremos nos preparando para a festa de Halloween e vocês estão todos convidados. Se escolherem direitinho… bom. Não teremos mais nenhum tipo de problemas.”

E sem mais delongas, ela lhe estende a mão com a palma aberta.

Um acordo.

Uma promessa.

Sem mais implicâncias.

Mas ele ainda se sentia desafiado. E o peso do peito… só aumentou.

Lá de cima, o barulho das rodas de uma mala de carrinho chegava até a escada.

“Che. Eu não preciso de aprovação. Gênios não deixam de ser geniais só porque um bicho marrom e cheio de dentes te-AHH!” e o monstro marrom retorna, pegando sua mão e apertando, fazendo cada ossinho estalar e o pesado peito explodir pelo acordo imposto.

“Trato feito. Boa Sorte~! E vê se não deixa a minha filha fugir sem falar com a Sasagawa!”

Culpa. Gokudera sentia culpa. Mas mais que aquilo.

“Rápido, antes que meu pai decida revisar as instruções -desu~!!” e sem qualquer cordialidade ela o dá um beijo na bochecha da mãe, agarra pelo braço e dispara pela porta.

“Voltem à tempo pro Halloween!! Esse ano o clubinho do seu pai vai caprichar na decoração!”

“NÃO É UM CLUBINHO, É UMA SOCIEDADE!”

“Claro, querido, claro que é~”

E a porta se fechou, deixando as vozes cada vez mais para trás.

Pela primeira vez… Gokudera se sentia dividido.

ooo

Praia.

Bom, ainda não… mas pelo menos chegaram na casa.

Um a um os zonzos jovens desciam do ônibus. Sem dúvida gratos por terem sobrevivido à mais rápida, porém mais agonizante viagem de suas vidas.

Uma hora antes...

Quando chegaram estavam todos ainda do lado de fora, terminando de guardar as malas e combinar os lugares.

Inútil, porque cada casal se sentaria com seu respectivo par e Yamamoto sobraria com as crianças, pro azar do pobre rapaz. Pelo menos ele parecia não se importar.

Assim que Haru chegara, Kyoko interrompeu o que quer que estivesse falando e acenou sorridente.

"Oi, mulher..." chamou Hayato. "É com você."

A morena correspondeu o sorriso, mas voltou a desviar o olhar tão logo percebera que Tsuna também os chamava. Jogou suas coisas no porta malas e entrou para escolher um lugar, sem cerimônias.

Gokudera revirou os olhos, se curvou exageradamente para seu chefe e entrou também.

Do lado de fora, Mama se despedia de Fuuta e I-pin e os enchia de conselhos de como se comportar na praia. A menininha cabeça de ovo pegou no bolso uma bala de uva que guardara e deixou na mão da Mama.

"Pra Lambo!" exclamou e correu para o ônibus.

"O menino-vaca não vem conosco?" sussurra Hana para Kyoko, mal contendo o sorriso por ter um pirralho a menos.

"Parece que está de castigo por colocar fogo na peruca de um dos professores... foi isso, não foi, Tsu-kun?"

A resposta do chefe fora um sorriso largo, um suspiro satisfeito e o mais lento e confortável escorregar pela poltrona acolchoada do micro-ônibus. Graças à travessura do menino, Tsuna só se preocuparia com as loucuras daquela viagem quando chegassem à praia e iniciassem o treino. Até lá, teria pelo menos três ou quatro horas de trânsito para relaxar e curtir o passeio ao lado da namorada.

Ou não...

"Já estão todos aqui?" pergunta Hana, ao que Bianchi confere na lista. Gritos se fizeram ouvir na frente da casa e os jovens todos se adiantaram para as janelas para ver.

"COMO ASSIM NÃO TROUXE REPELENTE, PYON?!"

Reborn sorri

"Agora estão."

Do lado de fora, Ken, Chikusa e Chrome chegam e se preparam para guardar a bagagem.

"OI! Seus animais!" grita Gokudera da janela "Ninguém chamou vocês aqui!"

"Chrome é guardiã..." lembrou o bebê.

Ah, é, verdade...

"A de cabelo roxo sobe. Vocês dois... FORA!"

Ignorando completamente o rapaz de cabelo prata, a dupla começa a discutir o que haviam trazido, o que haviam esquecido e quantos itens dessa lista eram culpa de Chrome.

Não demorou muito, Kyoko e Ryohei descem para conversarem com eles. Afinal... a casa de praia era dos pais dos Sasagawa. Tsuna preferiu esperar em seu lugar... aquela dupla o assustava.

E Reborn não gostou nada, nada daquilo.

"É o seguinte!" começou o loiro já apontando aquela garra para os irmãos "Já faz alguns dias que Chrome criou a mania de sumir sem aviso ou começar a passar mal e nós nos recusamos a ficar sem nossa única forma de contato com Mukuro-sama!!" Chikusa pedia para Ken parar de gritar, mas não adiantou muita coisa "Então se pensam que vão nos impedir esqueçam, porque se nós não formos, ELA TAMBÉM NÃO VAI, BYAN!"

"Achamos que é culpa do seu amigo das tonfas..."

O grupo se entreolhou. O que Hibari poderia ter a ver com Chrome? O rapaz não se prestara nem para sair de seu querido telhado do colégio para recusar o convite à praia... jogara a tonfa e a fizera cravar no chão na frente deles com a ameaça de morte escrita numa carta colada na arma.

Ao fim, a menina de cabelos roxos se encolhia, sem saber o que dizer para a amiga.

Para a surpresa deles, Kyoko sorriu.

"Oras, por que não disseram antes?" a dupla parou, confusa "Se estão preocupados com Chrome, serão muito bem-vindos!"

...

"Está... nos convidando, pyon?"

Kyoko olha para Ryohei e ambos concordam.

"Claro que sim!"

É a vez de Ken e Chikusa se encararem.

"Fui!" e se viraram para se retirarem dando tchau para a menina de tapa olho de longe.

"Quando convidam perde a graça." falou Chikusa, baixo e monótonamente.

"HEH! Ela achou que estávamos preocupados... Pfff que piada!"

"Mas você estava preocupado... Ken."

"N-N-NUM TAVA NÃO, BYAN!" se foram.

Ainda sem jeito pelo ocorrido, Chrome abraçava o tridente retrátil à espera do que viria a seguir. Para seu alivio, Kyoko não demorou para segurá-la pela mão e puxá-la para o ônibus, quebrando seu desconforto.

Finalmente... poderiam ir.

Estiveram todos se preparando para uma viagem de três ou quatro horas por causa do movimento de feriado, quando Reborn, trajando adoráveis porém infames blusa cor-de-rosa, shorts laranja, uma mochila lilás e um cabelinho feminino e curto muito desconcertante, pegou o Leon-megafone.

“Sejam todos Bem-vindos à Reborn Airlines...”

“Airline? Haha! Vamos voar, então?”

“Não se incomodem em apertar seus cintos. Eles já vão apertar vocês...”

Antes que pudesse pensar em escapar o cinto de sua cadeira já o havia prendido. A todos eles aliás.

“Ah, não...” um alçapão se abriu no teto e, em um segundo, Tsuna fora ejetado de seu lugar. “HIIIIIIIII!”

“JUUDAIME!”

O bebê sorriu. Um Chefe deve sempre tomar a dianteira do grupo.

Incluindo literalmente.

“A Reborn Airlines tem o prazer e o orgulho de anunciar nosso mais novo motor ecologicamente amigável de energia renovável. Quem aqui pode me dizer alguma fonte renovável…?”

Silêncio.

Do lado de fora, em cima do ônibus, o jovem Vongola percebe que a cadeira na qual estava sentado se soltara, deixando-o tão somente com o cinto, o encosto suspeitamente pesado e metálico e a guia cuja corrente o prendia ao para-choque frontal.

Uma sombra o cobriu por trás… Tsuna se virou.

Dentro do veículo, como se fosse Dora a aventureira, Reborn diz

“Isso meeeesmo… o medo!”

“HI… HIBARI-SAN!”

“Kamikorosu!”

Sem qualquer aviso, todo o veículo começou a correr, a correr muito, saindo do chão e alçando voo.

“Com a mais alta tecnologia de sistema burro-cenoura, nossa mochila propulsora movida a medo é capaz de continuar mantendo voo sempre que o usuário sente-se ameaçado. Semelhantemente ao burro correndo atrás da cenoura que ele mesmo empurra com uma vara presa às suas costas, os propulsores Dame fogem da ameaça maior...”

“SOCOOOOOOOOOOORROOOOOOO!”

“...sem sequer perceber que é ele mesmo quem a puxa.”

ooo

“Haha! Foi divertido! Devíamos fazer isso mais vezes!”

Enquanto a maioria dos jovens se adiantava aos banheiros ou se desfaziam de seus desjejuns no lixo mais próximo mesmo, Kyoko corria para socorrer um nocauteado Tsuna.

O pobre chefe se perguntava se aquilo podia ficar pior.

De dentro do porta mala uma coisa se move. E a coisa fazia "Gyahahaha!"

Ah não...

"Lambo-sama conseguiu... Ha-ha..." dizia verde e embaralhando as palavras feito bêbado. De repente, as bochechinhas se inflaram... e ele vomitou na primeira mochila que viu por perto.

"Tsu-kun…! Tsu-kun você está bem? Está machucado?! Porque está chorando?!"

"Aquela mochila é a minha..." choramingava o pobre chefe. Rios de lágrimas corriam por suas bochechas.

"Depois que amontoarem suas coisas na varanda, sintam-se livres para repor a comida perdida com o lanche servido no nosso refeitório…!”anunciara o bebê, completamente indiferente aos sofrimentos de seu pobre pupilo.

Múltiplos resmungos enjoados foram a resposta.

Chrome não estava em nenhum lugar à vista… I-pin ajudava Bianchi e Yamamoto a descarregar o micro-onibus... e Hana tinha a árdua tarefa de conter as extremisses de Ryohei que, mesmo enjoado como o resto, não largava de insistir para fazerem de novo.

Haru se sentia tão… deslocada.

Suspirou.

Bom, e o que ela esperava?

Estirado em um banco de vime à entrada do refeitório, Gokudera era pisoteado por seus devaneios náuseos. Aquilo não era nada se comparado ao desgosto de ver a irritante face de sua irmã, mas não seria nunca uma sensação agradável, mesmo para o mais treinado dos estômagos. Estava fresco e apesar de não terem demorado quase nada para chegar lá, o céu cheio de nuvens fazia o entardecer se confundir com anoitecer. Só faltava chover…

A última coisa de que precisava era um treino sádico e insano de Reborn em plena praia com chuva.

Sentiu a presença de alguém. Abriu os olhos e lá estava, parada, de pé atrás dele, uma bicuda Haru a fitá-lo de ponta-cabeça.

Conhecia aquele bico. Ela queria atenção.

“Agora não, mulher… Vai arranjar outro pra incomodar.”

A menina resmungou. Mas para a surpresa de Hayato, Haru não replicara sua grosseria. Apenas pousou as mãos macias e com as pontas dos dedos frescas nos dois lados de seu rosto… massageando as têmporas. O grunhido que pretendia soltar morreu em um indigno som de ronrono.

Haru não se permitiu rir. Tinha certeza que mais dois minutos daquilo e o rapaz começaria a babar.

Não muito longe dali, Bianchi suspira.

“Awwww...” Hana, parou ao lado da mulher sem entender o motivo para tal som. “não é lindo o amor…?”

A Kurokawa olha para o suposto casal bem a tempo de ver Haru balançando a cabeça do macaco prateado de um lado para o outro em movimentos de onda cantando cada vez mais rápido:

“Um barquinho ligeiro andava,

Ligeiro andava no mar,

A nuvem passou,

O mar se agitou

E o vento a soprar

E os barcos a virar

Vem a onda, balança o barquinho

E o barquinho

Faz chape no mar! Faz chape no mar!”

No segundo seguinte o rapaz tapava a boca de estufadas bochechas e corria para o lixo mais próximo pra vomitar enquanto a vingativa menina segurava a barriga para rir.

“Adorável.” diz Hana com a sobrancelha erguida e decidida a arranjar algo melhor pra fazer.

ooo

Depois de ajeitarem toda a bagagem (e tentarem limpar da melhor maneira possível as roupas vomitadas de um certo Juudaime), dirigiram-se para o refeitório a fim de tomarem um lanche leve e serem encaminhados para seus quartos feito um bom grupo de excursão.

"Woooooow..." suspiravam.

O lugar era agradável e, mesmo com nuvens e clima de chuva, preponderava o cheiro de praia, da água salgada e areia, do protetor solar e assim como frutos do mar e o aroma da madeira rústica do local.

"Parece tanto... com um acampamento!" Tsuna estava de queixo caído. Aquela seria sua primeira vez em um acampamento na praia. Kyoko logo entrelaçara as mãos, explicando.

"Nossos pais costumam alugar a casa pra escolas e outras instituições... Final de ano chega a ser impossível pensar em vir pra cá."

"Esse lugar fiz extreeeeemamente cheio. Por isso pedimos para nos deixarem trazer nossos amigos aqui antes!"

Podia-se dizer.... que aquela era a viagem de formatura deles. Só deles.

As últimas viagens no Japão.

"O que não quer dizer que vou pegar leve com o treino de vocês" sentado no ombro de Ryohei, Reborn falava com seriedade. "Ano que vem será o último que passarão aqui como meros sucessores. É hora de pegar pesado."

"HAI!"

Tão logo se recuperaram do enjoo, as meninas trataram de escolher a mesa delas enquanto os rapazes seguiam para onde a comida seria servida a fim de preencherem o novo espaço disponibilizado em suas barrigas já esfomeadas.

Com meninas entende-se Kyoko, Hana, I-pin e Chrome, que retornara à pouco, junto de Hibari. Este último se limitou a encarar o local brevemente soltar o apático “Tsk” e se retirar para o quarto que fosse de seu agrado.

Haru seguira o curso da comida. Claro.

Era uma típica lanchonete de acampamento, com teto alto e longas mesas largas para os grupos se acomodarem e conversarem depois de serem servidos pelos ajudantes de cozinha.

Ajudantes esses que, aliás…

“Ora, ora, é sempre um prazer te rever meu irmãozinho...”

“D-dino?!”

E não apenas ele, como Romário, Ivan, Bono e Brutus serviam os lanches.... todos lindos com seus másculos aventais florais e touquinhas de cabelo nas cabeças.

“O que faz aqui, Haneuma?”

Dino largou a concha de sopa e segurou o queixo. O olhar castanho e firme, a voz aveludada e cada vez mais madura e aquela touquinha de rede segurando as douradas madeixas dando-lhe um ar muito mais tolo do que costumava ter.

“E por um acaso houve algum treino do Reborn que a Famiglia Cavallone tenha deixado de ajudar…?”

“Você fez besteira e ficou de castigo cuidando dos meninos, não foi?” e Bianchi sequer se virara para perguntar, passando direto para a cozinha onde deixava seu conjunto pessoal de culinária assassina.

“Não!”

“Sim.” entregaram os subordinados.

“Hohoho…. Porque não aproveita e conta para eles o que foi que você fez?”

No segundo que Reborn proferiu as palavras, o grupo testemunhou a mais brusca mudança de cor já registrada em um ser humano. Podiam até jurar que a sopa na qual estava a concha que Dino segurava voltara a ferver.

“N-nada demais!” resmunga o rapaz de 23 a seu tutor pelo canto da boca feito um garoto de oito. “Desde quando cortejar é crime?”

Os mais novos piscaram algumas vezes.

Haru quase soltou um “squeeee!” de tão encantador que era ver um homem daquela idade ainda falar em cortejo.

“Baka!” o pequenino chuta a nuca do rapaz “Quando se corteja uma garota da Famiglia inimiga, é sim!”

Agora não era apenas a garota Hahi… mas todas as outras e até Bianchi se materializaram ao redor do loiro, segurando as mãos umas das outras e gritando.

“Um amor proibido?! Kyaaaaah (desu)~!!!” os rapazes reviraram os olhos.

Dino estava prestes a contar tudo sobre o ocorrido quando Reborn pigarreou indicando que ainda tinham os anúncios e a divisão de quartos para fazer. Então Dino apenas piscou e prometeu que contaria tudo outra hora.

Terminaram de servir a sopa.

Haru percebera que segurara as mãos de Kyoko durante a empolgação. Soltou a amiga, sorriu sem jeito e saiu dali apressada, escolhendo alguma mesa para se sentar.

Não fora difícil, porque Yamamoto, Lambo e (de frente para os outros dois) Gokudera já haviam se acomodado em uma que ficava a duas mesas de distância da onde estavam os casais.

Era a mesa dos encalhados, os pirralhos e dos alérgicos.

Quando se aproximou, no entanto, seu suposto namorado virou a cara e começou a encarar a grande janela a seu lado. Relevou e tentou se sentar… mas o cretino esticara a perna, ocupando todo o resto do banco a seu lado.

Mas o que…?!

Ah!

“Hahi, Gokudera-kun ainda está bravo por causa da música do barquinho?”

Com a boca cheia, o rapaz grunhiu.

“Ele disse que não é só isso...” mexendo a sopa sem qualquer interesse pelo alimento, o beisebolista sorri animado “Pode sentar desse lado, Haru!”

Imediatamente o emburrado o fuzila com os olhos.

“O quê? Não quer?” a perna continuava estendida. Não ia deixar que se sentasse ao lado dele e ainda criaria encrenca se sentasse ao lado de outro! Se continuasse daquele jeito Haru quebraria aquela perna sem dó. “Então onde Haru vai se sentar?!”

A resposta fora um polegar virado para trás, apontando para o que estava às costas do rapaz. Haru se virou.

Duas mesas naquela direção, o resto do grupo conversava animadamente entre si. Kyoko à direita de Tsuna e Chrome à esquerda com I-pin em seu colo, bem próxima ao Boss enquanto Hana e Ryohei falavam alto na frente do trio.

Tsuna…

A morena sentiu seu sangue ferver de raiva e vergonha. De cara a primeira resposta em que pensou fora “Vai lá você!". Tão logo abrira a boca, no entanto… se calou.

Porque ele não estava lá?

O precioso lugar de Kyoko à direita ela entendia... mas não havia nada que o impedisse de ficar onde Chrome e I-pin estavam, ao lado de seu grande Juudaime, até porque elas podiam se sentar com Lambo e Yamamoto… A não ser… que…

Ele estava longe… por ela. Porque ela não queria ficar perto.

Sem que Yamamoto ou Lambo entendessem qualquer coisa, a raiva da morena se esvai em um suspiro e tudo o que ela diz é

“Me desculpa...”

Gokudera tomou outro gole da sopa, irritado, mas não moveu a perna. A sopa dela esfriava.

Na outra mesa, Tsuna ria daquele jeito inseguro e bobo. As costas do guardião da tempestade arquearam.

Haru então o abraçou pelo pescoço, pedindo desculpa repetidas vezes, na esperança de tirá-lo daquela pirraça. Quando não deu certo e sua fome falou mais alto, no entanto, a primeira coisa que fez fora uma leve e rápida mordida com os lábios na orelha do rapaz e pronto… no mesmos segundo ele se jogara pro lado e caíra da janela, vermelho e sem fôlego, irritado mas completamente constrangido pelo simples gesto.

Haru pegou a tigela, agradeceu com o típico “Itadakimasu-desu~” e virou a sopa para dentro em dois goles.

Diante da brincadeira, Lambo ria alto....

E Yamamoto não.

Bianchi percebeu.

ooo

Quartos:

1. Bianchi, I-pin, Hana

2. Haru, Kyoko, Chrome

3. Tsuna, Dino, Yamamoto

4. Gokudera, Ryohei, Lambo

5. Romário, Ivan, Bono

6. Brutus (e no quarto em que ele está não cabe mais ninguém)

A ideia inicial fora essa… mas claro que o Braço Direito não aceitaria ficar em outro quarto que o de Tsuna. Lambo, por outro lado, não calava a boca e não parava de gritar e chorar enquanto não ficasse com Gokudera que, percebendo o desânimo se abater sobre o chefe com a ideia de ter o menino vaca no quarto do jeito que já aturava todo santo dia na própria casa… desistiu e deixou Yamamoto e Dino passassem à sua frente.

Se alguém tivesse que ter uma noite sossegada… Que fosse seu chefe.

Acabaram percebendo que seria uma catástrofe por dois desajeitados e um cabeça de vento no mesmo quarto, então trocaram Yamamoto por Romário, jogando o rapaz para o quarto de Brutus que, por sua vez, protestou pelo fato de já ter rivalidade com o garoto e alegou não caber dois daquele porte em tão limitado aposento. A solução fora trocar Tsuna e deixá-lo com Brutus no quarto 6, enquanto Yamamoto, Dino e Romário permaneceriam no 3.

O miúdo garoto olhou para o colega de quarto e segurou um choramingo. Pelo menos não podia ser tão ruim quanto Lambo…

...podia?

Haru, no entanto, permanecia em apuros, já que a tonta não era capaz de arranjar uma boa desculpa para trocar de quarto e provavelmente não teria paz enquanto estivesse com Kyoko. Sentiu pena dela, mas não muita. No final ele achava mesmo que estava mais do que na hora de se resolver pelo menos com a Sasagawa.

Depois da divisão, os anúncios.

De manhã seriam os treinos e tanto os rapazes quanto os Cavallone deveriam comparecer ao refeitório 5:00am em ponto, pro desgosto deles.

As meninas tinham o dia livre, mas fora recomendado que esperassem a chegada dos rapazes antes de irem à praia, o que os alegrou imensamente. Haru imediatamente sentiu o olhar da ruiva recair sobre si. Abaixou a cabeça e não ousou levantar mais.

Sábado de noite teriam uma competição de praia para a qual foram misteriosamente inscritos (por Reborn) antes mesmo de saberem que haveria feriado o que os deixava com manhã e tarde livres, contanto que nunca perdessem o horário do café e do almoço, senão os Cavallone poderiam se recusar a servi-lo. Sentada à frente de todos numa cadeira ao lado de Reborn, Bianchi tomava notas. Sem querer, Gokudera percebeu que sua irmã sorria. Discreta e malignamente… um sorriso que lhe dera dor e fizera a sopa querer se juntar ao resto da comida na lata de lixo. Ela aprontava algo, sabia disso.

Domingo Reborn apresentara com um risinho, uma aura sinistra e nada mais.

Dados os avisos e as recomendações, o grupo fora dispersado. Sem esperar por ninguém a morena voara para sua bagagem e a puxara para o quarto indicado. Hayato na mesma hora percebeu que a Sasagawa ficava triste e ficou preocupado com seu chefe. Antes mesmo que Tsuna se virasse para a namorada, no entanto, ela muda a feição e sorri empolgada, despedindo-se dele com um beijo na bochecha, acenando para Kurokawa e se adiantando para as bagagens enquanto puxava Chrome.

Bom… menos mal.

“BAAAAKADERAAAA!” e o pirralho se atira em seus braços “Vamos ficar acordados a noite inteira e contar histórias de terror monyaaaaaan~!”

Antes que pudesse tacá-lo pela janela.

“Histórias de terror… EXTREEEEEEMAS!” grita o cabeça-de-grama dando um hi-five no pequeno, completamente alheio aos planos do italiano de dormir para não ser massacrado durante os treinos como manda o bom-senso.

Aquela noite seria looonga…

ooo

Ela não podia mais fugir…

Desfazia a mala com pressa, parando no primeiro armário com o qual teve contato e separando pijama. Se trocou em segundos.

Não haveria janela para pular dessa vez, pois estavam no térreo e a porta de persiana de madeira estava trancada. Sim, ela havia conferido

Haru escolheu a cama mais próxima e se enfurnou debaixo do lençol. O leve e fresco pedaço de pana mal havia tocado seu corpo quando suas colegas entraram no quarto. A luz ascendendo e apagando em seguida, a conversa cessando e morrendo tão logo sentiram que a incomodariam.

Era agora. Kyoko a chamaria… a cutucaria, fazria alguma gracinha e a morena não poderia mais fugir…

Em meio aos poucos sons de movimentação, percebeu que desfaziam as malas. Mesmo em tão respeitoso silêncio era evidente que a ruiva ajudava Chrome a arrumar as poucas coisas que trouxera consigo.

Aquela fora outra alfinetada em seu peito. Haru estava sendo uma péssima amiga.

Seu coração doía, mas não era capaz de tomar iniciativa. Os sons diminuiram e o estrado das camas estalou. Elas foram dormir.

Kyoko não dissera uma só palavra.

Apertara os olhos com força desde o momento em que se abrigara na cama… só que a força cedis e Haru não conseguia mais segurar as envergonhadas lágrimas que escorriam.

Sentia falta de suas amigas…

Muita falta.

E a culpa… era só dela.

Atrás de si, um pigarro a tirou de sua melancolia. Sem pensar no que fazia, Haru abriu os olhos e se virou, só pra encontrar uma séria Kyoko de pé ao lado de sua cama.

Sentia tanta falta…

“Ky… Kyoko-chaan...” soluçava.

A cara séria se desmanchou em um riso e a ruiva pulou na cama, abraçando-a forte, saudosa, como se tivessem passado anos em países diferentes, as mantido contato durante todo o tempo...

“Você é tão boba… Haru-chan!”

Mais soluços e balbúcios atrapalhados foram a resposta. Kyoko deduzira que a amiga estava pedindo desculpas, mas realmente, não dava para entender nada. Não demorou para Chrome se aproximar querendo saber o que estava acontecendo e ser puxada para o abraço. Como que para fazer a cereja do bolo, I-pin abrira a porta trazendo o travesseiro e pulara nelas tão logo percebera as três tão juntas e rindo.

“Hana brava!” explicava com o pesado sotaque chinês “Alergia… crianças!” e riram todas.

Dormiram daquele jeito mesmo.

ooo

De manhã tomaram o café no quarto como boas amigas pondo o assunto em dia.

“E porque acha que ele te disse isso, Chrome?” pergunta Kyoko, os olhos dourados brilhando a cada palavra do que contava a tímida menina.

Estava na hora de matarem a curiosidade sobre em que passo realmente estavam as estranhas relações Gokudera-Haru e Hibari-Chrome, e desde que acordara a guardiã e a morena estiveram contando e recontando cada detalhe de que podiam lembrar de como aconteceu o namoro e o modo estranho como Hibari parecia vigiar a de cabelo roxo. E nada melhor para um evento desses que pijamas, bolo e cinco homens mafiosos servindo o chá.

A intenção era servirem o café e se retirarem, mas elas os ignoraram, tiraram Dino de sua cama e o arrastaram para o quarto para descobrirem o resto da história de amor dele. Ao tentar mudar de assunto para fugir de lá, o loiro acabara por puxar o gatilho da história de Chrome que, por envolver seu querido pupilo, atraíra sua curiosidade. E os subordinados acabaram por ficar. Nunca era bom deixar seu atrapalhado chefe sem reforço e, francamente, a história estava muito boa.

A menina do tapa-olho deu de ombros, acanhada.

“Quando chegamos ele me mandou não me afastar, me-me deu instruções… Mas não disse porque.” o olhar tímido ficou tristonho. “Queria saber se tem algo a ver com o afastamento de Mukuro-sama...”

Mukuro.

Só o nome deixava o ambiente desconfortável. E aquele assunto não estava fazendo bem para a menina… sorriram pra ela, disseram-lhe que não era nada (Dino ainda piorou sugerindo que fosse apenas o florescer de seu pupilo, ideia que muito apavorou a menina) e mudaram de assunto.

“Haru, como seus pais reagiram ao Gokudera-kun?”

Ainda com um pedaço enorme de bolo na boca, a morena força para engolir e olha para Kyoko.

“Achei que fosse ser pior… do jeito que me contaram como tratariam pretendentes imaginei que um acabaria mandando o outro pro fundo do rio.” e tomou outro gole de seu chá de maçã com canela. Aquele pedaço de bolo parecia ainda não ter desentalado da garganta“Mas até que estão se dando bem...”

“Hum… Você deu muita sorte” por motivos óbvios, Dino era o único homem ainda de pijama. Servia outra xícara de chá de hortelã à Chrome e Brutus enquanto perguntava “Como vai fazer pra controlar o temperamento dele à longo prazo?”

Haru inclinou a cabeça tentando entender a pergunta.

“Também quero saber. Pelo que nos consta, o macaco prateado passa mais tempo bajulando o Sawada que com você...” Hana falava e Haru sentia um cavalo lhe dando um coice na cara. Mas Haru não perdera a pose controlada. Não mais. “Ele não exatamente parece perceber o que é ser um namorado.” Kyoko cotovelou a melhor amiga no braço querendo que ela escolhesse melhor as palavras.

“Pode não parecer, mas Gokudera até que melhorou bastante desu~!” e perdeu o olhar dentro da xícara vazia, lembrando de tanto que já havia acontecido em tão pouco tempo. “Ele se esforça muito… Não quero pedir mais que isso.” Ainda faltava responder à pergunta de Dino. “Bom… eu ainda tenho… uns probleminhas pra resolver. É difícil dizer como vai ser… a longo prazo.” instintivamente a morena parou de olhar para Kyoko. Por dentro ela sabia que o namorado não era o único a não tirar Tsuna da cabeça e a vergonha a corroía.

Se é que vai durar era o que realmente pretendia dizer. Não conseguia imaginar Hayato aturando aquela desfeita por muito mais tempo e não o culparia por desistir. Mas se conteve.

Ainda à porta, Bianchi estreitou os olhos.

“Meu irmão pensa que é genial mas possui o tato de uma porta.” disse sem dó “Nem tente indiretas ou uma conversa pura e simples, se quer algo dele, ensine-o!” ela se materializara na frente da morena, segurando-a pelos ombros com ambas as mãos, os olhos brilhando daquele jeito empolgado do jeito que sempre brilhavam quando o assunto era Amor “Se quer romance, você vai ter que fazer pro meu irmão o que quer que ele faça pra você!”

“Vai dar tudo certo mocinhas. Vocês são jovens e ainda tem uma longa estrada para percorrer no que diz respeito ao coração...” afirmou Romário, com certeza se dirigindo também ao próprio chefe.

“Continuem a nadar~” cantarolou Ivan. Bono concordou.

“Não deixe meu pupilo achar que pode te intimidar… Por dentro ele é menos assustador do que demonstra.”

“Mostrem pra eles!” grita Brutus e todos erguem os braços, motivados.

“Vem cá, você não deviam estar em outro lugar agora?” pergunta Hana.

Todos olham para o relógio que indicava 8:32am. Os rapazes se encararam aflitos.

“O TREINO!”

E saíram dali atropelando uns aos outros.

Reborn iria fazer picadinho deles...

ooo

Deram uma pausa no nado contra tubarões para Reborn escurraçar Dino e seus subordinados. Aproveitando a disposição que sobrava por ainda não ter chegado na sua vez de entrar na água, se dirigiu ao refeitório para tomar uma água e colocar os pensamentos em ordem longe da baderna.

Só não esperava encontrá-la ali…

De costas, puxando uma cadeira para frente de uma prancha deitada e apoiada em cima de uma mesa, Haru ainda não percebera a presença do rapaz.

Takeshi perguntou-se se ela perceberia se fosse Gokudera entrando. Afastou os pensamentos. Seu amigo era barulhento, com certeza qualquer um perceberia.

Esquecera a água e parara onde estava para observá-la uns segundos. A morena era estranha. Aquela constatação era unânime, tivera já de cara, desde a primeira impressão e nunca mudara de ideia, nem depois que a conhecera um pouco melhor. Não importava se agia sozinha ou se conversava fitando fundo nos olhos, Haru parecia estar sempre em um mundo muito distante e muito emocionante um que valeria a pena conhecer de perto… estava sempre animada e não poucas vezes agia sem sentido, mas era uma amiga fiel e divertida.

Era muito bonita.

E essas eram as constatações das quais se arrependia, pelo menos em parte… Por ter reparado na maioria delas quando era tarde.

Não era de corrigir os outros. Não era mesmo! desde menino seu velho o ensinara a cuidar de seus próprios assuntos e não palpitar na vida dos outros… mas sempre que via Gokudera e Haru juntos… Sempre que presenciava um sorriso não correspondido, um carinho rejeitado, uma implicância iniciada, ele se pegava desejando interromper o que via e fazer do seu jeito.

O jeito que achava que era certo.

Dera um passo para perto. Um facão do tamanho do seu braço cruzou o recinto com um assobio, na altura de seu rosto, chegando a refletir a cor de seus olhos antes de cravar na parede.

Haru finalmente se virou. Mais à frente deles, à porta da cozinha, a Escorpiã o fitava com amargura.

“Haha, que pontaria!”

“Do que está falando…?” veneno… veneno evaporava por seus poros. Sorria. Estava brava. “Eu errei.”

“Hagi?”

Yamamoto começou a rir. Estava sem aliados naquele jogo…

“Takeshi…” e o indicador movia pra frente e pra trás, chamando-o. “Vem aqui.”

Ah, tá, até parece.

“Talvez depois, eu tenho que voltar pro...”

Outra faca. Essa cravou entre as pernas do rapaz. Uma gota fria escorreu da nuca até o fim das costas.

“Seu treino agora é aqui.” e apontou para a cozinha, como um dono aponta para o canto no qual um cão ficará de castigo. “Vem.”

Ainda sorrindo para a morena o rapaz dera de ombros e foi. Mas não sem antes recolher ambas as facas. Podia precisar delas…

ooo

“OI! Cabeça-de-polvo!!”

Caído na areia, exausto, porém agradecido por ter sobrevivido com todos os membros inteiros, Hayato se limitou a virar a cabeça lentamente para onde o incansável Sasagawa estava.

A visão do homem correndo de sunga em sua direção o fez desejar ter deixado pelo menos os olhos para os tubarões… mas aí perderia muitos momentos importantes… A cerimônia de sucessão do Juudaime, Nessy resgatada, Haru de bikini, sua primeira visita ao interior de um ovni, seu primeiro jogo de xadrez com um autêntico alien, Haru de bikini

Espera um pouco… Isso tá errado. Cérebro, pare já de pensar o que está pensando!

“Haru está te chamando!” disse enfim.

Gokudera ergueu a sobrancelha.

ooo

No refeitório, a morena o aguardava com mesa, cadeira, lousa e óculos de professora, tudo improvisado com coisas que encontrara pela casa de praia.

“Que porcaria é essa?”

“Hoje, Hayato...” e volta a chamá-lo pelo nome. Será que a mulher não se decide? “Você vai ajudar Haru a esquecer Tsuna-san de uma vez por todas… ou morreremos tentando desu~!!!”

HEIN?!

...

“Não.” responde seco.

“M-mas...”

“De jeito nenhum!” já estava até de pé, sacudindo os braços injuriado “Essa foi a ideia mais imbecil da história das ideias imbecis!”

Por que ele tinha que ser tão resistente… Tão teimoso e, acima de tudo…

“Tinha que vir de uma mulher estúpida!” e aquela foi uma apunhalada desnecessária.

Tão… UURRGHH!

Haru não devia, mas decidiu alfinetar. Ele queria brincar de cutucar a ferida? Muito bem, cutuquemos a ferida!

“Se há algo para se gostar em um namorado… é que ele seja cavalheiro!” os olhos verdes se estreitaram perigosamente, mas não havia problema, Haru não passaria daquilo. “Não to pedindo pra virar um Tsuna-san, mas podia pelo menos evitar ser tão… tão... GROSSO!”

Gokudera arregala os olhos indignado. Não pela ofensa… nem por dizer que ele não sabia ser cavalheiro…

Fora por compará-lo aos eu grande Chefe.

“Você ficou completamente louca se pensa que alguém pode se comparar a Juudaime.... Nem eu nem qualquer outro homem que já pisou na terra será tão honesto, tão digno, tão respeitável quanto o Décimo! Está completamente acima de qualquer nível, mu-!”

Só o olhava… quando Haru piscava, era bem devagar.

“Ok, a frase não saiu tão bem quanto planejei...”

Haru respira fundo... se senta… e se esparrama pela mesa derrotada. Por isso que era tão dificil. Gokudera se esforçava bastante, ela sabia… mas às vezes… simplesmente…

“Sabe qual o nosso problema…? Estamos ambos apaixonados por Tsuna-san”

Ele imediatamente arregalou os olhos.

“De modos diferentes, Baka… mas ainda assim.”

Hayato fechou a cara, mas não ousou responder. No final, mesmo contrariado ele havia entendido o que ela queria dizer. Se pelo menos…

Espera… ERA ISSO!

A morena então se levanta em um pulo.

“Gokudera-kun, me fala… Qual foi a coisa mais dura que Tsuna já lhe dissera?”

O rapaz piscou algumas vezes. A mera ideia de ver Tsuna ralhando era em si um absurdo, mas… pensando agora…

A única vez que se sentiu repreendido fora enquanto treinava sozinho, depois de perder a tutela de Shaman. Estivera literalmente se matando para aprimorar suas técnicas, quando Iemitsu o impediu. Na hora não entendera a conversa que tivera com ele… mas depois, quando Tsuna veio nervoso, lhe dizer que se um deles morresse a luta inteira seria em vão...

Che.

Ele ficara honrado e agradecido por saber que era valioso para o grupo, como gaurdião e como amigo… mas só de lembrar o momento, voltava a se sentir um completo idiota. Coisas óbvias como aquelas não precisavam ser relembradas, ele já deveria saber delas.

Haru logo o tira do devaneio.

“Agora imagina se toda vez que Gokudera fizesse algo... qualquer coisa que fosse… não. Imagine como se sentiria se recebesse uma bronca cada vez que se aproximasse...”

“Impossivel!” ela nem precisara terminar e o rapaz já estourava “Eu nunca permitiria isso acontecer! Um chefe não deve ser incomodar dessa forma, se minha presença é um estorvo eu devo me retirar… e... deixá-lo em... paz… imediatamente.”

Pouco a pouco… de palavra em palavra Hayato diminuia a voz até parar de falar. Haru mal precisara encará-lo cínicamente, sozinho o gênio finalmente ligava os pontos da conversa.

Enfim, ele bufa e abaixa o olhar, derrotado. Haru quase apertara a cara dele, tão lindo era ver que a havia entendido, mas se conteve.

“Bakaonna! Estúpida! Mulher Idiota!...” e esses era apenas os mais frequentes “Isso sem mencionar a atitude fria e rabugenta -desu. Quando Haru e Gokudera-kun estão sozinhos… Haru entende. É fácil dizer quando é brincadeira e quando é sério, ela aprendeu…” respira fundo, pensando nas palavras que ia usar “Mas quando estamos em grupo, bem… é diferente. É estranho -desu. E, tecnicamente, você está trabalhando. Se Haru não souber quando é só implicancia e quando ela realmente está sendo inconveniente… Bom… eu não quero atrapalhar o trabalho de um guardião.”

E aquilo era um ponto para se pensar.

Gokudera ainda não a encarava. Parecia remoer alguma coisa dentro daquela cabeça prateada e não estava ainda disposto a compartilhar.

Enfim, quando achou que não chegariam a lugar algum.

“Droga...” estalou a língua e trocou o peso para outra perna, finalmente voltando a fitá-la “Vou poder te chamar como quero quando estivermos a sós?”

“Hagi, mas que insistência em insultar Haru!”

Olhos verdes continuaram a encara-la, reforçando a pergunta. Ele estava… fazendo cara de pidão?

Não a cara bonitinha, não como cachorrinho… mas como um menino encrenqueiro querendo sair do castigo. Haru se perguntou se Gokudera sequer tinha consciência das expressões que fazia.

“Não tem jeito… Gokudera realmente vê esses nomes como apelido carinhoso, não?”

A resposta fora um bufar contrariado. Não fizera qualquer outra coisa para desmentí-la.

“Tá, se for só Haru e você, pode chamar do que quiser...” e sorriu “Só lembre que Haru vai dar o troco!” e estendeu a mão. Ela não havia ainda esquecido o propósito daquela conversa, no final das contas “Trato feito então? Vamos começar as aulas?”

Ele olhou para aquela mão estendida… já era o terceiro acordo que tentavam fazer com ele, aquela mania com certeza era culpa da mãe. Mas, quem sabe… podia realmente aprender alguma coisa.

Pffff… até parecia!

Finalmente segura aquela mão pequena e macia, mas com a estranha mania de usar força excessiva em cumprimentos e a sacudiu.

Trato feito.

“Não acredito que to aceitando fazer isso...”


“Está na hora do guardião se tornar… um gentlemen -desu~!!!”


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Notas finais do capítulo

Acho que o desenvolvimento desse ficou bem melhor. Sinceramente me orgulho muito de algumas partes bobas de humor e do modo como ficaram no papel, elas me fizeram sorrir enquanto escrevia e me orgulho muito delas, por mais bestas que sejam xDDDDDDDDDDD

GokuHaru evoluindo mas ainda foi pouco, eu sei.

tive que deixar a parte mais centrada no casal pro próximo, senão essa aqui também ficaria muito cuspido....

Vou tentar não demorar, mas não posso prometer postar logo!

Ja ne e não se esqueçam de me contar as partes que gostaram mais e as que gostaram menos!!!! o//