No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 23
Fim


Notas iniciais do capítulo

E UM FELIZ DIA DAS CRIANÇAS PRA VOCÊS!



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"...então… Era isso..." titubeou a doce voz do outro lado da linha "...eu só queria saber se não queria vir..."

Monstro.

"Obrigada mesmo, Kyoko-chan..." e agora, o que vinha? "...Mas é que essa semana fiquei de ajudar minha mãe em casa e…” Argh! Mentirosa! “Bom… quem sabe… na semana que vem?"

Haru era… um monstro.

“Hum...” até para concordar sua amiga já não tinha forças “Ta tudo bem. Tem sempre uma próxima vez...”

Se despediram e a morena desligou. Já não tinha tanta certeza se haveriam tantas próximas vezes assim.

Com o telefone ainda em mãos Haru soltou o mais dolorido suspiro da semana, se perguntando por quanto tempo Kyoko ainda tentaria. Por quanto tempo Haru ainda a ignoraria?

Precisava falar com alguém. E não um alguém qualquer, mas um que lhe desse uma surra, porque ela estava merecendo.

E queria que fosse com Gokudera.

Como que para responder a seu pedido, o rapaz sobe correndo. Num único fõlego assustado, disfarçou seu desânimo de sopetão (não é porque ela sabia que merecia uma surra que estava pronta para receber uma).

"Essa... foi por pouco."

...?

"O que foi por pouco?"

"Bolo.. fadigas.. redondo. Morte." nossa, aquilo escalou rápido. "Nem posso imaginar o que Juudaime diria se de repente eu ficasse fora de forma, foi por muito pouco mesmo!"

"Hahi, você caiu nessa?"

Depois de explicar sobre aquele típico trote de seu pai, os verdes olhos se arregalam com ultraje. No segundo seguinte o garoto desaparece escadaria abaixo, deixando somente o rastro dos gritos dele e do pai chegarem até ela. Haru estapeou a própria testa. Depois riu e desceu, já completamente esquecida das prévias preocupações.

ooo

A sobremesa estava tão desumanamente ótima que o rapaz lutava contra aquela vontade de se esparramar na cama mais próxima, se espreguiçar, dormir e... Nããão.

Gokudera parou uns segundos, recompondo seus pensamentos. Havia um som… uma grossa e sussurrante voz no fundo de sua consciência dizendo em tenebrosa meiguice…

~Fadiga...

Sentiu até calafrios.

Não!

Gokudera não estava com sono...! Ele não estava cansado. Gokudera estava mais atento e vigilante do que nunca! Sacudiu a cabeça, esfregou o rosto e abriu bem os olhos.

Saíra havia pouco do banheiro, (não antes de ter trancado a porta, levantado a blusa para conferir a barriga. Seis firmes quadrados o cumprimentaram alegres, como se dissessem "Estamos bem!"). Tudo em ordem. Nada mole nem... "fofinho".

Era só não continuar se descuidando, afinal, não era como se um único jantar mais calórico fosse mesmo fazer um efeito tão rápido.

Tinha aula no dia seguinte, e prometera ajudar Juudaime com algumas dúvidas na lição de casa. Não demoraria para ir embora.

Che. Seu primeiro dia na casa da morena, sua suposta namorada. Entre os principais da lista de interação estavam uma vaca-louca, a mulher do Domo, a polícia, um velho gordo trambiqueiro, meia dúzia de doces e uma tonelada de exercícios intocados. Mas não conversara quase nada com Haru.

Passando pela janela do corredor uma que dava para o quintal), percebera que começava a escurecer. Não estava realmente frio, mas ventava e em meio um leve e ansioso arrepiar, sentiu falta dos aconchegos e as manias de carinho dela.

Sentia falta... de algumas coisas. Nada grave, só... as velhas discussões... de implicar com ela quando começa a agir perigosamente carinhosa…

Sentia falta.. dela.

Che, a idiota também bem podia facilitar as coisas parando de fugir das responsabilidades dela. Mas deixa. Hayato a pegaria na curva. Espera só pra ver se ele não colocava a morena no eixo rapidinho...

Só precisava da oportunidade certa.

Assim que passou pela porta do quarto dela, percebeu que ela se encontrava sozinha lá, limpando o rosto babado do menino-vaca e reajeitando-o na mochila. O prato com torta na escrivaninha denunciando a intenção de acordá-lo para oferecer a sobremesa. Típico.

Sem permissão, uma estranha visão de si próprio encurralando-a na parede sobreveio sua mente. Hayato dera um pulo pra trás, se escondeu na parede do corredor e segurou a boca com ambas as mãos.

Haru se virou para a porta, piscou e voltou a atenção para o pequeno.

Mas o que…

Então se lembrou. Era na verdade a cena de algum dos inúmeros filmes românticos bestas que assistira a pedido/sob ameaça da aneki [a tal pesquisa a qual fora submetido durante a semana]. Era tão ridiculo imaginar que uma mulher pudesse mesmo achar que um vagabundo que faz isso é o homem da vida dela. Por outro lado…

Espiando pelo beiral da porta, viu a garota recolhendo a papelada e olhando pros exarcícios, assobiando. Intenção de terminá-los bem longe de sua mente. ela boceja e os deixa na mesa, então fica de bobeira na cama, como se aquela tortura fosse se completar sozinha.

...Por outro lado Gokudera começava a querer muito saber como Haru reagiria a alguma investida daquelas. Não era ela a fan desses filmes toscos? Ela não queria porque queria que ele fosse mais romântico?! Che, pois agora ele seria.

Barulho de água e louça sendo lavada na cozinha indicava que a Mulher Domo estava ocupada… e o cheiro de café vinha flutuante da sala denunciava a intenção do velho de se sentar e ler alguma coisa como parecia ter o hábito de fazer.

Huhuhuhu...

Queria só ver no bicho que ela ia ficar. Na melhor das hipóteses estaria comprando uma briga feia com a morena e mal podia esperar para começarem a discutir.

Olhou de novo e lá estava ela, esparramada na cama, os braços estendidos e as pernas finas balançando.

Voltou. Daria o bote em três, dois, um…

Gokudera pulou para dentro do quarto.

“Ah, Hayato-kun!” cumprimentou-o o Sr. Miura.

PELA TIRA PRETA DO CHAPÉU DE AL CAPONE, QUANDO AQUELE VELHO ENRARA ALI?!

“Eu estava agora mesmo comentando com Haru quão nobre é da sua parte não entrar no quarto dela quando ela está sozinha...” ah, céus. “Parado no corredor, tão pensativo e vigilante, não quis imcomodá-lo, mas estava mesmo querendo pedir um favorzinho para você rapaz...”

Ainda parcialmente em choque e parcialmente refazendo todos os cálculos mentais de como um homem de tamanha massa corpórea poderia ser capaz de se mover tão rápido e tão silenciosamente, Hayato concorda mecânicamente.

“Ótimo! Pegue suas coisas e entre no carro, te deixo na sua casa na volta para você chegar em segurança.”

Hein?

Gokudera e Haru se encaram. Para o desgosto do garoto, a morena parecia ainda mais confusa que ele próprio.

Para onde… o pai dela o levaria?

ooo

“Vou dar uma passada no trabalho e deixar Hayato-kun em casa, não demoro.”

Dentro do carro, esperando o Sr. Miura entrar, Gokudera via o suspeito casal se despedindo com um rápido selinho. Pelo menos agora Haru não o encarava confusa… agora ela parecia assustada. Bem assustada.

“Pronto pra ir?”

Outro aceno mecânico fora sua resposta. O homem dera a partida e saíram.

Segurando a mochila com Lambo dentro, durante dois segundos o rapaz se perguntou porque nincuém viera buscar o pirralho se Haru havia ligado para Mama há tanto tempo, mas não focou nisso.

Não… Hayato focou no silêncio. O sinistro e agressivo silêncio que inundava o carro, afogando-o em teorias da conspiração.

Mas não se engane... alertara Haru. Entre leões é mesmo a fêmea que caça e abate... mas o Rei continua sendo o leão.

Aquela ela uma péssima hora para se encontrar sem Uri nem o resto do sistema C.A.I.

Então era isso. Gokudera veio da mafia, conhecia o procedimento. ele ia matá-lo fatia-lo e joga-lo do rio! E até aí, tudo bem, mas faria isso com Lambo também? Não podia apagar o menino em outro lugar, porque Hayato não estava com a mínima vontade de ter sua alma penada assombrada pela da vaca estúpida pela eternidade.

Mal completara os temores de seu supersticioso ser e chegam na universidade... Lá, já a espera do carro, um moderado grupo de homens, todos com grandes óculos e pinta de professor de exatas os aguardava. Eram a gangue do Miura. Seria agora! O atacariam em grupo e o apagariam e seuqer poderia revidar… senão… como explicaria aquilo para Haru?!

“Miura...” cumprimentou o mais alto do grupo entre grandes dentes. Apesar de magro, parecia absurdamente intimidador “Está atrasado.”

“Hm.” concordou o já nem um pouco fofo professor de matemática “Mas trouxe algo para compensá-los.” E, segurando-o pelo ombro, o mais velho manda. “Saia.”

Juudaime… choramingava no fundo de sua mente enquanto o carro sumiu, devorado pelo breu da noite.

ooo

Marteladas pesadas na madeira calaram o grupo. O homem alto anunciava:

“Calados...! Calados todos! Dou início agora à nossa semanal reunião da Sociedade Anônima dos Professores Secretos de Ufologia e Criptozoologia!”

“Hein?”

Tão logo acenderam as luzes, o pirralho acordou e antes que pudesse perguntar onde estavam, pulou do colo de Gokudera e correu até a enorme parede toda decorada com os mais variados modelos e protótipos de UFOs, ou, como são mais conhecidos, OVNIs

Objetos Voadores Não Identificados.

“BRINQUEDOOOOOOS!”

E três homens correm desesperados atrás do garoto, gritando “NÃO! São Modelos de colecionador!”

Ao seu lado, um dos homens, que pareceu ter se apresentado como o coordenador, e um rapaz, que parecia ser a réplica em miniatura do coordenador, perguntavam para o Sr. Miura se ele havia preparado o tema proposto para a reunião da semana.

“Melhor que isso...” então ele volta a por a mão no ombro de um, ainda muito pasmo, Gokudera “trouxe este rapaz aqui pra fazer minha parte por mim.”

Homem e réplica pareceram se surpreender.

“Achei que só tivesse uma filha...”

“E tenho. Este aqui é o genial pretendente dela. Diz oi pro pessoal, Hayato-kun”

“Abab-ba-bugauauba...” sons saiam, mas ele já não sabia mais falar.

“Genial...” pai e filho debochavam descaradamente. “Boa sorte pra você, Miura...”

Gokudera não revidou.

Sr. Miura ri e se despede. Sorrindo larga e traiçoeiramente para Hayato ele então diz:

“Toda semana fazemos uma reunião para discutir sobre as mais importantes novidades do estranho mundo não divulgado. Coisa básica para gente genial, você deve saber. Geralmete os pais trazem os filhos e você, mas, como posso dizer... Haru não compartilha do mesmo entusiasmo que eu. E isso me deixou em certos apuros” o garoto não reagia e o sorriso do homem se alargava. Era a reação que ele esperava. “Semana passada era para os filhos compartilharem suas descobertas com os pais e eu, que modéstia parte, sempre fui o melhor orador da Sociedade Anônima, fiquei para trás nas pontuações, graças ao lindo discurso sobre o chupa-cabra do sujeitinho que acabou de nos cumprimentar. Eu sei, eu sei, isso deve ser assustador para um rapaz da mafia como você, mas eu estava pensando… Como o genio que Haru-chan diz que você é, será que não poderia resgatar a minha honra dando a estes nobres sujeitos uma amostra de seu intelecto e, quem sabe, nos ajudar a ter algum avanço?” Hayato piscou devagar, o tiltado cérebro do rapaz voltando lentamente a conectar com o mundo à fora “Claro que se não puder eu vou entender que a integridade e dignidade minha e de minha família não te interessam e minha reputação permanecerá manchada, senão, anulada, mas, sem problemas! Não quero de forma alguma que isso deixe a situação entre nós ficar estranha.” e sorriu.

O quanto daquela história Hayato ouvira e realmente entendera permaneceria para sempre um mistério.

Súbito, o rapaz segurou ambas as colossais mãos do Sr. Miura, lágrimas honradas vidravam os verdes olhos enquanto do fundo do coração ele dizia

“Não vou te decepcionar… Pai!”

“Hã?”

No segundo seguinte enquanto já aumentara para cinco o número de homens a perseguir Lambo (que corria descambadamente com uma réplica da Enterprise do dobro tamanho dele), o jovem mafioso sobe ao tablado, pega o microfone e inicia o mais longo e rebuscado discurso sobre A.M.N.I.s que possuia em seu coração.

Falara de O.V.N.I.s, descrevera detalhadamente criaturas com as quais encontrara face a face, demonstrara cálculos na lousa atrás de si como se tudo aquilo fosse uma aula planejada, fazendo muitos dos professores pegarem seus bloquinhos, tablets e laptops para anotar o raciocínio e conferir em casa, do contrário não conseguiriam acompanhar.

E a cada pergunta que se levantava e ele respondia maestralmente, o queixo do Sr. Miura afundava mais no chão. Para ele aquilo era novidade, mas qualquer um que tivesse conhecido Gokudera por mais de um dia e não tivesse sido categoricamente explodido, descobriria que o rapaz estava mais do que à vontade com aquele ambiente.

Hayato Gokudera fora morto... e levado a paraíso~!

Finalizou a palestra com previsões a respeito de Nessy (cuja a mais tribulada visita ao futuro lhe garantira hora, local e data para encontrá-la), disfarçando sua certeza com uma margem de erro de dois dias de antecedência para não levantar suspeitas e traçando no quadro branco um dos planos para resgatá-la que mais gostara de desenvolver desde que o grupo retornara à sua época. Por fim, abriu espaço para mais perguntas, finalizou, foi aplaudido e desceu, pronto para abrir seu cadastro de sócio. O entusiasmo geral era, para o desacreditado Miura, desconcertante.

ooo

A volta para casa só não fora silenciosa pela incessante tagarelice de Lambo sentado no banco de trás e brincando com alguns dos bonecos que levara consigo (muitos outros ainda ocultos na cabeleira afro). O sorriso contente do rapaz não ultrapassava as orelhas porque sua anatomia humana não permitia.

Em meio a tão elevado estado de alegria, Hayato mal percebera quando começara a puxar conversa.

“Sabe, quando entramos no carro eu pensei que...” só que a conversa pararia por ali mesmo.

“Vou deixar uma coisa bem clara pra você rapaz.” e trocou de marcha, passando por uma lombada antes de prosseguir. “Você pode até se sentir pronto, mas lhe garanto que Haru é nova demais para um relacionamento.” antes que pudesse haver “Se não gosta do termo ‘nova’, então troque por emocionalmente imatura, o que preferir. Basta ver como ela lida com os amigos pra confirmar o que te digo.”

Outra curva, outra troca de marcha. O Sr. Miura prosseguiu.

“Digo isso porque gosto de você e queria ver essa relação dando certo. De verdade. Você é um bom rapaz e, mesmo não tendo sido minha intenção, gostei muito de ter te trazido para a reunião. Daqui a alguns anos quando Haru estiver mais madura... quem sabe, se ainda tiver algum interesse em tentar de novo...”

Durante um segundo, até Lambo parou de fazer barulho. Provavelmente até segurava a respiração para prestar mais atenção à provável bronca que estava por vir.

Mas para a surpresa do próprio Hayato, tudo o que fez foi começar a rir.

“É a segunda vez hoje que me chegam com o papo de ‘gostamos de você, de verdade, mas...’” cruzando os braços, confiante, resoluto, o de cabelos prata prossegue “... mas só estão tentando me fazer crer que desistir é o melhor. Tenho novidades, velho: Esqueça! Ninguém nunca está maduro para um relacionamento. Se tem algo que aprendi na máfia é que essa maturidade se constrói durante e não antes.”

Aquilo era mais teórico do que prático… mas achara tão bonito quando saiu de sua boca que acreditou fielmente que era a verdade absoluta.

O carro para e puxando o freio de mão, o homem declara:

“Então você arcará com a ira dos Miuras, garoto!”

“Pode vir, Oto-san!”

“Lambo-sama quer fazer xixi!!”

Gokudera saiu do carro determinado e fechou a porta da frente com autoridade. Pegou Lambo e a mochila e fechou a porta de trás, pronto para dar às costas para outro adulto de sua lista de inimizades. Quando se virava para entrar na casa (que percebera ser a de Juudaime), o homem ainda lhe chama:

“A proposito, a proxima reunião é semana que vem e ganhei muitos pontos com seus calculos, provavelmente nos deixarão subir no tablado de novo... você vem, não?” e lhe estende o cartão de sócio como se nenhuma ameaça tivesse sido feita entre os dois.

“Nem pensar!”

E entra no portão. Depois abre, volta e pega o cartão dos dedos gordos do homem.

“Por Nessy!”

E agora sim se vira para entrar fumegante na casa de seu chefe, ouvindo, ao fechar a porta, o som do carro dando partida e indo embora até desaparecer. Sorri triunfante. Apesar de tudo... ele não queria mais tarncá-los em uma box. Pelo menos não Sr. Miura.

Quando se virou para a sala, deparou-se com pelo menos cinco policiais, uma desesperada Mama Sawada e uma casa completamente revirada. Antes que pudesse pensar que o pior acontecera a seu chefe, Tsuna surge gritando em conjunto com todos da casa um revoltado, mas insanamente aliviado.

“LAMBO...!”

E pelo menos seis policiais pularam sobre Gokudera feito um time de rugby atrás do jogador com a bola (no caso, Lambo)

O susto acertou aos dois recém chegados feito uma saraivada de flechas.

Por Kami-sama! Gokudera não fazia ideia de que era tão indigno da confiança de seu chefe ao ponto de chamarem a polícia! Sem demora o garoto leva a testa até o chão repetidas vezes.

“Lambo-sama não precisa mais ao banheiro damone...”

ooo

Na porta de casa dos Miuras, uma impaciente Mulher Domo aguardava o retorno do marido. Assim que estacionou aquele típico intenso fitar de sua esposa caiu sobre si.

"Vai ser mais dificil do que planejamos."

O olhar não se alterou.

"O garoto é esperto... Precisaremos de outro tipo de abordagem”

O olhar se intensifica.

"...Que foi?"

"Aceitou ele."

"O QUÊ? Não, isso nunca!" a voz afinara pelo menos duas oitavas, "Claro que..." agora os olhos dela queimavam de tão intensos, até dissolver a determinação do esposo em um indignado choramingo "AH, A CULPA É DE VOCÊS QUE NUNCA TOPAM VIR COMIGO NAS MINHAS REUNIÕES..."

"INACREDITÁVEL!" ela ergue os braços para o céu e no mesmo instante o marido já sabe que ficará sem sobremesa por pelo menos duas semanas. “Esquece! Vou fazer isso eu mesma."

ooo

No dia seguinte, depois dos esclarecimentos feitos, da escola, da ajuda a seu chefe…

Estavam todos no quarto da garota Hahi. Pai, mãe, Gokudera (sem o menino-vaca, dessa vez) e, claro, a própria Haru. A tensão só podia ser comparada ao de uma cirurgia de parto. Já haviam se passado três horas quando, ao largar papel e lápis e erguer os braços cansados ela grita.

“ACABEI ~DESU!”

Com ou sem richa entre pretendente e pais, aquilo merecia uma comemoração. A mãe de Haru preparara uma série de petiscos e um chá [não haveria bolo e nem torta, para o alivio de Gokudera e desânimo do Sr. Miura].

Sentado no sofá, perto da poltrona do pai, o rapaz já se fazia à vontade. Não se importava com impressões. Já sabiam com quem estavam lidando tanto quanto o rapaz e por isso ele já não se sentia mais desconfortável com o que podiam pensar.

Não estavam tentando montar nem manter uma imagem ideal. Ele era ele mesmo tanto quanto os pais eram eles mesmos [por mais inconveniente que gostassem de ser]. E isso era muito bom.

Sem perceber, ao comentarem sobre a reunião da noite anterior, já havia começado a conversar com o gorducho, questionando-o quanto a origem das manias mais estranhas da menina.

“Fantasias?”

“Mãe. Minha esposa sempre quis ser detetive e trabalhar à paisana. No colégio ela costumava me seguir disfarçada.”

Céus… ela era a stalker dele?

Detetive e matemático... não era à toa que a Varia estaria atrás deles. Haru parecia destinada à vida na máfia, com ou sem influencia de Gokudera. De certo modo, aquilo o alegrou.

“Hahir... falar em terceira pessoa... ‘desu~’...”

“São sintomas completamente novos, nunca vi a mãe dela manifestar tal doença”

Gokudera já disse que gostou do pai da Haru?

“Ei, gordo bobão…” chama a esposa. “Toma.”

E, de repente havia um caprichado pedaço de bolo das mãos do mais velho. Sem Gokudera entender o motivo ele começou a chorar de gratisão, como se sobremesas fossem coisa rar naquela casa.

“Só pra não perder o costume” explica a mulher. “O fiz engordar para afastar a concorrência e não pretendo vê-lo voltando a entrar em forma tão cedo.”

“Seu pai morreu diabético por causa dessa tradição da sua família, vê se não me mata de vez com isso.”

“Você não disse que essa historia de maldição era brincadeira?!” perguntou alarmado, tão logo a menina se senta com a torrada ainda presa na boca.

“Não. Haru disse que o pai dela usava a história pra comer mais sobremesa, ela não falou nada quanto a essa história ser mentira.”

“Ah!” chama a Domo, quebrando o crescente temor do garoto para mudar de assunto. “Antes que me esqueça… Retornei a ligação da Kyoko pra você e adivinha só? Vai ter feriado nessa quinta e vocês vão viajar~!”

Haru imediatamente engasgou com a torrada.

"Kaa-san! Não!"

O pai dela encara Gokudera o rapaz ergue os ombros também sem saber do que se tratava quando ele lembra…

As mensagens... a dificuldade de Kyoko de falar com ela... a cara dela quando desligara o telefone, mesmo tendo dito que ligaria para a Mama (como claramente não o fez).

“Vocẽ não estava atrasando esse trabalho de propósito, estava, Haru-chan?”

“Mulher…” Gokudera sorria… mas não estava nem um pouco feliz. “diz que não estava…”

“Haru sabia algumas respostas... ela só as apagava pra demorar um pouquinho mais.”

“Kyoko disse que todos os meninos irão… então espero que enquanto Hayato cuida do jovem Tsuna fazendo o que quer que adolescentes da máfia fazem, você vai se resolver com Kyoko-chan, está me entendendo?”

O estômago de Gokudera se embrulhara só com a certeza que a mulher tinha do envolvimento da máfia. Ainda não se acostumara com a quantidade de informação a respeito deles que os Miura sabiam (embora não tivesse certeza do quanto correspondia à realidade). Haru garantira que só não contara nada sobre as idas e vindas no futuro. Seus pais tinham uma mente abertas, mas não escancarada.

“Vão deixá-la vir? Mesmo com o treino?

“Sim.” responde a mãe. Sr. Miura não parecia tão certo.

“Suponho que seja seu trabalho cuidar dela.” e a mulher cruza os braços, aquele ton irritante de desafio voltando “Vai dar conta disso?”

“Eu sei cumprir com meu trabalho. Mas vocês estão em mesmo com isso? Não é comum pais deixarem…” deixarem o que? Como ele ia dizer? “filhos andarem com pessoas como nós, assim, tão fácil.”

“Filho, por favor... eu trabalhei na policia. O que eu vi de distintivo na mão de ladrão e inocente atrás das grades não cabe em livros. Haru já nos deixou bem claro da determinação desse sucessor. Imagino que essa tal máfia não seja apenas um bando de crianças, mas um grupo bem grande de adultos cuidando de tudo até vocês crescerem. Estamos realmente bem ansiosos por vê-los dar um jeito nessa bagunça. Eu sei que eu tentei e pulei fora.”

Todas as inimagináveis palavras ditas no plural… quando pelo olhar do esposo, parecia mais ser uma opinião bem individual.

“Na verdade você quer pagar pra vê-los cuidando dos marginais que a policia não prende.”

“Chegou mesmo a ser policial?”

“Não.” puro e simples. “Era secretaria. E já vi sujeira por demais daqueles que se dizem os protetores da lei... Não me importo mais com instituições. O importante é a missão. E se a cumprem como deveriam.”

Mesmo concordando… mesmo aquele sendo o tipo de palavras que sempre desejou obrigar um adulto a dizer, havia ali uma certa… ingenuidade. Uma pontada de ignorância. A Sra. Miura parecia só “apoiar” a máfia por ter se decepcionado e desiludido com a polícia. E aquilo era uma opinião perigosa e precipitada.

Mas quem se importa? Iriam viajar e ficar um tempo longe deles, para Hayato aquilo já era motivo mais que suficiente para não travar argumento por enquanto.

Ele não desperdiçaria uma oportunidade daquelas.

Apesar de tudo, o que mais o impressionava era a confiança entre eles. Era um vinculo... ainda maior do que se podia imaginar. Algo que jamais esperaria presenciar. Muito diferente do que se passava com nana, mantida sempre em um voto de ignorância. Muito além do que ele jamais esperou em uma família, do que jamais teve... até recentemente com Bianchi.

O que também fora graças a Haru, de certo modo.

“Haru-chan, os rapazes são disperos o bastante pra te liberar, mas a kaa-san não é. Responda: porque está ignorando Kyoko-chan?...” silêncio. Todos olharam para onde a garota estivera sentada. “Haru?”

E ela havia sumido.

Da sala, ouvira a porta corrediça da varanda se abrindo.

“GOKUDER PEGA!” grita a mãe.

Gokudera voa e a alcança antes que pudesse sair do quintal. Flexível como só Haru era, a garota tenta o famoso Flapjack nele, mas essa Hayato já conhece aquela. Usa ambas as mãos para impedir a cabeça de bater no chão e, segurando-a, com as pernas ele a derruba, sentando-se em suas costas e virando as mãos delas feito a meliante que era, imobilizando-a.

“Domo!” grita, estendendo a mão antes que a menina se desvenlhicie.

A mãe de Haru lhe lança as algemas. Os vizinhos os encaram como se fosse outra típica tarde na casa dos Miura.

“Não! Haru não vai! Haru não quer ver Tsuna-san ainda desuuuuuu~!” o pai dela põe um bolo na boca da garota e a mãe sela com fita isolante. Gokudera a levanta nos ombros e a leva esperneando até em cima. Eles trancam as janelas de cima e ele a joga na cama dela. Arranca o esparadrapo. Em uníssono gritam, mãe e pretendente:

“VOCÊ TEM CINCO MINUTOS PRA ARRUMAR AS MALAS, MOCINHA!”

E fecham a porta, tomenado o cuidade de trancá-la ao sair.

Fazer uma menina sair para a praia com as amigas nunca fora tão difícil.

Che. E depois de todo o trabalho que tiveram…

“Me pergunto se será assim quando ela casar…”

“É…” disseram. E os pais lhe dão leves tapinhas de consolo nos ombros. “Ainda bem que já não será problema nosso.”

“É…” … “Ei... ESPERA AI VOCÊS DOIS!” mas era tarde, já havia se dispersado cada um para suas tarefas.

Aquele era o fim... do trabalho de fim de ano.

Que venha o feriado!


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Notas finais do capítulo

Nããããão, a fic não acaba aqui, só o trabalho mesmo xDDD

Assustei vocês não, foi? 8DDDDDDD

Sinceramente este não foi dos meus melhores capitulos. Achei meio desconexo, com as ideias meio cuspidas, mal desenvolvidas por causa da pressa de postar e tem bastante coisa que fazia parte do esqueleto original e que eu deveria ter mudado para melhor adaptar aos capitulos anteriores [muitos dos quais não estavam no plano original]

Vou melhorá-lo durante a semana, mas espero que tenham pelo menos rido um pouquinho.

PRÓXIMOS CAPITULOS 90 A 100% GOKUHARU, para compensá-los pela ausência de interação do casal numa fic supostamente dedicada a eles. xDDDDDDDDD

Pois é, a tia Puri saiu do trabalho da noite pra estudar pro vestiba e comprou um pc só pra parar de enrolar vcs (chegou ontem meu queridinho)

Agora não sou mais uma moça tão ocupada, ams ainda não vou conseguir postar semanalmente. Espero que me perdoem as demoras e que não tenham esquecido da fic xDDDDDDDD

Miracolo será a próxima, assim que colocar o capitulo da praia!!!!!

kissus e ja ne! o//



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