No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 22
Gokudera na Cova dos Miuras


Notas iniciais do capítulo

Se eu fosse casada... meu marido poderia muito bem se virar para um ser humano aleatório na rua e dizer "Eu não preciso disso, minha mulher tem DOIS empregos!" estalar os dedos e se virar para sair com o nariz em pé.

É isso ae, minna, a Tia Puri tá trabalhando em dois lugares e tá cada vez mais difícil postar!

O prazo de uma semana não vai dar, então vou tentar fazer a cada quinze dias ou um mês, e o mesmo vale para as outras fics. O próximo capitulo de Miracolo vai demorar um pouquinho porque ainda tem coisas para acontecer aqui, ok? xD

Espero que gostem!

DESCULPE PELA DEMORA!



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Corria feito um louco de seu apartamento até a casa da Haru. Depois do papo meloso (mas estranhamente eficaz) com Bianchi, mais o telefonema, o rapaz percebera que só tinha uns vinte minutos pra chegar na casa da garota Hahi no horário certo. Oras, seu apartamento ficava a pelo menos quarenta minutos de distância...

E voa Gokudera pela cidade como corre um desempregado atrasado para uma entrevista de trabalho, pressa demais até para desfazer a mochila que trouxera da casa de seu Juudaime com alguns pertences.

Mas porque a mala parecia tão pesada?!

"Gyahahahaha! Lambo-san vai ver Haru!"disse a vozinha abafada pelo material da mala.

Hayato brecou.

"Mas o que-?!" ele abre o zíper e lá, no lugar onde deviam estar a escova de dentes, toalha, (cuecas), tudo... estava o menino vaca. "AHOUSHI! ONDE VOCÊ COLOCOU MINHAS COISAS?"

"Lambo-sama não cabia na mala..." ele abaixa o olhar, mexendo na roupinha de vaca envergonhadamente. Porque ele estava agindo feito uma criancinha normal? Lambo nunca agia como criança normal. "Então deixei tudo debaixo da cama do Dame-Tsuna-AIAIAIAI!" Hayato puxou os cabelos dele.

"Deixou... minha roupa de baixo... no quarto do Juudaime?!" Só Deus sabe que problemas aquilo poderia gerar! Droga, ele não tinha tempo para aquilo! "ESQUECE! Entra aí e fica quieto!" empurrou aquela cabeleira afro de volta e fechou o zíper.

Voltou a correr. Chegando na última esquina a um quarteirão da morena... Para, respira fundo, se ajeita, respira de novo... e começa a caminhar devagar, como se nem tivesse passado por sua cabecinha prateada a importância de chegar no horário e ele o tivesse feito por mera coincidência.

Reputação é tudo para um mafioso.

8:59am indicava o celular. Só iria bater quando fosse nove e um, ou nove e dois, só pra não... 9:00am! Gokudera bateu na porta.

...

Droga de pressão psicológica.

Uma voz vinda de dentro o convidou a entrar. Assim que abriu a porta se deparou com a mesa posta do café da manhã e a família reunida. O Sr. Miura lia o jornal no sofá da sala de estar, o cheirinho de café impregnando o cômodo lembrando o rapaz de que não comera absolutamente nada e estava faminto. À mesa, a Sra. Miura colocava pães e a manteiga e Haru...

"Haru-chan está se arrumando, ela não demora." dito isso a mais velha puxa uma cadeira e se senta, sem cordialidades.

Sem muito saber o que fazer ele fecha a porta e fica lá. Parado. De pé. Sr. Miura virou uma página de jornal e tomou um gole do café cujo aroma o fazia delirar de fome. A mãe da Haru, passava um pouco mais de geleia em seu pão, lentamente, aproveitando o movimento já que já comera pelo menos o suficiente para não colocar o pedaço inteiro goela abaixo sem mastigar como o rapaz sentia que faria a qualquer segundo. Quando fora dar um passo mais para perto da mesa na intenção de se sentar, ela o olha. Não havia fúria, nem repreensão, sequer uma única faísca de impedimento... apenas o observa. Mesmo assim ele trocou o peso de uma perna para outra virou a cara e cruzou os braços fingindo não ter qualquer interesse no que estava à mesa. Quando olhou novamente, claro, ela havia voltado a atenção para o lindo pão com geleia que saboreava tranquilamente.

Aquilo era meio... constrangedor. Era pra ele tomar café com a família? Ou devia já ter tomado antes...? Haru bem podia descer logo, era mais confortável tê-la por perto lhe explicando o que podia ou não fazer...

...

Será que seria sempre assim? Porque se fosse, Hayato daria um jeito de adiantar a ida deles para a Itália o quanto antes, porque ali dentro, diante dos apáticos pais dela, ele só sentia vontade de sair correndo...

...?!

Mas o que ele estava pensando? Ele era Hayato Gokudera! Um mafioso! Guardião do grande Vongola Juudaime e ele não precisava de permissão para...

Tim! Fez o alarme do fogão. Um cheiro extremamente delicioso preencheu o recinto.

"BOOOOLO! Lambo sente cheiro de bolo!"

Gokudera gelou onde estava e sentiu sua mochila se partindo em dois. Os pais de Haru olharam para ele confusos e no segundo seguinte havia uma criança-vaca correndo até a mãe...

"HARUUUU!" NÃO! o rapaz gritava em sua mente. Ela não é a... e o Ahoushi pulou no colo da mulher sem cerimônia. Gokudera sentiu a cabeça rodar e o ar sumindo dos pulmões... ele ia desmaiar (e não era de fome...) "ALIMENTE-MEEE!"

E tudo o que estava estranho...

"O que... é isto?" pergunta a Sra. Miura, agora sim havia um olhar de fúria, repreensão e impedimento no rosto anormalmente infantil.

...ficou ainda pior.

Já podia imaginá-los perguntando coisas do tipo "Porque uma criança estava na sua mochila?!", "Porque ele está vestido de vaca?!", "Você é algum tipo de pervertido?!" ou...

"Hahi! Lambo-chan!"

Haru.

No instante que a viu o menino pára. Olha para a morena e para a outra na qual havia se jogado (com uma expressão difícil de descrever, mas muito lembrava a Kurokawa, por qualquer motivo). E de novo. Em silêncio ele desce do colo da mulher e caminha até Gokudera, escalando sua perna e alcançando a mochila.

"Lambo-sama já brincou demais, ele vai dormir um pouquinho e volta depois..." e se fechou na mochila.

O silêncio permaneceu e, um segundo depois a cabeleira volta a pipocar:

"GYAHAHAHA! PEGUEI VOCÊS, É CLARO QUE O LAMBO SABIA QUE AQUELA MOÇA NÃO ERA A HARU! HAHAHAHAHA!"

"OI! VOCÊ NÃO ENGANA NINGUÉM SEU PEQUENO-!"

A morena imediatamente agarra seu braço sorrindo e gritando um feliz "Você trouxe o Lambo! Que bom!". Quando ia perguntar o que podia haver de bom naquilo ela se aproxima e sussurra um rápido "Gokudera, você é um gênio desu~!".

...

Sentiu o rosto começando a queimar. Ele sabia que era genial, claro... Mas gostou do modo como ela falou, O "desu~" do final parecia valorizar o adjetivo. Se recompôs e olhou em volta. A mãe de Haru os encarava com olhos arregalados e não parecia nem um pouco feliz com a presença do menino (ou a dele, mas provavelmente dos dois). Os genes de "amor doentio por crianças" da garota Hahi não estavam em nenhum lugar daquela mulher. Então ele olhou para o pai dela...

E os olhos do Sr. Miura brilhavam como se ele tivesse sido teletransportado para um mundo onde cachoeiras são de chocolate e lindos bebês unicórnios dormiam em nuvens de algodão doce.

"Que... bonitinhooooo~!" o homem pegou Lambo de sua mochila, levantando-o para cima e para baixo como um pai corujão. A esposa lhe atirou um olhar de repudio que fora imediatamente ignorado "Ele é seu irmão mais novo ou algo assim?!"

DEUS O GUARDE E LIVRE!

Haru apertou (esfarelou) seu braço.

"M-mais ou menos." limpou a garganta antes de prosseguir "Ele mora com Juudaime, mas às vezes eu... tomo conta dele."

"Bakadera e Haru são os pais do Lambo-sama!" a criança muda a expressão para aquela cara boba de "sou demais" que costumava fazer para impressionar outras crianças "Eles tem sorte de eu ter deixado I-pin em casa, agora podem cuidar só de mim! Gyahahahaha!"

Então era pra isso... que havia maculado sua privacidade, invadindo sua mala e deixando seus pertences à deriva no quarto do chefe?! Podia agora mesmo estar manchando a honra e destruindo a dignidade do seu superior (já podia imaginar a mãe ou a Sasagawa, algum questionando-o sobre as estranhas peças jogadas debaixo da cama)... por causa de uma brincadeira de casinha?! Ele ia arrancar cada cacho daquela juba bovina com as mãos, então colaria cada mecha no lugar com super-cola, esperaria secar e faria tudo de novo até...

"Quem diria..." e o mais velho sorri encantado "Por sua aparência eu nunca imaginaria que era bom com crianças..."

...

Oi?

"Achei que não existia mais rapazes do seu tipo que podem ser cuidados com os pequeninos..." havia um brilho esquisito no olhar do gorducho... algo que não combinava com ele, com a situação, com o olhos furiosos e cenho franzido até quase dar nó da esposa dele ou com Lambo em seu colo, limpando o nariz... um brilho de orgulho

Algo... remexeu seu peito. Era muito parecido com a emoção que sentia quando seu Chefe o parabenizava ou cumprimentava. Então aquela era... a sensação de aprovação? Gokudera refreou um sorriso.

Pela primeira vez... Gokudera podia dizer que estava feliz por ter a Vaca Estúpida por perto.

"O punkezinho gosta de crianças..."

Che. Mas ela tinha que estragar sua alegria.

"Gostar é um termo muito forte." e prosseguiu "Eu só tomo conta dele."

"Ara-ra, você sabe..." e cochichava com o Sr. Miura "isso é o que ele diz, mas Bakadera não sabe fazer nada, nada, sem o Lambo-sama... É um caso perdido."

Perdido é o que escreveriam em cartazes com a foto dele espalhados pela cidade assim que o rapaz pusesse suas mãos naquele garoto sem noção.

De repente, um relógio apita.

"Ahhhhwn, mas já?" o Sr Miura desliga o alarme e põe o fedelho no chão (que imediatamente começa a corre pela casa como se fosse a dele/da Sawada) "Hora de ir trabalhar."

Gokudera ergue uma sobrancelha. Trabalhar? No domingo...?

Deu de ombros.

A cara de inconformidade e indignação da Sra. Miura ficara ainda maior e o rapaz refreou o segundo sorriso do dia. Ele não sabia o que os adultos estavam planejando para atormentá-lo (porque eles tinham que estar planejando alguma coisa, todos os filmes referentes ao tema que viu para pesquisa, indicavam isso)... mas fosse o que fosse, começara a dar errado nas primeiras tentativas.

Placar Geral:

Gokudera: 1

Sr. Miura: 0 [ou seria 1?]

Próximo Round:

Gokudera x Sra. Miura.

Bom... que venha o próximo desafio!

ooo

Ele disse que era um gênio?

Não?

"Tá aqui!" e, arfando, o menino entrega o caprichado pedaço de bolo com um copo de leite e biscoitos, tudo equilibrado em uma bandeja em cima daquela cabeleira afro que já não desejava tanto arrancar "agora Lambo é o filho favorito damone?"

"Hmm... Não sei... I-pin teria me trazido umas torradas com geleia também..."

E o menino solta estridente "GAH!" enquanto corre até a cozinha feito uma vaca louca. Finalmente... pouco a pouco, prato a prato e chantagem à chantagem ele ia forrando o estômago com um tardio, mas muito bem-vindo, café-da-manhã.

"Gokudera, para de tratar Lambo-chan como um garçom!" porque quando ele estava se divertindo ela não queria jogar? Fora Haru quem inventara essa brincadeira estúpida, não ele. Ele só a aperfeiçoou... "Até você devia saber que é muito feio fazer distinção entre os filhos desu~!" logo ela desce também para se certificar de que nada se quebre (garoto ou casa), e pra fugir das tarefas, como tanto adorava fazer.

Aquele sobe e desce da garota Hahi atrás de Lambo já virara padrão.

Estavam no quarto da morena "terminando o trabalhando". É muito importante ressaltar as aspas da frase porque nas últimas duas horas, nada conseguiram fazer além de lutar para impedir o pequeno de destruir o aposento. Ou Lambo sacava as granadas, ou tentava usar as folhas com os exercícios para desenhar e dobrar, ou distraia Haru completamente, que começava a brincar com ele com o pretexto de "acalmá-lo", mas na verdade so o atiçava mais para fugir das obrigações.

Desnecessário dizer que, nessas últimas horas, depois de poucas e doces palavras o menino aprendera rapidinho a diferenciar mãe de filha...

Céus, ele podia praticamente ver cada plano, intervenção, cada truque que ela vinha planejando por em prática nesse tempo de estudo se desmoronando diante dos olhos da mais velha com a presença do pequeno cabeça-de-bomba que, ou era mantido sob vigilância, ou quebrava alguma coisa. As únicas duas vezes que a mulher o intimara a parar de "brincar com a criança e se concentrar", Lambo conseguira quebrar um conjunto de louça de porcelana da família e chamar a polícia por sequestro (trote que aprendera a fazer com os amiguinhos da creche e que só conseguia quando I-pin não estava por perto).

Seria uma boa oportunidade para a dona da casa acusar Gokudera (o namorado punk da pobre filha sem juízo), levar a culpa (até porque era meio verdade)... e parecia ter sido isso que ela tinha em mente ao abrir a porta são sorridentemente... não fosse Lambo ter descrito o suposto sequestrador como "a Mulher-Domo".

"Como?" perguntara a mais velha à polícia.

"Sim. Marrom, baixinha, e com dentes de tubarão." e o sujeito prontamente apresentara o retrato falado de uma mulher baixa, de cabelos castanhos e aquela boca quadrada de dentes afiados do mascote retangular que aparecia na TV.

Domo-kun.

O queixo da Sra. Miura caiu e ela se virou para encarar o menino-vaca, provavelmente contendo-se para não fazer besteira na frente da polícia.

Por bem ou por mal, o delegado é amigo da família, de modo que a mulher saiu dessa sem muito constrangimento.

Desde então, depois que voltaram ao quarto, quando quer que pretendesse fazer uma tramoia que fosse, bastava insinuar que deixaria o menino sem supervisão e a Mulher Domo ficava de mãos atadas.

Não conseguiriam terminar o bendito projeto naquele dia, mas valia o sacrifício.

Diante de si a pessoa descrita como baixa, marrom e irritada esfregava as têmporas, frustrada.

"Vai ficar fazendo o pirralho ir e vir de minha cozinha até quando?" sim, ela estava lá "trabalhando com eles", do jeito que prometera fazer no dia anterior.

"Prefere deixá-lo aqui? Fingindo estudando conosco, Mulher Domo?"

A mais velha arregalou os olhos ante a menção do apelido. Não apenas isso... estava indignada.

"Não te dei essa liberdade, garoto..."

Ah, agora ela estava pedindo pra ter algumas coisas esclarecidas. E Gokudera, mesmo não querendo...

Ok, ele queria, queria muito dizer aquilo.

"Olha, eu não gosto de você e você não gosta de mim..." aquilo não era parte de seu plano original... mas Haru não estava lá, então se havia um momento para se fazer entender esse momento era agora. "e se a senhora não vai fingir que gosta, então não vejo porque eu deveria."

Por um segundo... foi como se o tempo tivesse parado. A expressão de choque a segurou no lugar deveria tê-lo feito se sentir triunfante, mas não foi assim. Sentia-se mais desconfortável do que quando fora deixado de pé a observá-los tomando o café. Acuado, constrangido... com a vaga, mas sufocante sensação... de estar no lugar errado. Percebeu que a expressão mudava e surpresa era substituída por um sorriso que, ele esperava, Haru jamais seria capaz de imitar.

"É aí que você se engana, menino..." céus se de repente surgisse um Kufufufu, jurava que começaria a se sentir mais confortável. "Eu gosto muito de você. Mas se é um compromisso sério que procura... Hum..." Huhuhu, Gokudera conseguia ouvir Huhuhus saindo da mulher! "Eu preciso ter certeza de que aguenta o tranco. Hoje pode não ter sido meu dia, mas acredite... eu não vou descansar, não vou relaxar e não vou baixar a guarda até ter completa certeza de que, SE ela te escolher... você vai dar conta."

Esqueçam os filmes nos quais "pesquisara"... esqueça as tramoias de fazer a cabeça da filha contra o namorado pelas costas dele ou de tentar dissuadir o pretendente com situações constrangedoras... Os pais dela, não. A mãe dela o encararia de frente. Aquilo era um convite à guerra, ao confronto direto e limpo de insuportabilidade e pura encheção de saco.

O terceiro sorriso do dia subiu com tamanha força que ele não conseguiu refrear. A Sra. Miura percebeu isso e retribuiu, encarando-o não importasse como... não importasse de que jeito ou o que ela tivesse que fazer, ele iria engolir aquele sorriso e engasgaria até a morte no processo.

Che.

Como se ela pudesse ser pior do que ele e seu chefe já enfrentaram na máfia...

"Ara-ra... Alguém vai ficar de castigo~ Hehehe!"

No corredor, alheia do próprio quarto, Haru abaixou o boneco de meia que estava usando para derrotar Alfinzilla, o golfinho mutante voador que Lambo usava para devastar a cidade de brincadeira deles e olhou para onde a criança estava apontando.

Lá, sentados cordialmente à sua mesa baixa, sua mãe e seu namorado-tentando-ser-noivo sorriam um para o outro. Teria sido uma cena linda... não fosse a sensação de que sua mãe e Gokudera travavam um épico confronto de quem pisca por último, sendo o prêmio testemunhar o adversário entrar em combustão instantânea.

E não, Haru não estava disposta a limpar a sujeira daquilo. Ela respirou fundo e avisou o menino que ia parar de brincar um pouco.

Hora de trabalhar...

"Ah, mãe!" a mulher nem titubeou para atendê-la. "Já é quase hora do almoço, o pai já deve estar chegando..."

BAM! A mulher se levanta e para. Caminha até a porta e os encara. Então sai e vai preparar o bendito almoço.

Finalmente sozinhos.

Gokudera e Haru se encaram. Longos segundos se passam.

O rapaz estala os dedos e aponta para a mesa. "Trabalho. Já."

"HARU SABE–DESU!"

"Hehehe~! Haru tá de castigo –monya m!"

Placar Geral:

Gokudera: 2

Mulher Domo: 0 [talvez menos]

Haru: -1 [por procrastinagem]

Intervalos Comerciais

ooo

Lambo...

Enfim...

Descansava.

Não, ele não foi brutalmente assassinado pela mãe da Haru quando ninguém estava olhando. O menino finalmente gastara as baterias e dormia tranquilamente na mochila de Gokudera (pela qual desenvolvera uma estranha afeição), usando-a como saco de dormir de acampamento, com uma das fronhas da morena de lençol e a cabeleira de almofada natural. O Sr. Miura já havia chegado e almoçado com eles. Agora, enquanto aguardavam o servir da sobremesa, o homem aproveitava o momento para tirar fotos do pequenino adormecido.

Che. "Leão" uma ova, até Uri era maior ameaça que o pai da menina.

Era com a mãe da garota que ele tinha que ficar esperto.

Enquanto a mãe colocava a mesa, Haru dissera qualquer coisa sobre ligar pra Mama Sawada e avisar que Lambo estava com eles.

...

Mas porque não haviam feito aquilo antes?!

Deixa, agora era tarde. Ele queria pedir pra mandarem alguém buscar a criança e sumir com ela, mas não deu tempo, a garota já havia subido as escadas.

Bom... Lambo só iria perder a sobremesa.

Gokudera percebera, depois de muita cautela durante aquele almoço, que os Miuras pareciam levantar uma espécie de trégua durante cada refeição, em especial para as três mais importantes do dia. Enquanto houvesse café da manhã, almoço ou jantar à mesa, não havia implicâncias, gritos, sequer uma aura assassina. Parecia ser expressamente proibido atormentar pretendentes à mesa. Havia algo de sagrado naqueles momentos e só se podia tocar na comida quando estivesse todos ajeitados.

Aquilo era meio frustrante, porque significava que ele podia sim ter tomado o café da manhã sem receio.

Bom, mas fora divertido fazer o ahoushi buscar a comida pra ele. Precisava se lembrar de recompensá-lo de alguma forma. Algum dia. Sem pressa.

"Servido!"

Para sua sincera surpresa, não era bolo. Era torta. Tortas, na verdade... e tão bonitas e bem preparadas que podiam ter saído de uma padaria cinco estrelas. Ele identificou de morango, de limão, maracujá e havia outras de aparência tão apetitosas quanto as que conhecia, mas cujos aromas não identificava. Todas pequenas, redondas e perfeitas para se acabar em duas dentadas, de modo que podia provar vários sabores...

Hayato nunca fora muito chegado a doces... Mas torcia para que as receitas fossem de família e não demorassem a ser passadas à Haru.

Alguém cutucou-lhe o ombro.

"Psiu!" a seu lado, o Sr. Miura o chamava mais para perto. O rapaz não sabia o que era, mas parecia que não era para a Domo saber. Se aproximou.

"Por um acaso você é sócio de alguma academia ou clube esportivo?"

...

Que raio de pergunta era aquela? E porque precisava ser sussurrada?

O gorducho prosseguiu.

"Se pretende entrar pra família... eu te aconselho fortemente a entrar em um..."

O rapaz ergueu uma sobrancelha.

"Ouvi isso de meu sogro que ouviu do dele... todos simplesmente obesos..." agora Gokudera tinha certeza de que não era para a Sra. Miura ouvir, porque o homem só soltava as palavras quando ela virava de costas. "O bolo... Cuidado rapaz pra não ser o próximo!"

Claro que ficar gordo e lerdo seria uma catástrofe pra Gokudera. Se fosse para servir de escudo a seu chefe podia ser uma vantagem, claro, mas só se Hayato fosse capaz de correr para protegê-lo. Por bem ou por mal, era Reborn quem cuidava dos treinos... perder calorias extras não seria problema.

"Não, se preocupe eu não..."

"Não falo por você!" parou. A esposa dele pegou um prato e abriu a torneira, pronta para lavar a louça. Ele prosseguiu. "Antes de casar eu era professor de educação física... claro que pensava comigo que minha profissão me manteria a salvo... que seria fácil perder o excesso de calorias.... mas não foi assim... Há algo mais... um vício, uma dependência químico-orgânica que te faz consumir mais do que consegue perder..."

Uma pesada e grande mão vai a seu ombro. Olhos arregalados e temerosos. O mais velho pergunta quantos bolos ele costumava comer durante um mês.

Gokudera pensara um instante. Aquilo era ridículo, ele quase não comia qualquer doce... se fosse um a cada três meses já seria muito.

"E quantos comeu... desde que começou a sair com Haru."

"Três ou quatro..." NOS ÚLTIMOS DIAS. Puxou o ar com força. OH, MEU DEUS ERA VERDADE!

"A fadiga... a preguiça, tudo se acumula aqui até você estar enorme e redondo demais pra escapar e não ter outra opção... senão trocar de carreira..." cada palavra era uma cutucadas em sua barriga... Nunca dissera a ninguém, mas Hayato vinha mesmo se sentindo... meio... um pouco... flácido. Já podia se imaginar ficando para trás nas missões... podia ver Yamamoto ou Ryohei tentando ajudá-lo com suas obsessões esportivas e podia já sentir a agonia, a frustração de ver todas as tentativas falhando até que não restasse para Juudaime além da de escolher outro Braço Direito e depois disso...

Escuridão.

A mãe de Haru vai ao forno pra servir outra leva de tortas. NÃÃÃO!

E agora?!

"Querida... err... Hayato-kun já terminou e vai voltar a estudar, sim?" E o mais velho sinaliza com os olhos para a escada. Era sua deixa!

Gokudera se adiantou e se retirou da cozinha... uma última olhada ao enorme homem que, talvez, um dia, tivesse estado em outra forma que não fosse redonda se despedia com temerosos olhos.

Corra garoto, corra! Eu.. é tarde pra mim... vá! Eu fico com a cobertura! Era o que dizia por trás dos óculos.

"Velho... obrigado..."

E subiu correndo as escadas, só para se deparar com uma Haru desligando o telefone.

"Essa... foi por pouco."

A menina o olha. Uma leve e passageira tristeza deixou os olhos castanhos para ser substituída por curiosidade. Gokudera não teve tempo para se apegar àquilo.

"O que foi por pouco?"

"Bolo.. fadigas.. redondo. Morte." wow, aquilo escalou rápido. E ele respira aliviado "Nem posso imaginar o que Juudaime diria se de repente eu ficasse fora de forma, foi por muito pouco mesmo!"

"Hahi, você caiu nessa?"

...

"O quê?"

"A historia da maldição. Meu pai diz isso pra comer a sobremesa dos convidados."

Gokudera voa pelas escadas e quase derrapa à entrada da cozinha só pra ver um Sr. Miura debruçando-se sobre o doce feito uma fera carniceira sobre a presa.

"OI, VELHO!"

"NÃO ME JULGUE! VOCÊ VAI ME AGRADECER DAQUI A ALGUNS ANOS PELO MEU SACRIFíCIO!"

"SACRIFÍCIO UMA OVA, ME DÁ MEU PEDAÇO! JÁ!" E puxa o prato pra si.

"Nãããããão!"

Placar Final

Gokudera: 2

Sr. Miura: 1 [esqueçam o ponto que pretendia dar]

Mulher Domo: -1000

Haru: -2000 [por não colaborar pro fim do maldito trabalho]


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Notas finais do capítulo

Poucos momentos de GokuHaru aqui. Eu sei que querem me matar, mas tudo vai valer a pena, eu prometo!!!!!

Ja ne! o//

Até o próximo post!