No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 18
Missão


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo partido em dois!!!!!
Ah, mas esse aqui é importante. É, digamos assim, o vínculo entre qualquer fic de Katekyo que eu venha a postar depois dessa ;DDDDD



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A lista era essa:

– Checar Juudaime

– Colocar Uri de volta na Box (um dia)

– Obrigar a Mulher Estúpida a entregar a lição de Geografia ainda hoje.

– Obrigar a Mulher Estúpida a terminar os exercícios de hoje e começar os de amanhã (e, se possível, terminar)

– Obrigar a Mulher a admitir que é Estúpida (de novo)

O último era seu favorito. Tinha um prazo de 12 a 15 horas para dar um 'checado' em cada um dos itens e depois disso entraria no último dia do "desapego" da morena.

Haru já o fizera esperar demais. Aos outros também, claro, mas eles não importavam tanto. Perguntava-se onde começaria a procurar por Uri antes de sair e cumprimentar seu chefe quando a campainha tocou. Pelo olho mágico viu um cara cujo rosto era tampado pelo boné. Ele colocava uma caixa grande de correio aberta bem na sua porta... só pra depois sair correndo.

Hayato recua, pára e pisca algumas vezes.

Ele havia visto certo?

Olhou de novo, vendo que a caixa fora colocada longe o bastante para continuar no alcance do olho mágico. Ela estava sim, aberta.

Agora ele se irritou. Não encomendara nada e não conseguia pensar em algo importante que alguém pudesse enviá-lo pelo correio, mas DROGA! Aquele carteiro só podia ter roubado sua entrega!

Era ainda cedo naquele sábado quando Hayato colocou os pés para fora do apartamento, pronto para uma perseguição, pronto para uma briga e resgate do que quer que lhe houvesse sido tomado...

...e foi empacotado, lacrado e transportado para bem, bem, longe de todos os seus planos.

ooo

Todas as sensações mais esquisitas passaram por sua cabeça e estômago enquanto sentia cada sobe-e-desce da caixa na qual fora lacrado. Surpreendentemente, nenhum deles era mais desagradável que olhar para a cara de sua irmã, então, por hora, Hayato podia dizer que estava bem (embora preferisse que não houvesse tantos pedacinhos de isopor tentando entrar em si pelas narinas e pela boca).

Quando sentiu que finalmente parou, uma mistura de sons e ruídos encheu seus ouvidos, ainda que terrivelmente abafados e distantes. Ouviu pássaros, ouviu cães e, talvez fosse só impressão, mas achou que ouviu um elefante.

E havia outra coisa também.

"HIIIII! ME TIREM DAQUI! ISSO É UM ENGANO!"

"JU-JUUDAIME!"

Seu chefe estava lá! Ah, mas Gokudera ia acabar com quem quer que estivesse sequestrando seu chefe!

"BWAHAHAHAHA! AHODERA TÁ PRESO, QUE IDIOTA!" a vaca estúpida também?!

"VOCÊ FOI JUSTAMENTE O PRIMEIRO A SER PEGO, LAMBO!" e depois o jovem Vongola retoma seu ar preocupado "Gokudera-kun, você também está enjaulado, onde você está?!"

Jaula...? Tinha essa opção também?

"Não! Estou lacrado em uma caixa de papelão!" só sentiu o ridículo da frase depois de tê-la gritado. Claro que já tentara sair, rasgar o papel, chutar, socar, mas seu corpo estava contorcido em uma posição tão... desconfortável que se conseguia se manter respirando e falar sem devorar meio quilo de isopor, ele já se sentia agradecido.

"E eu estou em uma EXTREMAMENTE de madeira!"

Cabeça-de-Grama!

"Haha! Então estamos todos viajando juntos? Que divertido!" e o som de um cão latindo veio da mesma direção. "Calma, garoto! Eu também to apertado aqui!" o bicho parou de latir.

Antes que o de cabelos prata pudesse xingar Yamamoto (o único capaz de achar divertido estar trancado, provavelmente, numa daquelas caixas de transportar cães), uma movimentação do lado de fora da sua caixa chamou a atenção

Havia som de metais se chocando e homens gritando. Parecia distante, mas crescendo e se aproximando rápido. Alguém disse "Esse aqui está descontrolado" enquanto outros três tinham seus gritos e apelos misturados a pedidos por reforços.

Mas o que diabos...?!

"Kamikorosu!" rugiu um e uns três começaram a gritar, com certeza fugindo.

Hibari.

"Levem a garota à bordo e tragam o tranquilizante! Já!" havia mais desespero do que autoridade naquela frase.

Os sons voltaram a ficar confusos demais... Em meio ao breu daquele papelão á prova de balas (ou pelo menos de Gokuderas) ele se pegou afogado em gritos de um lado, ameças de morte de outro... e o maldito "Kufufu".

Todos os que reconheceram aquela risada se arrepiaram. Sentiam o ar ao seu redor começar a pesar uma tonelada enquanto, mesmo sem vê-la, tinham certeza de que névoa cercava o mundo fora do avião. "Com sua licença... Esta daqui vem comigo."

Só depois de muitos outros sons tumultuados Gokudera os ouve gritar "Eles desapareceram!"

E TUM! o que pareceu ser o som do impacto de dois objetos maciços seguido do som de um corpo caindo ao chão chegou até o rapaz. Primeiro achou que tivessem batido na parede do avião, mas a possibilidade de terem acertado a cabeça de Hibari era maior.

"Rápido! Antes que ele acorde!" gritavam uns para os outros.

Espera aí... se os guardiões estavam lá e eles estavam sendo todos levados para algum lugar misterioso de forma absurda e imprevisível... A aquilo só podia significar uma coisa!

O responsável por aquele sequestro...

"Não se preocupem com os outros dois, só precisamos dos membros já empacotados. Podem partir." garantiu uma vozinha infantil extremamente familiar.

"REBOOOOOOORN!"

Gritavam o chefe e seu Braço Direito no instante que o avião alçou voo.

ooo

Haru estivera estudando. Passara a manhã inteira fazendo os exercícios do cronograma enquanto esperava Gokudera... mas ele não apareceu.

Estava irritadíssima.

Não, ele não tinha a obrigação de vir... e não, ele nunca prometera nem garantira aparecer todos os dias, mas mesmo assim desu~!

"Haru quer saber o que ele está fazendo..."

Bocejou.

Apoiou-se em sua janela um instante, deitando sobre os braços cruzados e sentindo a brisa matinal acariciar-lhe o rosto. Sentia-se tão indisposta quando o rapaz não estava por perto. Era um tanto... tedioso. Mesmo quando ficaram presos dois anos no futuro... ainda que estivesse assustada, ainda que sentisse fome ou frio, bastava o abraço dele... e Haru sentia suas baterias recarregadas. Lera uma vez que a adrenalina tinha efeitos assim. Ela sentia que não tinha porque ter muito medo... De um modo geral Gokudera em si é a coisa mais instável e perigosa capaz de cercar um ser humano. Então se não é ele a ameaça direta, bom... poucas coisas seriam.

Bocejou. Esses momentos lentos eram bons para refletir. Antigamente, Haru os adorava para poder ficar sonhando com seu Tsuna-san da janela, sentindo-se uma donzela em apuros à espera do resgate...

Che, agora ela mal conseguia mais ver um filme se não houvesse pelo menos uma ou duas explosões nele.

Ela ainda amava o chefe Vongola... mas não achava a espera romântica tão legal.

Se alguma vez se sentira protegida por Tsuna-san por ele ser seu bravo cavaleiro de armadura brilhante... Haru se sentia protegida por Gokudera por ser uma bomba relógio da qual ela conhecia as senhas. Senhas parar armar e, recentemente, para desarmar.

E todo mundo foge de um ser humano andando por aí carregando uma dessas.

A morena sorriu.

Acabara de pegar-se pensando... que começava a preferir a sensação de pessoas correndo e fugindo de si do que uma multidão aplaudindo-a, sentada em cima de um cavalo branco (e com o traseiro doendo de tanto ter ficado sentada esperando esse momento) e abraçada a seu bravo cavaleiro.

Era... divertido.

Contanto que pelo menos o punhado certo de pessoas... também soubesse que ela tinha as senhas. Assim umas poucas e importantes também seriam capazes de se manter perto.

...

...Tipo seu pai e sua mãe.

Céus, e Haru já fizera sua mãe praticamente venerar Tsuna-san...! Arrependia-se um pouco de toda propaganda que fizera desde que conhecera o rapaz. Mesmo sabendo que era tudo uma merecida verdade e ela iria sempre amar o chefe Vongola por tudo o que ele fez.

...

Ela bem podia ter jogado um plano B para seus pais, mas nãããão, é claro que Haru vai ser a esposa do Chefe!

Bleh.

Se estivesse mesmo preparada para ser esposa do chefe... Haru teria feito um plano B!

Heh. Que vergonha... cá estava ela remoendo os sentimentos pelo namorado da melhor amiga, isso enquanto gosta do Braço Direito desse namorado, era quase uma traição dupla! Haru não tinha escrúpulos mesmo...

Estava no meio do terceiro bocejo quando sua mãe a chamou.

"Haru-chan! Kyoko veio te visitar desu~!" e a garota engasga e cai de costas no chão.

Não dava mais tempo de gritar que não podia recebê-la... já estava ouvindo os passos subindo a escada! Pra piorar sua situação, sua mãe parecia insistir mais e mais para que ela voltasse a sair com as amigas, ela era uma aliada a menos naquela história!

"Muito obrigada por me deixar entrar, Miura-san!" já ouvia as vozes, a morena tinha que sair dali! "Eu estava achando que a Haru não queria mais falar comigo..."

"Oras, não precisa de nada disso, você e seus amigos foram uma das melhores coisas que aconteceram para minha filha! Haru-chan só gosta de ser um pouco dramática demais ás vezes, se é que me entende..." céus, Haru quase podia ver o indicador de sua mão desenhando círculos ao lado da cabeça ao se referir a ela! E a voz da Sra. Miura muda de tom como um bipolar muda de personalidade "E se ela por acaso a estiver te evitando, minha Haru-chan vai se ver comigo desu."

Hahi! Aquilo não era ameaça! Era promessa!

Pensa Haru, PENSA!

A morena ouve a maçaneta de sua porta mexendo e olha para a janela.

...

Kaa-sa... Kyoko-chan... pensou consigo mesma. Me perdoem desu~

E pulou pra fora da casa.

ooo

Acordou... bom, ele não sabia quanto tempo se passou. Mas sabia que estava quente.

Muito quente.

E úmido.

"Urrgh... Onde é que..." olhando à volta, apenas mato. Muito mato e muito verde. E QUE RAIOS DE CALOR ERA AQUELE!?

Ouviu uma voz conhecida chamando-o desesperadamente.

"Você está bem?! Juudaime!" e o sacudia na tentativa de reanimá-lo.

"Arrrgh, estou! Estou bem!" o pobre moreno já podia ver estrelas e sentir sua cabeça girar. Torcia grandemente para seu Braço Direito não tornar aquele chacoalha-chacoalha um procedimento padrão do contrário o chefe preferiria permanecer inconsciente.

O chacoalha-chacoalha cessou. Quando a tontura passou, Tsuna pôde finalmente ver seu amigo direito. A princípio achou que Gokudera estivesse puramente desesperado, como sempre ficava com qualquer besteira que acontecesse com ele (e acontecia muita, sendo Tsuna o sortudo que era), mas que era mais do que isso... Aquela era a primeira vez que se falavam diretamente desde bastante tempo. O chefe percebera que era nisso que seu guardião pensava porque havia rios de lágrimas escorrendo dos olhos claros (metade da umidade que encharcava sua blusa) e logo Hayato estava de joelhos no chão, batendo a cabeça na grama verde repetidas vezes dizendo milhares de "ME PERDOE JUUDAIME!"

Tsuna sorriu. Desnecessário ou não o moreno sentiu muita falta daquele jeito Gokudera de ser.

Mas primeiro esclarecer as coisas.

"Você não tem do que se desculpar..."

"MAS EU O ABANDONEI! DEIXEI DE LADO MEUS DEVERES DE BRAÇO DIREITO, SOU UMA DESONRA COMO GUARDIÃO..." ok... Gokudera parecia estar um pouco mais melodramático do que costumava ser... Podia ser por causa do tempo que não se falavam. O de cabelos prata provavelmente acumulara um bom estoque de desculpas e perdões pra pedir desde que se afastara do grupo.

Por isso mesmo Tsuna o deixara continuar se desculpando.

Apesar daquelas não serem as circunstancias mais propícias, claro.

"... E PELO SEQUESTRO, E TAMBÉM POR NÃO TE ESCOLTAR ATÉ SUA CASA E NEM DE SUA CASA PARA A ESCOLA..."

Certo, ele não precisava se desculpar por coisas que não podia fazer. Tsuna entendia que era chato pra ele, como solteiro, ficar perto dele e de Kyoko o tempo todo. Na verdade, havia um tempo ansiava por essas missões e treinamentos de Reborn... ele queria mesmo passar mais tempo com seus amigos guardiões.

Gokudera continuava:

"E PORQUE CHOVEU NA TERÇA PASSADA E PELA GRIPE QUE O SENHOR PEGOU NA QUARTA E..."

Hmmm... Tsuna se perguntava se ele ia demorar muito mais. Precisavam encontrar Lambo e os outros e ver logo o que Reborn queria deles.

"...E...!" Ah! Aí estava! A sua deixa. "...e..."

"Gokudera-kun!" chamou, com a voz firme que tanto treinara unica e exclusivamente para acalmar o temperamento de seu braço direito. "Está tudo bem. Estou feliz por te ver de novo."

Ah, céus, os rios de lágrimas viraram cachoeiras.

"O-OBRIGADO, JUU-UUDAIMEE!"

Depois de se recompor, trataram de procurar pelos outros Guardiões.

O melhor seria encontrar o pequeno Lambo. Estavam no que parecia ser uma selva tropical e não gostava da ideia de deixar o mais novo por ai sozinho. O menino vaca era do tipo de criança inteligente que cutucava a onça com vara curta. Nos olhos. E depois colocava uma granada na boca e saia correndo. Alguém assim precisaria ser mantido perto e preso o tempo todo, do contrário, Eles teriam problemas. Às vezes Tsuna queria que o tempo passasse mais rápido e ir direto para a parte em que seu pequeno guardião virava gente.

E falando em virar gente...

"Ah, Gokudera..."

"Hm?" e sacudiu a cabeça vigorosamente, como se fosse um crime não ficar empolgado com cada som que o moreno fizesse. "Digo, Sim, Juudaime?!"

"Ah, bem..." Bianchi o alertara para escolher as palavras com cuidado. Havia frases que podia dizer e frases que não podia, ambas significando ou não a mesma coisa. "Você continua bem próximo da Haru, não é?" Tsuna achou melhor não usar nenhum termo parecido com "amor", não precisava usar a hiperintuição para saber que era disso que Bianchi falava.

Gokudera limpou a garganta antes de responder. Mas não parecia tão desconfortável.

"Sim, continuo."

Havia algo que ele queria perguntar. Não, havia muita coisa que queria saber... mas só escolheria uma por enquanto.

"Acha que ela vai voltar?"

Gokudera parou. Voltou a andar em seguida, para não permitir que o chefe parasse também e quebrasse o ritmo da própria caminhada.

"É claro que volta. A Mulher Estúpida continua com a gente nem que seja a última coisa que eu faça."

E depois de dizer aquilo o rapaz dá uma segunda pausa, como se a frase não tivesse saído do jeito que planejava. Antes que pudesse reformulá-la Tsuna diz:

"Promete não forçá-la?"

Gokudera arregalou os olhos. Parecia não ter entendido... ou não ter aceitado o que acabara de ouvir.

"Vamos, Gokudera, apoio que cuide dela, mas não quero que Haru venha conosco porque tem que vir." estava arfando. Aquele lugar era fechado e cada passo requeria esforço para não ser em falso já que a pouca luz não os permitia ver direito. "Quero que venha quando se sentir bem de novo conosco." Comigo, foi o que pensara e quase dissera.

Seu guardião abaixou o olhar. Aquilo podia não acontecer tão cedo e ambos sabiam disso.

Tsuna sorriu.

"Não acho bom que se culpe tanto por ficar perto dela" e aquilo era algo que percebera só recentemente. "Você também não é obrigado escolher ir com a gente."

E dessa vez Hayato parou de mesmo de andar.

"Eu nunca escolheria deixar de ser seu Braço Direito, Décimo!"

"E-eu sei! Eu também não escolheria outro para esse cargo!" aquilo pareceu acalmá-lo, mas Tsuna não podia parar por aí. "Essa vaga será sempre sua... mas se tiver que escolher entre Haru e a máfia... não faça por, ahn, obrigação." ele queria dizer para escolher Haru, mas aquilo também não estava certo, Tsuna não poda determinar as escolhas de Gokudera por ele, por mais que a segunda lhe parecesse mais correta (e sã). Precisava refazer a frase.. "Digo... Se ela quiser ficar... e você quiser ficar com ela... não sinta que tem que fazer diferente por nossa causa. Vocês continuam pertencendo à família, vindo ou não."

"Mas é melhor se formos, não?"

E aquela questão pegou o chefe de surpresa. Ele tropeçou e se recompôs, pensando ainda no que responderia.

Decidiu que seria sincero.

"Sim." ele sorriu. "Seria bem melhor."

Gokudera colocou a mão em seu ombro e, de repente, não era mais Tsuna a apoiar e animar o guardião, mas o contrário.

"Então deixe comigo." não havia mais vergonha, não havia mais timidez, sequer irritação. Nos verdes olhos de seu guardião, Tsuna encontrou aquela determinação que o tornava seu Braço Direito, que os tornava a todos mais que Famiglia, mas Família, não apenas na máfia, mas na vida. "Vou conquistar a Baka Onna e fazê-la esquecer o senhor nem que seja a última coisa que eu faça em Namimori."

"HEH?!" então era mesmo ele o problema do afastamento de Haru?!

"Haha! Sabia que já havia se resolvido quanto a ela!" de trás de uma árvore, Yamamoto surge, junto do guardião do Sol. Ryohei estava capotado em seus ombros e babava ao extremo. "Só lembrando que, se escolher ir com Tsuna, talvez eu decida ficar e cuidar da Haru, já que ela continua sendo da Famiglia, não?"

"O QUÊ?!" perguntaram o chefe e o subordinado, um com surpresa, outro furioso. Yamamoto riu.

Claro que o espadachim estava brincando. Embora... Tsuna percebia, pelo menos metade das brincadeiras que vinham dele tinham fundo de verdade. Não demorou para a raiva explosiva e barulhenta de Gokudera acordar Ryohei que participava dos gritos por nenhum outro motivo plausível além da pura e simples vontade de só faltava Lambo.

"Vamos extremamente POR ALI!" gritou o Onii-san com certeza ainda enjoado com a viagem e o sequestro.

Como todos os caminhos pareciam iguais, acharam que não haveria problema em seguir por onde apontava o boxeador.

Doce engano.

Depois de um tempo fugindo (leia-se tropeçando) por cima de raízes que pareciam cobras e se apoiando em cobras que pareciam raízes, e fugindo de ambos, eles encontraram o que parecia ser a caixa de papelão de Gokudera.

Estava meio longe de onde se esperaria e era menor do que Tsuna havia imaginado quando o ouviu no avião. Mas aquilo devia ser sinal de que estavam ainda perto de onde foram jogados. Continuaram andando.

"Juudaime! Olha!" e Tsuna virou o rosto para onde o rapaz apontava.

Havia uma espessa folhagem mais á frente, com um pouco da luz do sol conseguindo penetrar o suficiente apenas para mostrar o montinho desgrenhado de cabelos negros afundados no que parecia ser um brejo.

"L-LAMBO!"

Gokudera correu até o brejo temendo o pior. Agarrou-o pelos cabelos com a mão cheia e dera um puxão para tirar o menino de lá.

"SUA VACA IDIOTA!" e algo muito maior do que um menino de seis anos saiu da lama. Algo de afiados olhos abertos, cenho franzido, tonfas em mãos e rosnando "Desculpe, Idiota errado." e Gokudera devolveu a pessoa para dentro do brejo.

Só deu tempo de ser arrastado pelo guardião pela gola do blusão quando toda a lama explodia em um cogumelo atômico de plantas, lama e morte no mais furioso KAMIKOROSU já gritado pelo presidente do Comitê de Disciplina.

Se correr o bicho bate, se ficar o bicho morde!

"Hibari-san!" gritava o moreno, ele os outros três ainda correndo como se as cobras que viram antes fossem agora seu maior refúgio. "N-não nos mate, v-você n-nos deve uma!"

Outra coisa explodiu. Os quatro começaram a gritar por suas vidas quando atrás deles, uma árvore do tamanho do castelo da Varia desabou e o Skylark saltou sobre ela se aproximando como se perseguisse a peste, depois sumiu de sua vista.

"G-gokudera-san só estava preocupado por achar que estava afogado!" Não, ele estava preocupado por achar que Lambo estava afogado "Desculpe o puxão, mas pelo menos te tiramos de lá-HIIIIIII!"

Hibari estava à frente deles. Frearam e pararam a centímetros da tonfa e caíram sentados.

Hibari não os bateu até a morte.

Ele bufou e esfregou a cabeça, massageando-a e tirando a lama dela.

Continuava irritado, mas além disso... o presidente parecia meio zonzo.

E-então deu certo...? Estavam a salvo..?!

O de cabelos negros apontou uma tonfa para seu rosto, arrancando-lhe outro estridente "HII!", os outros três se colocaram à sua frente.

"A menina de tapa-olho..." huh?! Seria... Chrome?! O rapaz estreitou os olhos "Onde ela está?"

Antes que algum deles respondesse...

"Ciaossu~!"

Reborn!! Ah, ótimo, agora ele estava vestido de... de.. uh..

"Sou o Incrível Carteiro Reborn!" e o bebê sorri, matreiro "E vocês, meus amigos, são minhas cartas registradas!"

"Carteiro?!" e Tsuna piscou algumas vezes, absorvendo o que via. "De azul e amarelo?" sem falar no boné com grandes olhos laranja de lagarto.

"Idiota!" ele atirou um envelope que o errou por pouco, fincando-se numa árvore atrás de si como uma shuriken. "É assim que os carteiros daqui se vestem." Eles também carregavam armas ninja consigo?! E onde era aqui?! "Como não devem ter percebido, estamos na Floresta Amazônica. Na parte que fica no Brasil, mais especificamente." Ah...

"AHN?!"

Floresta Amazônica?! Brasil?! Fizeram uma viajem até a América, por quanto tempo haviam ficado desacordados?!

"Não se preocupem, não levamos mais do que quatro horas para trazê-los aqui e, assim que terminarem, não levará mais que isso para voltarem."

QUATRO HORAS?! ELES ESTAVAM NO JAPÃO!

"Isso não é possível." e dessa vez tinham que concordar com Hibari.

"Para alguém que usa armas com animais flamejantes e já foi e voltou dez anos no tempo, uma viagem de poucas horas para o outro lado do mundo não devia impressionar..."

"Haha! Touchè!"

"A-ah, Reborn..." não podia esquecer daquilo "Onde está o Lambo?"

O bebê sorriu...

"Comam e se troquem, sua missão começa assim que terminarem de se alimentar!" ele o ignorou!

Depois de receberem a devida alimentação e se trocarem para o que parecia ser uniformes do exército (ao qual Hibari aceitou usar por seu uniforme de presidente ter, literalmente, ido pro brejo, mas manteve a bandana de braço do Comitê) o grupo se reuniu para ouvir as instruções do Hitman.

Não que tivessem muita escolha, claro... O bebê não responderia a ninguém enquanto não seguissem a vontade dele primeiro.

"Bom, como já sabem, ou pelo menos deveriam saber, o conceito por trás das armas box que usamos hoje e continuarão a ser desenvolvidas pela máfia nos próximos anos foram criadas por Geppetto Lorenzini no século 15 e arquivadas pela falta de tecnologia necessária para torná-las reais."

Tsuna lembrava vagamente da história. Ele prestara bastante atenção quando a ouviram pela primeira vez, mas depois que tudo se resolveu não ficara meditando nela muito tempo.

Ao contrário dele, Hayato tinha o olhar fixo em Reborn absorvendo cada palavra e consentindo cada vez que concordava/recordava o que lhes era dito.

"Anos depois, três cientistas: Koenig, o criador do Bisturi do Sol..." ele aponta para Ryohei. Depois para Gokudera "...Innocenti, o criador do sistema C.A.I. e Verde, meu caro colega Arcobaleno, as desenvoleram e trouxeram vida a muitas das armas que conhecemos nas batalhas do Futuro."

Sim... e...?

Outro envelope-shuriken passou cortante perto de sua bochecha. Tsuna queria TANTO que Reborn parasse de lê-lo daquele jeito!

"Bom, o motivo para o qual os encomendei até aqui foi porque Glip, a, como posso dizer... a mãe de todas as armas box animais está à solta e fora de controle."

?!

Mãe... de todas as armas box animais?

"Antes que dame-Tsuna aprofunde ainda mais sua cara de tonto, deixa eu esclarecer uma coisa." E agora todos escutavam atentos. "Geppetto era biólogo e planejou cerca de 343 armas baseadas em animais ou plantas. E com baseadas, me refiro à forma e habilidades. Emoções... essa fora uma ideia recente."

Espera aí...

Reborn estendeu a mão até o boné de carteiro até ele brilhar e voltar à sua forma de camaleão. Leon caminho do cabelo espetado do bebê até sua mão, recebendo feliz o carinho abaixo do verde queixo.

"A ideia de armas com emoções... isso foi coisa de Verde. Sua verdadeira intenção era a de, pouco a pouco, conceder vontade própria ás armas e assim criar uma rebelião futurísca entre homem e armas e gravar tudo para assistir sextas de noite, quando pede pizza em seu laboratório."

Se não tivesse conhecido o tal Verde pessoalmente, Tsuna teria até rido. Mas ele o conheceu.

"A coisa não fluiu bem desse modo e, hoje, o fato dessas armas criarem vínculos ou não com seus mestres é parte do que as torna tão poderosas e indispensáveis para a máfia. Só que..."

"Só que Glip fora a primeira a ser desenvolvida com essa capacidade..." atrás deles, carregando um laptop com uma mão e uma parabólica portátil na outra, uma versão menor de um certo loiro se aproxima deles, fitando a tela desinteressadamente. "E como qualquer experimento criado com uma intenção errada, Glip tem suas falhas."

"Spanner!"

"Yo, Vongola-kun! É bom revê-los..." e pára pensativo "ou conhecê-los. É a primeira vez que os encontro nessa época, certo?"

O garoto caminhou até reborn onde se acomodou em uma mesa (quando que aquilo fora parar ali?!) e arrumou seu equipamento.

"A box de Glip estava trancada no laboratório de Verde durante anos, até que decidimos libertá-la e... bom... e fazer alguns experimentos..."

O jovem chefe já entendera tudo. Não culpava a própria arma nem um pouco por entrar em pânico e fugir. Digamos que, depois de anos e anos trancada, quando sai, a primeira coisa que alguém quer ver, não são amarras e bisturis...

"Sua missão, Jovens Vongolas, decidindo aceitá-la ou não, é encontrar Glip, acalmá-la e trazê-la de volta à caixa dela."

ooo

Ok... ela ia admitir... Talvez, só as vezes... Haru gostasse mesmo de fazer drama.

"Hagi! Cuidado, ainda está doendo desu~!"

"Calada! Ninguém mandou você se atirar da janela do segundo andar de sua casa!" repreendia Bianchi.

"Não se preocupe... Haru mirou na árvore pra amortecer a queda dela desu~"

Bianchi a olhou com a frieza de uma lâmina, pronta para cortá-la de sua idiotice.

"Ok, Haru vai calar a boca e deixar Bianchi terminar os curativos agora."

"Acho bom."

A morena suspirou fundo sentindo o fim das emoções do dia, sendo seu ápice uma queda feia em cima da macieira que tinham no quintal, escoriações e uma dor brutal na região das costelas. Isso sem falar no seu orgulho. E tudo isso só pra descobrir que Gokudera fora arrastado para outra missão com os guardiões.

Ela esperava tanto vê-lo quando se adiantou até o apartamento dele. Agora sentia-se meio idiota por ter mesmo saltado da janela.

Estivesse onde estivesse... Haru torcia para Hayato estar tendo um dia mais emocionante do que o dela.


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Notas finais do capítulo

Hehehe...

Capitulo feito quase inteiramente do ponto de vista de Tsuna. Vou usar os olhos dele ainda outras vezes por causa da necessidade extrema de sua hiperintuição.

Eu sei que a fic é GokuHaru, mas é também de Katekyo e sou fan dos momentos famiglia mafiosa deles como um todo por isso temos a missão xD Gokudera e Haru estavam muito longe do grupo isso estava perigoso demais, eles podiam acabar se desvencilhiando dos demais e eu não ia querer isso xP

Pois é, Haru tem problemas mentais, mas todos sabemos e a amamos mesmo assim, não?

NÃO ESQUEÇAM DE ME DIZER O QUE ESTÃO ACHANDO!!!
Vou tentar postar o próximo até amanhã, mas se não conseguir a gnt se ve segunda que vem o//



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