No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 17
Confiança


Notas iniciais do capítulo

AHAAAAAA! VOCÊS NÃO VIRAM O CAPITULO HOJE DE MANHÃ E ACHARAM QUE EU IA ATRASAR?!

HA-HAA! NÃO ME ATRASEI!!!

YEAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!

Ok, voltando ao capitulo... espero que gostem o//



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Quando Tsuna chegou à sua casa depois da aula, deparou-se nada mais, nada menos com Bianchi e Reborn agindo de forma assustadora.

Estavam sentados ao sofá de sua sala... e conversavam...

...

e... só!

Sua mãe lhe avisara que sairia antes para a reunião de pais e mestres na creche dos menores (algo lhe dizia que, apesar de estar com notas baixas, o menino-vaca sairia de lá com um sorvete e um sorriso de "não esqueça de se esforçar mais" e que a bronca de verdade sobraria para ele dar/receber). Justamente pela ausência dela é que Tsuna esperava entrar por aquela porta e se deparar com o Hitman vestido com algum cosplay aleatório convocando-o para outro de seus "treinos", no qual cada um de seus guardiões brotariam por qualquer motivo e se ferrariam com ele como uma boa famiglia mafiosa...

O que encontrou, no entanto, fora até meio desconcertante.

"E o que planeja a seguir?" pergunta o bebê dando outro golinho em seu chá quente. O pequeno e gorducho mindinho erguido tão elegante e sofisticado quanto o mafioso bebê amaldiçoado assassino podia ser.

"Frustrá-lo tanto quanto me for possível, claro..." e Bianchi enchia mais a própria xícara, colocando a chaleira de volta à mesinha de centro com fina delicadeza "O nível de imbecilidade dele já passou dos limites. Para alguém que já admitiu o que realmente sente a atitude dele é ainda menor do que a de alguém que mal se tocou das flechas do Cupido fincadas em seu coraçãozinho..."

Hmm... Falavam sobre Gokudera, quase que com certeza. Tsuna achou melhor deixá-los conversar em paz. Ele ainda tinha que ligar pro pobre guardião e ver se seu amigo estava bem depois de outro passeio ao futuro...

Soubera que os dois foragidos haviam retornado e esperava muito mesmo ver o guardião mais empolgado na aula, mas...

...Gokudera não apareceu.

"A maior qualidade deles como subordinado e amiga é seu maior defeito como casal..." ouviu Reborn dizer.

"Sim... são ambos incrivelmente devotos a Sawada Tsunayoshi."

Um calafrio percorreu a espiha do rapaz. A última vez que ouvira Bianchi dizer seu nome daquele modo ela jurara matá-lo para que Reborn pudesse voltar à Itália com ela...

Quando começou a subir, de fininho, as escadas para seu quarto:

"Ah, Tsunayoshi..." droga! Eles perceberam... "Pode tentar ligar pro Hayato pra mim? Tentei falar com ele hoje de manhã e não consegui."

...

"Você foi visitá-lo, Bianchi?"

"Sim."

...

"Estava com os óculos?"

"Não."

Ela não precisava dizer mais nada. Tsuna já havia entendido o que aconteceu e sentia muito por seu amigo.

Então a campainha tocou.

Largando a mochila ao pé da escada, o rapaz se dirigiu à entrada com uma curta corrida.

"Ah, Kyoko-chan!"

Como sempre, sua namorada sorriu docemente ao cumprimentá-lo... mas não parecia nem um pouco menos chateada que nas ultimas semanas. A linda ruivinha andava mais e mais quieta, cada vez que tentava saber como estava sua amiga doida e não conseguia. Aquilo cortava o coração de Tsuna. Mas Haru precisava do tempo dela e o rapaz não pretendia, de forma alguma, forçá-la a voltar antes que estivesse pronta.

O problema era... E se ela não quisesse mais voltar?

Olhando para a menina a sua frente, Tsuna teve certeza de que esse era, no momento, o maior receio de Kyoko.

A conhecia voz feminina tirou-o de seus devaneios.

"Ciao~" disse a mafiosa já com uma mochila (provavelmente cheia de tramoias) pendurada no ombro.

"Bianchi-san!" e uma sutil, mas eficaz, mudança de ânimo sobreveio a ruiva. "Já está de saída?"

"Sim. Haru parece ainda estar com febre e vou cuidar dela por algumas horas..." de repente, aquele sinistro 'Huhuhu' junto da aura estranha que costumava pairar na mais velha retornou ao lar dos Sawada "Mas só um pouquinho... só até um outro alguém vir cuidar dela pra mim."

Por que será que Tsuna tinha a impressão de que este 'alguém' o faria depois de ser amarrado e arrastado para a tarefa sob ameaça de morte por envenenamento?

"Ha-Haru-chan está doente?!" era oficial. Seu encontro com Kyoko estava cancelado. "Ela não me disse nada..."

"Vem comigo então." Viram? Arruinado. "Passamos na casa da Hana e visitamos ela todas juntas! Quem sabe ela não melhora e podemos ir atrás de Chrome também?"

Os dourados olhinhos pidões de sua namorada pousaram sobre si, pedindo, implorando permissão para abortar o encontro. Kyoko parecia brilhar com a ideia e, mesmo um pouco frustrado, vê-la mais animada o animou também.

"Podem ir... Vou falar com Yamamoto e Ryohei para checarmos se Gokudera está bem."

As duas garotas celebraram com um feliz "Yay!" e dispararam para a rua feito crianças atrás do caminhão do sorvete.

Tsuna sorriu. Já podia ver tudo. Ele e os rapazes passariam uma tarde juntas entre treinos loucos e jogos meio infantis, meio letais e as meninas teriam uma agradável tarde colocando a conversa em dia.

Tudo de volta ao normal. Só faltava...

"Ohohoho...!" pronto. Não faltava mais nada.

Da sua sala de estar, trajando aquela bizarra (mas incrivelmente adorável) fantasia de cupido, Reborn mirava suas Leon-flechas em Tsuna, acertando uma bem em seu nariz.

"Está tudo indo de acordo com o planejado..." dizia o bebê enquanto via seu pupilo gritando "HIII!"e correndo se um lado pro outro tentando desgrudar o camaleão metamorfoseado de sua cara.

ooo

Andavam juntas planejando o que levar para fazer a morena se recuperar mais rápido. Depois de buscarem Hana e da Kurokawa ter a ideia de fazerem uma cesta de lanche, as três passaram na galeria mais próxima e reuniram o que precisavam. Compraram duas cestas, a da Haru e a da Chrome, encheram ambas com frutas alguns doces e juntaram também algumas sopas para tomarem juntas na casa da Haru.

O caminho todo as meninas tentavam arrancar de Bianchi o que a mais velha sabia sobre aquele "sumiço" de seus amigos.

Se fosse apenas para Kyoko não teria problema explicar, mas como Hana estava junto e ela ainda não perguntara a Sasagawa sobre o quanto a amiga já sabia da história de máfia, Bianchi se limitava a dar risos sugestivos e fazer mistério quanto ao que sabia.

"Eu acho que os dois sumirem ao mesmo tempo não passou de uma grande coincidência." Soltou Hana, convicta. "Não tem nem como ter rolado alguma coisa, quero dizer... Gokudera é ainda um primata imaturo, ele provavelmente ainda nem consegue conversar com Haru sem ser através daquele celular..." e depois de uma sutil pausa a morena se vira para Bianchi com um sincero, mas nada arrependido "Sem ofensas, Bianchi..."

Ah, se Hana soubesse o quão certa ela estava...

"Por mais que eu concorde, sinto que, em poucos dias essa história vai mudar..." Ah, sim, aquilo ia mudar. Com certeza!

"Você parece ter algo em mente, Bianchi-san...!" graças ao namorado paranoico, Kyoko tinha seus receios quanto aos planos da mais velha... "O que você precisa que a gente faça?" e abriu um sorriso incomumente matreiro, fazendo tanto Bianchi quanto Hana arregalaram os olhos por um segundo.

Aquilo não a impedia nem um pouco de querer participar.

"Huhuhu! Logo conto pra vocês!" chegaram à casa dos Miura. Bianchi tocou a campainha e deu espaço para abrirem a porta e cumprimentá-las. "Assim que cuidarmos de Haru e ela melhorar, colocaremos o plano em prática!"

Então a porta abre. Dela, um rapaz alto (não muito), trajando mal-humoradamente o uniforme de sua escola sem o blazer e com a gravata desfeita pendurada no pescoço, os cabelos prateados presos e um furioso olhar dizia lenta e ameaçadoramente:

"A Mulher está ocupada."

...

O queixo das três foi a chão. As mais novas iam falar algo. Bianchi entregou a cesta da morena pro irritado irmão e tapou as bocas das outras duas com um muito feliz "Já estamos de saída!", arrastando-as para longe até sumir da vista do rapaz.

Quando ele fecha a porta, a cesta dela ainda em mãos, Haru está parada, ainda em choque pela impressão que sabia que as três haviam acabado de ter.

Ela havia acabado de conversar com sua mãe. A-ca-ba-do. Quando terimaram o bolo de emergência e o celular dela tocou indicando a hora de voltar pra Universidade, foi no tempo de abraçá-la, se despedir e fechar a porta para a morena ouvir o urgente toque na campainha. Abriu achando ser a mãe que esquecera algo e dera de frente com uma densa aura assassina na forma de Gokudera dizendo:

"Termine. O. Trabalho." Ele estava bravo. Ele estava sempre bravo, mas agora tinha motivo e sabia disso "Três dias. Eu perdi semanas inteiras te ajudando com as lições... pra perdermos três malditos dias com a palhaçada da vaca estúpida"

Hayato riu. E não era um riso feliz. O medo dela aumentou.

"Mulher..." dizia o rapaz, e Haru tinha quase certeza de estar ouvindo um rosnado de dar orgulho até a Besta vindo de dentro de Gokudera, os olhos dele já pegando fogo "Esta palhaçada... termina...HOJEEE!"

"Hahiiiii!"

E durante meia hora se concentraram em organizar o que faltava. Hayato estimou mais três ou quatro dias pra finalizarem com aquela insanidade. Quando estavam prestes a de fato começar, no entanto...

Campainha.

Haru olha pela sua janela e comete o erro de comentar em voz alta:

"Ah! As amigas da Haru vieram vê-" e os  ele já havia voado para a porta, afugentando-as como a vendedores ambulantes.

Ela brigara até perceber que estava correndo perigo. Nessa hora o ritmo de suas palavras foi diminuindo... diminuindo... até finalmente parar. O rapaz ainda está de costas. Falava baixo e muito sinistramente. Ele se vira bem devagar e a encara com o mais óbvio e irritado olhar de quem afirma "a culpa é sua."

"...desculpa desu~..."

Gokudera ergue o braço e aponta autoritariamente para a escada feito um pai pondo a filha de castigo. Haru sobe cabisbaixa.

ooo

Duas horas fazendo o trabalho. Foi o que bastou para Haru melhorar e a febre baixar de vez até não passar de uma lembrança distante. Claro, foi apenas uma coincidência e Bianchi não precisava ficar sabendo de coincidências, principalmente quando elas podiam comprometer Haru. Mas pra falar a verdade, a morena estava realmente muito feliz por voltar a ficar perto de Gokudera.

E por vários motivos.

"Seus pais por um acaso deixam você ficar a sós com, bom..." bom... como ele ia descrever...? "Digo... Não tem problema eu sentar aqui e ajudar?"

"Ah, agora você se preocupa se tem problema ou não!"

"Só responde a pergunta, Mulher."

Haru revirou os olhos.

"Não. Não tem problema desu~" e se acomodaram na mesinha de centro do seu quarto. "Eles não chegam até de noite, de qualquer jeito."

"Não? Onde eles trabalham?"

"Meu pai é professor e minha mãe é a secretária na mesma Universidade, então ambos ficam quase o dia todo fora." a morena pegou os papéis dos exercícios a fazer que haviam separado antes de sua amigas chegarem (e serem rudemente expulsas) e colocou-os sobre a mesa. "Mas às vezes eles aparecem para almoçar. "

Gokudera olhara em volta várias vezes desde que chegara à residência dos Miuras. A casa era consideravelmente grande para três pessoas e parecia possuir mais de dois quartos vagos. No entanto, era muito bem arrumada e decorada e até o quarto que vira tantas vezes pela tela do celular parecia outro, de tão limpo.

"Vocês tem empregada?"

"Temos. Haru."

Gokudera se segurou para não rir. Aquilo explicava porque ela insistira em querer uma casa pequena na Famiglia deles. Enquanto ela prosseguia com os exercícios, Gokudera se recostou na cama dela com a intenção de pensar no Código G. A intenção era a de vigiá-la para obrigá-la a terminar logo e estar presente para eventuais dúvidas... mas não era como se estivesse conseguindo parar de olhar para Haru. Quando sentia cansaço e bocejava o rapaz ainda se pegava lutando contra a vontade de tirar os papéis da mão dela, pega-la no colo, colocá-la na cama e cair no sono abraçado àquela pequena criatura de cabelos cor de chocolate.

Mas aquilo ficaria pra depois. Por hora, Haru estava fazendo besteira e seu cérebro não conseguia deixar erros matemáticos impunes.

"Oi, Mulher!" chamou de repente, assustando-a um pouco "Isso aqui não tá certo."

E ele chega mais perto pra mostrar onde ela errou. Estava com o cabelo preso e os óculos frente aos olhos verdes do jeito que ela achava mais bonito de se ver e Haru era muito grata a seu cérebro pela capacidade de reparar sozinho no que ela havia errado e começar a corrigir, porque sempre que Hayato chegava perto daquele jeito ela não ouvia um "A" do que o rapaz estava explicando. Ele parecia ter a mania de lhe apontar os erros com um lápis em sua mão enquanto rabiscava explosões e letras do tal "Código G" na folha de rascunhos em sua mesa.

Espera aí...

"E aqui você tem que cortar-"

"Gokudera, você é ambidestro?!"

Ele pisca um segundo, tentando entender onde aquela pergunta se encaixava com o que ele vinha tentando explicar nos últimos três minutos. A sobrancelha erguendo impacientemente.

"Sim."

"Sugooi!" e depois "Aiai! Porque fez isso desu~?!"

Ele dera uma canetada bem no meio da testa dela.

"Pára de se distrair e termina logo esse exercício! Temos um cronograma de três páginas por dia e você ainda tem mais 13 exercícios para terminar a segunda."

"FICOU LOUCO?! EU JÁ FIZ TRINTA DESSES SÓ HOJE!" até parar de falar na terceira pessoa ela parou "Agradeço a força, mas não dá pra estender mais um ou dois dias nesse seu cronograma, não?"

"A culpa é sua se estamos com o tempo corrido!"

"Ficamos presos no futuro!" aquilo soava errado "De novo!" aquilo soava pior. "O que esperava que eu fizesse? Construisse a munição da bazuca doida eu mesma?!"

"Não seja ridícula..." e a raiva dela cedeu por um segundo. Mas um segundo apenas. "Alguém incapaz de resolver esses exercícios no meu cronograma não tem cérebro pra construir um castelinho de areia."

E dessa vez quem ia levar uma canetada na testa seria ele. Haru ergueu o braço para acertá-lo, mas seu pulso foi firmemente segurado.

"Che" debochava "Esse é o melhor que você pode- AHH!" e caiu de costas tão logo ela começou a tentar morder a mão que predia seus pulsos.

A garota Hahi estava logo acima de si tentando se soltar feito um filhote de cachorro. Ele segurava um pulso dela e ela tentava morder, ele puxava o outro e ela tentava morder a outra mão. Gokudera começou a rir. Se sentia leve de novo sentido-a sobre si e só não ficava com sono porque atormentá-la era divertido demais para deixá-lo com vontade de dormir. Haru, por ouro lado, não gostava nem um pouco de ser subestimada. Quando viu que o estava divertindo mais que dando-lhe uma lição, parou e o encarou. Então se aproximou, devagar, apoiando a cabeça morena ao lado do rosto dele, provavelmente cansada. Sua respiração, que ele nem percebera estar acelerada, ia se normalizando aos poucos, relembrando o gostinho do peso dela sobre si, aproveitando a sensação. As bochechas da morena estavam quentes. Podia ser a febre voltado ou só o calor de agitação normal, mas ele começou a se preocupar. Então VUSH! Apoiando a cabeça no chão ela lança as costas pra frente, dando uma cambalhota por cima dele, se desvencilhiando e correndo para fora do quarto com um infeliz "Ha-Haaa! Troxa!"

...

"BAKA ONNA!"e se levantou para correr atrás dela "Isso não vai ficar assim!"

A correria os levou até a cozinha onde, depois de não conseguir segurá-lo na porta, começaram a dar voltas na mesa feito Tom e Jerry. Ele se achou esperto quando rodopiou por baixo da mesa, mas ao levantar, Haru fugira por cima dela com uma cambalhota que mais me lembrara uma estrela, colocando-os novamente em lados opostos.

"Eu esqueço que você faz ginástica..!" e o sorriso brincalhão se alargava, os olhos brilhando perigosamente com o novo nível de dificuldade enfrentado.

"Bakadera não me alcançaria nem se lembrasse!"

E dessa vez ele voou ao redor da mesa. Haru só teve tempo de chega raté o sofá quando ele a alcançou e a imobilizou no chão da sala. Dessa vez ela fora pega em uma posição ruim e não via jeito de se livrar. Hayato sorria triunfante, exigindo que ela retirasse o que dissera.

De repente a menina para de se rebater e fica em estado de alerta.

"Que foi?"

"Acho... que ouvi as chaves da minha mãe na porta."

Imediatamente Gokudera saiu de cima de Haru e a soltou. Livre, leve, solta e sorrindo ela pegou a caneta que seu pai costuma deixar na mesa da sala para seus estudos e deu na testa dele.

...!

Gokudera parou alguns segundos, avaliando o que tinha acontecido. Olhou para a porta e depois para Haru.

"Sua mãe não está mesmo na porta, não é?"

E ela começa a rir negando com a cabeça enquanto o rapaz afunda no sofá, aliviado demais pra avançar no pescoço dela.

"Nunca mais..." dizia o mafioso, cobrindo rosto com ambas as mãos, ainda um pouco alarmado. "... me assuste desse modo..."

"Oras, pra que tanto drama?" era difícil dizer se estava sendo sarcástica ou puramente inocente. "Só estávamos brincando de pega-pega desu~"

"O problema não é o que estávamos fazendo, mulher..." ele correu a mão pelos cabelos desgrenhados, soltando-os e guardando o elástico no bolso da calça; Havia perdido os óculos em algum momento da brincadeira e não estava com vontade de pensar neles agora. "Mas o que eles podiam pensar que estávamos fazendo."

"Claro que não, Baka! Os pais da Haru não pensariam isso dela!"

Os dedos pálidos a cobrir o rosto deram espaço para revelar um olhar cético e uma sobrancelha erguida.

"Ah, não?" o rapaz cruza os braços sobre o peito "Seus pais não vão ver um cara punk perseguindo a filha deles, a única filha deles, pela casa e pensar que tem algo errado." Isso só pela aparência de delinquente. Imagine se considerassem o fato dele ser mafioso!

"Não." cansada e agora sem a animação Haru se sentou ao lado dele no sofá.

Ela não hesitara em responder. Nem um segundo sequer de hesitação. A princípio Gokudera achara que era brincadeira, uma mera implicância, mas agora estava ficando preocupado.

"O quão grande, exatamente, é esse nível de confiança de vocês?" Haru parecia estar prestes a dormir encostada no sofá.

"Total. Haru confia nos pais dela, os pais dela confiam nela..." e ela o encara de esguelha, como se quisesse ver a reação dele às próximas palavras. "E eu confio em você."

Algo se moveu com muita força dentro de si. Descruzara os braços e a mão que tapava o rosto por alivio agora o fazia por vergonha e imenso contentamento.

Por baixo da mão ele sorria, mas os olhos permaneceram zangados.

"Confia em mim?..." perguntou. Mais com ceticismo que com a emoção que realmente sentia. "...você?"

Haru voltou a fechar os olhos enquanto afirmava com a cabeça.

"Confia em mim, ou em qualquer cara?"

"Que pergunta é essa agora?"

Se Haru era do tipo que saia confiando logo de cara, era bom ele saber logo. Aquilo podia trazer problemas à morena e, sinceramente, esperava que os pais dela (se eles eram mesmo do jeito que Haru contava), como bons pais, se preocupassem em ver um ser do sexo oposto ao da filha deles perseguindo-a por aí.

Que é? Ele precisava saber se ela estava segura vivendo na própria casa..!

"De qualquer cara que venha aqui. Você confia em todos, poucos ou só em mim?"

"Ambos." ela olhou de esguelha de novo, só pra confirmar aquele olhar que sentia cair tão irritado sobre si. "Larga de ser besta, eu só quis dizer que você é o único cara que já veio aqui. É como se minha mãe virasse pra mim e falasse: 'Haru-chan, você é minha filha favorita!' desu~."

Se aquele 'desu~" era o da morena mesmo ou fazia parte da fala da mãe dela indicando que aquela mania irritante era genética, Gokudera não conseguiu perceber. Parando agora pra pensar uma das primeiras coisas que Haru fizera ao conhecer Juudaime havia sido suspeitar dele. Segundo ouvira, mesmo depois de declarar seu amor, quando Haru achara que Tsuna vinha maltratando Lambo, ela se pôs a verificar e se propôs até a largar o que sentia caso seu ídolo fosse mesmo cruel com as criancinhas. Não. Confiança não era algo que vinha fácil com Haru.

Ao menos não muito.

Naquele momento, Gokudera estava ocupado demais sentindo doer o sorriso que escondia por causa da força que vinha fazendo para não deixar transparecer nos olhos.

Parece que falhou.

"Pára de achar grande coisa. Não é!" Haru se levantou, e deu a volta no sofá para seguir até a cozinha. "Vem, vamos tomar um lanche e acabar logo com a cota de exercícios de hoje."

Como ela se levantara rápido, Hayato não conseguira ver... mas Haru levava a mão ao rosto que sentia estar tão quente... e não encontrou febre alguma


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Notas finais do capítulo

Sinceramente... gostei muito desse 8D
Foi agradável de escrever e divertido de imaginar!
E me deu uma boa base para os próximos eventos [huhuhuuuuuuuuuu]

Me digam que partes vocês gostaram! [ou que partes NÃO gostaram, também pode ser]

Críticas são sempre bem vindas [contanto que sejam sinceras]

Próxmo cap semana que vem o//