No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 16
Epifania


Notas iniciais do capítulo

Capitulo introdução do próximo e último arco!
espero que gostem!



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Jogavam pedra papel e tesoura pra saber quem dorme no chão. Depois de três empates ele desiste, empurra ela pra fora e se deita. Ela imediatamente sobe nele.



“Se Gokudera não dividir o colchão... ele será o colchão” dizia, tão adoravelmente ameaçadora.


“E o que aconteceu com o aquele 'desu` idiota?” pergunta o rapaz, pouco se importando com o protesto dela.

“Gokudera será o colchão, DESU~!”

E ele repara no cabelo preso e na crescente vontade com a qual vinha lutando, a urgência de correr os dedos por ele ate faze-a dormir como um filhote de gato.

Ele solta aquele cabelo.

Brigava pela idiotice de dormir com as mechas presas. Só quando as pequenas a macias mãos (os dedos finos ligeiramente frios) alcançaram o cabelo dele é que o guardião percebeu que também o mantinha preso.

"Bakadera." é o baixo resmungo.

E ficam assim por um tempo. E esse tempo é muito bom...

Enquanto ele está distraído pensando, ela se aproxima e beija seu maxilar, dizendo um suava boa noite, apoiando a cabeça na curva de seu pescoço e mexendo em seu cabelo com a mão...

Gokudera não sabe o que aconteceria dali a dois anos... Não sabe o quão ruim era a situação. Mas se fosse um mínimo parecida com o quadro que pintara em sua mente...

Ele jurou que não ia deixar acontecer.

O peso do corpo dela se acomodava perfeitamente sobre si e deixava sua mente leve.

Aquilo era muito bom.

Bom demais pra ser verdade...

00:35AM era o que piscava na tela de seu despertador de OVNI comprado por internet no ano anterior, iluminando seu o quarto apenas o suficiente para deixá-lo irritado.

Nada de futuro, nem Varia, nem beijos de boa noite...

...nada de Haru...

...e com certeza, nada de sono.

Retornaram a seu tempo havia poucas horas, só pra descobrir que foram mandados para três dias depois de terem sumido. A intenção provavelmente era de devolvê-los só minutos depois, mas, com Giannini e Spaner trabalhando juntos, aquelas falhas eram de se esperar.

Perder três dias é melhor que perder cinco ou seis... mas não os livrava dos problemas de ter perdido três dias inteiros.

Sumidos.

Os dois.

Ah, Gokudera queria muito explodir alguma coisa, só de pensar em todas as explicações que teria que dar a seus colegas guardiões.

...

1:00.

Era a primeira noite deles separados depois de vários dias.

...

Era estranho.

Pensando agora em tudo o que acontecera desde que começara a ver Haru com outros olhos... não... Antes disso ate. Desde que começara a falar com ela (de verdade, não apenas discussões puras e simples) e se aproximar dela, ele percebeu que precisava de outro plano.

Sim... era hora de Hayato Gokudera rever a sua decisão de mantê-la longe.

E ai o perguntariam: Oras... mas e a segurança?

E o medo da vida da máfia tirar a pureza, a inocência e talvez até vida da pessoa que ele mais amava?

Seria ele egoísta se ficasse com ela...!? Seria insensível se não ficasse!?!

...

AH, DANE-SE AQUILO! Se tentar deixá-la segura resultaria em Haru no meio da Varia Gokudera preferia treina-la a usar as boxes ele mesmo. E com certeza isso significava fazê-la esquecer de seu chefe (mil perdoes, Juudaime!) e ficar mais próximo dela... para impedi-la de ficar cercada pelo Bastardo das Facas.

Por isso.

Pelo bem dela e não por interesses próprios, sim, senhor!

...

Che... Que marido legal ele era. Se não o melhor, pelo menos o TOP 3 (sendo os dois primeiros seu querido Chefe, porque não se é um grande Chefe da Máfia sem ser um Grande Chefe de família e o segundo o pai de Tsuna... porque era o pai do Tsuna). E isso porque nem marido de verdade era ainda...

4:00...

4:01.

Olheiras. Podia senti-las.

...

5:20.

Ele faria tudo aquilo por ela.

Pelo bem estar de Haru, sem mais.

...

5:44... 5:45. Hora de acordar.

...

Não.

Ele não mudara de plano porque não conseguia mais dormir sem algo mexendo em seu cabelo ou beijando seu rosto.

Nããão.

Imagina... haha.

6:00! É hora de levantar e o despertador dispara loucamente sem que Hayato sinta que conseguira, pelo menos, piscar durante a noite inteira.

Hora de encarar o dia na escola. Mas primeiro... precisava se certificar de algumas coisas...!

ooo

Haru acordara única e exclusivamente para cobrir o rosto, se virar e voltar a dormir.

A luz do dia invadia seu quarto sem pudor, mas nem para fechar a cortina a menina tinha forças. Não. Depois de uma sessão inteira de quatro horas de brigas, discussões, repreensões e uma improvisada explicação (todas acompanhadas com curtas, aleatórias, mas esperadas pausas para café e lanche), a garota Hahi finalmente pôde se dirigir para o seu quarto. Sentia-se fatigada, sentia-se tonta e ligeiramente febril... Mas quando abrira a porta e se deparara com a bagunça na qual costumava se submeter durante seus estudos mais intensos, Haru não conseguiu fazer nada além de se obrigar a arrumar cada milímetro daquele aposento.

Bagunça lhe lembrava de Bel.

Ela não queria lembrar-se dele por, pelo menos... nunca mais.

Não demorou muito para a sensação de febre evoluir para uma vaga noção de estar morrendo o que a obrigou a se deitar. Estava cansada, estava triste por ter discutido com os pais, estava aliviada por estar de volta e estava doente. Tudo contribuía para um total e instantâneo desligamento de seu corpo ao primeiro contato com sua preciosa cama fofinha ao lado de seu golfinho de pelúcia Alvin (o nome dele era Kiki. Haru o rebatizara depois de ver a arma box de Basil) e, no entanto, seu cérebro se recusava a deixa-la repousar.

Não. Ao invés do merecido descanso ele preferia trabalhar. Não era só o quarto... Haru tinha coisas a organizar também em sua mente.

Ligou o celular só pra rever a notificação automática de ligações perdidas. Muitas de sua mãe...

Mas mais ainda de Kyoko-chan.

Ela vinha ignorando a melhor amiga havia mais de um mês.

Desligou o aparelho e guardou-o debaixo de Alvin sentindo subir ao peito o mais longo suspiro da semana.

Primeira coisa a fazer: esquecer Tsuna. Aquilo por si só já a livraria de muito tormento. E, querendo ou não, esquecê-lo significava voltar á rotina de só sair de casa pra ir a escola enquanto se concentrava em “terminar o trabalho de graduação”. A segunda coisa ela lembrava que tinha a ver com...

Reborn.

...

Ok, isso fica pra depois de esquecer Tsuna.

Terceira coisa: Mamãe e Papai.

Haru calculava cerca de um ano para se preparar. Sim, dentro de um ano e pouquinho eles todos terminariam o colegial e precisariam de mais um ano de preparativos pra finalmente partir para a Itália.

Esse era o tempo que Haru tinha para, de alguma forma, convencer seus pais a deixa-la ir.

E, caso dissessem não...

...

Ela já fugira uma vez... Fora uma boa lembrança porque conhecera a doce senhorinha que era a mãe do Sr. Kawahira, claro... mas nunca que desejaria fazer seus pais passarem por aquilo de novo. A discussão que acabara de ter com eles só servira para relembrar todo o transtorno que causara. Eram bons pais... Haru não ficaria fazendo-os passar nervoso de propósito.

O que significava que...

“Se eles não concordarem com minha partida... Haru vai fazer tudo para impedir que a Varia encontre meu pai, desu!"

"Mas se você quer tanto ir, seu pai trabalhar para a Máfia não seria quase a situação ideal?"

"HAGII!!!" e sua boca fora tapada pela quente, calejada, mas agradavelmente macia mão de sua "cunhada" para que não despertasse o bairro inteiro. "B-b-bi-bianchi-chan!!"

"Ciao~" e a mafiosa levou a mão para a testa da morena, mantendo-a lá por alguns segundos. "Yare yare... basta algumas horas longe de Hayato e você já esta nesse estado..."

"C-c-c-claro que não!" e sua boca fora novamente tapada, só que com um squeeze cheio de água fresca dessa vez.

"Shhhh, shhh, criança.... a Aneki vai cuidar de você agora..."

E dito isso a mais velha põe um pano úmido em sua testa para abaixar a febre.

Haru se perguntava como Bianchi fazia aquilo. Estar sempre presente quando ela mais precisa e, ao mesmo tempo, quando menos espera. Ela inclusive já sabia sobre a questão de seu pai ser chamado para trabalhar na Varia! Até onde ia o limite das habilidades mafiosas dela?!

...

Ou será que Haru estivera pensando em voz alta o tempo todo...?

A morena sacudiu a cabeça febril. Mudando de assunto...

Perguntava-se se a mais velha não ficara muito preocupada com o irmão dado o sumiço deles...

Claro que quando tentou imagina-la brigando com Gokudera pelo desaparecimento e recebeu outra cena do rapaz se contorcendo de dor no estomago quebrava completamente o clima pesado que as discussões tinham em sua casa.

Haru sorriu.

"Hmm...?" começou a dizer Bianchi. "Espero que esse sorrisinho seja sinônimo de muita coisa pra contar." o cenho da morena franziu por um segundo. Bianchi prosseguiu "Vamos lá, você passou três dias inteiros desaparecida com Hayato...." e soltava um risinho insinuante "Me conte tudo~..."

"Na verdade... foi durante uns cinco dias..."

E a morena ri com a clara cara de "OMG!" de sua cunhada favorita.

ooo

Em seu apartamento, na frente da porta, trajando o uniforme e com chave, antes em mãos, agora penduradas na fechadura, Hayato esta nocauteado depois de sua irmã passar para lhe dar um sermão ao qual ele não ouviu por ter caído inconsciente tão logo a vira pelo olho mágico.

“M-mal... di... cão...!”

ooo

Haru não foi a aula.

Depois de contar um pouco do ocorrido no futuro, a morena finalmente conseguir ficar cansada o bastante para cair no sono. Era umas 8:00AM. Bianchi saíra pela janela e dera a volta at sua porta da frente, tocando a campainha e cumprimentando o Sr. e a Sra. Miura para uma visita oficial. Passou umas boas horas cuidando de Haru enquanto os pais dela iam pro trabalho e, quando a morena despertou, quase sete horas depois, é que voltaram a conversar.

Bianchi conta que ainda não entende a lógica de Haru. Se ela queria ir pra Itália, seu pai trabalhar para a máfia não seria mais uma solução que um problema?

"Não..." e sacode a cabeça ainda aérea bem devagar. Tomava outro gole da canja que sua mãe deixara pronta antes de sair (torcendo para Bianchi não tê-la envenenado sem querer). "Haru não quer deixa-los alienados. Ou eles entram sabendo o que esta acontecendo... ou eu também estou fora."

Se fosse pra falar com total sinceridade... Bianchi achava aquilo nobre... mas besteira. Nada devia entrar no caminho do Amor.

Por outro lado... Ela não podia afirmar, com certeza, que sua dedicação a Reborn seria a mesma caso seu irmão não estivesse tão envolvido no mundo da máfia quanto ela.

Bianchi sentiu que não era muita.... mas ela tinha uma vaga noção da motivação da morena.

"Ainda acho que você deveria tirar logo um passaporte e treinar seu italiano..."

A morena terminou sua canja. Bianchi recolheu a caneca e colocou-a na pia, junto da sua dizendo um carinhoso "Você e uma boa filha, Haru."

E a morena sorri. Mas Bianchi não havia acabado.

“Espero que meus sobrinhos puxem a você e não ao meu irmão...” Haru engasgou imediatamente, fazendo a mais velha sorrir. Ficara óbvio que Bianchi não estava falando dos filhos de mentirinha da Famiglia-chan. Assim que ela se recompôs, no entanto, Bianchi mudou o tom da conversa. "Eu não imagino qualquer pai capaz de concordar sana e conscientemente com a entrada da filhinha única deles em uma família mafiosa... As chances de termos que dizer adeus são praticamente certas." Haru sentia que já sabia onde a mais velha queria chegar "Eu não gosto disso."

"Eu sei..."

"Hayato vai gostar ainda menos..."

E dessa vez Haru não respondeu.

Diante de tão incomum silencio, a mais velha solta um baixo, mas constante "Huhuhu..." que não demorou a começar a preocupar a morena. Antes que Haru pudesse perguntar, a Escorpião Venenosa se vira triunfante, o punho erguido no ar afirmando:

"E é por isso que vou fazer de tudo para conquistar seus pais!"

"Hag- Pera... O-o-que?!"

A de cabelos róseos logo se encontrava a porta, abrindo-a e saindo em passos rápidos e saltitantes cantarolando "Stop! In the name of Love~" dos Supremes para quem quisesse ouvir ate sumir de vista.

Oh, céus...!

Ela estava, muito provavelmente, encrencada.Precisava tomar providencias e se preparar para enfrentar Tsuna, Kyoko, seus pais, Hayato e Bianchi, cada um por um motivo diferente e tinha que ser logo!

Era a hora! A Hora de resolver sua vida ou não continuaria se chamando Miura Haru!

...

Pegou a mala que mantinha pronta pra emergências e saiu da casa, pronta pra seguir direto para a casa da senhora Kawahira e não voltar entre dois e dez anos depois. Ela sempre quis se chamar Momoko mesmo...

Abriu a porta, saiu, fechou. Abriu a porta, entrou, fechou, jogou a mala no sofá e se arrastou para dentro do cobertor que trouxera do quarto, embrulhando-se nele pronta para apagar em outro acesso febril.

Ela podia fugir/resolver a vida amanhã.

Por hora... capotar.

Não era como se precisasse encarar a todos eles de uma vez, certo?

...

Pelo menos Bianchi era Bianchi e Haru sabia lidar com ela.

...

Quem ela parecia não saber lidar... era Gokudera.

O rapaz era muitas coisas, mas compreensivo costumava não ser a primeira delas.

...

Bom primeiro ela resolveria o negócio com Tsuna. Sim. Só deixar esse trabalho passar e voltar pra rotina do vídeo e mensagem que o resto ela veria depois.

É, assim estava um bom plano.

É...

...

...

Que DROGA! Haru ainda não conseguia pegar no sono e estava exausta!

Virou-se no sofá frio. Já era a segunda vez que percebia do que estava sentindo falta.

Nunca pensou que seria tão difícil adormecer... sem o lento sobe e desce da respiração dele para embala-la...

ooo

Todo mundo já ouviu falar dos cinco estágios da Dor da Perda.

1. Negação

Depois que Tsuna e Kyoko viraram um casal... não, antes disso até...

A cada troca de palavra, a cada correspondência de olhar, Haru se pegara pensando em coisas como “É só impressão, desu...”

Só que ela sabia que não era.

2. Raiva

Desnecessário citar os momentos de “Tsuna- BAKA!!” que tivera. Foram aliviadores, mas também um tanto constrangedores...

Especialmente quando acordava gritando isso...

...na escola...

...depois de cochilar numa aula de história.

...

3. Barganha

“Quem sabe se Haru fingir que está gostando de outra pessoa?” podia dar certo! Todo mangá tem esse momento em que, ao parar de perseguir seu ídolo ele percebe que sente falta da “dedicação” e pum! Percebe que estava apaixonado o tempo todo.

Ela teve que jogar fora todo o equipamento de espionagem que lutara tanto para adquirir... O que também incluía alguns de seus disfarces prediletos...

... era o jeito.

4. Depressão

... Ok, todo mundo sabe como funciona essa parte. Haru percebe que Tsuna está mais feliz que nunca sem ela o “acompanhando” e “demonstrando seu amor” e tudo vira lenços de papel e doramas koreanos.

5. Aceitação

...

...

Pelo menos umas três vezes Haru se pegou voltando a negar tudo o que via e percebia e tentando todos os outros estágios tudo de novo... sem nunca chegar na parte de tacar a vida pra frente... Sempre antes de chegar na aceitação ela reinicia o ciclo...

OMG!

No meio do sofá de sua sala, morrendo de frio e com o rosto queimando ainda com febre, Haru abre os olhos na pior epifania que ela já tivera...

Seu coração idiota estava andando em círculos!

NNão! Aquilo não podia estar acontecendo! (negação)

Baka! Baka! Baka! Haru esta enlouquecendo e é tudo culpa de Tsuna! (raiva)

Chega!

Haru vai sair dessa! Haru com certeza vai dar um jeito de quebrar o ciclo... Ela só precisava de um plano... ou de mais tempo... (barganha)

Hahi! Está acontecendo de novo! Haru está entrando em depressão...

Da porta de entrada, soltando um praguejar depois de tropeçar em sua mala de emergência, sua mãe se vira para ela.

“Haru-chan, porque esse negócio está aqui no meio do cami-” e repara no casulo de cobertores e choramingos enraizado bem no meio de sua sala. F-filha, você está bem...?”

E de dentro do casulo de lã a Sra. Miura ouve um hesitante, raivoso, confuso, depressivo e estranhamente realizado “Nãããããããããão...”

“Ok... plano de emergência.” Ela pega o telefone e disca o primeiro número gravado, logo acima do dos Bombeiros e abaixo do da Polícia.

“Moshi Moshi, é da Padaria...? Sim, é da casa dos Miuras. Temos um código Merenge de Morango aqui...”

“Haru não quer mais andar em círculos... Haru quer seguir em frente desuuuuuuuu~!” choramingava o amontoado de tecido sem fazer qualquer sentido.

“E põe uma camada extra de cobertura e recheio... Vamos precisar..."


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Notas finais do capítulo

Tive minha próprias epifanias ao longo dessa semana de atraso e isso contribuiu pra agravar ainda mais a minha demora xDDDDD

Próximo capitulo na segunda feira, pra compensar vocês!

Isso é só um capitulo de introdução, só pra prepara-los para o que vai se desenrolar a partir de agora [Huhuhu...]

Desculpem a demora e espero que gostem do Arco que está por vir!

Ja ne!