No Olho Da Tempestade escrita por P r i s c a


Capítulo 13
O Jeito Hahi de Ser


Notas iniciais do capítulo

Hehehe.... eu realmente espero não estar fazendo essa coisa de 'um dia de atraso' um hábito...

Gomen .-.

Eu gostei desse capitulo. De verdade. Ainda não está escrito do jeito que eu queria.... mas gostei bastante xD



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Estavam todos terminando o jantar quando Squalo os chamou.

O homem tubarão passara todo o tempo desde a confusão na sala de reuniões completamente sumido, como se já soubesse que Gokudera pretendia persegui-lo até descobrir o que diabos seu eu do futuro havia feito de errado e pôr um fim nos risinhos do Bastardo das facas. Bel pretendia algo. Sabia que pretendia porque o jantar inteiro o loiro maldito vinha jogando indiretas e se insinuando para a Haru... Não fosse a esplêndida ignorância da morena e a naturalidade com a qual ela tirava seu provável concorrente do sério com o simples 'jeito Hahi de ser', Hayato já teria explodido Belphegor ele mesmo.

Mas aquele desejo por sangue azul iria esperar, porque:

“VOI! Pirralhos do passado!” rugia na entrada da cozinha, de pé e com os braços cruzados, apenas esperando para ser seguido. “Seu chefe quer falar com vocês.”

Haru e Gokudera se encararam.

TSUNA!

ooo

Seguiram Squalo até a sala de conferência. O cômodo estava claramente inacabado, com paredes e teto cimentados, mas não muito mais que isso. Havia ainda poeira de construção, assim como algumas ferramentas no canto. E lá, em uma tela de computador apoiada em pleno chão...

“Juudaime!!!”

Desnecessário dizer que o chefe arregalou os olhos, buscando o segundo no comando da Varia com urgência e interrogações.

Squalo se limitou a gesticular com as mãos, aconselhando o jovem Vongola a seguir o fluxo, sem mais qualquer paciência para aquelas palhaçadas de viagem no tempo.

Aquilo era... desconcertante.

“Gokudera... Haru...” a voz do rapaz de dezessete tentava, mas não conseguia esconder a surpresa.

Não. Sawada Tsunayoshi claramente não se preparara para conversar com seu Braço Direito. De repente, o rapaz de cabelos prateados estava ajoelhado na frente da tela, desculpando-se por algum motivo que nunca alcançou o direito chefe. Tsuna sorriu. Pelo menos o Hayato mais velho aprendera a só se desculpar quando de fato fazia besteira.

Não que aquilo ajudasse a diminuir a frequência das reverências e dos conhecidos “Minhas profundas desculpas, Juudaime!”, mas já era um avanço.

“Deixa eu advinhar... Lambo?"

E ambos os jovens choramingavam um dolorido “Sim...”.

Tsuna suspirou pacientemente. Lambo fora, só recentemente, forçado a guardar a bazuca sem ser em sua cabeleira. O moreno quase obrigara seu subordinado a raspar a cabeça, só não fazendo porque o menino prometera que manteria seu brinquedo favorito trancado junto dos outros equipamentos Vongola. Claro que depois da promessa aqueles incidentes ainda ocorreram duas vezes ou três vezes, geralmente atingindo o próprio menino vaca, mas não muito mais que isso ao longo daqueles dois anos.

Ao lembrar daquilo... o Chefe Vongola sorriu.

Aquela era, afinal, sua família. E Tsuna a amava apesar de todos aquelas, ah... peculiaridades.

Olhando para a tela, para o rapaz que aparecia nela, Haru sentiu seu peito se encher. Por um breve instante, quando o moreno os viu, a Miura pensou que havia perdido o garoto gentil e bondoso que tanto amava para a seriedade da vida mafiosa. Ele não parecia e provavelmente não estava nem um pouco mais alto, mas seu rosto mudara. Estava mais maduro, menos inocente, muito semelhante a como ficava no hyper mode. Então Tsuna sorriu... e ela pôde sentir todos os medos se dissiparem tal qual quando ele a salvara, tal qual acontecia toda vez que ele voltava ao modo Bom-pra-nada que, como poucos sabiam, era quando o Chefe Vongola era ainda mais especial para todos seus amigos.

O calor e o carinho que enchiam o peito dela se dissolveram no momento seguinte quando ao entrar na sala na qual Tsuna falava com eles e aparecer na tela, Sasagawa Kyoko fora recebida por um amoroso abraço, segurando a mão de seu namorado, mão essa que só agora percebiam estar com um brilhante anel que não o que acionava uma arma Box... mas um anel liso... dourado.

Um anel de noivado.

A naturalidade com a qual se cumprimentaram... com que agiam um com o outro numa conferência de vídeo avisara Gokudera de que, muito provavelmente, a Haru daquele tempo já havia superado os sentimentos que tinha por seu chefe.

Só que aquela Haru ao seu lado não era a Haru daqule tempo. E a cara que fizera parecera ter sido o suficiente para a futura Sawada Kyoko (já não mais a alienada que era no passado) perceber o que estava acontecendo e soltar do namorado com gritinhos alegres de “Haru-chan, que bom que vocês estão bem!”.

A morena correspondeu os gritinhos e os sorrisos. Mas não estava, nem de longe, mais confortável.

Hayato respirou fundo. Fosse o que fosse que seu eu do futuro tivesse feito... teria que esperar. Ele sabia que tinha a ver com ela e não podia deixá-la ouvir.

Não agora que já estava magoada.

O relatório que fizera levara uns quinze minutos. Assim que terminou de pôr a versão mais velha de seu chefe à par do que acontecera desde que chegaram àquela época, explicando sobre o incidente da bazuca quebrada (e deixando de fora maiores detalhes sobre sua interação com a Miura), Tsuna parou pensativo.

“O que eu sei é que Mukuro finalmente foi embora.” Ah, então eles realmente ouviram um “Kufufu...” ecoando por aí. “A confusão em Namimori deve acabar pela manhã, mas peço que esperem a chegada de Spanner e Gianinni...”

Quer dizer que não precisavam nem sair dali em busca de alguém que os transportasse de volta para seu tempo? O chefe mandaria entregar a ajuda em casa?

Sasuga, Juudaime!’

Só que...

A mente do rapaz de cabelos prata fora preenchida pela irritante risadinha, assim como o escancarado sorriso cheio de dentes que ele tanto queria arrancar um por um...

Belphegor. Teria que aturar o bastardo ainda por um dia.

Che.

Antes de se despedir e desligar, Tsunayoshi pedira pra falar com Xanxus, mas...

"Ara... O chefe ainda está muito mal-humorado por causa da viagem até o Japão, nem mesmo nós o vimos ainda...“ e ele se vira para seus colegas da Varia, esperando-os confirmarem o que acabara de dizer. “Porque não tenta de novo mês que vem pra ver se tem mais sorte, hm?”

Aquilo era algo que nunca mudava. Tsuna suspirou, certo de que nunca mudaria.

“Bom... Posso contar com vocês então? Pra cuidarem de meus amigos?”

E os membros da Varia deram de ombros. Todos. Menos um...

“Pode.” e o fato de ser Bel a dizer aquilo surpreendia o próprio Príncipe enquanto seu sorriso retalhador se alargava devagar. Nunca uma promessa de ‘tomar conta’ soara tão ameaçadora.

Gokudera sentia arrepios correndo sua espinha

PERIGO!!

ooo

Estava tarde. Ou cedo. Era difícil dizer...

Não importava, estavam exaustos.

O homem pavão e o Bastardo os guiavam até um quarto. Lussuria teve quase certeza de estar preso em um estranho dejá vù quando abriu a porta do quarto e...

“CAMAAA!” rugiram ambos os jovens, se adiantando para a banal mobília como os animaizinhos que eram em situações como aquela.

De verdade. Não havia nada de especial ali. Apenas um quarto meio escuro com somente uma das paredes pintada, montes de quadros no chão à espera de encontrarem lugar nas paredes quando fossem finalizadas... e a cama. E uma cama comum, de solteiro, nada parecido com o que futuramente decoraria a nova versão finalizada do abrigo (por insistência de um certo arcobaleno do sol que reclamara do estilo “mão-de-vaca” de Tsuna pra decoração).

Somente os mais novos sabiam o desespero que haviam passado dormindo no chão frio e cheio de pedras... debaixo de tetos descascados e esfarelando...

Quando começaram a passar do jan-ken-po pra discussão nua e crua e ignorante para saber quem ficaria com a cama, Lussuria sentiu uma certa urgência para esclarecer a eles umas coisinhas...

“A-ah... Gokudera... Haru-chan...”

E, novamente, Bel estende o braço, impedindo-o de continuar.

“Deixa, Lus... Deixe-os fazerem o que querem.”

“Ara, Bel, mas...” E o boxeador parecera horrorizado com a ideia. Ele estava... Pedindo permissão pra Belphegor?

“Nee...” chamava-o enquanto fechava a porta com aquele maldito sorriso cheio de dentes... “Tente pelo menos não agir sem respeito, sim?”

E fechou a porta.

O sentimento... que subiu ao peito de Gokudera fora da mais profunda confusão. De todas as teorias que vinha formando em sua cabeça, aquela que ele mais temia, que mais o feria parecia ser justamente a correta... Estava furioso... Mas também decepcionado... e envergonhado.

Mesmo sendo de outro tempo... Belphegor não deixava de fazê-lo sentir como se estivesse pisando em território alheio. Aproximando-se de alguém... que não pertencia a ele.

Para a sua surpresa, fora Haru quem se manifestara primeiro.

“NÃO PRECISAMOS OUVIR ISSO DE VOCÊ DESU~!” e dito isso, ela se enfia dentro das cobertas, enrolando-se nela como uma topeira irritada.

E ela prosseguiu:

“Só o que me faltava...” resmungava a morena. Era tão adorável que Gokudera começava a esquecer que estava perdendo a disputa pela cama. “Ficar presa no futuro com os sete pecados capitais.”

“OI, o que pensa que...” hein? “O quê?”

“Não percebeu desu? Belphegor preguiça, Mammon ganância, Xanxus orgulho, Squalo ira, Levi inveja e Lussuria... bom, o nome já diz.”

...

Hayato pára. O queixo ligeiramente pendurado. Ela tinha razão.

Uma afirmação correta lançada de forma aleatória, a despreocupação com o que desconheciam como a de uma criança, os bicos, os resmungos...

Haru não podia ligar menos para o que estava acontecendo naquele futuro.

Vendo-a ali, agindo tão naturalmente perto de si e não de outro, implicando, brincando... Gokudera sorriu.

Esquecer dos problemas era, afinal, a especialidade de Haru. Talvez fosse aquela parte do jeito Hahi de ser... que o rapaz estivesse precisando mais naquele momento.

...

Espera aí...

“Nem pensar, sai já daí!” dane-se a Varia e seus significados, Gokudera queria dormir e queria dormir ali. Na cama.

Mas a garota sabia ser pesada quando lhe convinha. Era como se todo o bolo que consumisse pudesse ser invocado para sua massa corpórea, mantendo-a firme no lugar como uma baleia atolada na praia.

Uma pequena, macia e achocolatada baleia irritada.

Hayato sacudiu a cabeça. Estava começando a perder o controle da razão.

...

Ele não queria fazer aquilo...

Bom, na verdade queria, mas... Ah! Que se dane!

Gokudera deitou de bruços por cima da morena, segurando para não rir quando um abafado “Hahi!” pipocou por debaixo do grosso cobertor. O próximo passo era esperá-la sentir necessidade de respirar e escorregar para fora do casulo de tecido.

E não demorou nada para aquilo acontecer. Assim que conseguiu uma brecha ele pega a beira do tecido e puxa o cobertor para cima de si, enrolando-se nela.

Só que Haru também fora puxada... e estava acomodada agora acima de si, chocolate encarando menta. O cabelo dela se soltara na brincadeira e caia em cascatas castanhas ao redor do rosto. A urgência de passar as mãos neles começava a tomar a melhor sobre si...

Foi quando ele percebeu que seus olhos estavam vidrados. Haru os enxugou rápido. Não estavam vermelhos ainda, mas não deu pra esconder.

Não, nunca dava pra esconder o que sentia. Não dele.

“É uma pergunta bem idiota, mas...” olhos verdes. Olhos irritados. Mas sempre muito mais carinhosos do que Hayato se permitiria admitir. “Você está bem?”

Ela nem tinha forças para fingir que não sabia do que ele estava falando quando a encarava daquele jeito.

“Hai. Não... não doeu tanto quanto Haru achou que doeria.” Seus braços estavam frios. Os apoiou sobre o peito dele, acomodando também o queixo e sentindo o corpo relaxar com o calor que o rapaz emanava. O coração dele batia forte e Haru logo tamborilava com os dedos, acompanhando o ritmo distraidamente.

“Mas doeu.” Besta. Aquilo já era forçar a barra.

“Sim. Doeu.” E também doía admitir. Ela bufa e tamborila mais forte, não gostava quando Hayato a forçava a tocar em um assunto do qual sempre tinha tanto esforço para fugir. Mas enfim, Gokudera era Gokudera e ele sempre dava um jeito.

O rapaz respira fundo. É agradável e relaxante ver como Haru inteira subia e descia devagar só dele estufar os pulmões com ar. Ele também bufa... e mexe no cabelo dela.

“Vai melhorar.” E aperta a bochecha dela, só pra atiçar. “Um dia.”

Haru sorri.

“Hai. É como dizem..." e ela tombou a cabeça pro lado, docemente "Quando casar passa! Não precisa se preocupar...” e piscou, botando uma lingua pra fora feito criança, deixando claro que ele podia interpretar aquilo como quisesse.

Um rosado muito cômico subiu as bochechas dele.

“Não estou preocupado, idiota.”

“Nããão!”o sarcasmo transbordava daquela mulher. Gokudera nem sabia que ela era capaz daquilo. Não sabia nem que ela entendia sarcasmo! “Nem um pouco preocupado... Haru está!”

“Pois devia!” seus dois cotovelos se apoiaram no colchão involuntariamente, erguendo-o o suficiente para dar ênfase ao quanto ele estava sério. “Eu tenho certeza de que aquele loiro bastardo está tramando alguma coisa idiota!”

Haru piscou algumas vezes.

“Ooh....” porque aquele jeito Mukuro de falar estava empesteando ela também? Já não bastava sua irmã... “Hayato está com ciúmes da Haru?!” ele engasgou. “Ohohohoho! Não se preocupe, mesmo gostando muito de Lussuria-san eu não o teria como sogra. Haru é fiel, mesmo de brincadeirinha!”

“I-imbecil! Eu to falando sério! Ele pode tentar alguma coisa, vê se não abaixa sua guarda!”

E lhe dera um peteleco na testa.

“Hahi, Haru vai ficar bem!” que cara mais sem graça... “E você podia pelo menos entrar mais na brincadeira!”

Uma sobrancelha ofensivamente erguida fora sua resposta.

“Usa sua imaginação!” e pro terror do rapaz ela começa a contar sobre a bizarrice do homem pavão e a 'famiglia-chan' de mentiria dele. Riu alto quando contou sobre ter achado que Bel usava uma tiara... e quase voo até o pescoço dele quando soube o que o bastardo andara falando para a morena.

Mas a dita morena não era tão inocente quanto gostava de crer.

“Viu, só? Até o Bel-san participa da brincadeira, você podia pelo menos se esforçar mais... É bom pra quebrar esse clima hostil que você mafiosos costumam ter... Haru se sente mais segura quando imagina as famigliazinhas...”

Gokudera iria quebrar era outra coisa. Sim... lenta e dolorosamente. Não importava o quão certo ou errado o quão punido ou parabenizado seu eu do futuro seria, Hayato ia desmembrar a unidade da Tempestade da Varia até sobrar apenas a tiara...

Ele estava...

...

Urrrrrgh! Ele estava com ciumes!

Merda.

“Gokudera, você está me ouvindo?”

Mas antes ele precisava colocar uma certa ‘Miura’ em seu devido lugar.

“Você quer que eu brinque mais?” de repente, duas mãos firmes a seguram pela cintura. Haru sente cócegas, mas o susto é grande demais para conseguir ter qualquer reação. “Quer que eu aja mais como um marido?”

Hahi. Haru se arrepia. O rosto queima. Gokudera nunca fora de trazer as brincadeiras para um lado... um lado... daqueles. E ela não tinha a menor ideia do que podia acontecer. Não sabia o que esperar dele, pois a aparente alergia de Gokudera a qualquer coisa vagamente romântica ou remotamente... íntima, tornava impossível visualizá-lo como alguém sedutor.

Tornava.

Ela sente o aperto em sua cintura firmar. Seu coração tão ou mais disparado que o dele e...

TUM!

Haru está sentada no chão enquanto Hayato se enrola na coberta, tal qual lagarta e casulo.

Ainda com o coração acelerado e corpo inteiro queimando, a pobre garota Hahi sente dificuldades para processar as próximas palavras:

“Hoje você vai pro sofá, mulher. Castigo por dar mole pra outro.” E lhe dá as costas.

...

“O-o-o quê?!”

“Você me ouviu.”

“M-ma-ma-mas-mas...!” ela estava nervosa. Não um nervosismo bravo... Não. Apenas... não conseguia mais acalmar seu coração. Nunca mais conseguiria, tinha quase certeza. “Espera a-aí! A-aqui nem tem sofá!”

E ele, aquele encantador, charmoso e agora sedutor pé-no-saco se vira, afinando a voz na mais infame imitação de Haru que a própria Haru já ouvira, dizendo:

Use a imaginação...!”

“B-BAKA!”


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Notas finais do capítulo

Huhauhuahauh
O desenvolver é lento, mas extremamente gratificante para esta fic-writer #DDDD

Vocês já devem ter percebido o gradual aumento no número de palavras xDDD Como as postagens estão semanais estou deixando os capitulos mais compridos, mas sempre tentando não extrapolar.

Senti que dosei melhor a quantidade e variedade de emoções dentro dessas 2600 palavras, o que me deixa feliz.

Acontecerão umas coisas bem interessantes pelos próximos capítulos, espero que continuem acompanhando e me dizendo o que estão achando.

A partir de agr o rebuliço de sentimentos parte mais da Haru do que do Gokudera. Pouco a pouco ele está cansando das próprias frescuras e isso vai mudar considerávelmente seu jeito de agir xDDDDDDD

Huhuhuhuh espero que gostem!