The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 5
O Dia de Folga


Notas iniciais do capítulo

Hello, guys! I'm back!
Não sei se avisei, mas estava viajando neste mês de Julho, por isso não pude publicar nada por aqui. Mas agora estou de volta e, gente, que frio é esse?! Até estranhei quando cheguei... Espero que este capítulo possa aquecer um pouquinho o dia de vocês, pois está especialmente fofo (é, eu diria que é um capítulo bem tranquilo e doce). Dreamy me ajudou novamente, então agradeço a ela. Além disso, para todos que leram, comentaram e favoritaram a história nas últimas semanas, muito obrigada ;D
Bom chá com biscoitos!



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Rose desceu as escadas com a mente ainda cheia de pensamentos. Talvez o jantar a distraísse, ainda que os jantares com os Potter não fossem os mesmos de antigamente.

Logo viu um único lugar vago ao lado de Lily e à frente de Albus. No passado, Rose costumava reivindicar o assento ao lado de Albus, assim os dois poderiam conversar melhor durante a refeição, mesmo recebendo alguns olhares de reprovação de suas mães. Não importava, pois apreciavam a companhia um do outro acima de tudo.

Os tempos mudaram. Ou talvez, eles estivessem mudados.

— Espero não ter demorado muito – a ruiva disse.

— Sem problemas, Rose, acabamos de nos sentar – disse sua tia Ginny.

— Isso significa que eu já posso comer? – perguntou James inocentemente.

Sua mãe deu um suspiro.

— Sim, James, pode comer.

Ela não precisou falar uma segunda vez para que ele fizesse exatamente aquilo.

Conforme o tempo passava, vários tópicos surgiram à mesa. Do trabalho como aurores de Ron e Harry à Liga Europeia de Quadribol. Hugo e James estavam conversando amigavelmente sobre os times presentes naquela temporada, porém Lily resolveu dar sua opinião, o que gerou uma pequena discussão entre ela e o irmão.

E discussões entre os dois costumavam ser bem agitadas.

— O que é? Agora deu pra entender mais de Quadribol do que eu? – James usava todo o desdém possível na pergunta.

— Não precisa ser nenhum expert pra fazer apostas, tá legal? Estou achando que as chances dos Bats são baixas este ano, só isso...

— Você está louca! Coloquei toda a minha grana neles, sei que vão detonar-...

— Ei, os dois! – Ginny falou. – Podem acalmar esses nervos um pouco?

Os irmãos se olharam e depois viraram seus rostos, indignados, lembrando Rose dos tempos em que eram pequenos. Ela quase riu. Mesmo anos depois, eles ainda agiam da mesma forma.

— Acho que Quadribol é um assunto um tanto perigoso para se discutir à mesa – comentou Hermione. – E então, Albus? O que tem feito agora que as férias começaram?

Albus terminou de mastigar para então responder.

— Ah, tenho saído com os amigos da escola basicamente. No próximo fim de semana, pretendemos ir a Brighton... Vai rolar aquele grande festival que tem todo ano.

— Sei, é aquele em que se vestem todos de roxo e dourado, não é? – confirmava Ron. – Ah, a gente sempre ia com Rose e Hugo nesse festival. O Hugo não gostava muito, acabava sempre caindo no sono no meu colo, mas a Rose adorava, especialmente os fogos no final! Pena que não temos tido tempo de ir fazem alguns anos...

— Ei, Al – chamou Harry. – Por que não leva sua prima pra ir com vocês?

Rose sentiu o estômago dar um salto.

— O-o quê? – ela perguntou antes que pudesse se refrear.

— E por que não? – seu tio e padrinho prosseguiu. – Você só tem trabalhado neste verão, um dia de folga não fará mal. Além disso, faz tempo que vocês dois não fazem nada juntos, costumavam ser tão unidos...

E aquele era exatamente o problema. Seu tio não devia compreender, mas aquela distância que se formará entre ela e o primo tornara-se tamanha, que uma simples e casual saída entre amigos parecia um evento completamente sem cabimento ou sentido.

Ela não sabia o que Albus estava pensando e sua expressão não cooperava, estando no momento indecifrável. Tudo que ela sabia era que haviam criado essa barreira invisível entre si há anos e nenhum deles fizera a mínima menção de derrubá-la.

— E-eu não sei, não, padrinho. Teria que pedir pra alguém me substituir, afinal, sábado e domingo são dias de bastante movimento e...

— Venha sim, Rose.

A ruiva ergueu o rosto, surpresa ao constatar que quem dissera aquilo fora Albus. E ele estava sorrindo.

— Albus? – ela disse seu nome como se precisasse de uma confirmação.

— Isso mesmo, venha com a gente. Será divertido! – o garoto falava de maneira tão convidativa que Rose não conseguia arranjar algum argumento para dispensá-lo.

— Tem certeza? Eu não quero incomodar o seu grupo, ou...

— Deixa disso, eles são legais. Não vou te deixar de fora, prometo.

De repente, ela se sentiu genuinamente contente. Era inesperado, mas também animador.

— Tudo bem, vou pedir folga no sábado.

—x-x-x-x-

— Não acredito que ela pediu folga esse sábado – queixava-se Scorpius quando o tal dia chegou.

Sábado e domingo eram os dias livres de Scorpius, porém, a pedido do Sr. Miller (e com um pequeno incentivo financeiro), o loiro aceitara cobrir o dia de Rose. Apesar disso, era pedir um pouco demais que seu humor melhorasse.

— Há sete dias na semana, sete opções para resolver não trabalhar e ela escolhe justamente o dia em que posso ficar no conforto da minha casa, fazendo algo muito melhor que organizar estantes e atender clientes idi-...

Scorpius parou de falar ao notar que não estava mais sozinho. Havia um garotinho loiro, o qual devia ter por volta de dez anos, encarando-o com curiosidade. O jovem Malfoy o fitou de volta, esperando conseguir espantar a criança, mas não obteve sucesso. Impaciente, rolou os olhos.

— O que você quer, moleque? Quer um dicionário de Runas? Porque nessa seção só tem isso, entendeu? Vá encontrar o que fazer e não me incomode!

O menino permaneceu imóvel, seus olhos fixos no loiro mais alto. Scorpius bufou.

— Por que ainda está aqui?

— Moço, você é humano?

— ...O quê?

— Você é humano?

— Que droga de pergunta é essa?! É claro que sou! Tenho cara de hipogrifo por acaso?

— Minha mãe diz que vampiros são bem pálidos, então pensei que você poderia ser um.

“Acabo de decidir. Odeio crianças também.”

— E você, pirralho? É um duende? Pela altura, nem dá pra diferenciar.

— Não sou duende, sou Lorcan.

— Nunca ouvi falar disso, mas não importa, porque você já me incomodou o suficiente. Vá procurar sua mãe – Scorpius colocou um último livro na prateleira e saiu andando.

Pouco mais de dez passos depois, trombou com algo na altura de sua cintura.

— Mas o quê...? Ah, você de novo!? Já disse pra ir atrás da sua mãe e não me atrapalhar! – ele disse ao ver o garoto loiro novamente.

— Nós já nos vimos antes? – perguntou o menino, verdadeiramente em dúvida.

— Como é? Não se faça de espertinho, garoto! Você acabou de falar comigo...

— Ah, você deve estar falando do Lorcan!

— O quê? Agora você tem dupla personalidade? Francamente, não tenho tempo pra isso. Quando achar sua mãe, peça pra ela te levar a um terapeuta ou sei lá – Scorpius contornou o menino que bloqueava sua passagem.

— Eu achei que vampiros não gostassem da luz do dia – ele podia ouvir a voz infantil atrás de si, enquanto caminhava.

— Espera, aquele moço é um vampiro? Tem certeza, Lorcan?

— Não, mas ele também não negou com firmeza quando perguntei.

— Achei que eles tivessem dentes mais pontudos...

— É, eu também, mas ele com certeza dava calafrios!

— Ah, isso é verdade...

Scorpius deu grunhido de irritação. Normalmente, não se importava se os outros falavam sobre ele ou sobre o que fosse, mas aquele garoto estava conseguindo se tornar a exceção. Ele se virou para retorquir.

— Escuta aqui, moleque, eu não-... – Scorpius não conseguiu completar, ficando boquiaberto. – M-mas, espera... São... São dois?!

Os gêmeos lhe sorriram.

— Lorcan – disse aquele com camisa amarela e calça lilás.

— Lysander – disse o outro com as mesmas roupas, porém de cores invertidas, detalhe que havia passado despercebido por Scorpius a princípio.

“Merlin... Por que me odeia tanto?”

Aquela tarde certamente seria longa.

x-x-x-x

Rose realmente adorava festivais. A animação que preenchia o ar, o cheiro de comidas típicas, as risadas calorosas dos outros visitantes... Aquilo tudo a fazia se sentir muito bem. Sua vontade era de ir de barraca em barraca experimentando tudo que estivesse disponível, porém, tentava conter sua empolgação por estar acompanhada de Albus e outros colegas da escola.

Junto ao seu primo, mais três garotos e duas garotas vieram, todos de seu ano. As garotas eram da Corvinal e da Lufa-Lufa, enquanto apenas um dos garotos não pertencia à Grifinória. Rose os via com frequência em Hogwarts, mas não os conhecia bem, visto que eles só se socializavam com um pessoal mais específico.

“A linha invisível, porém inegável.” Pensou Rose, ao notar-se um pouco deslocada em seu grupo de passeio. Talvez fosse inconsciente, mas era o que aquelas pessoas com que Albus andava acabavam fazendo. Em um momento, todos estavam se cumprimentando alegremente. No outro, as conversas e piadas internas acabavam por isolar a ruiva. Entretanto, ela tentava não se deixar abalar por causa daquilo. Ainda havia muito para se fazer ali e, mais tarde, haveria a apresentação de fogos de artifício encantados, algo que ela aguardava ansiosamente.

— Ei, Rose!

Rose se virou, desperta de seus pensamentos, deparando-se com o sorriso bondoso de Albus.

— Está se divertindo?

— Ah sim, estou sim – ela assentiu, sorrindo de volta.

Apesar dos amigos de seu primo não serem as melhores companhias do mundo, Rose reconhecia o esforço de Albus para integrá-la às conversas e fazê-la se sentir mais à vontade. Desde o início, o moreno havia agido como se ela fosse tão parte do seu grupo de amigos como qualquer um dos outros. Logo, sua resposta havia sido sincera. Ela estava mesmo contente no momento, apenas o ambiente positivo da festa e a preocupação de Albus eram suficientes.

Albus fez uma careta, pondo a mão sobre o estômago.

— Ah, estou morrendo de fome. Que horas são?

A amiga lufana do garoto – Elizabeth Peterson, se a memória de Rose não falhava – checou o relógio de pulso.

— São 16:15, Al.

— Caramba, não como nada desde o café. Acho que vou comprar alguma coisa.

— Eu vou com você, cara! – declarou o mais alto dos garotos ali, Ben Davies.

— Ah não, deixa que eu vou – falou a outra garota Tracy Shallow, num tom manhoso.

Albus riu levemente.

— Não se preocupem com isso, a Rose vai comigo, não vai? – o garoto deu uma piscadela à ruiva, que o olhou confusa.

— E-Eu vou...? – a resposta dela soou tanto como uma afirmação quanto como uma dúvida.

Rose foi metralhada pelos olhares enviesados do grupo. Ela engoliu em seco, temendo por seu bem estar.

— Certo, então já nos encontramos de novo – disse Albus, segurando a mão da prima e a guiando para longe.

“O que foi isso?” se questionava Rose, agora com medo de voltar a ver aquele pessoal.

Eles andaram por algum tempo, enquanto o moreno avaliava suas opções.

— Ouvi dizer que o guisado de morcego daqui é o melhor, será que é verdade? – perguntou Albus despreocupadamente.

— Bom, eu não sei dizer, faz tempo que não venho aqui... – respondeu Rose. Poucos segundos depois, ela prosseguiu. – Albus, por que você me convidou para vir?

Levaram alguns instantes, mas ele respondeu com seu habitual sorriso.

— Porque pensei que seria divertido, oras.

— Eu fico feliz com isso, mas deve me entender quando digo que acho um pouco estranho. Quer dizer, seus amigos não parecem gostar muito de mim e quase não nos falamos na escola...

— Hum... Acho que vou querer um sanduíche de carne de arminho. – O garoto simplesmente foi até uma das barracas e Rose apressou o passo para alcançá-lo.

Ele fez seu pedido à vendedora e agradeceu ao pagar. Deu a primeira mordida, extasiado.

— Cara, como isso é bom! Quer experimentar, Rose?

— Ah não, obrigada. Não gosto muito desse pra ser sincera.

— É estranho como tem tanta gente que não. Bom, é uma pena, porque está uma delícia.

— Bom apetite – a ruiva sorriu sem jeito.

Será que ele havia realmente ignorado o que ela dissera antes? Talvez tivesse sido um pouco rude da parte dela falar aquelas coisas, ele podia estar um pouco incomodado. Será que ela deveria corrigir aquilo de alguma maneira?

— Enfim, prima – retomou Albus de repente ao terminar de comer. –, não queria deixa-la confusa com o meu convite. Apenas me lembrei de como nos dávamos bem quando éramos menores depois daquilo que o meu pai disse e fiquei me perguntando “Quando foi que isso acabou?”. Então percebi que, no fim, eu era o culpado. Nada mais justo do que eu dar o primeiro passo para melhorar as coisas, ainda que você não tenha obrigação nenhuma de querer resgatar aquela nossa amizade.

Rose ficou um pouco reflexiva.

— Espere... Sua culpa? Por que isso?

Albus deu um suspiro cansado.

— Bem, ao menos é como eu enxergo as coisas. No primeiro ano, acho que acabei ficando um pouco deslumbrado com a atenção que recebia de todos e a deixei meio de lado. Mas, toda vez que eu me tocava disso e ia conferir como você estava, via a Finnigan e as outras por perto. Eu presumi que você estava bem, então não me preocupei. Mas pensando sobre isso agora, vejo que não é assim que um amigo deveria agir...

— Não tem problema, nós tínhamos só onze anos.

— É, mas agora com dezessete ficamos distantes. E eu gosto muito de você, Rose. Gosto de tê-la por perto, então isso me incomoda.

A ruiva corou, lisonjeada.

— Mesmo? Você gosta da minha companhia? – ela se sentia um pouco boba ao perguntar, porém aquilo não era algo que ouvia com frequência.

— Mas é claro! Você é engraçada, está sempre disposta, sabe o que dizer para melhorar o humor de alguém... – ele sorriu gentilmente. – Acho que no fundo, eu só estava esperando por uma oportunidade. Talvez meu pai tenha apenas dado o empurrão que eu precisava.

Rose não sabia bem como responder àquilo. Ela sabia que ele estava sendo sincero, afinal, Albus jamais mentia ou enganava alguém. Porém, ainda era um leve choque saber que havia uma pessoa que sentira sua falta e tinha vontade de tê-la como amiga. Isso, combinado ao ambiente aconchegante do festival, fazia Rose temer ser apenas uma maldosa peça pregada por sua mente. Isso seria cruel demais.

— Desculpe se estou assustando você – Albus riu, envergonhado. – Na minha cabeça, a situação parecia bem mais simples. Mas acho que, na vida real, essas minhas palavras acabam soando um pouco estranhas... Espero que não me leve a mal.

Ela balançou a cabeça.

— De jeito nenhum, longe disso! Eu fico contente que você pense assim. Eu só... Não estava mesmo esperando por isso.

Logo Albus, o cara mais popular de Hogwarts atualmente, querendo ressuscitar aquela velha amizade... Era até bom demais para ser verdade. Ele possuía novos amigos que deviam ser mais divertidos e inteligentes que ela e...

Não, isso não tinha importância. No fim das contas, aquele garoto nunca fizera distinção entre as pessoas. Não era surpresa que fosse tão adorado por onde passava. Para Rose, Albus era a pessoa mais carismática e generosa que conhecia.

— Acho que devíamos ir voltando. O pessoal já deve estar dando por nossa falta – disse ele.

Ela concordou, seguindo-o multidão adentro.

Eles localizaram o grupo não muito distante de onde haviam saído. Seu primo estava um pouco atrás, porém Rose conseguia ouvir o que os outros diziam perfeitamente.

— Ele disse que nos convidaria para a casa dele um dia desses – dizia Ben. – Acham que ele se esqueceu?

— Não sei... Mas por que você quer tanto ir lá?

— Ah, sei lá. Quem sabe o pai dele esteja por perto?

— Oh, imagine só conhecer o incrível Harry Potter! – Tracy Shallow vibrou em expectativa.

— Não é? Vou lembrá-lo daquele convite mais tarde.

Até onde Rose havia escutado, a conversa parecera praticamente inofensiva. Contudo, algo dentro de si a alertava, avisando-a para não depositar muita confiança nos ditos amigos de Albus.

De repente, ela se encheu de preocupação pelo jovem Potter.

— Então - falou Albus quando ele e Rose alcançaram o grupo. –, o que estiveram fazendo?

Elizabeth Peterson ergueu os ombros, indiferente.

— Nada demais. Só conversamos.

— Já comeu, Albus? Quer que eu traga uma sobremesa de abóbora ou...? – oferecia Tracy.

— Tudo bem, Tracy – o grifinório riu de leve. – Estou satisfeito.

— Ah, eu queria ter ido com você...

— Não se preocupe. A Rose me fez companhia.

O peso do olhar de Tracy parecia esmagar Rose, que começou a suar frio.

“Ok, essa garota parece gostar do Albus. Mas por que logo eu tenho que ser o alvo de ira dela?” Rose se lamentou mentalmente, desconfortável.

x-x-x-x-x

Scorpius nunca havia pensado em ter filhos. Certamente, seria algo que exigiria demais de sua paciência. Mas, agora, ele estava mais certo que nunca.

— Prefiro pular da Torre de Astronomia a procriar – ele disse, enfurecido até os poros.

O Sr. Miller, que passava por perto, parou logo que viu a situação.

— Ah, então você fez dois amigos, Malfoy! E eles estão ajudando? Será que devo pagar pelo tempo deles também? – o idoso brincou ao ver os gêmeos arrumando os livros em um expositor, enquanto Scorpius insistentemente tirava um por um para colocar no lugar certo.

— Não precisa, não, senhor. Eu e Lysander estamos só esperando até nossa mãe voltar – disse Lorcan.

— É, ela foi comprar alguns materiais para a próxima expedição, e falou para ficarmos aqui enquanto isso – completou o irmão.

O Sr. Miller sorriu, assentindo.

— Muito bem. Fique de olho neles então, Malfoy. Não queremos nenhuma mãe preocupada, não é?

Rangendo os dentes, Scorpius respondeu:

— Sim, senhor.

O dono da loja deu uma risada e se retirou.

— Por que não vão encher outra pessoa? Tem outro cara que trabalha aqui e eu tenho certeza de que ele gosta mais de pirralhos do que eu...

— Mas Austin não é um vampiro... – retrucou Lysander.

— Eu também não!

— Mas ele não deixaria a gente organizar os livros...

— E eu por acaso deixei!? Estou muito perto de lançar uma maldição em vocês. A única coisa que me impede é o meu bom senso!

Então, algo lhe ocorreu.

— Espere aí, você disse “Austin”? Vocês já vieram aqui?

Lorcan fez que sim com a cabeça, entusiasmado.

— Sim, é claro! Nós sempre estamos por aqui. É que estávamos acompanhando nossos pais numa viagem à América Central e voltamos esta semana.

— Mas vamos ficar um bom tempo sem viajar a partir de agora – completou Lysander. – Só que a nossa mãe ainda tem coisas para fazer nas florestas da Finlândia, então ficaremos em casa com o nosso pai por algum tempo.

Scorpius revirou os olhos. Ele havia feito uma simples pergunta, por que todos insistiam em contar a história completa de suas vidas?

— Tá, tá, já entendi.

— Ei, Lorcan – chamou Lysander. – Você chegou a ver a Rose?

— Não vi, não... Ô moço, cadê a Rose? – perguntou Lorcan, curioso.

Scorpius cerrou seus punhos com força. Aquela maldita grifinória, aquele dia irritante era todo por culpa dela.

— Não está aqui, obviamente – ele respondeu com azedume.

— É, isso faz sentido... Talvez ela tenha saído com alguma amiga.

O jovem Malfoy quase riu em zombaria. Se aquele fosse o caso, pelo que Scorpius havia observado das amizades da ruiva, talvez o dia dela estivesse tão ruim quanto o seu.

Aquele sorriso maldoso que insistia em despontar em seus lábios logo sumiu. Pensando melhor, “Talvez esteja sendo até pior”.

De repente, o pensamento não lhe pareceu mais tão divertido.

— Ou quem sabe ela esteja treinando voo! – falou Lysander. – Lembra, Lorcan? Ela disse na Páscoa que se esforçaria dessa vez.

“A Weasley? Numa vassoura? Isso sim é preocupante.” Scorpius agora quase temia por quem estivesse na companhia de Rose. Quase.

x-x-x-x

Havia um sensação de aperto no peito de Rose. Dava-lhe uma ligeira aflição observar o primo sustentando aquele sorriso, sabendo que talvez o garoto estivesse enganado em relação a certas coisas.

Rose não gostava de presumir nada com apenas primeiras impressões, ela nunca se perdoaria se tratasse alguém injustamente apenas por causa de um julgamento precipitado. Entretanto, desta vez, seu alerta de desconfiança estava tinindo enlouquecidamente dentro de sua cabeça.

Ela não gostava nem um pouco dos amigos de Albus. Tinha um mau pressentimento sobre eles.

“Não vou dizer nada. Não posso dizer nada.”

Então, um feixe de luz cortando o céu a tirou de suas preocupações momentaneamente.

— Os fogos começaram!

Os olhos de Rose adquiriram um brilho nostálgico. Ela se lembrou das vezes que estivera ali com sua família e, de repente, era como se fosse uma criança novamente. Quando deu por si, estava atravessando a multidão que já se aglomerara para observar o espetáculo luminoso.

— Rose, aonde você está indo? – a ruiva escutou uma voz distante a chamando. Não pôde responder, pois estava hipnotizada.

Em poucos segundos, estava à frente de quase todos, admirando as dezenas de fogos coloridos e mágicos, que assumiam diferentes formas e apresentavam curtas cenas para o entretenimento daqueles que assistiam. Era um feitiço simples, mas Rose ficava deslumbrada, como se fosse a primeira vez que via algum sinal de magia.

— Então, você gosta mesmo dos fogos, hein? – Albus precisou elevar sua voz para se fazer entendido em meio aos sons de explosão.

Rose, lembrando-se do primo, virou-se sorridente e assentiu.

— Sim! Pensei que não acharia tanta graça agora que estou mais velha, mas por alguma razão ainda é tão incrível quanto antes!

Ela voltou sua atenção para o espetáculo, mais alegre a cada novo feixe de luz.

Repentinamente, sentiu longos braços a envolverem e algo bloqueou sua visão. Era Albus. E ele a abraçava com muita força. Rose ficou um pouco em choque nos primeiros instantes, mas logo se permitiu abraçar o garoto de volta.

— Eu estou feliz que você tenha vindo hoje. Pode parecer besteira, mas... Acho que senti mesmo falta de tê-la como amiga nos últimos anos. Estranhamente, só hoje isso ficou mais nítido – Albus disse.

Ele logo se afastou, fazendo uma expressão divertida e séria simultaneamente.

— Nada de se distanciar a partir agora. Estou proibindo de verdade, ouviu?

Sim, ela possuía mil preocupações e problemas em mente. Podia ainda não se sentir boa o bastante para cumprir aquele papel e ainda assim haveria mais os outros incontáveis complexos que a atormentavam diariamente. Contudo, sabia que com Albus podia contar. Inexplicavelmente, o tempo passara, mas ela simplesmente sabia.

“Talvez seja assim que uma amizade deva parecer?” e, por alguma razão, era como se tivesse se lembrado daquilo após muito tempo.

— É uma promessa, então – ela respondeu, enquanto os fogos de artifício continuavam a estourar e colorir o céu.

x-x-x-x

Prévia do Capítulo 6 - Amigos?

— Venha almoçar comigo!

— Não.

— Por que não?

— E por que sim?

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— Quase me esqueci do seu melhor conselho. Nada de me afundar no desânimo! Vamos falar de coisas mais alegres.

Scorpius semicerrou os olhos.

— E quando é que eu disse isso?

Ela riu.

— Malfoy, você é engraçado.

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“Por Merlin... Quem será ela?” O olhar de Scorpius estava totalmente fixo àquela delicada figura que adentrara.

x-x-x-x

— Como é? Você não está mais morando na França?

Non, mon cher cousin. A partir de setembro, passarei a frequentar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A vida em Beauxbatons estava insuportável, eu iria sufocar se ficasse lá mais três anos... Com alguma negociação e chantagem emocional, consegui convencer meus pais a me transferirem – Louis sorriu marotamente.

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— Você parece ser uma espécie de protegida do Sr. Miller ou algo do tipo. É meio estranho.

— N-Não é isso! Sou muito grata por tudo que ele já me fez, mas de forma alguma eu diria que-...

— Espere aí, como assim? Então tem uma razão para isso tudo?

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Notas finais do capítulo

Para quem sentia falta do Albus na fic, prometo que ele terá mais presença a partir de agora. No próximo, não muito, mas nos demais ele terá tanto destaque quanto o nosso casal principal ^^ E as férias deles estão acabando... Como serão as coisas quando retornarem a Hogwarts? Será que até lá haverá algum avanço ou tudo voltará a ser como antes? Se tratando desses personagens, até eu fico meio incerta da resposta '-' Tenho recebido algumas sugestões e farei o possível para incluí-las na fic. Afinal, sua opinião é muito importante! Há alguns detalhes sobre a história que tenho bem decididos em mente, mas outros nem tanto... Por isso, opiniões e ideias sempre serão levadas em consideração ;)Espero que estejam gostando! Avisei que seria uma história mais lenta, mas eventualmente tudo se encaminhará.Beijooooos! Até o próximo update :*