The Bright Side escrita por Anna C


Capítulo 16
Ultimato


Notas iniciais do capítulo

Eu pretendia postar o capítulo na semana passada, mas me enrolei (para variar). Contudo, enfim, estou postando a aguardada continuação do capítulo 15, que deixei em um ponto bastante maldoso! E tenho muitas dedicações a fazer...

Primeiramente, dedico o capítulo a JuhdoMalfoy, Gabriela Faria, Kaah Malfoy e Halina pelas recomendações que eu tanto amei! Muito obrigada, meninas, mais uma vez! *---* Tantas num espaço de tempo tão curto... Eu fiquei em êxtase! Além disso, queria dar os parabéns atrasados a Caramelkitty e dedicar esse capítulo a ela também. Não pude postar no dia exato, mas ainda assim lhe desejo tudo de bom!
Isso aí, gente! 'Bora ler o capítulo!

Bom chá com biscoitos!



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Finalmente, Scorpius parou de correr, soltando a mão da garota. Ambos arquejavam, a corrida até ali lhes tomara todo o fôlego e energia. Enquanto recuperava o ar, Rose pôs-se a analisar o recinto. Era uma das várias torres do castelo. Haviam ido tão longe assim? Lembrava-se de subir lances de escadas, mas não esperava que tivessem corrido tanto. Tal constatação apenas fez com que o oxigênio lhe faltasse ainda mais. Rose caiu de joelhos e começou a tossir.

“Como estou fora de forma...” Ela se condenou.

Assim que se estabilizou, ergueu seus olhos para procurar Scorpius. Ele estava encostado contra uma parede, a branda luz do sol poente tornava visíveis seus contornos. Porém, não sua expressão. Rose imaginou que ele preferiria assim, por isso, evitou encará-lo por mais tempo.

Por que ele os levara até ali? Por que fugira? O sonserino não parecia contente na comemoração, mas uma ação tão impulsiva não combinava nada com seu jeito. E quanto a ela? Deveria dizer algo? Haveria o que dizer? Nada parecia se encaixar.

— Corri como um perfeito covarde — disse Scorpius.

— Você não é um covarde — retrucou Rose.

— Covardes fogem. E foi exatamente o que eu fiz.

— E o que o fez vir até aqui?

Scorpius virou-se, ficando de costas para Rose.

— Era o lugar mais longe possível. Na hora, eu nem raciocinei, só queria correr. E depois, eu não podia parar, não até ficar sem opções. É claro que pular daqui não era uma, então... — Ele deu uma risada fraca e sem vida.

— Mas por quê? — Rose insistiu, ainda que quisesse evitar uma piora da situação. Afinal, já estava ali, já estava envolvida. Não havia mais volta.

Scorpius deu alguns passos em direção à sacada que contornava a torre.

— Tantas pessoas gritando o meu nome, todos comemorando... Eu simplesmente não pertencia àquilo. Estava errado.

Rose ficou de pé, aproximando-se um pouco.

— Vocês venceram o jogo, e a vitória em grande parte se deveu ao seu esforço. Qualquer um que assistia poderia dizer o mesmo. Teve um desempenho incrível.

Ele sacudiu a cabeça negativamente.

— O mundo está cheio de hipócritas. Toda aquela atenção repentina... Antes, ninguém sequer se importava, e de uma hora para a outra, por causa de um jogo, todos querem celebrar comigo, fazer de mim um deles. Francamente, eu nunca liguei para o que pensavam de mim, nem me permitia pensar demais sobre os outros. Era perda de tempo. Porém, agora... Agora, é só o que faço, desperdiço meu tempo.

— Começou a enxergar além de si próprio, isso é perfeitamente normal. Além de ser bom. E até entendo que nunca tenham te notado, mas isso é porque ignoravam a sua capacidade. Hoje, essa situação mudou. Eles o admiram.

Rose o ouviu bufar em cansaço.

— Chega, Weasley! Não quero que você defenda as minhas atitudes ou as dos outros. Será que não quer ver? Essa admiração é falsa. É tudo uma grande mentira. Ninguém ali realmente se incomoda, eles só surgiram porque fiz algo de surpreendente. Se as coisas realmente mudaram? Quem sabe. Pode ser que achem que agora têm liberdade para falar comigo, que criem interesse no que faço. É engraçado como as pessoas adoram uma novidade...

— Isso é injusto, Malfoy. Você não pode culpar todo mundo. Tem que reconhecer que nunca foi fácil se aproximar de você. Se, de repente, ficou mais “interessante”, que seja! É algo positivo. Pode ter aberto a porta para uma série de novas oportunidades, algumas que nem estava considerando antes. Perceberam que você começou a participar das coisas, viram como se empenhou pelo time... É natural que se sintam mais à vontade na sua presença. Há gente que vale a pena ali. Eu já tinha percebido isso há algum tempo, mas finalmente todo mundo pode ver... Você está mudado.

A risada seca de Scorpius voltou a ecoar pelas paredes da torre. Ele se virou minimamente, mas de uma maneira que pudesse olhar diretamente para a grifinória.

— Pois é, “mudado”... E você não acha hilário como eu falo de hipócritas, mas sou o pior deles? Como todas as coisas que ando fazendo traem aquilo que defendi com tanta convicção nos últimos sete anos nessa escola?

Rose meneou a cabeça severamente.

— Não, eu não vejo a menor graça nisso! Pois não é assim que enxergo. Há uma grande diferença entre hipocrisia e ter uma mudança de valores. Mas que droga você está querendo dizer? Tudo bem, você agora é parte de um time, possui uma amiga, tem sido mais legal com os outros... Por que insiste que isso é algo ruim? Por que não admite de uma vez que mudou de ideia e gosta dessa forma nova de lidar com o mundo?

Ela chegou mais perto, erguendo a voz:

— Você se arrepende, é isso? Quer que tudo volte a ser como era?

A ruiva sentiu uma gota de suor escorrendo pela lateral do rosto. Seu maxilar ficara rígido, os dentes estavam trincados. Nunca experimentara tamanha revolta em sua vida, podia sentir cada parte do corpo queimar. Talvez devesse ter medido melhor as palavras, mas sequer se importava mais. Precisava dizer. Como Scorpius podia ficar em dúvida? Tudo estava enfim a seu favor. Mas, justamente nesse instante, ele fora acometido pela incerteza, pelo sentimento de precipitação. Sim, essa era a razão de ter corrido do salão comunal em plena comemoração. Essa era razão para estar dizendo aquelas coisas. Scorpius Malfoy estava se questionando.

Rose compreendia. Cinco meses atrás, aquela situação toda era impensável. Estar falando com ele naquele tom era impensável. Porém, ali estavam. Por que tanta indecisão? Tudo que ele precisava fazer era seguir o fluxo dos acontecimentos...

Não. Não era tão simples. Ela então entendeu perfeitamente: Scorpius estava com medo. Enquanto todos gritavam seu nome e lhe saudavam pela vitória, Scorpius soube que algo dentro si havia se transformado. E isso o atemorizou mais do que qualquer coisa.

“— Sorte que eu não me deixo influenciar tão fácil também, imagina se esse seu jeito fosse contagioso.”

Rose havia tomado o comentário do loiro como uma provocação boba naquele dia dos testes. Porém, esse era o receio verdadeiro dele, que acabasse sofrendo alguma alteração. E foi o que sucedeu.

Certo. O medo ao se deparar com tal revelação era compreensível. Ela não o julgava. Mas o que não permitia, o que indignava Rose até os últimos fios de cabelo era que ele a negasse.

Scorpius não podia simplesmente fingir que ela não lhe significava nada. Que tudo que lhe dissera até então havia sido somente um grande e estúpido erro.

— Seja honesto uma vez na vida, Malfoy. Diga que se arrepende de ter me conhecido — Rose desafiou com firmeza. Firmeza que poderia sumir no instante em que ele respondesse. — Diga que preferia ter ficado no seu dormitório hoje, escutando a partida de seu isolamento. Que não sentiria falta de voar ao lado da sua equipe, nem do clamor da sua casa quando arremessou a goles dentro do aro. Se puder dizer isso, eu assumo toda a culpa. Fui eu que insisti que entrasse naquele time. Tive a audácia de incentivá-lo, fui petulante o suficiente para lhe aconselhar como uma amiga. Ande logo! Por que não fala? Isso significará que nunca mais me dirigirei a você, afinal, o que construímos nesses meses foi só equívoco, estou certa? Não é isso que quer? Sua vida será exatamente como planejou, sem ninguém para atrapalhar. Sem o estorvo que é Rose Weasley no meio do caminho, impedindo o seu progresso.

Ela podia sentir um nó se formando na garganta, os olhos começando a arder enquanto o encarava. Mas não desviaria o olhar. Precisava fazer aquelas palavras provarem seu valor e a única maneira de fazer aquilo era mostrar-se imperturbável.

Scorpius deixara cair o semblante de ironia havia algum tempo. Seu olhar estava fixo na garota. Rose queria saber Legilimência para ser capaz de ler os pensamentos dele, pois aquela sua expressão era uma incógnita. A resposta de Scorpius poderia significar o fim daquela amizade e ela não queria isso. De forma alguma. Havia se afeiçoado ao sonserino mais do que previra, sua inquietude interna era toda a prova de que precisava. Estava bem mais forte agora, não seria como fora com Lena, Olivia e Lauren. Contudo, pessoas ainda eram insubstituíveis. Poderia ter outros mil novos amigos no futuro, mas sempre haveria apenas um Scorpius Malfoy.

“E se eu estou mais forte, é porque você me ajudou. Mesmo sem intenção, você quem me ajudou.” Isso era algo que Rose jamais se esquecia. E era tão grata. Dar-lhe as costas depois de tudo seria um pouco cruel, não seria?

Começava a ficar ansiosa com aquele silêncio esmagador, a força que havia adquirido nos últimos instantes ameaçava deixá-la. Então, Malfoy inspirou fundo.

— Todo esse tempo, e ainda não entendeu? — Scorpius falava em tom de reprimenda. De repente, um sorriso torto tomou seus lábios. — Você não é estorvo algum, Weasley.

Rose precisou abafar o grito de alívio com a mão. Terminou com a distância entre os dois e o abraçou, enterrando o rosto em seu peito para que ele não visse que seus olhos azuis tinham ficado úmidos. Ela percebeu como ele havia tensionado com seu toque, mas não o soltou. Sentiu-o pousar uma mão hesitante sobre sua cabeça.

— Eu não estou muito acostumado a abraços — admitiu Scorpius. Rose ainda podia sentir como o corpo dele estava inflexível.

— Posso ficar só mais um pouco assim? — perguntou ela, sua voz indo contra o tecido da blusa do rapaz.

Scorpius deu uma espécie de grunhido em consentimento. Depois, ela o ouviu engolir em seco, como se tivesse tomado uma decisão. Foram precisos alguns instantes até que os braços de Scorpius a envolvessem. Ele o fazia com pouca firmeza, de maneira quase vacilante. Rose ficou surpresa que Scorpius Malfoy não possuísse habilidade em algo tão simples. De fato, devia lhe faltar o hábito. Mas, ainda que fosse um abraço um pouco desajeitado, era bastante aconchegante. Ela gostava de estar ali.

Fincou bem os dedos nas costas do loiro e torceu para que o momento perdurasse.

x-x-x-x

Já era hora do jantar e Rose ainda não havia aparecido. Não que Albus estivesse tão preocupado, mas a prima não costumava demorar tanto. Talvez ainda estivesse com Scorpius, ao menos aquela havia sido a última coisa que ela lhe dissera antes de se despedir horas atrás. Depois disso, Albus tentou se distrair com seus amigos, mas não funcionou como esperava. O clima estava um tanto estranho, apenas Tracy conseguia arranjar algum ânimo no grupo, mas isso não bastou. Ele entendia, afinal, não tinha sido a mais agradável das derrotas.

Agora, o time da Grifinória estava reunido na mesa do Salão Principal, Albus entre eles, como que para consolar uns aos outros. Os comentários eram escassos, todos pareciam mais concentrados na comida do que em fazer menção sobre o jogo do dia. Como capitão, Albus imaginava que devesse dizer alguma coisa, mas ali, olhando para aquelas expressões infelizes e frustradas, nada que lhe vinha à mente parecia ser muito apropriado.

De repente, Ryan Moore, um terceiranista novato no time, começou a chorar. Todos se entreolharam espantados, como se estivessem se perguntando o que ele estava fazendo. Luke Longbottom hesitantemente deu palmadinhas de consolo nas costas do garoto.

— Não fique assim, Ryan. Às vezes, perdemos, mas isso não significa que não possamos nos esforçar mais e ganhar na próxima — falou, apesar de não soar tão certo.

— Eu me esforcei, mas a gente perdeu mesmo assim! — retrucou o mais novo. A cena lembrou Albus dos jogos amadores que tinha com os primos quando era bem mais novo. Normalmente, havia pelo menos uma pessoa que acabava a partida exatamente igual a Ryan. Perder nunca havia sido fácil, afinal.

Luke pareceu ficar nervoso, sem saber como responder. Albus largou os talheres e encarou o menino.

— Sim, você se esforçou e foi muito bem hoje, Ryan — falava Albus, resoluto. — Mas a Sonserina se saiu melhor, não há nada que possamos fazer a respeito disso. O que passou, passou. Agora, temos que nos preocupar em analisar nossos pontos fracos e trabalhar neles. Uma partida não é o que define o nosso time, ainda podemos acabar com a Lufa-Lufa no jogo que vem. Essa taça não está perdida ainda, está me ouvindo?

Mesmo que continuasse chateado, Ryan parou de chorar, assentindo vigorosamente para o capitão de seu time. Os outros também pareceram adquirir um pouco de energia com aquelas palavras.

— Não estamos fora ainda — declarou Lisa Taylor, a goleira.

— Essas cobras não podem derrubar os leões com uma partidinha qualquer! Vamos erguer as cabeças! — exclamou um dos artilheiros, Alex White.

Albus ficou mais contente ao ver sua equipe recuperando o entusiasmo. Logo, eles faziam tanto barulho que alunos de outras casas e professores que também jantavam começaram a observá-los.

Ficou tão absorto na súbita animação, que não viu quando uma coruja sobrevoou sua mesa e lhe deixou uma carta sobre o colo. Surpreso, Albus examinou o envelope para conferir o remetente.

— James.

Era raro receber cartas do irmão, mas não podia negar que era uma boa surpresa. Decidiu ler quando voltasse para o dormitório.

Os grifinórios pareciam já bem menos abalados uma hora e meia mais tarde. Quando chegou à Torre da Grifinória e alguns colegas de casa passaram por ele, desejaram-lhe mais sorte na próxima.

— Na verdade, eu achei que você estava bem lá. Mas o garoto Malfoy estava impossível de conter — disse uma garota do grupo.

— É, cara, não tinha como prever — falou outro.

Estavam certos. Scorpius havia sido o que fizera a grande diferença. E apesar de Albus ter ficado mais chateado do que permitiu que Rose percebesse, sabia que ela tinha razão. Scorpius precisava daquela chance de se provar. Tinha a sensação de que as coisas mudariam para melhor a partir daquele dia.

Finalmente, chegou à tranquilidade do dormitório. Os colegas não haviam retornado ainda de onde quer que estivessem, então enxergou ali a ocasião perfeita para ler a carta do irmão. Como já havia tido o bastante de má sorte para um dia, esperava que fossem boas notícias.

“E aí, maninho?

Pode dizer, sou o melhor irmão do mundo. Não, do universo inteiro! Cara, eu sou demais. Bom, imagino que esteja pensando algo como ‘por que o James está me dizendo todas essas coisas que eu já sei?’. Meu caro irmão, vou explicar e uma vez apenas:

Descolei 8 ingressos para você e seus amigos para o jogo do Puddlemere United contra o Holyhead Harpies de ano novo. Como deve imaginar, já estão esgotados! Estão no envelope, dê uma olhada melhor...

Enfim, você me ama, eu sei que sim. Estou aguardando uma carta de agradecimento com pelo menos dez sapos de chocolate em anexo — você sabe como gosto deles.

Isso é só por enquanto. Te vejo no natal. Depois disso, vão Harpies! (Mas os Bats são superiores, apenas aceite isso.)

James Sirius Potter.”

A princípio, Albus não acreditou. Releu a carta duas vezes para ter certeza de que era aquilo mesmo. Depois, verificou o envelope como o irmão havia instruído. Ali estavam eles, os oito ingressos novinhos em folha.

Albus começou a rir, esquecendo-se completamente do jogo da tarde. “Não pode ser, ele não pode ter conseguido...” Seu estágio no ministério parecia estar indo às mil maravilhas pelo jeito. James não costumava dar presentes sem ocasião — o aniversário de Albus seria só em março —, a menos que realmente tivesse tais condições.

Estava decidido. Albus escreveria a carta de agradecimento naquele momento mesmo e compraria depois não apenas dez, mas quinze sapos de chocolates.

x-x-x-x

Era para ser um domingo qualquer, mas não foi. O trajeto até o café da manhã havia sido, no mínimo, bizarro. Os sonserinos lhe observavam em suspeita, silenciando até as conversas mais animadas quando ele passava. Já as outras pessoas, tanto alunos quanto professores, estavam sorrindo para ele, cumprimentando-o. O que diabos havia de errado com todos? Demorou quase meia hora para se lembrar do motivo.

“Ah, claro. Agora, sou popular” Scorpius queria rir com escárnio. Grande droga, não era? Mas já estava menos indignado.

— Bom dia!

E aquela era a razão. Rose se aproximava com um sorriso gentil, acenando com uma mão. Aquela cena havia se tornado frequente, algo que ele jamais imaginaria ser possível.

Scorpius deu um último gole de seu copo e pôs-se a olhá-la.

— Bom dia? Dificilmente. E não é meio cedo para sorrir assim?

Ela riu, sentando-se ao lado dele. Os sonserinos à mesa a miraram estupefatos — não que ela tivesse notado.

— Estou vendo que seu bom humor matinal é mesmo infalível. Então, o que pretende fazer hoje? Digo, além de praguejar por aí e assustar alunos do primeiro ano.

Scorpius fingiu estar pensativo.

— Fora essas duas coisas, não tinha nada em mente.

Rose fez cara de surpresa e bateu palmas.

— Que bom! E o que acha de...?

— Ei, ei. Isso não foi um convite para me arrastar por onde quiser.

— Oh não, Malfoy, você tem todo o direito de recusar se desejar — ela disse em tom inocente, apesar de sua expressão indicar o contrário.

Scorpius suspirou.

— Certo. Diga.

— Bom, eu percebi que, depois de ver todo o seu esforço e progresso nesses últimos tempos, eu também deveria tentar dar um passo à frente para melhorar.

Scorpius ergueu uma sobrancelha.

— Do que você está falando? Está delirando outra vez?

— Não, eu... — Ela inspirou bem fundo e, após alguns segundos, exalou o ar. — Quero que me ensine a voar.

— Quê? — Scorpius estreitou os olhos.

— Voar, sabe? Com uma vassoura e tudo mais. Sinto que estou pronta.

— Não, calma aí! E quem disse que eu vou ensinar?

Rose mordeu o lábio inferior, dando os ombros.

— Eu tinha esperanças de que...

— Aquele dia foi uma exceção. O professor estava desesperado, foi coisa de última hora. Não é exatamente algo que eu pretendia fazer de novo.

— Mas você disse que me ensinaria aquele dia! Está dando para trás, é isso?

— Não estou dando para trás, pois teria que estar totalmente consciente do que estava dizendo para que alguma coisa valesse. O fato de ter substituído o professor aquela vez prova que eu não estava no meu juízo perfeito. — Suspirou. — Weasley, essa ideia é péssima. E depois, vou acabar responsável se você quebrar o braço pela quinta vez...

Rose rolou os olhos.

— Eu seria cuidadosa. Além disso, como sabe que eu já quebrei o braço quatro vezes?

— E isso importa? O ponto é que não, eu não vou ensinar você e fim de história.

Ele a encarou decidido, talvez um pouco duramente. Rose abriu a boca para falar alguma coisa, mas a fechou em seguida, desistindo. Aos poucos, a pose dela foi murchando, como se estivesse se acalmando. Scorpius sabia o que viria a seguir. A ruiva começaria a dizer o quanto sentia por ter insistido, que sua sugestão havia sido ruim, que havia sido muita prepotência dela pedir algo assim... Algo tipicamente daquela Weasley.

— Humph, muito bem então. — Rose levantou-se, pondo uma mão na cintura.

Scorpius estranhou.

— Muito bem o quê?

— Se você não quer me ensinar, eu aprendo por conta própria. Albus está em Hogsmeade, logo não vejo outra escolha.

O queixo do garoto quase caiu.

— Como é?

Rose arqueou as sobrancelhas.

— O que foi? Esperava que eu ficasse à mercê da sua boa vontade? Sinto muito, Malfoy, mas se fosse assim, sabe-se lá quando eu aprenderia a voar. Seria divertido se fizéssemos algo juntos, então é uma pena que não esteja muito disposto. Bom, com licença, tenho uma tarde longa pela frente.

— Você perdeu o juízo! Sem mim lá, você não vai quebrar só o braço, vai quebrar o pescoço!

Agora, era pessoal. Rose inclinou-se para frente, seu rosto próximo do dele.

— É isso que você acha? Que eu só consigo cair e me machucar?

— Bem, digamos que o seu histórico com acidentes não é dos melhores — ele falou em tom de deboche.

Rose não podia crer. Ele estava mesmo duvidando dela? Geralmente, não se sentiria tão propensa a aceitar provocações daquele tipo, mas havia despertado com uma coragem renovadora naquele dia. Um espírito grifinório irrefreável que ansiava por qualquer desafio para poder se afirmar.

— Veremos. — Rose deu um pequeno sorriso e se virou, seus cabelos esbarrando contra o rosto do rapaz.

Scorpius ficou alguns segundos atônito, incapaz de falar. Quando enfim conseguiu recobrar o controle, a garota já estava distante, se encaminhando para a saída.

— Weasley! — ele tentou chamá-la.

Ela não retornou, apenas fez um leve aceno com a mão e seguiu seu caminho.

Scorpius começava a ficar legitimamente apreensivo. “Ela vai se machucar feio. E eu estou sendo otimista.”

x-x-x-x

Lauren estava esticando o lençol sobre a cama meticulosamente, quando ouviu a porta ser aberta. Espiou por cima do ombro e viu Rose, que se dirigiu para a própria cama e se jogou sobre ela. Questionou-se por um segundo sobre o que teria acontecido, mas deixou para lá, retomando o que fazia.

Então, os ruídos recomeçaram. Lauren teria ignorado, porém o som de uma pilha de coisas se derramando sobre o chão capturou sua atenção. Rose estava sentada ao lado do seu baú em frente à cama, uma variedade de objetos e roupas espalhados à sua volta.

Como se notasse o olhar sobre si, Rose voltou-se para a colega de quarto.

— Não repare a bagunça, estou apenas procurando... Ah, achei! — a ruiva ergueu uma luva de couro sem dedos. — Bom, só preciso encontrar o par agora.

“Por que ela simplesmente não diz Accio luva?” Lauren se perguntou, mas não comentou. Além disso, ela própria já havia encontrado a tal luva, bem ao lado do joelho de Rose.

— Está ali. — Apontou.

— Ah, obrigada! — Rose vestiu as mitenes. — Quem diria que eu um dia usaria essas luvas que ganhei no natal do terceiro ano? Mas eu vou provar que consigo, ele verá só...

Lauren não fazia ideia do que Rose falava, obviamente.

— Lauren, acho que não cheguei a falar com você desde aquele dia, mas... Bem, eu queria agradecer por você ter ido ao meu aniversário. Fiquei muito feliz quando vi você e o Luke por lá. — A ruiva sorriu para a colega, enquanto mexia distraidamente nas luvas recém-colocadas.

“O que eu deveria responder para um comentário desses?” Lauren se viu em dúvida, tendo sido pega desprevenida. Logo desconsiderou, desviando o olhar. “Eu não preciso responder...” Além disso, já tinha mais de um mês que aquilo havia acontecido.

— Enfim, eu vou andando. Vamos torcer para que eu encontre o professor de voo... E também para que ele me empreste o equipamento.

— Odeio quando você faz isso.

Rose parou em frente à porta, sua mão apoiada na maçaneta. Girou nos calcanhares e pôs-se a fitar Lauren. A garota de óculos parecia só então se dar conta de ter dito aquilo em voz alta, sua expressão quase tão surpresa quanto a da própria Rose.

— ...Lauren?

Lauren imediatamente livrou-se de qualquer resquício de emoção que havia em seu rosto.

— O que você odeia, Lauren? — Rose insistiu.

— Nada. Eu não falei coisa alguma.

Rose não poderia ignorar aquilo, não quando talvez nunca mais pudesse ter uma oportunidade igual. Aproximou-se em passos cautelosos.

— Tudo bem, você pode dizer. Eu não vou me chatear.

Lauren começou a recuar, até sentir a cama atrás de si. Começou a olhar para o chão.

— Já disse que não é nada. Você não tinha um lugar para ir agora?

Rose ergueu os ombros.

— Isso pode esperar.

— Esqueça, Rose. Não tenho nada para conversar com você. — Lauren iniciou sua marcha até a porta.

— Pare! — A ruiva segurou-a pelo ombro.

Lauren desvencilhou-se com violência, afastando a mão de Rose para longe.

— Não, pare você! — rebateu ela, mechas de seu cabelo caindo sobre o rosto ao se virar. — Será que você não cansa? Vê se entende de uma vez, não quero mais ser sua amiga. Aliás, nunca fomos amigas, só você que tanto desejava isso. Eu não preciso de amigo nenhum, está ouvindo? Não quero nada com você, nem com ninguém! Então, não me convide mais para suas festas, porque eu não quero ir.

A respiração de Lauren estava arfante. Rose a encarou de volta por alguns instantes, seu semblante de choque transparecendo sua confusão. Mas então, franziu o cenho e sua boca se tornou uma linha reta e inflexível.

— Não é verdade. Você fala todas essas coisas, mas eu não acredito em você.

— Bom, você só enxerga o que quer. Como sempre. É, talvez precise andar um pouco mais comigo para se lembrar de como odiava sua vida naquela época. Pode ser que só assim vá finalmente me deixar em paz.

— Tudo bem, concordo que não foram os melhores tempos do mundo, mas isso porque eu estava presa à ideia de que as coisas não podiam mudar. E não penso mais assim. Além disso... — Rose ergueu as sobrancelhas, cruzando os braços. — Quer saber? Não importa. Quando digo que não acredito em você, o que quero dizer é que não acredito que nossa amizade esteja fadada ao fracasso. A gente pode tentar outra vez, pode ser diferente, desde que...

Lauren rolou os olhos, frustrada.

— Um caso perdido mesmo.

— Não precisa ser, é como eu dizia...

Lauren suspirou.

— Estava falando de mim.

Dito aquilo, ela deixou o quarto, sem ser impedida desta vez.

Rose não sabia bem o que pensar sobre aquela conversa, mas estava certa de nunca ter visto tanta reação vinda de Lauren. Apesar de tantas palavras cortantes, aquilo só podia significar algum progresso. “Tomara que sim”, cruzou os dedos. Havia mais por trás de seu comportamento esquivo, com certeza, e Rose pretendia descobrir o quê.

x-x-x-x

Ele não estava arrependido. Nem um pouco. Quem sabe tivesse evitado um desastre. Na verdade, vendo por aquele ângulo, talvez alguém devesse agradecê-lo. Rose não conversou com ele pelo resto daquele dia, mas valera totalmente a pena.

— Você não precisava fazer uma encenação para o professor não me emprestar o equipamento. Foi golpe baixo, viu? — Rose comprimia os lábios, ainda amuada.

Estavam saindo do Salão Principal após o almoço no dia seguinte. Ela já o havia perdoado por ter estragado sua chance de aprender a voar na tarde anterior, mas não estava conformada por completo.

— Encenação? Não faz meu estilo. Eu apenas apresentei a ele os prós e contras daquela decisão. Ele obviamente ouviu a voz da razão.

— Não importa mais de qualquer forma, não é? — Ela suspirou. — E eu estava com a cabeça meio cheia ontem, podia ser perigoso mesmo.

Scorpius quase riu. “É exatamente disso que eu estou falando!” As distrações de Rose eram sempre arriscadas.

Estavam para sair aos jardins, quando Albus apareceu com uma expressão pesarosa.

— Rose, Malfoy — cumprimentou-os de forma mais simples do que faria normalmente.

Rose, é claro, notou.

— O que houve, Al? — Ela se curvou um pouco para poder sussurrar. — Problemas com a Shallow? — Desde que o relacionamento dos dois havia começado, ela já temia que talvez não tivesse bons resultados e não conseguiria deixar de se sentir culpada caso algo ocorresse.

Albus balançou a cabeça negativamente.

— Não, nada disso. — Ele pigarreou. — Na verdade, vim falar com você como monitor.

Rose e Scorpius trocaram olhares confusos. Albus inspirou fundo.

— Bom, houve várias denúncias de sonserinos alegando que você se esgueirou para a sala comunal deles há dois dias. E, por isso, eu sou obrigado a te levar para a sala da Professora Patch. Como sabe, ela é a Diretora da Sonserina, acho que quer te dar uma pequena advertência. E é provável que você pegue uma detenção também.

Rose ficou de olhos esbugalhados, pega de surpresa. Scorpius estreitou os olhos para o grifinório.

— Isso tudo é idiota. Ela não ficou lá dentro nem cinco minutos.

— Eu sei, Malfoy, mas eles ficaram bastante irritados, dizendo que ninguém de fora entrava lá havia mais de sete séculos ou coisa assim. Estava com cara de desculpa... A verdade é que pareciam bem ofendidos. Eles querem que, bem como falaram, “a grifinória que atrapalhou nossa festa pague por isso”.

Scorpius estava perplexo com a reação dos alunos, principalmente por começar a compreendê-la. “Eles se zangaram porque saí de lá com ela.” Isso explicaria o comportamento na manhã anterior. Certo, ele talvez tivesse sido o destaque do jogo, estavam todos eufóricos, mas não precisavam ficar tão sentidos por causa daquilo. Ele estava odiando toda aquela comemoração, de todo modo.

Além disso, era injusto que Rose pagasse aquele preço sendo que a única razão de ter feito aquilo era para vê-lo. Por Merlin, a sensação de culpa lhe era agoniante — mesmo não sendo mais a primeira vez que a experimentava.

— Bom, parece que não tenho muita escolha... — O loiro suspirou. — É por minha causa que fizeram isso. Melhor eu ir também e esclarecer.

— Não. — Rose segurou seu braço. — Não há nada que possa dizer. E eu tinha consciência de que era errado e de que isso poderia acontecer. Você não precisa se envolver.

— Diz como se eu já não estivesse envolvido... Você só fez aquilo porque queria falar comigo, não foi?

Ele era mesmo insistente, porém, Rose não podia permitir que se aprofundasse naquela história. Mesmo que a razão tivesse sido Scorpius, se o rapaz fosse até lá defendê-la, ela receava que ele se tornasse um alvo dos colegas de casa. “Ele acabou de conseguir seu momento de glória. Deixar que ele faça isso seria o mesmo que o tornar um tipo de traidor de sua casa. Talvez alguns até já achem isso...” Não, aquilo não.

— Na verdade, eu tinha ido lá para... Para conversar com o Hewitt.

— Como é? — o tom de Scorpius era de completa incredulidade.

— É, eu... Eu queria conversar com ele. Por isso, não acho que você deva se enrolar com esse problema, já que você não tem muita relação com ele.

“Para falar a verdade, ele me tirou de lá!” Rose expandia em sua mente aquela conversa fiada para outros limites. “Isso! Malfoy não podia permitir um ultraje daquele e expulsou a intrusa... Ele foi, na realidade, o salvador da festa!” Ela já planejava o que diria caso alguém da Sonserina lhe questionasse.

Scorpius absorvia o que Rose dissera, processando por alguns instantes de cenho franzido.

— Então, foi por isso que foi até lá?

A grifinória quis suspirar em frustração ao notar o tom do rapaz, mas se conteve para não entregar que mentia. “Juro que não falo por mal... Não se zangue, por favor.”

— Sim... Foi.

Rose caminhou até o lado de Albus.

— Nos vemos mais tarde, o.k.? — Enlaçou o braço ao de seu primo e virou o rosto para não precisar mais encarar Scorpius.

Albus lançou ao sonserino um olhar como se estivesse se desculpando e os dois partiram. Derrotado, Scorpius encostou-se contra a parede de pedra, vendo o par se distanciar.

Algo no tom da amiga não soara verdadeiro por completo, mas podia já estar analisando demais. Talvez fosse aquilo mesmo. Quem sabe a presença de Rose nas masmorras sonserinas tivesse tido outro motivo que não ele? Por que seria tão difícil de crer? Ela não era exclusiva. “Acho que sou um maldito egocêntrico mesmo.” Ele por pouco não ri sozinho, irritado com sua reação. Entretanto, não era só isso. Se aquela era razão real dela, se Rose realmente começava a sentir algo por Eric Hewitt... “Eu preciso contar... Mas não há como...” O jeito era torcer para que ela estivesse apenas fantasiando, como fazia com tantas outras coisas.

— Ei, você!

Scorpius se virou na direção da voz que o chamara. Era uma garota de cabelos negros e longos com o uniforme da Corvinal. Era familiar, talvez fossem do mesmo ano.

— O que é? — Não estava muito disposto a conversar naquele momento, muito menos com estranhos. Ela não pareceu se incomodar com seu tom.

— Era o Albus que estava aqui há um minuto? Eu estou procurando por ele já faz um século, não o vi o dia todo.

— Hã? — Scorpius ficou até um pouco mais impaciente, não sabia bem por quê.

Ela rolou os olhos, pouco tolerante.

— Você sabe, Albus Potter. Sim, filho daquele Potter. Todos sempre perguntam... Não era ele, então? É que — ela ajeitou os cabelos com uma expressão de modéstia que não convenceu Scorpius. —, bem, ele é meu namorado.

— Poxa, que bom pra você — Scorpius arqueou as sobrancelhas e pôs-se a caminhar. “Simplesmente não tenho tempo para essa merda.”

— Espera, calma aí. — Ela foi atrás. Ele não parou de andar, sequer diminuiu o ritmo. — Meu nome é Tracy Shallow. É Malfoy, né? Foi você que jogou como se fosse um ciclone no sábado, certo? É verdade que derrotou o Albus, mas aquilo foi muito impressionante, ninguém pode negar.

“Eu mereço.”

— Sou eu. Quer que eu autografe sua testa ou algo assim? — falou com sarcasmo.

Tracy soltou uma risada aguda.

— Nossa, você é engraçado. Já te falaram isso?

— O tempo todo. E você é irritante, mas tenho certeza de que já te falaram isso, Tricia.

— Tudo bem, não precisa se esforçar tanto para me impressionar. Agora, você é legal o suficiente para andar comigo e a turma do Albus. E é Tracy, não Tricia.

Aturdido com o que havia escutado, Scorpius precisou olhar para a garota.

— Tricia, Tracy, eu não ligo. E não faço ideia de que turma é essa, mas também não dou a mínima para isso. Será que você poderia parar de falar agora?

— Meu Deus, você é muito rude! — ela ficou indignada como que da água para o vinho, sua voz ainda mais estridente.

— Deve ser a primeira coisa que você disse que soa sincera. Enfim, tenha um bom dia. — Scorpius endireitou-se, deixando a corvinal para trás.

“Se ela é mesmo namorada do Potter... Eu tenho pena do cara.”


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Notas finais do capítulo

De abraço em abraço, Rose e Scorpius chegam lá! Acho que todos concordam que uma cena mais "romântica" que isso ficaria fora de contexto, considerando o momento em que eles estão. Será que afinal a Rose aprenderá a voar ou não?? Ai, ai, que par mais indeciso... Aliás, Rose deveria saber que mentiras só causam mais complicações... Mas recentemente ela ouviu que mentiras "do bem" são válidas. E são... não?
A Lauren reapareceu depois de uma eternidade! O desenvolvimento do arco principal dela está cada vez mais próximo... A Tracy está aí também sendo... sendo a Tracy :D
Os ingressos que o Albus ganhou serão mencionados novamente daqui uns dois capítulos, mas a questão é quem ele irá convidar!

Mudando de assunto, queria saber se estão achando que a fic está ficando muito longa, porque posso garantir que não estamos perto do fim (mas já passamos da metade... eu acho). Talvez se as postagens ficarem mais frequentes, a quantidade não seja um problema, certo? Vou fazer o possível!

E quais suas teorias sobre o Eric? O que tenho planejado é um pouco cabuloso, mas seria interessante saber quem acham que ele é e o que está fazendo.

Trecho do próximo cap.:

"Rose ficou revezando seu foco entre os dois sonserinos, enquanto tentava entender o que havia acabado de ouvir.

— Lucy... — ela murmurou, pondo uma mão sobre o ombro da menina. — Acho melhor você ir para o seu dormitório."

Então, fechamos por aqui! Até o próximo ^^

Beijoos!