Todo o salão estava em silencio, assistindo a cena que ali acontecia, nem mesmo os professores interferiram em nada.

- ESTÁ OUVINDO? – repetiu Sara fazendo Kayte chorar de dor.

- Si... Sim! – choramingou Kayte.

Sara sorriu. Um sorriso um tanto maléfico e continuou.

- VOCÊ VAI APRENDER QUE NÃO SE DEVE FALAR DA MINHA MÃE.

Sara estava totalmente fora de si, totalmente possuída pela raiva e ódio, Lia não reconhecia a pessoa que estava ao seu lado, naquele momento essa pessoa não era sua irmã.

Kayte gritava cada vez mais alto e Lia já estava sentindo sua angustia e ninguém ali fazia nada.

- Sara. Por favor, para com isso! – suplicou Lia com algumas lagrimas já caindo.

Mas Sara parecia não ter ouvido, sua atenção estava toda em Kayte. Lia não aguentando mais e chorando muito, se colocou na frente de Sara e gritou.

- SARAAA PAARAA! – e sussurrou entre choros – Por favor!

Como de um transe, Sara acordou, e Kayte foi ao chão ainda gemendo de dor.

Seus olhos agora já não estavam mais escuros com antes, ela agora visualizava todos. A maioria com cara de espanto, também viu Kayte no chão, e quando olhou para sua irmã que continuava a chora entendeu o  que havia feito.

Sara ainda muito confusa, correu em direção à saída, sendo seguida por sua irmã, no entanto, antes de chegarem lá, uma luz azul saiu do corpo de cada uma das gêmeas e as lançou sentada no chão. Elas ficaram sem entender nada. O que estava acontecendo com elas?

Todos ainda assistiam a cena, alguns achavam que estavam dormindo outros não conseguiam pensar em nada, os professores nada diziam e nem interrompiam, as garotas que ainda estavam no chão olhando hipnotizadas para as duas almas a sua frente, não acreditavam no que viam, e juntas falaram.

- Papai, Mamãe, são vocês?

A luz que havia saído de Sara se transformou em Lívia e a que havia saído de Lia se transformou no Henrique. Eles apenas assentiram com a pergunta feita.

- Porque vocês estão como almas... – Lia perguntou ainda não acreditando que eram eles.

- Minhas meninas! – disse Henrique olhando carinhosamente para elas. –Sinto muito em lhe informa, mas chegou a hora de nós cortarmos toda a verdade sobre vocês. Primeiro sobre seu pai que não está morto, ele está bem vivo e muito próximo de vocês. – as meninas se entre olharam. – O pai biológico de vocês é o professor Snape.

- O QUE! – os três “Snape, Lia e Sara” falaram em coro.

Todos os alunos e alguns professores ficaram boquiabertos com o que ouviram, foi ai que Dumbledore decidiu intervir, sabia que aquele assunto deveria ser particular, pediu que todos os alunos fossem para suas salas comunais, e pediu também que Madame Promfey levasse Kayte a ala hospitalar.

Depois de muito tumulto dos alunos. Só restou o diretor os professores e as garotas que ainda estavam no chão sem acreditar no que tinham ouvido. Sara e Lia ainda surpresas perguntaram novamente.

- Como é? O Snape é nos...so pa..i? – gaguejaram incrédulas.

- Sim meus amores, ele e seu pai biológico. – respondeu Lívia.

- É porque só agora vocês decidiram contar? – perguntou Sara.

Henrique deu um profundo suspiro olhou para Lívia que lhe deu um leve sorriso, olhou para as meninas e começou a falar.

- Primeiro quero dizer que as amamos muito e que foi um grande presente poder ter cuidado e as protegido, mas infelizmente não podemos mais cuidar de vocês, e por conta disso precisamos contar toda a verdade.

 Snape e Dumbledore se aproximaram das meninas que ainda estavam sentadas no chão. Henrique olhou para Snape e falou mais diretamente para ele.

- Quando você pediu para minha irmã fugir e se esconder em um local mais seguro, ela me procurou e pediu minha ajuda. Ela sabia que mesmo fugindo e se escondendo, chegaria um momento que eles a encontrariam. Ela me pediu que se algo acontecesse a ela, eu poderia ficar responsável por suas filhas. Eu não pude recursa esse pedido. Um ano tinha se passado e eu não tive nenhuma noticia dela, ate que uma noite, dois bebês apareceram na sala da minha casa. – Ele mudou seu olhar para as meninas e continuou. – Eu não sei como vocês chegaram lá, mas sabia que naquele momento eu não tinha mais minha irmã, eu sentia um vazio dentro de mim. Junto com vocês tinha um colar que se dividiu em dois, e um pedaço de papel com uma mensagem escrita a sangue que dizia.

“Henrique como havia previsto eles me encontraram. Eu estava indo com as meninas para casa em um veiculo trouxa, quando um comensal apareceu na pista e lançou um feitiço no carro, que saio rodando pelo ar e batendo em uma arvore, nesse momento estou muito ferida e não vou aguentar muito tempo, mas graças a Merlin as meninas não se machucaram. Por favor, cuide delas e diga que eu sempre as amarei muito, e, por favor, não conte nada para Snape, diga simplesmente que aconteceu um acidente e que não sobrevivemos. Não fará bem se ele souber que um comensal foi o responsável pelo acidente. Ele precisa ser forte nesse tempo de guerra. Eu sempre os amarei.”

As meninas estavam em transe. Como em um filme tudo que aconteceu no dia do acidente passou pelas suas mentes.

“Sua mãe no banco do motorista e elas no banco de trás. Sua mãe ria olhando elas brincando ate que sua atenção foi para um comensal que estava na pista, ele lançou um feitiço e o carro saiu rodando, sua mãe estava muito ferida e sagrava muito, ela pegou um pedaço de papel e com o dedo sujo de sangue escreveu uma carta, depois colocou dentro da blusa de Sara, sorrio para as meninas e disse. – Eu amo muito vocês, não se esqueçam disso. – Depois pegou um colar que era uma chave de portal, juntou as duas mãozinhas com o colar, deu um imenso sorriso e fechou os olhos e as meninas aparataram na casa de Henrique.”

As meninas começaram a chora com a lembrança, que por algum motivo Snape também viu. Lívia se pronunciou.

- Meus amores, nós contamos tudo, porque não podemos mais proteger vocês. Hoje mais cedo fomos atacados por dois comensais, conseguimos mata-los, mas tivemos muitos ferimentos graves, então decidimos juntarmos nossas ultimas forças para lhes contar a verdade.

- Meninas, me desculpem por não ter contato que também era seu tio, queria proteger vocês. – Henrique olhou novamente para Snape e fez um pedido. – Snape, sinto muito em não ter te contado antes a verdade você deve me odiar, mas prometi a minha irmã que não te contaria nada, mesmo assim queria te fazer um pedido. Sei que você não é a melhor pessoa do mundo, mas sei que é a melhor pessoa para proteger e cuidar de minha filha Carly, graças a Merlin ela estava na casa de uma amiga quando tudo aconteceu. Ela ainda não sabe do acorrido, sei que ela vai sofre muito, por isso peço que cuide dela, assim como cuidei de suas filhas.

Snape não disse nada, nem ao menos se mexeu, ele estava em transe, lembrava-se de Lohane e de seus bebês recém-nascidos, lembrava-se de quando teve que se despedir delas, lembrava-se de como tinha sofrido quando soube do acidente e da morte. E de como ele viu a lembrança do acidente que por algum motivo as meninas tiveram.

As garotas estavam exaustas e muito suadas, pois os espíritos precisavam das forças vitais delas. Henrique e Lívia começaram a ficar cada vez mais claros ate que juntos disseram.

- Vocês sempre serão nossas filhas e amamos muito vocês não esqueçam.

Após dizerem isso sumiram e as meninas desmaiaram de exaustão.