Capítulo 3 - Beco Diagonal

POV Lia

Eu não fazia ideia do que havia por detrás daquele muro, então o que vi me surpreendeu bastante. Depois que os tijolos começaram a se mover, o muro se tornou uma entrada para um lugar incrível, embora um pouco bagunçado: Naquele local havia dezenas de lojas, um prédio enorme mais ao fim do beco, e uma quantidade infinitamente grande de pessoas apressadas tentando completar as compras o mais rápido possível. Dumbledore nos guiou por entre a multidão e, por sorte, era muito difícil não se perder daquele homem. O primeiro lugar que ele nos levou foi em uma loja comum, o letreiro na porta dizia o nome inteiro, mas só consegui ler Madame Malkins. Quando entramos eu vi do que se tratava: haviam roupas antiquadas penduradas em vários cabides, perto das paredes, roupas de diversas cores desde preto até vermelho vivo. Mal entramos e uma atendente veio até nós, cumprimentou o nosso acompanhante como se estivesse agradecendo a presença dele e então percebeu para o que estávamos ali.

- Oh, minhas queridas, venham comigo, vamos providenciar as melhores roupas pra vocês. Não temos o que perguntar muito, somente tirar medidas, visto que vocês vão para Hogwarts e no momento precisam de uniformes.

Ela nos levou até uma espécie de pedestal e uma fita métrica começou a coletar nossas medidas. Era divertido vê aquela fita trabalhar sozinha. Em seguida nos trouxe um uniforme preto para cada uma e também os acessórios que continha na carta, o que incluía luvas e chapéu. Mas claro, apesar de ter tudo ali nas mãos a minha irmã tinha que reclamar de algo:

-Fala sério, essa roupa é tão cafona. Olha o tamanho disso! Passa do meu joelho e tudo de uma cor só. Ninguém merece.

- Irmãzinha, faz um favor? Para de reclamar, você tá recebendo tudo de graça. "foi ai que lembrei que eu não tinha levado nenhum dinheiro". - Espera, senhor Dumbledore, digo, Dumbledore, nós vamos ter que pagar por isso? Porque eu não trouxe dinheiro, e isso parece ser caro.

- Minha jovem, não se preocupe, já peguei todo o dinheiro que vão precisar daqui pra frente nas compras. Bom, senhora Malkins, muito obrigado. Vamos meninas, temos muitas coisas para comprar além das roupas.

POV SARA

Ainda bem que não demoramos muito naquela loja, até que era legal ser medida por fitas métricas magicas, mas aquelas roupas eram horríveis, nem consigo me imaginar dentro delas, sei que terei muito trabalho para deixa-las ao meu gosto, mas não precisaria me preocupar com isso agora.

Depois que a chata da minha irmã, pegou os pacotes saímos da loja, e Dumbledore nos guio para outra loja ao lado, dizendo que ali seria aonde iriamos adquirir nossas varinhas. Ele pediu que quando terminássemos de compra a mesma, esperasse por ele ali na porta, e após isso segui andando pelo beco.

A loja parecia pequena, muito velha, misteriosa e se duvidar-se poderia ter anos, que não tinha uma limpeza adequada, pois estava muito empoeirada. No fundo da loja um homem apareceu, fazendo com que Lia e eu levasse um pequeno susto, ele tinha um ar misterioso em sua voz que muito me intrigou.

- Que bom vê-las senhoritas Swants, estava esperando a visita de vocês! – em seguida ele subiu em uma escada e retirou das estantes duas caixas retangulares.

- Lembro-me de quando seus pais vieram aqui encomendar suas primeiras varinhas. A varinha que sua mãe escolheu é de Freixo, uma bela varinha. Já seu pai preferiu uma de salgueiro, muito forte.

- Senhor você conheceu nossos pais? – Perguntei um pouco receosa.

- A sim, era um lindo casal... Pena que o destino não os quis junto... – dizendo a ultima frase num tom quase inaudível.

- Mais deixemos o passado no passado, venham se aproximem. - falando agora em um tom mais alto, e entregando uma varinha para mim e outra para Lia.

Peguei a varinha e depois olhei para Lia também com sua varinha em mãos, não tínhamos a mínima ideia do que fazer então eu olhei para o homem atrás do balcão, na esperança de que ele dissesse algo. Ele percebendo isso falou.

- Vamos façam qualquer movimento com elas.

Segurei mais firmemente e apontei para uma estante a minha frente, todas as caixas que ali estavam voaram sobre nossas cabeças. O senhor me olhou surpreso. Olhei para Lia e ela fez os mesmos movimentos, e a mesma coisa aconteceu.

- Poxa, não deu certo. Tentem trocar as varinhas, por favor. –O vendedor pediu com gentileza.

Trocamos as varinhas e eu tentei apontando a varinha para a luminária no balcão. Foi uma péssima ideia, porque aquele objeto se estilhaçou todo. Minha irmã tentou mirar em alguns dos poucos livros que havia naquela loja e, bem, creio ser desnecessário dizer que todos voaram pra longe do local onde estavam.

- Curioso muito curioso! Nenhuma das duas deu certo. Não tem jeito, os pais tentam escolher a varinha, mas no final é sempre a varinha que escolhe seu bruxo. – Disse o homem com um olhar de interesse.

Eu e Lia apenas observava agora o homem vinham com mais duas caixas, as colocou no balcão, pude ver que uma era preta e a outra em um tom um pouco mais claro, puxando para cinza.

- Muito bem, tentem essas duas. Devem dar certo.

Eu escolhi imediatamente a da caixa preta. Era linda a varinha, apesar de ser feita de madeira era muito bem trabalhada, assim como a da minha irmã. Assim que nós tocamos as varinhas à luminária se consertou sozinha, os livros voltaram ao seu lugar e as caixas derrubadas se reorganizaram. Pelo menos a gente não teria de pagar nenhum prejuízo. Em seguida o senhor que estava no balcão olhou com um sorriso no rosto e falou:

- Não acredito vocês são gêmeas até na alma. A madeira das varinhas de vocês são diferentes, representando seus temperamentos. Você, minha jovem do olho escuro, tem uma varinha de mogno, portanto você é bem ativa e adora aprontar. E você minha cara menina dos olhos claros, tem uma varinha de freixo , portanto você é bem mais calma que a sua irmã, e mais prudente. Apesar destas diferenças os núcleos, que representam a alma de vocês, são exatamente iguais, de um fio de cabelo de veela, porém são exatamente da mesma veela.

Depois de pegarmos nossas varinhas, nos despedimos do vendedor e saímos da loja, e ficamos esperando por Dumbledore.

POV LIA

- Será que o professor vai demorar muito, ainda temos muito que compra, e eu estou doida para adquirir logo os livros.

- Você e essa sua mania de leitura. Menina a vida não é só leitura, você tem que se divertir mais.

- Diferente de você eu não preciso fazer nada de errado para me divertir, pois diversão não é só quebrar as regras ou fazer algo de errado, que nem você faz. – falei mostrando a língua pra ela.

“Às vezes eu me pergunto como podemos ser irmãs, ela é tão impulsiva, irresponsável, chata e a cima de tudo vive brincando, isso me irrita tanto.”

- Às vezes me pergunto se não trocaram a gente na maternidade, você é muito chata pra ser minha irmã.

- Eu estava pensando a mesma coisa, antes de você falar.

 Olhei para final da rua e avistei o professor vindo com mais alguns pacotes, quando ele se aproximou pude ver que ele trazia uma gaiola e dentro uma linda coruja cinza com as pontas das penas preta.

- Espero que gostem, tive a liberdade de comprar pra vocês. – ele disse com um grande sorriso.

- Nossa ela é muito linda, a gente agradece professor. Sara como vamos chamar ela? – perguntei, enquanto pegava a gaiola das mãos de Dumbledore.

- Que tal Nimbus?!

- Nimbus, Por que Nimbus? – perguntei, fazendo uma cara de: “onde você tirou esse nome”.

- Porque ela parece uma nuvem nublada, você não acha? Lembra que as nuvens carregadas são chamadas de Cúmulos Nimbus? Você devia saber, você que é a Sabe tudo – disse ela com um tom de deboche.

- Mas se é Cúmulos Nimbus, por que não chama de Cumulus? – Eu perguntei.

- Porque Cumulus é o cúmulo! Vai ser Nimbus e pronto. – disse minha irmã dando o assunto como encerrado.

- Minhas queridas, vamos andando está ficando tarde já. E concordo com a senhorita Sara, Nimbus é um belo nome.

- É eu sei, sou muito criativa, mas vamos logo. – disse Sara se gabando e me puxando pela rua.

Caminhamos até uma loja onde tinha escrito floreios e borrões, quando adentramos eu quase desmaie, com a quantidade de imensos livros que ali tinha, eu estava praticamente dentro de um baú de tesouros, era fantástico, livros de todos os tamanhos, dos menores aos maiores tamanhos possíveis.

- Professor eu acho que a Lia vai ter um ataque.

Quando aquela chata queria estragar minha felicidade, ela sabia bem como fazer.

- Deixa de ser estraga prazeres, estou no meu momento de felicidade. – falei dando uma tapinha em sua cabeça.

Eu não sabia o que fazer, para onde ir, queria estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Decidi me acalmar, respirei e então olhei a lista de materiais, afinal se era para começar por algum livro, seriam os da lista. Comecei indo em busca do livro de feitiços, que me parecia ser algo fundamental, depois fui em busca do de poções que me interessou bastante, depois contrafeitiços e azarações, e assim por diante. Só demorei muito porque enquanto eu pegava um dos livros de cada prateleira, não conseguia deixar de dar uma olhada em alguns outros livros que não constavam na lista. Sempre que eu pegava um livro desnecessário minha irmã falava algo como:

- Ah não, de novo? Será que você não podia pegar só o que a gente precisa? Esse local é muito chato, temos que sair logo. Sua nerd idiota!

Eu não ligava, afinal já estava acostumada com esse tipo de coisa. Embora ela tenha reclamado de que tínhamos demorado demais, para mim só haviam se passado apenas alguns segundos. Foi a melhor de todas as compras que fizemos naquele dia. Em determinado momento tivemos que ir. Depois fomos comprar as outras coisas

POV NARRADORA

Depois de terem comprado todos os materiais, Dumbledore levou as meninas de volta para casa, explicou como elas iriam pegar o expresso de Hogwarts na plataforma nove três quartos, e disse que aguardaria ansioso para verem elas novamente no primeiro dia de aula em Hogwarts.

A semana seguinte seria tranquila se as meninas não estivessem tão ansiosas para o inicio das aulas, Carly ainda estava triste por não poder ir com as gêmeas, mas se conformou quando elas prometeram escrever todas as semanas.

No dia do embarque, as gêmeas estavam uma pilha de nervos, Lívia tentava acalma-las, mas nada adiantava, quando deu o horário todos saíram para a estação King’s Cross.