Abri os olhos lentamente dando de cara com Cato, ele parecia tão sereno, tão calmo, tranquilo... Lindo. Um sorriso se forma em meus lábios. Sacudo a cabeça negativamente tentando tirar esses pensamentos. Que merda!

  Vejo-o se mover e abrir os olhos preguiçosamente, seus olhos encontram os meus e ele sorri, sorrio de volta.

  – Acho que você tem que ir, seus pais devem estar preocupados – digo suavemente.

  – Nossa, já está me expulsando tão cedo? – pergunta com falsa ofensa.

  – É sério Cato – falo desviando de seu olhar –, você ainda tem que falar com a Undersee.

  – Será que você pode não falar nela? – pergunta irritado.

  – Não. O que a gente fez aqui foi errado, você transou comigo porque queria esquecer ela, mas isso não vai acontecer, sabe por quê? – pergunto e ele fica calado, continuo – Porque você ama ela. AMA CATO – grito – E você nunca, NUNCA, vai me amar ou qualquer outra garota que não seja ela – respiro fundo – Você deveria falar com ela para esclarecer as coisas. Tenho certeza que ela também te ama, só fez aquilo porque, de repente, ela queria ter certeza do que sente por você, eu não sei, mas as pessoas cometem erros Cato, ninguém é perfeito. Olha, conversa com a Madge, de repente ela tem uma explicação plausível para o que aconteceu, deixa o teu orgulho de lado e ouve ela, sua felicidade está em jogo.

  Suspiro e o vejo fazendo o mesmo, ele se levanta, veste-se e sem dizer uma única palavra, vai embora.

Segunda-feira

  Chego na escola e, logo, Peeta vem falar comigo, ele está um tanto quanto... Eufórico.

  – Clove, você não sabe o que aconteceu! – fala agitado.

  – Oi pra você também – falo sarcástica.

  – Sem sarcasmo por favor, o que eu tenho pra te falar é muito importante.

  – Então fala criatura.

  – Eu beijei a Katniss – diz sorrindo.

  – Você tem razão, isso sim é uma ótima noticia. E então... Vocês estão namorando?

  – Não – ele abaixa a cabeça e suspira frustrado – Eu me declarei e beijei ela, mas ela só me quer como amigo.

  – Isso não é bom – digo pensativa – Acho que você deveria partir pra outra, sabe, dar oportunidade para outras garotas, que gostem de você de verdade.

  – Uma garota como você – ele diz e eu arregalo os olhos, ele ri –, qual é Clove? Eu confio em você, você confia em mim, e nós somos amigos, certo? – afirmo –, então, nós seriamos o casal perfeito. Você aceita namorar comigo?

  Eu ainda estava em choque, mas... Por que não? Não vejo mal nenhum nisso, nós somos livres e desempedidos mesmo.

  – Peeta Mellark... Eu aceito ser sua namorada – ele abre um sorriso e me abraça.

  Ele me solta e entrelaça nossos dedos.

Hora do almoço

  Entramos no refeitório de mãos dadas e sorrindo, algumas pessoas nos olham e cochicham alguma coisa, ignoramos e sentamos em uma mesa qualquer, até alguém nos chamar. Annie.

  – Sentem-se aqui, com a gente – diz simpática como sempre.

  Assentimos e vamos em direção a mesa deles.

  – Então, vocês parecem ser bem íntimos – comenta Finnick.

  – É, nós somos muito íntimos mesmo – falo lançando um olhar malicioso para Peeta que retribui.

  Katniss chega na mesa e se senta sem dizer nada, parecia estar distraída com o celular.

  – Na verdade, Peeta e eu estamos namorando – digo e consigo o que queria, a Everdeen engasga, e finalmente nos olha com uma expressão confusa, a testa levemente enrugada.

  – Desculpa, mas o que você disse? – pergunta.

  – Eu disse que o Peeta e eu estamos namorando – falo lentamente.

  Vejo ela trincar o maxilar.

  – Que ótimo – ela sorri forçadamente, e eu sinto uma pontada de raiva na voz dela. Ponto para mim! Haha

  Cato chega com sua irmã Glimmer.

  – Então gente, parece que nós temos um novo casal em Panem School – diz Annie animada.

  – Temos? – pergunta Cato arqueando a sobrancelha e Glimmer também faz uma cara confusa.

  – Temos – confirma Annie –, Peeta e Clove é o mais novo casal desta escola.

  – Parabéns – diz Glimmer, Peeta agradece , enquanto eu vejo Cato me olhar de forma estranha.

  O clima tenso se espalha pela mesa, a começar com a Everdeen nos (eu e Peeta) fuzilando com o olhar.

  – Eu vou ao banheiro – digo para sair o mais rápido possível de lá.

  Me levanto e vou em direção a saída do refeitório. Chego no banheiro e respiro aliviada, mas esse alivio passa assim que ela entra no banheiro.

  – Então quer dizer que você e Peeta estão namorando? – pergunta retoricamente.

  – Sim, estamos – digo calmamente.

  – E você sabia que na sexta-feira ele se declarou pra mim?

  – É, eu sabia, e é exatamente por isso que nós estamos namorando, para ele te esquecer, aliás, qual é a sua hein garota? Foi você mesma quem dispensou ele e agora vem tirar satisfações comigo porque eu estou namorando com ele? – pergunto e vejo ela ficar sem reação – O que foi Everdeen? Tá apaixonada pelo Peeta? Ou é só “ciúmes de amiga”? – pergunto fazendo aspas – Sabe, você é muito burra mesmo! Não é à toa que o Gale nunca quis nada contigo! E aí veio o Peeta, todo fofinho, gosta de você, e você dispensa, não se deu nem o trabalho de dar uma chance pro garoto. Então queridinha, não vem pra cima de mim querendo tirar satisfações não, se você descobriu que quer o Peeta, lute por ele, fala pra ele o que sente, mas lembre-se, eu tentei ajudar vocês a ficarem juntos e você desperdiçou a chance, acima de tudo o Peeta é meu amigo e eu não quero que ele se machuque com uma menininha fútil, mimada e insegura como você – vejo algumas lágrimas rolarem pelo delicado rosto da morena – Katniss, se você continuar assim, vai perder muitas coisas, chances, pessoas. Lute pelo o que você quer, e se você quer o Peeta, vá atrás dele e fale tudo pra ele, talvez ele te dê uma chance, mas tenha em mente, que sempre terá outras garotas, afinal de contas, o Peeta é o namorado que todas querem – saio do banheiro e volto pro refeitório.

  – Demorou – sussurra Peeta para mim.

  – Desculpa – Katniss se senta –, é que eu tive um imprevisto. Posso falar com você depois?

  – Claro, quando a gente sair da escola, podemos ir naquela cafeteria aqui perto e aí você me fala o que vocês conversaram no banheiro.

  Peeta é muito esperto.

[...]

  – Então você acha que ela gosta de mim? – pergunta franzindo a testa.

  – Tenho quase certeza que sim. Olha, essa história da gente namorar já deu o que tinha que dar só essa manhã, acho melhor nós terminarmos.

  – Eu também acho. Amigos? – ele estende a mão.

  – Amigos – digo apertando a mão dele e voltando a tomar meu capuccino.