O Diário De Sophie escrita por HelenMárcia


Capítulo 14
Capítulo 14 - Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Comentem pessoal, a história já está chegando ao fim!



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Jantamos em um restaurante italiano. Jeff e eu conversamos bastante aquela noite e comemos bastante também. Eu nunca havia comido pratos (não é literal) tão deliciosos.

Sophie, essa noite está sendo muito especial para mim. Disse ele me olhando.

Posso saber por que? Perguntei não querendo encará-lo.

Porque finalmente estamos tendo o nosso primeiro encontro. Ele disse sorridente.

Oh Jeff! Gargalhei. − Depois de meses de passeios, conversas, e dois beijos, você acha mesmo que esse é o nosso primeiro encontro?

Nossa, eu não sabia que havia te beijado tão pouco! Disse ele arregalando os olhos. Fiquei vermelha de vergonha. Pra quê eu fui falar em beijo?

Esse canelone está uma delicia, não acha? Disse tentando desviar a conversar.

Acho, e você está linda nesse vestido. Sabia que azul é minha cor favorita? Disse ele me olhando intensamente.

Jeff, vai parar com isso ou vai querer que eu vá embora? Perguntei já ficando irritada com aqueles comentários.

Me desculpe, é que às vezes é difícil evitar. Nem sempre sei o que estou fazendo. Sophie você é tão encantadora e eu já disse, eu sou louco por você.

Jeff, eu pensei bastante sobre nós dois e...não quero você se sinta rejeitado, mas...

Não diga Sophie, não diga. Ele falou sorrindo levemente.

Você não vai me odiar vai? Disse preocupada se ele estava aborrecido.

Sophie! Eu não posso e nem não consigo te odiar. Eu te amo! Ele disse apertando as minhas mãos por sobre a mesa.

Eu estava emocionada demais para dizer qualquer coisa. Lá no íntimo eu queria poder dizer o mesmo para ele, só que meu coração já pertencia a outra pessoa. Jeff era tão sensível com as pessoas. Ele parecia entender o que se passava dentro da minha mente e eu sabia que ele não me forçaria a nada.

Depois do jantar fomos caminhar um pouco pela cidade quase deserta. Estava uma noite sublime com uma lua esplendorosa e estrelas brilhantes. Ah! Como eu adorava essa época do ano, tudo era perfeito. Jeff e eu estávamos bem próximo ao Palácio de Cristal e nesse momento senti uma vertigem, algo estava para acontecer, eu tinha que ir para casa.

Jeff deixou-me na porta de casa e se despediu dando-me um beijo na testa.

Tenha uma boa noite Sophie.

Idem Jeff.

Quando entrei, minha mãe veio logo para cima de mim esperando que eu lhe contasse algo sobre o jantar, mas acabei frustando a sua euforia subindo para o meu quarto. Não queria falar com ninguém mais aquela noite. Estava tremendo de nervoso, algo ia acontecer, e eu sabia que era comigo. Meu Deus! E se eu morresse aquela noite?

Eu dormi e sonhei que estava andando num jardim florido e muito bonito. Comecei a girar e girar com a cabeça voltada para cima olhando o céu azul com esparsas nuvens brancas. De repente eu ouvi um grito, alguém me chamava ao longe. O céu começou a se tornar nublado enquanto eu corria em direção a voz. Escorreguei em um lamaçal que surgiu a minha frente e caí dentro de um buraco, e lá encontrei o Nícolas sentado, todo sujo de barro. Mas quando tentava me levantar para me aproximar dele senti que caia terra em cima de mim. Aquilo não era um simples buraco, era uma cova, e Nícolas e eu estávamos sendo enterrados vivos. Nós começamos a gritar, mas a terra continuava caindo, já estava cobrindo nossas cabeças ficando difícil de respirar. Sentia falta de ar e não conseguia mais gritar. Então despertei.

Não me lembro de como havia chegado ali, mas eu estava no hospital. Estava em um quarto com muitos aparelhos. Havia alguma coisa no meu nariz, um tubinho. Também tinha um tubinho no meu braço por onde passava um líquido vermelho. O que tinha acontecido comigo? Por que eu estava no hospital? A última coisa que eu me lembrava era de ter entrado no meu quarto e me jogado na cama.

Doutor Joelson entrou no quarto e olhou-me com seriedade. Eu queria fazer tantas perguntas a ele, mas não conseguia articular palavra alguma.

Sophie, como você está se sentindo?

Pumft.

Sei que você não está conseguindo falar, me desculpe. Você deve estar se perguntando como veio parar aqui e por quê. Você, Sophie, praticamente morreu. Seus pais a trouxeram aqui noite passada inconsciente. Você já quase não respirava e estava muito pálida. Quando você teve uma parada cardíaca, nós tivemos que usar o desfibrilador. Por pouco não a perdemos. No momento você está estável, mas só porque conseguimos fazer uma transfusão de sangue de emergência. Ele fez uma pausa. − Sophie, seus pais já sabem de tudo. Eu não pude esconder deles quando a viram quase morta em cima dessa cama. Agora eu quero que você descanse e não se esforce, talvez amanhã você já possa estar falando e vai ver seus pais. Por hoje, você ficará sob observação. Ele alisou as minhas mãos e saiu do quarto.

Não dá para acreditar que eu morri e ressuscitei. Eu não posso acreditar. Eu não posso morrer agora, não sem antes ver o Nícolas bem. Eu tenho que me esforçar para resistir pelo menos mais um pouco. Nícolas precisa de mim. Tinha que arrumar um jeito de falar com ele, de contar toda a verdade. Mas em que hospital eu estava? Se eu estivesse no Santa Teresa seria fácil me comunicar com o Nícolas, mas agora eu teria que esperar. Quando eu pudesse falar e me mover, eu resolveria isso.

No dia seguinte eu já me sentia um pouco melhor. Logo pela manhã entraram várias enfermeiras que trocaram os lençóis da cama e que me ajudaram a fazer minhas necessidades. Depois de pronta colocaram-me novamente ligada ao tubo de sangue e soro. Parece que eu não poderia ficar muito tempo longe daquele tubo. Aquele sangue continha os glóbulos vermelhos que eu necessitava para viver.

Uma enfermeira baixinha trouxe meu café da manhã: cinco torradas, uma banana, um iogurte e um copo de leite. Ainda bem que não trouxe nenhum mingau, porque eu detestava. Assim que terminei o café, o meu médico, o doutor Joelson, entrou no quarto com uma prancheta.

Bom dia Sophie! Vejo que está melhor hoje. Deixe-me dar uma olhadinha nesse tubinho... bem você já consegue falar alguma coisa?

Siii... sim. Respondi como pude.

Tudo bem, não precisa se esforçar. Seus pais estão aqui fora e querem vê-la. Você se sente bem para recebê-los agora?

Não. Eu... eu... queria saber em que hos... pital estou. Falei, mas sentia uma forte dificuldade em articular as palavras. Exigia que eu tomasse ar antes de falar e deste modo eu perdia o fôlego.

Calma Sophie, devagar. Você está no hospital Santa Teresa. Parece estar mais próximo a sua casa, por isso seus pais a trouxeram para cá.

Eu pre... ciso ver um... uma pes... soa...

Sophie, devagar. Quem você quer ver?Disse o doutor colocando a mão sobre minha testa.

Nícolas. Disse em um só fôlego.

Você não está falando do Nícolas que está internado aqui com leucemia não, né?! Disse ele olhando-me seriamente.

Siiim!

Impossível Sophie. Você não está em condições de sair pelo hospital. Tem que ficar de repouso absoluto. Não posso permitir que você esforce de maneira alguma.

Ma... mas...

Não Sophie, eu sinto muito, mas não posso. Você pode... pode... falecer a qualquer momento. Eu estou tentando te salvar Sophie. Por favor, me ajude não tentando se matar.

A única coisa que fiz foi encará-lo e assentir. Deus já estava me chamando, eu sentia isso. Era verdade, eu já estava nas últimas. Não adiantaria ninguém tentar me salvar, era tarde demais. Só que eu ainda tinha uma missão a cumprir nessa terra. Era salvar o Nícolas dele mesmo.

Por mais catastrófico que possa parecer, não era tanto ruim assim. O quê? Morrer? Sim. Eu já havia me resignado há muito tempo. Claro que fico triste ao pensar na vida que poderia ter mais adiante. Quem sabe Nícolas e eu começássemos a namorar, e depois nos casaríamos e teríamos filhos. Nós dois concluiríamos a faculdade de psicologia, abriríamos um consultório, trabalharíamos juntos para resto de nossas vidas. Pumft, tudo isso são sonhos, e no meu caso não vão se realizar. Eu peço a Deus que Nícolas fique bom e que possa viver aquilo que eu nunca poderei viver. E para que isso venha acontecer eu precisaria falar com ele urgentemente, pois já não me restava muito tempo.

Durante todo o decorrer do dia estive pensando em como eu faria para sair daquele quarto sem que ninguém me visse. Eu teria que esperar até que fosse bem tarde, quando o movimento no hospital diminuía. Tinha também que encontrar minhas roupas. Não queria que Nícolas me visse em camisola de hospital, queira que me visse bem. Depois, ainda tinha que pensar em como faria para tirar aqueles tubinhos. Meu Deus! E se eu tirasse o tubinho do sangue e morresse antes mesmo de chegar ao quarto do Nícolas? Céus! Isso era dramático demais.

E lá estava eu, esperando cada hora passar, até que fosse suficientemente tarde para eu me levantar. Já havia jantado, tomado banho e estava sentada na cama lendo uma revista velha que uma enfermeira havia trazido para mim. Por que quando a gente quer que a hora corra, ela não corre? Já estava nervosa de tanto esperar. Queria tanto ver o Nícolas outra vez. Queria poder estar ao seu lado quando ele já estivesse melhor. Queria poder abraçá-lo, beijá-lo, ficar com ele por toda a eternidade. Como o amava, e isso eu sentia até o fundo da minh'alma.

Enquanto esperava também pensava. Como o Jeff reagiria à minha morte? Ele que havia se declarado para mim, que disse coisas tão lindas, e falava com tanta sinceridade, como reagiria? E meus pais? Sou sua única filha. Coitados, sofreriam muito. Eu queria poder mudar tudo isso. Não queria causar sofrimento a ninguém. Amo à todos e quero vê-los felizes. Ainda não tinha falado com meus pais. Não sentia coragem de encará-los e ver suas dores. Eles não mereciam nada disso. Não mereciam ter uma filha doente. Como isso foi acontecer? Por que eu? Por que Senhor, por que tu escolhestes a mim para padecer essa dor? Minha aflição naquele instante era tanta que comecei a chorar. Eu podia estar resignada ao meu destino fatal, mas isso não significava que eu não estivesse muito triste por isso.

O relógio na parede do quarto marcava meia noite e vinte. Esse era o momento. Com muito cuidado fechei a válvula que dava passagem para o sangue do tubinho e o retirei. Levantei-me apoiando-me na cama. Ainda não tinha recuperado minhas forças, e talvez não a recuperasse jamais. Ajoelhei-me e engatinhei até o banheiro, tinha que me vestir e me pentear. Com algum esforço me apoiei no umbral da porta para me levantar e pegar minhas roupas. Retirei a camisola pela cabeça e fui vestindo peça por peça do meu vestuário. Agora tinha que encontrar algum pente ou escova para que pudesse usar. Ah! Encontrei um pente dentro do armário do banheiro. Penteei bem devagar o cabelo, porque não tinha força no braço e com mais lentidão ainda o prendi em um nó. Lavei o rosto e depois de secar-me apertei minhas bochechas para dar uma corzinha, visto que eu não tinha nenhuma maquiagem por ali. Nícolas me veria viva e bonita, e não uma defunta. Essa havia sido a parte fácil do meu plano, agora eu tinha que sair daquele quarto, despercebida.

Abri a porta. O corredor estava vazio. Fechei a porta. Tinha que treinar a minha respiração, para que quando eu fosse falar com Nícolas, não ficasse gaguejando por falta de ar. Inspirei e expirei três vezes. Soprei e fiz testes com a minha voz:

Dóóóóó, rééééé, miiiiii, fááááá...

Agora sim já podia sair. Andando devagar e ancorando-me na parede segui adiante até o próximo corredor. Tudo parecia estar indo muito bem, ninguém a vista. Tinha que recordar onde ficava a enfermaria. Dentro daquele hospital tudo era confuso. Andei mais um pouco e lá estava o quarto.

Pela janelinha da porta não pude ver quase nada, as luzes estavam apagadas, somente alguns abajures de alguns pacientes estavam acesos. Abri a porta devagar, não querendo fazer nenhum barulho. Apesar da pouca iluminação, consegui atravessar o quarto até chegar à cama aonde Nícolas estava. Uma cortina verde continuava circundando sua cama, como que para protegê-lo da vista dos demais. Fui para o lado direito de sua cama e parei observando-o, ele estava dormindo. Levei minha mão à sua testa e senti o calor da sua pele na minha palma. Acariciei seus cabelos encaracolados e fiquei feliz por saber que ele ainda os tinha. Não podia ver seu rosto, a luz do abajur não chegava até nós. Decidi que era hora de acordá-lo, tinha que falar com ele imediatamente. Aproximei-me mais de seu rosto e sussurrei em seu ouvido:

Nícolas, acorde!

Ele não se moveu e tive que chamá-lo de novo.

Nícolas, acorde por favor, eu preciso falar com você.

Ele se moveu e abriu os olhos procurando quem o estava chamando. Tinha certeza que ele não podia me ver, mas ele reconheceu minha voz.

Sophie?

Nícolas, sou eu. Respondi feliz.

O que faz aqui tão tarde? Não é o horário de visita.

Sim, eu sei, mas eu precisava falar algo urgente com você.

Ah Sophie, o que pode ser tão importante que você tenha que me acordar no meio da madrugada?

Eu preciso que você me ouça. Você tem que se tratar, você pode se curar, sabia?

Ah essa história de novo. Você e minha mãe combinaram em ficar no pé? Não estou interessado em tratamento nenhum Sophie. Isso só fez estragar a minha vida ainda mais. Remédios e remédios um atrás do outro. Para mim chega Sophie, chega. Ele disse com a voz alterada. − Eu prefiro morrer. Prefiro morrer à viver como um doente, como um debilitado.

Lágrimas corriam pelo meu rosto. Eu sentia tanta comoção, eu queria tanto que o Nícolas entendesse a sua situação e percebesse que ele não estava tão longe de alcançar a cura.

Nícolas, você não pode desistir, voc...

Pare Sophie...

Você precisa me ouvir.

E você acha que vai fazer alguma diferença o que você me disser agora?

Nícolas, por favor. Eu solucei.

Você não sabe o que é estar aqui Sophie. Ele disse e eu senti a tristeza na sua voz. − Você não entende o que é estar doente assim. Ele disse apontando para si mesmo. − O que é não ser normal, ser débil, ser um fraco. Eu nem ao menos posso pensar em ter alguém ao meu lado, alguém como você. Você é tão bonita, cheia de saúde, com uma vida toda pela frente e eu aqui...

Eu o ouvia e sentia sua dor. Ah meu amor! Eu queria tirar todo peso de angústia, de raiva que ele carregava. Eu queria dizer a ele que eu estava na mesma situação que ele, que eu o entendia, que eu estava morrendo e que eu não teria uma vida toda pela frente.

E você não acha que se você se tratar nós podemos ficar juntos? Eu menti.

Ah Sophie, minha querida Sophie. Ele disse carinhosamente e acendeu seu abajur.

Nós nos olhamos pela primeira vez. Ele estava pálido, mas eu sabia que eu estava também. Ele me olhou e levantou a mão e a colocou em minha bochecha, secando as lágrimas que por ali corriam. Eu fechei os olhos, aproveitando aquele momento, queria que ficasse gravado na minha memória. Não dizemos nada. Ficamos ali parados, olhando-nos. Eu sabia que ele podia ver meu amor em meus olhos, assim como eu podia ver seu amor nos seus.

Eu entendo você Nícolas. Eu disse.

Ele fechou os olhos e disse:

Não, você não entende, e nunca entenderá.

Como você pode ter tanta certeza disso. Eu disse um pouquinho alterada.

Porque você não está em meu lugar para saber.

Oh Nícolas. Eu segurei suas mãos entre as minhas. − Eu sei tudo pelo que você está passando. Eu s...

Pare de dizer isso Sophie. Não quero que sinta pena de mim. Ele disse agora completamente alterado tirando suas mãos das minhas. − Saia daqui Sophie. Eu não mereço você, não mereço seu carinho, não mereço nada.

Eu não sairei daqui enquanto que vo... você não aceitar que precisa se tra... tratar. Eu falei já nervosa com a persistência dele em não me ouvir.

Eu não quero essa vida para mim Sophie, entenda.

Eu entendo Nícolas e é por...

Não, você continua insistindo, você não...

Eu entendo, você é que não sabe de nada. Não enxerga a verdade. Está tão cheio de pena de si mesmo que não quer aceitar mais nada. Nós somos mais parecidos do que você imagina Nícolas.

Não somos. Você é uma ótima garota e eu sou esse infeliz.

Pare de dizer isso. Pare de querer ser um miserável.

É eu que estou nesta cama Sophie, é eu que estou sofrendo. Eu não quero ser um miserável, eu sou um miserável. Minha doença é muito difícil de ser tratada, eu posso passar meses nesse tal tratamento que você quer que eu faça. E sabe que... é muito tempo para mim. Ele fez uma pausa e depois recomeçou gritando. − E se você não é capaz de entender isso, saia daqui e não volte. Não preciso de você.

Nícolas...

Sai! Sai!

Nícolas...

Nesse momento eu só conseguia chorar. Nada era mais importante para mim naquele momento do que oferecer meu apoio ao Nícolas. Ele estava sendo muito, mais muito cabeça dura. Além de idiota, por não enxergar. Como alguém pode afastar dessa maneira àqueles que só querem ajudar?

Saia Sophie! Ele gritou mais alto, com certeza todos os outros pacientes já estavam acordados.

Idiota, idiota, idiota... gritei.

Sim eu sei...

Droga Nícolas, EU ESTOU MORRENDO.

E de repente nada mais importava, eu havia dito a verdade.

O QUÊ?

Uma outra voz perguntou e só agora eu percebi que a luz do quarto estava acesa. Me virei e lá estava ele, olhando-me com os olhos marejados e com os lábios apertados em uma linha dura.

Jeff não...eu murmurei não sabendo como me explicar.

Ele veio até mim e me segurou pelos braços apertando-me.

Diga Sophie, repita o que você disse. O que você está escondendo de mim. DIGA. Ele gritava e chorava.

Jeff, Jeff, por favor, eu não queria que você soubesse assim...

O que Sophie?

Eu, eu, eu... Eu soluçava. − Eu tenho leucemia.

Jeff afrouxou o aperto e me puxou para ele. Seu abraço era apertado. Ele beijava o topo da minha cabeça, minha bochecha, minha boca e não parava de chorar, assim como eu. Eu sabia que ele estava sofrendo e eu não podia fazer nada. Eu não queria que soubesse da minha doença dessa maneira, eu sabia o quanto ele me amava, e agora ele estava ali. E o que ele estava fazendo ali?

Sophie, meu amor, por que? Por que você não me disse?

Eu me apoiei em seus ombros e murmurei em seu ouvido:

Eu não pude. Não queria que sentisse pena de mim, e depois, não quis fazê-lo sofrer.

Oh Deus, Sophie meu amor! Jeff murmurava chorando em meu pescoço.

Sophie! Nícolas chamou.

Eu me virei e vi Nícolas sentando na cama. Seu olhar era de profunda tristeza. Eu havia me esquecido que ele estava ali. Tentei me soltar do Jeff, pois ele ainda me abraçava.

Jeff, por favor. Eu disse para que ele me soltasse.

Mas antes que eu pudesse dar dois passos minha vista se nublou e me senti mole e cansada. E antes que caísse completamente no chão, Jeff me segurou e apoiou minha cabeça em seus braços.


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