O Diário De Sophie escrita por HelenMárcia


Capítulo 13
Capítulo 13 - Ajuda




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Estava escuro quando sai da casa da dona Joana, por isso, não perdi tempo e fui direto para casa. No caminho fui refletindo, quem poderia imaginar que Nícolas e eu tínhamos tanto em comum? A vida às vezes podia ser cruel. E a imagem de um Nícolas pálido, deitado em uma cama no hospital, não saia da minha cabeça.

Aquele havia sido um longo e cansativo dia. Já estava sentindo o meu corpo doer e eu sabia que havia me esforçado bastante por hoje. Quando abri a porta de casa, encontrei meus pais sentados no sofá assistindo TV. Eles me olharam atentos quando entrei. Com certeza, minha mãe já tinha contado sobre o Nícolas ao meu pai, mas não dei importância, estava muito cansada para isso. Depois de responder as perguntas preocupantes da minha mãe, dei boa noite aos dois e subi para o meu quarto.

Tomei um longo banho quente e depois me joguei na cama. Recordei das palavras da dona Joana. Ela disse que Nícolas havia tentado se matar duas vezes. Em uma delas eu estava presente, e qual teria sido a outra? Ela disse também que o amava demais. Eu também o amava demais. Sempre soube disso (desde o início). Ele sempre fez meu coração acelerar. O olhar dele, sua voz, o seu jeito de agir, tudo nele mexia comigo e me fez amá-lo, mesmo quando falava com rudeza.

Ao que parecia, ninguém sabia que ele estava doente, nem mesmo Jeff. Ele devia estar sofrendo muito e acho que não encontrou pessoas que pudessem compreendê-lo. Eu havia o impedido de se matar da primeira vez e não deixaria se matar agora. Empenharia todas as minhas forças em quebrar o seu escudo de proteção e descobrir o motivo por trás do desejo suicida e forçá-lo a se tratar corretamente.

Argh, que dor! Péssima hora para sentir dor (como se existisse hora boa para isso). Senhor, por favor, não me deixa morrer agora, o Nícolas precisa de mim. Orei.

Minha mãe havia percebido que eu não comera nada ontem, e fez questão que eu tomasse um café da manhã bem reforçado.

Minha filha, você não pode ficar sem comer. Precisa manter-se forte querida.

Eu sei mãe, obrigada! Respondi dando-lhe um beijo no rosto.

Decidi voltar para hospital para saber como Nícolas estava. Esperava muito que ele estivesse de bom uma essa manhã, pois eu queria lhe contar meu segredo, e precisaria que ele parasse para me ouvir. Ele precisava saber que eu o entendia e que podia ajudá-lo.

Na recepção do hospital fui informada de que os pacientes da enfermaria estavam tomando café e que só depois poderiam receber visitas. Eu não aguentava de ansiedade. Queria tanto falar com Nícolas, vê-lo novamente. Sentia que quanto mais tempo eu passava afastada dele, mais o perdia.

Decidi ir até a cantina do hospital só para poder andar um pouco. Encontrei sentado em uma mesa o médico que me atendia no outro hospital. Assim que ele me viu me chamou.

Sophie, como você está? O que faz aqui?

Vim ver um amigo. E o senhor? Faz turno aqui também? Perguntei me sentando-me.

Faço. Nós precisamos conversar mocinha. Disse ele sério, mas com um pequeno sorriso nos lábios.

Eu sei doutor. Suspirei. − Eu não queria estar fazendo isso, mas eu preciso. Eles não iriam suportar. Respondi abaixando a cabeça.

Sophie, eles são seus pais, eles vão suportar. Eu acredito firmemente que eles adorariam poder estar te dando todo o apoio necessário. Ele fez uma pausa e tocou minha mão. − Eles precisam saber Sophie.

Doutor, minha mãe morreria. Ela não pode saber que o tratamento não está dando resultados. E o senhor não pode dizer nada.

Está ficando difícil para mim Sophie. Sua mãe principalmente, está sempre me perguntando se houve algum progresso no seu tratamento. É difícil para mim ter que mentir.

Não se preocupe doutor, o senhor não vai precisar mentir por mais tanto tempo. Eu disse tentando sorrir.

Sophie, eu queria tanto poder te ajudar. Sua situação é complicada. Ainda não existe medicamento forte o suficiente para deter o aumento acelerado dos leucócitos, como é o seu caso. E mesmo se existisse, isso poderia te matar de qualquer forma, é muito perigoso.

Eu sei doutor, e não sei se suportaria tomar mais tantos medicamentos do tipo. Fico feliz em saber que ao menos o tumor sumiu. Sorri. − Tenho uma pergunta doutor. Quanto tempo eu ainda tenho?

Levando em consideração que você não quis fazer a radioterapia, você pode ter dois meses ou algumas semanas, até que não haja mais nenhum glóbulo vermelho no seu sangue.

Bom, isso parece uma guerra. E durante esse período, eu irei sentir mais dor?

Com toda certeza sim Sophie. E quanto mais glóbulos vermelhos você perder, mais difícil será para respirar. Ele respondeu com um olhar triste.

Essa era toda a verdade. O tratamento já não estava mais surtindo o efeito esperado. Os glóbulos brancos no meu sangue, não paravam de se multiplicar. Parece que quanto mais atacávamos com remédios, eles retaliavam se multiplicando.

Meus pais não sabiam de nada. Eu havia feito um acordo com o meu médico, para que se caso eles perguntassem, dissesse que eu estava progredindo. Isso não deixava de ser verdade, a diferença era que eu não progredia para o bem e sim para o mal.

Acontece que quando eu soube que não estava dando certo, fiquei muito abalada e meu primeiro pensamento foi em como meus pais reagiriam se soubessem, e daí surgiu o plano. Não que eu desejasse que eles soubessem apenas quando já me vissem morrendo, a intenção não era lhes dar um choque, mas evitar que eles sofressem antes da hora.

Depois do doutor e eu conversarmos bastante, fui ver se já podia falar com Nícolas. Mas tive a minha entrada proibida, pois a mãe dele estava no quarto, e não era permitida a entrada de mais de uma pessoa, para não incomodar os demais pacientes da enfermaria.

Agora eu iria ficar mais nervosa e ansiosa ainda. Será que dona Joana diria à Nícolas que eu também estava doente? Eu não queria que ela dissesse nada antes de eu ter a oportunidade de falar com ele primeiro. Ele deveria saber da minha própria boca. Então fiquei aguardando durante meia hora até que dona Joana saiu do quarto como uma expressão muito neutra.

Dona Joana, o Nícolas está bem? Perguntei avaliando sua expressão.

Ah Sophie! Sim, sim, ele está bem. Eu só estou um pouco angustiada, só isso.

A senhora não quer se sentar? Vou trazer um copo de água para senhora. Disse e sai em busca do bebedouro mais próximo.

Quando voltei, entreguei o copo a dona Joana e me despedi dela, dizendo que tentaria falar com Nícolas. Mas que falta de sorte, a enfermeira não permitiu minha entrada, pois já havia passado do horário de visitas. Tive que voltar para casa, e bufando (estava muito impaciente).

Minha mãe estava preparando o jantar quando cheguei. Fui até a cozinha e peguei uma maçã, digamos que sentia um pouquinho de fome.

Sophie, Jeff ligou procurando por você. Disse minha mãe assim que me sentei à mesa da cozinha.

E ele disse o que queria?

Pumft! Não, mas disse que viria aqui e te levaria para jantar.

O quê? Jantar? Perguntei surpresa.

É, foi exatamente isso que eu perguntei a ele. Mas não se preocupe querida, eu já fiz as recomendações que ele precisava saber. Disse ela com um sorrisinho nos lábios.

Com toda certeza, minha mãe era incrível (e um amor). Agora eu teria que jantar com Jeff. Meu Deus! Essa noite seria... terrível!

Mãe, eu não posso jantar com ele. Falei me levantando, já ficando desesperada.

Por que não? Ele gosta de você querida.

É por isso que eu não posso fazer isso mamãe. Eu não gosto dele da mesma forma, e não quero alimentar falsas esperanças.

Querida, você não estaria alimentando nada. É só um jantar. Além do mais, vocês se dão tão bem que quase esqueço que não são namorados. Disse ela me olhando com aquele brilho estranho nos olhos.

Mamãe!!!

Vá meu bem, vá se arrumar, ele deve chegar dentro de trinta minutos.

Mas mãe... tentei convencê-la, mas ela já me empurrava cozinha a fora.

Não diga mais nada. Quando você for mais velha irá me agradecer.

Oh mamãe! Pensei. Eu nunca serei mais velha. E subi para o meu quarto correndo. Pumft! Eu não iria chorar, eu não podia chorar. Meu Deus, que desastre!

Tomei um banho demorado, pois tinha que lavar meus cabelos. Depois vesti meu robe e abri o guarda-roupa para procurar a roupa que eu iria vestir. Entre todos os vestidos floridos que eu tinha, encontrei um vestido azul sem estampa. Ele não era longo, mas tampouco era curto. O vesti e comecei a desembaraçar meu cabelo que cismava de se enrolar nas pontas. Fiz um penteado simples, deixando-os soltos pelas costas. Me maquiei um pouquinho, me perfumei, e ah... escolhi uma sandália preta de salto e voilà. Já estava pronta.

Jeff chegou pontualmente (como sempre) às sete horas. Usava um blazer preto com camisa branca, mas sem gravata. Ele estava muito charmoso e muito bem perfumado. Quando ele me beijou no rosto, senti seu hálito de menta e perfume de sua loção de barbear. Ele era incrível, e por alguns instantes senti como se estivesse traindo Nícolas. Eu amava o Nícolas, mas tinha que admitir que também me sentia atraída pelo Jeff. Toda a atenção que ele me dedicava e o jeito como me tratava, me fazia sentir borboletas no estômago. No entanto, de um jeito louco, eu não queria nada com o Jeff. E se tivesse a oportunidade de namorar alguém, esse alguém seria Nícolas. Só ele.


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Notas finais do capítulo

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