What If escrita por Olivia Hathaway, Maria Salles


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Yeah, outro capítulo essa semana! Tudo isso por causa de vocês *-*
Nem eu e nem a Mary iríamos postar hoje, porque nós 2 estamos dodóis =( eu com 5 pontos na perna e ela com uma puta de uma enxaqueca. Por isso nos perdoem se o capítulo estiver uma porcaria e mal revisado (não pude revisar porque estou de repouso e no notebook não tem word aff). Escrevemos parte dele rápido pra falar a verdade =P

Enfim, espero que gostem! E POR FAVOR leiam as notas finais!
Nos vemos lá embaixo ;)

Ps: contém cenas de BP

Ah, a Marylinda iria postar, mas como ela não está legal ela pediu para postar no lugar dela e agradecer por todos os comentários (ela amou todos eles) e dizer que ela está preparando muitas cenas Romitri's pra vocês *-*



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A voz de Dimitri, rouca pela falta de uso e sua condição, era a melhor coisa que ouvia em muito tempo. Sua voz, indicando que estava vivo, que estava são, soou como um grito de vitória, me fazendo colocar a mão na boca para segurar meu próprio grito.

“Dimitri.” Senti uma lágrima escorrer em minha bochecha, mas tratei de limpá-la logo. Minhas mãos estavam trêmulas. “Você está bem? Está com dor? Precisa de alguma coisa?”

Ele percorreu meu rosto com os olhos e então olhou em volta. Percebi que ele queria se sentar, mas que estava fraco demais para isso. Havia confusão em seu rosto. “Fique deitado, vai ser melhor.” Pedi, temendo que qualquer movimento o machucasse.

Dimitri encarou-me novamente, analisando minhas feições. Seus olhos então se acenderam em entendimento e ele ergueu a mão para tocar meu rosto com suavidade. Seu toque era tudo o que eu precisava. E, Deus, como eu senti falta daquele toque. "O que aconteceu? O que estou fazendo aqui?"

"Você não se lembra do ataque?" perguntei, colocando minha mão na sua. Sua pele era quente, macia e viva. "Não se lembra do Strigoi que te atacou?"

"Eu me lembro da missão de resgate. E de quando o Strigoi me derrubou" sua voz era calma, e ao mesmo tempo questionadora. Era como se ele não tivesse certeza do que falava. Eu entedia aquilo: as endorfinas e seu desmaio o tinham deixado alheio a todos os acontecimentos. A pressão dos seus dedos aumentou, e vi que ele também me analisava atentamente, como se buscasse por algum machucado. "Eu também ouvi o seu grito. Essa foi a última coisa que ouvi. Você está bem?"

“Sim, estou ótima.” Respondi sem consegui parar de sorrir. Agora eu estava realmente bem. “Estou maravilhosa.”

Antes, porém, que pudéssemos dizer mais alguma coisa; antes que eu pudesse me inclinar para beija-lo – e eu queria muito isso – a porta do quarto se abriu e a voz da Dra. Olendzki soou em advertência.

“Rosemarie Hathaway.” Dimitri retirou sua mão de mim com rapidez e eu me virei para encará-la. Seu olhar então se perdeu ao ver Dimitri acordado. Ela parecia tão estupefata quanto eu. “Guardião Belikov, você acordou!” Ela andou até o outro lado da cama e começou a avaliá-lo. “Rose, não irei perguntar como você entrou aqui, uma vez que a presença do Sr. Ivashkov já é explicação o suficiente para todas as minhas perguntas.”

“Eu só queria saber se ele estava bem.” Clamei, desviando o olhar entre ela e Dimitri “Você me disse que eu poderia vê-lo.”

“Sim, eu disse. Disse que iria mandar te chamar quando achasse ser a hora.”

Revirei os olhos teimosamente. Não queria esperar. Se eu tivesse esperado não teria visto Dimitri acordar e não teria dito esse curto, porém importante, momento entre nós.

“Rose...” a voz de Dimitri era de aviso, assim como seu olhar. Soube imediatamente que teríamos muito que conversar, mas não agora. Conhecendo-o tão bem, eu sabia que o sermão iria ser longo e focado no meu autocontrole. E que eu não deveria mais retrucar a Dra. Olendzki.

“Já viu seu mentor, Srta. Hathaway, agora gostaria que você se retirasse. Preciso terminar de examiná-lo e saber se está tudo bem.” Não me movi e ela olhou-me seriamente “Obedeça-me, Rose, só desta vez. Ele está vivo e acordado, vocês terão muito tempo para por a conversa em dia, agora vá.”

"Mas..." eu ia contestar, ia brigar, mas novamente o olhar de Dimitri me disse que isso não era uma boa ideia. Eu fechei os olhos e respirei fundo. Novamente estava provado o poder que Dimitri exercia em mim, especialmente quando se tratava de controlar o meu lado impulsivo. Olhei para a Dra. Olendzki. “Vai pedir pra me chamarem?”

“Já disse que sim, Rose.” ela parecia impaciente.

Olhei pra Dimitri mais uma vez e ele assentiu com a cabeça. Havia uma mensagem nos seus olhos. Yeah, definitivamente nós iríamos conversar mais tarde. “Eu estou bem, Rose. Pode ir, eu não vou a lugar algum”

“Não vai mesmo.” Garantiu a Dra. Olendzki. Era um complô contra mim. E Adrian se juntou a eles ao botar a cabeça para dentro do quarto e me chamar.

“Vamos logo, pequena dhampir. Lissa deve estar te esperando a essa altura.” Era mentira, Lissa estava na biblioteca com Christian sabe-se lá fazendo o que, mas eu sabia que sua intenção era me manter longe de problemas.

Eu praticamente tive que ser arrastada para fora da enfermaria.

Não queria sair de jeito nenhum, mas era preciso. Sinceramente, eu não me importaria se a Dra. Olendzki examinasse Dimitri comigo na sala. Nem um pouco. Mas ela parecia estar altamente estressada com a nossa invasão, então eu tive que sair de lá a contra gosto.

O que realmente me segurou para não bater o pé e ficar lá foi o fato de que Dimitri tinha acordado. Ele estava vivo. Vivo e salvo. Ainda um pouco debilitado por causa do sangue que ele perdeu, mas vivo. Eu tinha certeza de que ele era capaz de derrubar Strigoi mesmo naquele estado.

Entretanto, eu acho que tinha acabado de arruinar o segredo do meu relacionamento com Dimitri.

"Você acha que ela está suspeitando?" perguntei a Adrian enquanto nos afastávamos da enfermaria.

"Quem?"

"A Dra. Olendzki"

Ele fitou o céu por alguns segundos antes de me responder. "Ela desconfia, mas acha que isso é uma ideia absurda. Afinal, vocês dois vão ser os guardiões de Lissa"

Ainda era difícil para mim, aceitar o fato de que não iria mais ser assim. Sim, eu queria que ele ainda fosse um dos guardiões de Lissa porque eu sabia que ele iria protegê-la com a sua vida e também porque ele era um dos melhores guardiões. Um deus. Ela não correria qualquer perigo com ele guardando-a. Entretanto, se nós duas estivéssemos em perigo, ele se atiraria em mim para me proteger. Não ela, que era o motivo por trás de todos esses anos de treinamento pesado. Então para conseguirmos ficar definitivamente juntos, ele teria que proteger outro Moroi.

Adrian deve ter visto minha expressão, pois seu rosto se tornou sombrio. Ainda doía para ele ver que eu não correspondia seus sentimentos. "Essa relação de vocês é ainda mais séria do que eu pensava"

Algo na maneira em que ele me falou isso me irritou. "Você sabe que é impossível sermos os guardiões de Lissa nessa situação. Ela poderia ser morta mais fácil"

"Eu sei, Rose" ele ia enfiando a mão no bolso - provavelmente para puxar sua carteira de cigarros - mas se deteve. Seu olhar cruzou com o meu. Havia preocupação neles além daquela mágoa. "O que me preocupa é a maneira que os outros irão reagir"

"Eu não me importo com os outros. Eu praticamente tenho dezoito anos. Uma adulta. Eles não terão direito de me julgar"

"Não estava me referindo ao geral"

É claro que ele não estava. Eu que não queria admitir aquilo. Não, eu não fazia a mínima ideia de como contaria a Lissa. Ela podia ser minha melhor amiga, minha irmã e minha parceira de laço, mas eu não podia contar isso a ela. Não agora. Eu sabia que ela ficaria magoada quando eu contasse a ela, ainda mais porque ela saberia que ela era a causa de não termos ficados juntos antes. A outra parte de mim estava com medo do julgamento dela sobre nossa relação. E se ela desaprovasse? E se ela achasse que era um absurdo estar com ele? Não, eu definitivamente não poderia contar para ela agora.

"Não posso contar para Lissa agora." eu disse “Ela não entenderia”

"Ela é sua melhor amiga" rebateu ele. "Claro que ela entenderia. E apoiaria. Você sabe que ela faria de tudo para te ajudar também"

"Eu sei disso" rebati. Eu me sentia frustrada. "Mas eu não posso. Ainda não. Ela já está passando por muita coisa... Isso só pioraria. Então não, não vou contar para ela agora. Você é o único que sabe"

Ele estava prestes a responder quando fui sugada para a cabeça de Lissa. Ver Dimitri e ter aquela conversa com Adrian tinham baixado minha guarda, me deixando a mercê de suas emoções. E Lissa estava irritada. Muito irritada.

Ela estava junto com Christian, os dois caminhando ao que reconheci ser o prédio administrativo. Um dos Moroi monitores caminhava na frente deles. Oh cara, será que eles tinham sido pego fazendo coisas inadequadas na biblioteca? Eu certamente iria perturbar Christian com isso mais tarde...

Mas não era isso.

"Eu não acredito que ela está fazendo isso comigo. Quem ela pensa que eu sou? Um cachorro que vai obedecer todas as suas ordens?" ela fechou os punhos, irritada. Eu me sentia confusa até perceber que era sobre a rainha Tatiana que eles falavam.

"Você fez um pacto com o diabo" falou Christian, "Agora aguente. Só assim para você estudar em Lehigh"

"Honestamente? Eu estou pensando em desistir do curso"

Ele entrelaçou suas mãos e lançou um sorriso provocador para ela. "Você pode bater seu pé e mudar os termos, você sabe. Tenho certeza que Tatiana ficaria impressionada com a sua rebeldia. E pelo que eu me lembro, os Dragomir eram bem rebeldes. Eu poderia te dar uma ajuda, se você quiser"

Ela deu uma cotovelada nele. "Você sabe que eu não posso"

Assim que eles entraram no prédio, eu entendi o motivo da convocação de Lissa. A Rainha queria que ela conhecesse um cara da realeza que estava aqui na Academia. Assim como ela, eu estava surpresa. Primeiro porque achei que Tatiana não iria começar a mandar na vida de Lissa tão cedo, e segundo porque não achei que ela tivesse coragem de mandar seus amiguinhos da realeza para visitarem a Academia nesse estado.

Ela e Christian entraram no escritório principal, onde eles encontraram a Diretora Kirova sentada e conversando com um Moroi mais velho e uma garota da nossa idade.

“Ah, Srta. Dragomir. Aí está você.”

O homem e a garota levantaram, e Kirova gesticulou em direção a eles.

“Esse é Eugene Lazar e sua filha, Avery.” Kirova virou em direção a Lissa. “Esses são Vasilisa Dragomir e Christian Ozera.”

Eles se observaram. Lazar era um nome real, mas isso não era surpresa já que Tatiana tinha iniciado esse encontro. O Sr. Lazar deu a Lissa um sorriso e apertou a mão dela. Ele parecia um pouco surpreso por encontrar Christian, mas o sorriso permaneceu. É claro, esse tipo de reação a Christian não era raro. Carregar o fardo que seus pais trouxeram depois de terem virado Strigoi não era uma tarefa fácil para ele.

Kirova nunca foi de perder tempo com formalidades, então ela foi direto ao ponto. “Sr. Lazar vai ser o novo diretor aqui.”

Lissa ainda estava sorrindo para ele educadamente, mas a cabeça dela imediatamente virou para Kirova. “O que?”

“Eu vou renunciar,” explicou Kirova, a voz chata e sem emoção o bastante para rivalizar a de um guardião. “Embora ainda vá servir a escola como professora.”

“Você vai ensinar?” Christian perguntou incrédulo.

Ela deu a ele um olhar seco. “Sim, Sr. Ozera. Foi o motivo pelo qual eu originalmente vim à escola. Tenho certeza que se tentar com vontade o bastante, eu posso lembrar como fazer isso.”

“Mas por quê?” Perguntou Lissa. “Você faz um trabalho excelente.”

Era mais ou menos verdade. Apesar das minhas disputas com Kirova – normalmente sobre eu quebrar as regras – eu ainda tinha um respeito saudável por ela. Lissa também.

“É algo pelo qual andei pensando a retornar há um tempo,” explicou Kirova. “Agora parece uma boa época, e o Sr. Lazar é um administrador muito capaz.”

Lissa era muito bom em ler pessoas. Eu acho que é parte do efeito colateral do espírito, assim como o espírito fazia quem o usava muito, muito carismático. Lissa achava que Kirova estava mentindo, e eu também. Se eu fosse capaz de ler a mente de Christian, meu palpite seria que ele achava a mesma coisa. O ataque à academia tinha deixado muitas pessoas em pânico, realeza em particular, embora o problema que tinha permitido o ataque a muito tivesse sido consertado. Eu estava supondo que a mão de Tatiana estava nisso, forçando Kirova a renunciar e fazer alguém da realeza tomar o lugar dela, fazendo outros da realeza se sentirem melhor. Agora tudo fazia sentido.

Lissa não mostrou seus pensamentos, e ela virou de volta ao Sr. Lazar. “Bem, é um prazer conhecê-lo. Tenho certeza que fará um ótimo trabalho. Avise-me se houver algo que eu possa fazer pelo senhor.” Ela estava bancando o papel de princesa apropriada perfeitamente. Ser educada e doce era um dos seus muitos talentos.

“Na verdade,” disse o Sr. Lazar “ tem algo.” Ele tinha uma voz profunda e rouca, o tipo que preenchia uma sala. Ele gesticulou em direção a sua filha. “Eu estava me perguntando se você poderia mostrar a Avery as coisas e ajudar ela a se encaixar aqui. Ela se formou ano passado mais vai me auxiliar nas minhas tarefas. Mas tenho certeza que ela prefere passar o tempo com alguém da sua própria idade.”

Avery sorriu, e pela primeira vez, Lissa realmente prestou atenção nela. Avery era linda. Impressionante. Lissa era linda também, entre aquele cabelo lindo e os olhos de jade que eram de sua família. Eu achava que ela era cem vezes mais bonita que Avery, mas ao lado de uma garota mais velha, Lissa parecia meio sem graça. Avery era alta e magra como a maior parte dos Moroi, mas tinha algumas curvas sexys. O tipo de peito, como o meu, era invejado entre os Moroi, e o cabelo castanho longo dela e olhos azuis completavam o pacote.

“Eu prometo não ser muito chata,” disse Avery. “E se você quiser, eu te dou algumas dicas sobre a vida na Corte. Eu ouvi falar que você vai se mudar para lá.”

Instantaneamente, as defesas de Lissa se ergueram. Ela percebeu o que estava acontecendo. Tatiana não tinha apenas removido Kirova, ela mandou um guardião para Lissa. Uma linda e perfeita companhia que iria espionar Lissa e tentar treinar ela nos padrões de Tatiana. As palavras de Lissa foram perfeitamente educadas quando ela falou, mas havia definitivamente certo gelo em sua voz.

“Seria ótimo,” ela disse. “Estou bem ocupada ultimamente, mas podemos tentar conseguir algum tempo.”

Nem o pai de Avery nem Kirova pareceram notar o subtexto “se afaste”, mas algo brilhou nos olhos de Avery que disse a Lissa que a mensagem tinha sido passada.

“Obrigado,” disse Avery. A não ser que eu esteja enganada, tinha algo legitimamente magoado no rosto dela. “Tenho certeza que vamos dar um jeito.”

“Bom, bom,” disse o Sr. Lazar, totalmente inconsciente do drama. “Talvez você possa mostrar a Avery a casa de convidados? Ela está ficando na ala leste.”

“Claro,” disse Lissa, desejando que ela pudesse fazer qualquer coisa menos isso.

Ela, Christian, e Avery começaram a sair, mas então, dois caras entraram na sala. Um era um Moroi, um pouco mais jovem que nós, e o outro um dhampir com seus vinte anos – um guardião, pelas feições duras e sérias dele.

“Ah, aí está você,” disse o Sr. Lazar. Chamando os caras para dentro. Ele colocou suas mãos no ombro do garoto. “Esse é meu filho Reed. Ele é um calouro e vai frequentar as aulas aqui. Ele está muito excitado.”

Na verdade, Reed parecia extremamente não excitado. Ele era o cara mais grosseiro que eu já vi. Se eu precisasse fazer o papel de adolescente descontente, eu podia aprender tudo que havia para se saber com Reed Lazar. Ele tinha as mesmas feições que Avery, mas elas estavam estragadas por uma careta que parecia estar grudada em seu rosto. O Sr. Lazar apresentou os outros para Reed. A resposta de Reed foi um “hey,” gutural.

“E esse é Simon, o guardião de Avery,” continuou o Sr. Lazar. “É claro, no campus ele não precisava estar com ela o tempo todo. Você sabe como é. Ainda sim, tenho certeza que ele estará por perto.”

Eu espero que não. Ele não parecia completamente desagradável como Reed, mas ele tinha certa natureza severa que parecia extreme mesmo entre os guardiões.

Os próximos quatro meses iriam ser interessantes, pensei. E Avery sofreria, coitada. Eu já estava com pena de Avery por ter um irmão e um guardião tão sem graças, agora mais ainda por Lissa não estar sendo carismática com ela. Lissa pareceu pensar exatamente a mesma coisa enquanto saía com eles para apresentar a Academia. Ela queria fazer amizade com Avery, mas a sua raiva ainda a estava impedindo de ser gentil o suficiente para convidá-los para jantar conosco. Ela ainda queria brigar com Tatiana por ter feito isso.

Eu voltei pro meu próprio corpo e encontrei Adrian me encarando, fascinado. Era como se eu fosse um experimento científico muito interessante.

"O que foi?" perguntei. "Você conseguiu ver o que eu vi na cabeça de Lissa? Inclusive sua nova amiga?"

"Quem me dera se eu conseguisse ver o que você viu. Eu apenas fiquei fascinado quando vi como esse laço realmente funciona. É como se você tivesse saído do seu próprio corpo"

"É mais ou menos isso" explicar como funcionava o laço ainda era complicado para mim. "Mas só funciona de um lado"

"Eu sei" disse, sorrindo. "E o que você disse por último? Lissa arrumou uma substituta para você?"

Eu o soquei no braço. "Claro que não." Contei a ele sobre Kirova estar saindo e sobre Avery. Adrian ficou tão surpreso quanto eu tinha ficado. E curioso para conhecer Avery. Eu tinha certeza de que ele iria vê-la assim que chegasse à ala dos visitantes, onde seu apartamento ficava.

Ele estava prestes a falar algo quando vimos minha mãe caminhando até nós. Olhei para os lados e percebi que estávamos atravessando o prédio dos guardiões. Então era óbvio que ela estaria por lá.

Seus movimentos me lembravam de um soldado. Totalmente bem disciplinados e elegantes. E sua expressão me dizia que ela não gostou de me ver na companhia de Adrian.

"Lord Ivashkov, Rose" ela nos cumprimentou. Sua voz soou desprovida de quaisquer emoções.

"Guardiã Hathaway" Adrian disse, animadamente. “Devo dizer que sua inspiradora presença me ajuda a dormir à noite. Obrigado.”

Seus lábios se franziram. Eu tive que segurar a minha risada. Adrian estava provocando minha mãe e ao mesmo tempo sendo educado. Ele parecia não temer sua própria vida.

"Obrigada, Lord Ivashkov. Estamos fazendo de tudo para manter esse campus seguro" seu olhar caiu em mim. "Se importaria de eu pegar Rose emprestada por um momento?"

"À vontade. Eu preciso resolver outros assuntos" ele se despediu de nós e se afastou, logo puxando sua carteira de cigarros. Balancei a cabeça. Adrian definitivamente não tinha jeito.

"Você e Ivashkov parecem ser bons amigos" disse ela depois que Adrian dobrou a esquina.

Suspirei. "Mãe, não tem nada acontecendo entre nós"

O olhar dela ainda continuava duro. "E mesmo assim eu continuo não gostando de ver vocês dois juntos"

"Você só veio falar comigo para me dar uma bronca porque ando com o Adrian?" questionei. Seus olhos brilharam de raiva. Eu sabia que ela odiava ser cortada.

"Não" disse ela. Sua expressão se suavizou. "Na verdade eu queria me despedir de você. Estou voltando para a Corte para ficar com o Lord Szelsky"

"Eu achei que você ficaria por mais tempo" minha mãe tinha sido chamada para repor os números dos guardiões mortos no ataque.

Ela balançou a cabeça. "Não. Os que irão repor chegaram ontem à noite. Guardiã Petrov estava inclusive dividindo as tarefas deles algumas horas atrás."

"Quando você partirá?"

"Hoje à noite" disse. "Mas tenho planos de aparecer aqui semana que vem, para seu aniversário"

Eu apenas a encarei. Por causa do ataque, eu tinha esquecido um monte de coisas da minha vida. E uma delas foi meu aniversário. Faltavam apenas cinco dias, para ser mais exata. Era engraçado, porque semana passada eu estava louca para que esse dia chegasse logo. O dia em que eu me tornaria legalmente uma adulta. Mas agora? Agora isso não importava.

Minha mãe pareceu achar que meu choque era porque ela estaria presente, não porque eu tinha me esquecido da data. "Olha Rose, se você não quiser que eu esteja aqui -"

Eu a puxei para um abraço. Isso a chocou mais ainda. E a mim também. "Claro que eu quero!" Ia ser interessante. Esse seria o primeiro aniversário que ela estaria presente. Aquela parte de mim que se sentia uma garotinha rejeitada pelos pais se alegrou. Yeah, as coisas estavam mudando entre nós. E para melhor.

Ela suspirou - provavelmente de alívio por eu ter aceitado - e afagou meu cabelo. Eu senti que aquele vazio que eu tinha no coração por causa da sua ausência tinha sido preenchido.

Nós não falamos nada por alguns segundos. Mas quando ela se afastou, eu vi um brilho de emoções em seus olhos. Era pura afeição. Ela afagou meu rosto. "Ah Rosemarie, eu estou com medo de te deixar aqui, sozinha. Medo de você fazer outra loucura"

Eu sorri. "Eu não vou a lugar algum, mãe. Chega de loucuras. Bem, pelo menos por agora"

***

Eu estava saindo do dormitório para encontrar Lissa e os outros quando senti sua presença.

Ali, entre os pinheiros perto de um dos chafarizes que a Academia tinha, usando seu longo sobretudo de caubói, estava Dimitri.

Ainda nem tinham saído os primeiros raios de Sol direito, mas eu conseguia ver sua silhueta alta e imponente. Além dessa poderosa conexão que partilhávamos, sabíamos exatamente quando um estava por perto. Era quase como se houvesse um imã, ou um alerta que soava no nosso subconsciente quando um de nós aparecia.

Cuidadosamente, eu fiz a volta e caminhei até onde ele estava. Não havia ninguém ali por perto, já que a maioria estava jantando, mas mesmo assim eu tinha que tomar cuidado para não ser vista. Desviei de algumas poças de lama no caminho e o encontrei sob a sombra das arvores.

“Você já teve alta?” Indaguei surpresa. Não conseguia ver seu rosto e, pra ser sincera, temia o que fosse encontrar ali.

“Já, mas ainda estou em observação. Dra. Olendzki me proibiu de trabalho pesado por dois dias. Disse que ainda tenho sangue a repor.”

Sua voz era inexpressiva e, quando ele deu um passo a frente, pude ver que seu rosto também. Ele usava aquela maldita máscara de guardião. Eu sabia o que viria a seguir.

“Rose... me diz que o que o Guardião Alto me contou não é verdade.” Dimitri suspirou e levou uma mão ao rosto, aperto a ponte do nariz, escolhendo suas palavras cuidadosamente “Me diga que você não voltou, contra tudo e todos na caverna, para me salvar?”

“Dimitri...” iniciei, mas minha voz se quebrou quando vi seu olhar. Cara, ele estava bravo. Na verdade estava furioso.

“Depois de tudo o que passamos, depois de tanto treinamento, Rose. Você voltou quando deveria ter ido. O sol estava quase se pondo e havia mais Strigoi.” Eu merecia ouvir aquilo. Sabia que sim. Mas não significa que doeu menos ficar calada enquanto ouvia. “Você foi impulsiva e colocou, não apenas a você, mas a outros guardiões em perigo. Foi uma insanidade!”

“Dimitri, eu tinha que-” ele me interrompeu.

“Tinha que o que? Mostrar que Rose Hathaway faz o que quer quando quer? Que a morte não a assusta? Provar sua coragem e bravura enfrentando a morte certa?”

“Eu não morri.” Cortei-o com acidez. “E pelo que consta, nem você e os outros guardiões que estavam comigo.”

“Isso foi sorte. E não podemos sempre contar com a sorte. Por isso treinamos arduamente, Rose. Por isso devemos estar sempre preparados para o pior.” Ele estava prestes a gritar comigo. Em todos esses meses que nós treinamos, eu nunca o vi com tanta raiva. Ele sempre estava no controle de suas emoções. Mas agora ele parecia á beira de perdê-lo. Ele pareceu perceber isso, pois fechou os olhos. E quando ele os abriu, eu fiquei surpresa por também ver desespero lá.“Quando... quando eu lhe disse que temia as consequências de nossa relação... quando eu lhe disse que não podia me deixar te amar... Rose, foi por isso. Você voltou por mim quando deveria ter continuado.”

“Você poderia ter morrido. Ou pior.” Sua voz me deu vontade de chorar pela segunda vez naquele dia. Não. Dimitri não estava terminando comigo. Ele não podia.

“Dimitri, você não entende? Eu tive que fazer isso. Não podia te perder" minha voz não passava de um sussurro. Eu estava prestes a quebrar novamente. "Por favor, não diga que isso foi errado e imprudente. Não diga que eu arrisquei demais e que temos que ficar separados para não acontecer de novo."

“Rose, isso foi errado e imprudente. Nunca deveria ter acontecido. E nem deve acontecer novamente.”

Uma estaca no coração deveria doer menos que suas palavras, ditas com suavidade que pareciam irreais. Então era isso. Dimitri ia terminar comigo. Nada do que ele havia me dito antes de irmos para a missão de resgate aconteceria. Ele estava voltando atrás. Antes mesmo de termos começado. Era cruel com a vida dava voltas.

“Eu sabia.” Disparei, raiva correndo em minhas veias, tão rápido quanto meu coração poderia bater. “Sabia que isso iria acontecer! Eu sabia que alguma hora você iria fazer isso comigo e voltar atrás, mas eu ignorei. Ignorei porque eu acreditei que o que aconteceu entre nós na cabana havia significado para você tanto quanto significa para mim. Deveria saber que seus princípios zen ou sei lá que merda você irá usar como desculpa desta vez iriam falar mais alto e que tudo o que você me disse quando estávamos juntos iria pelo ralo.” Dimitri pareceu assustado com minha explosão, e até confuso. Mas isso não me fez parar. Cutuquei seu peito com o indicador enquanto prosseguia reclamando. “Nada mais importa, certo? Vamos, diga logo! Volte atrás das suas deci-”

Dimitri não disse nada. E nem eu pude continuar a gritar, pois minha boca havia sido subitamente coberta pela dele assim que me puxou para seus braços.

Parte de mim tentava me lembrar de que eu deveria me afastar e ficar brava com ele. Mas outra parte, a que venceu, apenas queria aproveitar o beijo que eu estava esperando desde que o vi acordar mais cedo naquele dia. E oh, era como se todos os meus problemas tivessem desaparecido enquanto nossos lábios se moviam em perfeita sincronia.

Entretanto, mais cedo do que eu gostaria, Dimitri interrompeu o beijo, e afastou-se apenas alguns centímetros para que pudesse encarar meu olhos. Suas mãos subiram e seguraram meu rosto com delicadeza. Ele suspirou.

Roza, nunca irei retirar o que lhe disse na cabana. E nem depois. O que aconteceu entre nós... eu nunca, nunca, irei querer esquecer. Aquilo importa. Isso importa. Nós importamos.”

“Mas... você disse...” Agora era eu quem estava confusa. Seu sermão e maneira que havia falado...

“Eu disse que você nunca mais na sua vida deve se arriscar dessa maneira. Nunca mais, está me ouvindo?” Sua máscara havia caído e agora eu encarava sua dor e desespero e entendi o porquê de tanta raiva. “Rose, eu não consigo pensar o que poderia ter acontecido caso sua mãe e Stan não estivessem lá... Eu amo você, Rose. Tanto que me chega a doer.”

“Eu também te amo, camarada. “ Disse antes de beijá-lo novamente. “Você não imagina o que eu senti quando te vi caído... Foi como...” Não consegui terminar, incapaz de por em palavras meus sentimentos daquele momento horrível que, se pudesse, apagaria da minha memória.

Seus braços me envolveram, e me puxaram para mais perto dele. Descansei minha cabeça em seu peito e me deixei ser envolvida pelo cheiro da sua loção pós-barba que era tão familiar. Eu senti algo quente e molhado escorrer pelo meu rosto. Eram lágrimas. Eu tinha ficado tão assustada quando vi aquele Strigoi afundando suas presas no pescoço de Dimitri, achando que ele estaria morto. Foi um inferno tão grande.

“Shh, não pense nisso, Roza. Eu estou aqui.” Abraçamo-nos com mais força. Se havia algo no mundo que eu pudesse chamar de lar, eram seus braços. “Eu te disse que queria resolver as coisas, não disse? Eu quero que todos saibam sobre nós. Eu também quero que nossos encontros deixem de ser às sombras"

Levantei a cabeça para olhá-lo. Havia algo diferente em seu olhar. Algo mais vivo. Como uma chama ardente. “Eu também quero isso. Mas Lissa... e minha mãe...”

“Uma coisa de cada vez. Primeiro devemos esperar até a sua formatura. Para todos os efeitos, você ainda é minha alua, e menor de idade ainda. São duas coisas que não podemos ignorar.” Ele ergueu a mão e segurou uma mecha de meu cabelo entre os dedos com gentileza. “E... até lá, até a formatura, vamos ter que nos afastar.” Ele disse isso com um suspiro pesado.

Eu assenti. "Você tinha me falado isso antes" eu sabia que não deveria revelar aquilo para ele, mas mesmo assim continuei. “E, bem, Adrian já sabe sobre nós. E não faça essa cara. Ele sabe há muito tempo, desde a ida à Idaho. Foi por isso que ele me ajudou a me esgueirar para onde você estava hoje. Ele tem sido muito compreensivo e leal... Não esqueça disso.”

Dimitri ergueu a sobrancelha – daquela maneira legal que ele fazia –mas não comentou o assunto. Esperava que ele visse Adrian diferente agora, mas talvez fosse esperança demais para um dia só. “Sua reação na caverna deu muito o que falar, Rose. Vamos ter que agir com mais cautela e menos... você sabe. Eu falo sério, Rose. Teremos que ser extremamente profissionais.”

Só nesse momento que senti as consequências da minha atitude. Arriscar meu pescoço voltando para salvar Dimitri era tudo bem. Salvar o amor da minha vida, mas ter que esperar até a formatura, era ruim. Pior era o fato de que os outros estavam suspeitando sobre nós - Adrian mesmo havia me falado que a Dra. Olendzki estava suspeitando, mas que achava que isso era impossível. Eu definitivamente não tinha pensando nisso quando corri para salvá-lo. Iria ser complicado.

Bem, eu era Rose Hathaway afinal de contas. Problemas grandes o suficiente para me comprometer, situações impossíveis e regras feitas para serem quebradas eram as definições da minha vida. E meu relacionamento com Dimitri se encaixava nessas 3 categorias. Definitivamente, a sorte não estava do meu lado -- até porque se estivesse, eu não seria uma Hathaway.


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Notas finais do capítulo

Ufa, aí está o capítulo! Espero que tenham gostado :3

Sei que muitos estão decepcionados porque o Abe não apareceu, então aqui vai um spoiler: ele vai SIM aparecer! E está bem perto já ^^

Sobre a Avery, se você está pensando em parar de ler essa fic porque ela apareceu, por favor não pare! Não, ela não tentará roubar o Dimitri da Rose! Eles já estão enfrentando muitos problemas para conseguirem ficar juntos! Mas a Avery aprontará mais do que ela fez em BP, e juro que ela precisou aparecer para algumas coisas acontecerem... (ok, parei por aqui senão vou entregar tudo da fic!)
Acho que posso dizer que a "introdução" da fic acabou nesse capítulo, e que as coisas realmente começarão a andar no próximo! Nem preciso dizer que estou super aliviada com isso haha

Gente, eu amo vocês! Sério, vocês conseguiram me deixar de queixo caído quando acordei no dia seguinte e vi que de 12 reviews nós fomos pra 28! A Mary e eu ficamos assustadas e é claro, MUITO felizes ♥ (por isso que ralamos para postar hoje apesar das nossas situações!!). Sério gente, fiquei super emocionada quando li todos eles *------------* vocês não fazem ideia!!!! Amei saber a opinião de cada um de vocês -- inclusive algumas coisas que eu nem tinha pensando em por aqui na fic! E se puderem contar pra gente o que acharam desse capítulo, melhor ainda!! Podem ter certeza de que estaremos lendo e respondendo cada um desses reviews ♥

Ah, uma perguntinha: vocês tem problemas com hentai? É porque assim... (ok, parei de novo!) *cof cof*
Outra perguntinha: qual desses personagens vocês querem que descubra sobre Romitri por primeiro? O Christian já sabe, quem será o próximo? E como vocês imaginam essa descoberta?
a) Alberta
b) Stan
c) Janine
d) Lissa
e) prefiro que vcs me surpreendam
Ps: Alberta também já sabe, mas ainda não falou com os 2. Ela está praticamente na mesma situação do Christian '-'

Bom, acho que é isso!
Novamente, obrigada por tudo pessoal!
Ps: prometo que a Mary vai postar o próximo sem falta KKK

— Anita



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