What If escrita por Olivia Hathaway, Maria Salles


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ok, aposto que vocês lerão esse capítulo super rápido para descobrirem o que aconteceu com o Dimitri, né? Bem, aí está ele!

Estou com uma puta dor de cabeça, então me perdoem se eu escrevi alguma coisa confusa aqui, ok? Idem pros erros...

Ps: esse capítulo contém cenas de SK!



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Eu não consegui dormir.

Fui assombrada por pesadelos, sendo obrigada a reviver os acontecimentos da caverna: ver Dimitri sendo mordido e depois eu quase perdendo minha própria vida. Imagens de corpos tanto dos Strigoi quanto dos guardiões mortos me fizeram ter calafrios.

Chutei minhas cobertas e caminhei até o banheiro. Meu rosto estava inchado, e com olheiras. Eu nem me surpreendi com isso. Joguei água nele e troquei de roupa.

Eu estava caminhando até a pesada porta de vidro do dormitório quando me chamaram.

"Senhorita Hathaway?"

Um Moroi com cerca de quarenta anos estava parado do outro lado do corredor. Eu o reconheci como um dos porteiros do nosso dormitório, um que amava ler revistas e fazer palavras cruzadas.

Ele parecia um tanto ansioso quando retribui o olhar. "A Guardiã Petrov pediu para te avisar que a cerimônia será realizada hoje à tarde, perto das três"

Como eu poderia ter me esquecido da cerimônia? Quero dizer, eu sabia que eventualmente iria receber minhas novas marcas molnija pelas mortes na batalha, mas não sabia que seria tão cedo. E honestamente, eu não estava animada para recebê-las. Desde que percebi o real significado delas quando Mason morreu, eu tinha parado de achar aquilo um sinal de glória. Elas me fariam lembrar-me do pesadelo que eu vivi.

Eu murmurei um obrigada e estava prestes a sair quando ele falou de novo.

"Como... como foi na caverna?" havia curiosidade em seu semblante.

Eu respirei fundo. Ainda teria que me acostumar a contar para os outros sobre o que tinha acontecido lá. Não contaria os detalhes, claro. Apenas um pequeno resumo. "Foi difícil. Havia muitos Strigoi lá, o local era muito escuro e com passagens estreitas"

"Eu ouvi dizer que foi você quem teve a ideia da missão de resgate" disse, e um pequeno sorriso se formou nos meus lábios. Bem, aquilo sim era inédito. Com todos me questionando sobre os fantasmas e a minha bravura por ter se arriscado para salvar Dimitri, o detalhe de ter sido autora do plano de resgate havia passado batido pela maioria. Eu me senti feliz por alguém não ter colocado os fantasmas em primeiro plano.

"Sim" respondi. E antes que ele pudesse mencionar os fantasmas, eu acrescentei. "Era algo que tinha que ser feito. Não podíamos deixa-los lá"

"Foi um ato de bravura, e foi a decisão certa. Acredite em mim, você fez um feito muito grande, e com certeza será uma das melhores guardiãs que o mundo Moroi já viu"

"Obrigada" eu respondi, meio que sem jeito.

Quando finalmente saí do dormitório, fui envolvida pelo ar frio da primavera de Montana. Rangi os dentes. Estava mais frio que ontem, e provavelmente nevaria mais tarde. Francamente, não teria me matado passar mais alguns minutos no meu quarto para pegar um casaco mais quente. Eu duvidava que me chamariam agora cedo para ver Dimitri.

Enfiei minhas mãos nos bolsos e atravessei o campus praguejando, indo até o refeitório. No caminho, encontrei alguns Moroi e dhampirs com suas famílias. Alguns ainda choravam, outros estavam apenas com aquela expressão triste. Abby Badica estava entre eles, e ela me lançou um breve olhar quando passei pelo corredor. Ela tinha sido uma das prisioneiras dos Strigoi, eu me lembrava dela saindo da caverna, com uma expressão assustada no rosto.

Eu acenei para ela e continuei a caminhar. Lissa estava sozinha na mesa, beliscando uma maçã.

"Hey" ela disse quando me sentei na sua frente. "Estava esperando você aparecer."

"Estou aqui. Onde está o Christian?" perguntei, começando a comer um donut. Eu tinha enchido minha bandeja com meu café da manhã antes de encontrá-la.

"Atrás de você"

Eu olhei para cima e sorri. Estava prestes a lhe fazer uma gracinha quando percebi Jesse nos olhando, com Ralf logo atrás.

Ele certamente não esperava que eu conseguisse pegá-lo nos flagrando aqui. Eu não o tinha visto desde o episódio da escuridão de Lissa que eu absorvi, quando eu o soquei até ser arrancada pelos guardiões. Lembro-me que meu ódio e raiva eram tão grandes que queria matá-lo, fazê-lo pagar por ter machucado Lissa. E pelo seu rosto praticamente todo arruinado, eu percebi que tinha provado e muito bem o meu ponto naquela noite: ele tinha um olho roxo, alguns cortes, um curativo no nariz - eu tinha quase certeza de que ele estava quebrado - e a mão direita enfaixada.

Se ele não fosse um arrogante filho da puta, eu teria sentido pena e pensaria até em me desculpar por ter feito aquilo com ele. Mas como ele era, eu decidi deixar as coisas como estavam.

Jesse rapidamente desviou o olhar e andou em direção à ala dos alimentadores. Christian sufocou uma risada. "Acho que depois dessa, ele vai pensar duas vezes antes de pisar na mesma sala que você"

"Eu espero. Mas conhecendo Jesse, ele vai arrumar um jeito de se vingar"

"Não acho que ele seria louco a esse ponto" observou Lissa. Eu ainda podia sentir que ela estava chateada pelo que ele tinha feito com ela. Mesmo assim, ela temia pela vida dele. Era engraçado saber que ela ainda queria ver seus inimigos vivos. Bem, acho que menos Victor Dashkov. "Até mesmo para voltar com aquele grupinho idiota que ele montou"

"Isso" eu disse, mastigando outro pedaço de donut. "É outra coisa que vou me certificar para que não aconteça. Já chega de gente se machucando para tentar ganhar um pouco de status nesse clubinho bizarro."

"É mesmo? Porque eu podia jurar que eu o ouvi falar ontem mesmo que iria continuar com o clubinho. Só que agora eles seriam mais rígidos na hora de escolherem suas vítimas" Ele apoiou os cotovelos na mesa e me lançou um olhar cínico. "Isso significa que não seremos mais convidados"

"Ele provavelmente vai se arrepender de ter mantido isso em segredo quando os guardiões aparecerem por lá..." meditei.

"Ei, sabia que as wards foram anuladas por causa deles?" Eu olhei para Lissa, esperando que ela continuasse. "Digo, os guardiões suspeitam. Havia muita magia lá, e eles acham que isso anulou as wards"

"Mas não seria muita coincidência por ser na mesma noite do ataque?" Christian ergueu uma sobrancelha.

"O quê, agora você acha que Jesse e Ralf têm amizade com os Strigoi? Logo eles, que são um exemplo de coragem e bravura?" perguntei sarcasticamente. Lissa revirou os olhos.

"São apenas teorias, Rose"

"Eu sei" falei. "Eu até mesmo disse isso para Dimitri. Ele também acha que pode ter sido isso, porque eles já estavam fazendo isso há um tempo. Era por isso que eu" os dois me encaravam com expectativa quando hesitei "era por isso que eu estava conseguindo ver Mason."

Christian hesitou antes de falar. Assim como Dimitri e os outros, ele também estava com problemas em aceitar que eu realmente podia ver fantasmas. "Faz sentido."

"Sim" eu concordei. "Ainda mais porque eles não encontraram nenhuma estaca de prata lá para indicar que os humanos estavam trabalhando para os Strigoi"

Nós continuamos discutindo quando Lissa disse que ela e Christian estariam indo na última missa. Eu disse que não iria.

"Onde você vai?" perguntou Lissa depois que terminei minha comida.

"Ver Adrian" eu não queria ir com ela e Christian para a missa. Não me entenda mal, eu sentia e muito pelas mortes, mas não aguentava mais ficar nesse campus, vendo todo esse sofrimento. Eu já estava sofrendo porque Dimitri estava vegetando. Ainda temia por sua vida. E eu precisava vê-lo o quanto antes. "Afinal, ele decidiu se isolar desde que eu acordei"

***

A ala dos visitantes, ao contrário do restante do campus, estava mais movimentada. Toda essa movimentação se devia ao fato de que muitas famílias Moroi estavam aqui tanto para checar seus filhos quanto para prepararem os funerais. Eu sabia que todos ainda estavam chocados em saberem que o segundo lugar mais seguro do nosso mundo tinha sido atacado.

Adrian demorou algum tempo para atender a porta. Mas quando ele a abriu, eu nem tive tempo de abrir a boca para falar porque ele me puxou para um apertado abraço.

"Pequena dhampir" ele disse, sua voz aliviada. Ele quebrou o abraço e se afastou. "Eu não esperava ver você aqui"

"Muito menos eu" murmurei. Eu entrei, e quase fique assoberbada com o cheiro de álcool que senti quando passei por ele. A casa de convidados da Academia era boa, mas ele claramente não fez muito para manter sua suíte limpa. Eu tinha a impressão que ele provavelmente estava bebendo sem parar desde o ataque. A TV estava ligada, e numa pequena mesa perto do sofá estava uma garrafa de vodka pela metade. Eu a peguei e li o rotulo. Estava em russo.

“Má hora?” eu perguntei, a colocando de volta.

“Nunca uma má hora para você,” ele me disse galantemente. O rosto dele parecia cansado. Ele ainda era tão bonito como sempre foi, mas tinha círculos escuros embaixo de seus olhos como se ele não tivesse dormindo bem. Ele me levou em direção a uma cadeira e sentou no sofá. “Não sabia você tinha acordado”

"Eu acordei ontem à noite" respondi.

"E eu me sinto aliviado com isso" ele sorriu. "Ah Rose, você não sabe o quanto você nos preocupou"

"Eu estava tão ruim assim?"

Os olhos verdes de Adrian se encontraram com os meus. "Você não imagina o quanto. Sua mãe estava desesperada quando entrou na enfermaria com você em seus braços. Stan entrou logo depois, carregando Belikov junto com aquela guardiã que é a chefe de vocês. Ele começou a dizer que você tinha quase se matado entrando de novo na caverna para salvar Belikov. Disse ainda que você começou a gritar sobre fantasmas"

"Yeah, aposto que todos eles acham que eu sou louca depois disso"

"Por causa dos fantasmas? Não, eu acho que não. Não do jeito que falaram sobre isso. Eles disseram que algo atacou os Strigoi, algo que eles não podiam ver. Mas você podia. E que tinha te afetado do mesmo modo que te afetou no avião." revelou. "Admito, eu também não acreditava em fantasmas até ouvi-los falando sobre esse ataque. Mas agora? Toda essa história faz sentido, inclusive o quão profundo são seus sentimentos pelo cara russo"

"Adrian" avisei, laçando-lhe um olhar feio. Não, eu não estava nem um pouco a fim de entrar naquele tópico.

Um sorriso triste apareceu em seus lábios. "Eu deveria saber. Aquele cara sempre foi Belikov, não?"

Eu desviei meu olhar. Meu peito se apertou. Não apenas por Adrian ter trazido isso a tona, mas também porque eu sabia que ele estava triste porque eu jamais poderia retribuir seus sentimentos. Dava para ver pela sua voz que ele estava magoado consigo mesmo por não ter sido a altura de Dimitri. Eu sabia que por trás de todas aquelas provocações e insinuações de sexo, Adrian era uma boa pessoa e realmente se importava com os outros. Se eu desse uma única chance para ele, eu tinha certeza de que ele provaria ser a altura. Mas eu não podia, e nem conseguiria.

Não quando meu coração pertencia à outra pessoa.

Ele continuou, obviamente depois de ver minha cara. "Olha Rose, eu não tenho problema com isso. Eu sempre suspeitei que fosse Belikov. Mas ainda sim... Bem, eu esperava - ainda espero - ter uma chance com você. Mas enquanto isso ainda não aparecer, eu vou te ajudar com o que eu puder. Porque eu me importo com você, de verdade."

"Obrigada" minha voz não passava de um sussurro. Eu o senti colocando sua mão no meu ombro. De repente, eu quis mudar de assunto. “Você parece pior do que eu,” eu disse a Adrian. “Eu não achei que isso fosse possível.”

Ele colocou a garrafa que ele segurava nos lábios e deu um longo gole. “Nah, você quase parece bem. Quanto a mim... bem, é difícil explicar. As auras estão me atingindo. Tem muito pesar por aqui. Você não pode nem começar a entender. Irradia de todos em um nível espiritual. É demais. Faz sua aura negra parecer alegre.”

“É por isso que você está bebendo?”

“Sim. Fecha a minha visão das auras, graças a Deus, então não posso te fazer seu relatório do dia. Um bem preciso, no caso” Ele me ofereceu a garrafa, e eu neguei. Ele deu nos ombros e tomou outro gole. "Você conversou com Lissa sobre os efeitos do espírito estarem te fazendo ver fantasmas e absorver a escuridão dela?"

Eu tirei a garrafa da sua mão. “Não é por causa de Lissa que estou vendo fantasmas. Bem, ela é, mas não do jeito que você acha. Eu vejo fantasmas porque eu sou uma shadow-kissed. Estou ligada com o mundo da morte, e quanto mais eu mato, mais forte fica essa ligação. É por isso que eu vejo os mortos e por isso que me sinto estranha perto dos Strigoi. Eu posso sentir eles agora. Eles estão ligados com aquele mundo também.”

Ele franziu. “Você está dizendo que as auras não significam nada? Que você não está pegando os efeitos do espírito?”

“Não. Isso está acontecendo também. É por isso que tudo tem sido tão confuso. Eu achei que só tinha uma coisa acontecendo, mas tem duas. Eu vejo os fantasmas porque eu sou uma shadow-kissed. Eu fico... chateada e irritada... malvada, até mesmo... porque eu estou pegando o lado negro de Lissa. É por isso que minha aura é escura, porque estou ficando tão enfurecida ultimamente. Agora, tudo só parece como se eu tivesse um mal temperamento...” eu franzi, pesando na noite que Dimitri tinha me impedido de ir atrás de Jesse. “Mas eu não sei o que vai acontecer em seguida.”

Adrian suspirou. “Porque tudo é tão complicado com você?”

Eu dei um dos meus melhores sorrisos para ele. "Porque eu voltei dos mortos"

***

A cerimônia para a obtenção das marcas foi mais tarde naquele dia. Ela não foi muito diferente de quando ganhei minhas primeiras marcas semanas atrás; havia uma grande tensão e tristeza que emanando de todos. Havíamos resgatado muitos Moroi e damphirs, e conseguimos evitar algo pior – tipo um massacre – na Academia. Ainda assim o número de mortes havia sido significante.

Também havia a presença de outros aprendizes e alguns Moroi, incluindo Christian. Ele havia sido muito corajoso permanecendo ao meu lado e utilizando sua magia para me ajudar e a matar seus próprios Strigoi. A marca que receberíamos seria uma Zvezda, palavra russa para estrela. Era uma marca de batalha, quando se mata Strigoi demais para se contar.

Minha mãe estava ali para receber as marcas, assim como Alberta, que me lançou um olhar que eu bem conhecia. Ela iria queria falar comigo, e eu apostava que não seria para me elogiar. Com certeza ela, assim como minha mãe, iria me dar uma bronca pela forma na qual agi na caverna, arriscando meu pescoço e os de outros guardiões ao voltar para salvar Dimitri.

Quando tudo acabou, Christian, que parecia abalado com o processo, chamou-me para ir até a biblioteca e encontrar Lissa, mas antes que pudéssemos sair do salão, Stan irrompeu nosso caminho com um olhar sério.

“Rose.” Disse ele, após dar um aceno de cabeça para Christian. “Fiquei sabendo que você acordou. Imagino que já esteja totalmente recuperada.”

“Sim... E obrigada por ter me tirado de lá.” Se ele não tivesse me seguido, talvez nem eu nem Dimitri tivéssemos sobrevivido. Poderíamos ter nossas diferenças, mas não era nenhuma ingrata.

“Quanto a isso” revirei os olhos mentalmente e segurei um bufar. Sabia o que viria a seguir. “Rose, o que você tinha na cabeça? Foi um alto totalmente impulsivo e impensado.”

“Eu sei...”

“Eu entendo que Belikov e você ficaram muito próximos, por ele ser seu mentor, e o como deve ter sido difícil você vê-lo caído, alguém que você se inspira e segue. Mas também sei que ele te treinou muito bem para você ter agido daquela maneira. Vocês dois poderiam ter morrido. Espero que tenha servido de lição e não acontece mais nenhum ato do tipo.”

Ouvi seu sermão de cabeça baixa. Já havia ouvido tudo aquilo, e não apenas uma vez. Provavelmente continuaria ouvindo até a formatura, se duvidar, mesmo depois dela. Todos eles tinham seu ponto. Todos eles tinham razão. Quando Mason voltou para me salvar em Spokane, e acabou morrendo, cheguei a temer que algo assim acontecesse comigo e Dimitri. Era aterrorizante ver meu medo personificado.

“Eu sei. Quando Dimitri acordar e tiver alta, ele provavelmente vai me fazer correr mil quilômetros por isso.”

“Seria bom.” Ele então suspirou e eu poderia jurar que quase sorriu. “Que bom que no final deu tudo certo, Hathaway.” Sem mais, ele se afastou, deixando a mime e Christian sozinhos.

Virei-me para Christian e me assustei quando me deparei com ele olhando para mim fixamente. “O que foi?” indaguei, imaginando se teria algo no meu rosto.

“Nada.” Disse ele com um dar nos ombros. E era o velho Christian marrento de volta. Não desarmou a expressão sombria no rosto até sairmos do prédio dos guardiões.

Era a hora de colocar meu plano em ação. "Não vou poder te acompanhar até a biblioteca. Preciso fazer uma coisa antes"

Eu decidi que não iria mais esperar. Já estávamos no meio da tarde e a Dra. Olendzki não tinha me chamado para ver Dimitri. Então eu mesma iria lá para vê-lo com meus próprios olhos.

Christian me observou por mais alguns segundos e deu de ombros. "Ok, vejo você mais tarde então".

***

Eu estava prestes a chegar a enfermaria quando senti um cheiro de cigarros de cravo-da-índia. Olhei para o lado e vi Adrian encostado na parede com um ar despreocupado. Ele sorriu quando me viu, e deu uma longa tragada no cigarro antes de jogá-lo no chão.

"Droga, Adrian, o que você está fazendo aqui mesmo?" resmunguei, irritada. "Você não tem coisas mais importantes pra fazer? Tipo terminar de esvaziar seu depósito de bebidas?"

"Você está brincando? A sua aura que me atraiu pra cá. Ela estava praticamente gritando 'chega de esperar, eu vou fazer isso e dane-se as consequências'. É algo ímpar no meio de toda essa depressão" Ele caminhou até onde eu estava e abriu um sorriso preguiçoso. "É claro que eu tinha que checar isso. E não, não fiquei surpreso em te ver aqui."

Não, mas eu estava surpresa por encontrá-lo mesmo assim. "Você não disse que tinha bebido o suficiente para bloquear as auras?"

"Eu disse quase" corrigiu ele. Ele ainda sorria, um sorriso provocador. "Você parece surpresa e um pouco aborrecida, pequena dhampir. Minha presença a incomoda?"

Eu sabia que ele sabia o motivo real pelo qual eu estava aqui. "Sim. Isso é algo que eu preciso fazer sozinha"

"É mesmo?" Ele gesticulou para o balcão da enfermaria. "Eu tenho certeza de que eles te barrariam no momento em que você entrasse por aquelas portas"

Por mais irritante que isso fosse, eu sabia que Adrian estava certo. As enfermeiras e a própria Dra. Olendzki me barrariam se eu insistisse em ver Dimitri - e oh, eu insistiria. Também tinha certeza de que seria capaz de arrumar uma luta com elas só para vê-lo. Eu não era uma pessoa muito paciente, especialmente quando se tratava de Dimitri.

Eu percebi que ele tinha um ponto. "O que você tem em mente então? Usar compulsão para me deixarem entrar?" O olhar que ele tinha no rosto me fez perceber que eu tinha acertado. Uh. "Mas as bebidas não vão diminuir o efeito?"

"Obrigada pela preocupação, Rose. Mas compulsão não exige muito de mim" ele disse com uma piscadela. "Apenas observe"

Ele caminhou até o balcão da enfermaria, onde uma Moroi digitava no computador. Uma onda de alívio se espalhou por mim quando vi que não tinha ninguém ali para testemunhar o que estávamos prestes a fazer. Adrian de repente se virou para mim e disse. "Vamos"

Eu o segui pelo corredor, que também estava vazio. "Eu me lembro de ter visto duas salas de observações. Oh, aqui -" estava prestes a abrir a porta quando ele me puxou para longe. Eu lancei-lhe um olhar feio. "Hey, nós precisamos checar primeiro"

"Ele não está aí." disse ele, soltando meu braço. "Há mais duas salas de observações além dessa"

"Como você-"

E nisso nós quase demos um encontrão em uma enfermeira. E ela parecia irritada em nos ver ali. Eu quase entrei em pânico porque nosso plano estava prestes a ir por água a baixo, e eu não veria Dimitri. "O que vocês dois estão fazendo aqui? O horário de visita já acabou."

"Nós estamos indo pegar um remédio para dor de cabeça. Você não vai brigar conosco por causa disso, certo? Não é nada demais" Adrian disse, com a voz calma e aveludada. Então a raiva começou a se esvair do rosto dela. Era a compulsão fazendo efeito. "Além disso, você vai esquecer que nos viu aqui. Você está morrendo de fome, e louca para comer os biscoitos lá na recepção. Certo?"

Não houve hesitação. "Certo"

"Vá!" ele disse, quase como em uma ordem. A enfermeira nos deixou sem sequer olhar para trás. Eu deixei que Adrian nos guiasse, e quando paramos na frente de uma porta, me coração acelerou.

“É aqui, pequena dhampir” disse Adrian indicando a porta com a cabeça “Estarei esperando aqui fora”

Inspirei fundo e empurrei a porta, fechando-a silenciosamente atrás de mim.

Dimitri estava deitado em uma cama alta no meio do quarto, no soro. Ao lado da sua cama havia uma poltrona e um monitor que media seus batimentos e oxigenação do sangue.

Andei até sua cama e observei seus traços. Ele estava pálido e com leves olheiras sob os olhos, seu cabelo castanho parecia opaco e sem brilho espalhado pelo travesseiro. Olhei seu pescoço e vi que não havia mais as marcas das presas do Strigoi loiro.

Senti meus olhos encherem-se de lágrimas com a visão que tive. Não era o meu Dimitri. Não ali, naquele cama, parecendo tão vulnerável. Dias atrás – parecia uma eternidade – ele tinha me emprestado a sua força para sair da escuridão do espírito e havia me prometido que não deixaria que nada de ruim acontecesse comigo. Eu fiz a mesma promessa e, apesar de nada pior ter acontecido, sentia como se tivesse falhado com ele.

Apesar de seu peito subir e abaixar sutilmente, sua imobilidade me assustava. Eu o havia resgatado, minha mãe me dissera que ele estava vivo e Lissa me disse que cuidou dele. Mesmo assim, eu precisava ter certeza. Precisava tocá-lo e sentir sua pele na minha e saber que ele estava bem.

Descansei a mão sobre seu coração, sentindo sua batida forte e rítmica. Ainda abalada, não parecia ser o suficiente. Segurando as lágrimas, deitei a cabeça em seu peito e o som de seu coração me fez sorrir.

“Você está vivo.” Murmurei, mais para me convencer que qualquer outra coisa. “Eu salvei você, camarada.”

Não, a morte não o tinha levado de mim. E nem levaria. Não algo tão quente e vivo como ele. Tive vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. E, na verdade, teria feito isso, se Dimitri não tivesse se mexido.

Eu recuei para olhar seu rosto, e de repente era como se todo o mundo tivesse desaparecido. Não havia luto, nem Lissa e nem nada.Porque naquele momento, era apenas ele que existia. Só ele e aqueles profundos olhos castanhos que me encaravam com surpresa - e com muitas outras emoções. Eu fiquei presa naquele olhar.

Então ele falou. Foi apenas uma palavra, mas ela tinha todo o poder do mundo naquele momento.

“Roza”






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Notas finais do capítulo

Capítulo longo e parece que o Chris descobriu sobre os dois...

É, eu sei que fomos vacas por termos parado logo aí... Mas precisa de um pouco de suspense, né? Prometo que vocês irão adorar o próximo capítulo! (por que será né?...)
Mais uma vez, obrigada por todos os comentários! ♥♥ Vocês são demais e animam o meu dia!! Eu tinha ficado um pouco magoada porque a maioria do pessoal que comentou no prólogo pedindo para que continuássemos com a fic não disse nada quando postamos o primeiro capítulo. Juro que fiquei com medo de ter escrito alguma merda! o_O Bom, eu adoraria saber o que vocês acharam desse capítulo! É super importante isso ;)

Ah, como vocês viram, aí tem cenas de SK. Tive que manter aquela conversa com o Adrian igual no livro porque essa conversa sobre auras/escuridão/fantasmas era bem importante!

Agora aqui vai uma pergunta pra vocês! Quero ver quem vai adivinhar o novo personagem que vamos introduzir no próximo capítulo! Dica: ele aparece em BP!
a) Abe Mazur
b) Avery Lazar
c) Oksana
d) Mia

Eu também iria colocar spoilers do próximo mas acho que alguns não gostam de ler spoilers, certo? O próximo capítulo já está praticamente pronto o/
Bom, acho que é isso!
Quero só ver quem irá acertar essa pergunta!! *risada maligna*
Mais uma vez, obrigada por tudo pessoal!

— Anita H.

PS: VCS VIRAM QUE LINDA A ATRIZ QUE VAI FAZER A KIROVA?? Cara, não vou conseguir mais xingar a Kirova de bruxa velha depois de ter visto a Olga!!! :O