Avery era uma usuária de espírito.

Como eu tinha sido tão estúpida? Estava tão na cara! A maneira que todos se sentiam cativados por ela, que eles olhavam para ela como se ela fosse alguém incrível e que estivesse sempre certa.

Eu só sabia de uma coisa: precisava voltar a Academia o mais rápido o possível.

“Rose!” eu ouvi a voz de Dimitri, soando preocupada e alerta. Mas meu corpo e mente estavam dominados demais para que eu pudesse responder a ela.

“Nós precisamos voltar para a Academia agora!” exclamei, indo até onde estava minha bolsa. Mas antes que eu pudesse alcança-la, braços fortes me agarraram. Os braços de Dimitri.

“O que está acontecendo?” exigiu ele.

“Avery” eu disse, levantando meu olhar para encontrar com o dele. Seu cabelo estava molhado pelo banho recém tomado, e o cheiro de sabão e pele nos cercava. “Ela está manip- oh deus, ela é uma usuária de espírito também!”

“Uma usuária de espírito?” Dimitri estava tão surpreso quanto eu, e seus olhos escuros estavam sérios – eu conhecia aquele olhar. Ele estava processando a informação e procurando alguma solução. “Como você tem tanta certeza disso?”

“Porque ela acabou de me expulsar da cabeça de Lissa” falei, e expliquei para ele que ela era aquela força que havia me tirado de lá.

Eu achei que Dimitri iria hesitar e arrumar algum argumento para contestar a ideia de Avery ser usuária de espírito, mas ele não o fez. Ao invés disso, ele caminhou até o criado mudo e pegou seu celular.

Encarei-o surpresa. “Por que você está ligando? Nós precisamos partir agora!”

“Rose” ele disse, abaixando o aparelho. “Nós não temos como voltar agora. E levaria umas boas quatro horas até chegarmos lá. Vou ligar para Alberta para resolver isso”

Joguei minha cabeça para trás. “E se Avery usar compulsão nela também?” Para enganar outro usuário de espírito, e ter tanto domínio na compulsão para enganar várias pessoas juntas, requeria muito poder. Avery era poderosa. E depois de perceber que ela conseguia manipular Lissa sem levantar suspeitas, eu achava que ela poderia facilmente fazer o mesmo com Alberta.

“Compelir Alberta é algo muito improvável”

“Nós não sabíamos que Avery era uma usuária de espírito até agora” rebati, me aproximando mais dele. “Ela estava escondendo isso muito bem, e manipulando todos. Adrian e Lissa são usuários de espírito, e eles conseguem sentir outros. Se Avery conseguiu esconder muito bem esse alerta, então compelir Alberta será muito mais fácil”

“Quando alguém sabe que estão querendo usar compulsão, é mais difícil fazê-la funcionar” disse ele. Havia determinação em seu olhar. “Alberta saberá exatamente o que fazer depois que eu contar a ela sobre isso. Avery será imediatamente detida”

Suspirei. “Eu realmente espero isso. Lissa está correndo perigo nas mãos dela”

“O que Avery quer com Lissa?”

O que ela queria com Lissa? Era uma ótima pergunta. E eu não tinha a menor ideia de qual seria a resposta.

Balancei a cabeça. “Eu não sei o que ela quer. Parece...” tentei me lembrar do comportamento estranho de Lissa, de vê-la dando ouvidos a tudo o que Avery dizia, como se ela fosse seu mundo. De Lissa se afastando e confrontando todos aqueles que ela dizia amar. De Christian dizendo que ela não era mais a mesma. “Parece que Avery quer convertê-la para ser mais uma Moroi da realeza, e tirar vantagem disso” respondi, e logo acrescentei. “Acho que Tatiana também pode ter uma mão nisso. Você sabe... O sonho da vida dela é ter Lissa como sua marionete, e que Christian e eu somos aqueles que estão atrapalhando os planos dela”

“Seja o que for, a única coisa que podemos fazer agora é avisar à Academia que Avery é um risco para Lissa, e afastá-la” Dimitri disse após alguns minutos em silêncio. “Quando chegarmos lá, vamos descobrir de verdade quais eram as intenções de Avery”

Não discuti, pois ele tinha razão. O máximo que nós dois poderíamos fazer naquele momento era avisar a Academia e manter Avery longe de Lissa.

Depois, bem... eu iria lidar com Avery com minhas próprias mãos. E dessa vez o bom senso não me impediria.

“Eu conheço esse olhar”

Pisquei. “Que olhar?”

Dimitri esboçou um meio sorriso. “Você quer matar Avery. Não vou te julgar, você quer apenas proteger seu Moroi da ameaça. É instintivo, e faz parte de quem você é. Mas Roza, você deveria se acalmar. Já falei com Alberta, sabe que pode confiar nela para manter Lissa segura”

Suspirei. “Eu sei, mas é que eu estou preocupada. Eu deveria estar lá para protege-la”

Dimitri em resposta apenas me puxou para um abraço, um que dizia que ele sempre estaria lá para me ajudar.

Mal fechei os olhos quando fui envolvida por um sonho de espírito. O lugar escolhido era um dos pátios de St. Vladimir, um que ficava bem perto do ginásio. Não havia ninguém lá exceto Adrian e eu.

“Adrian!”

“Pequena Dhampir!” havia surpresa em sua expressão. Assim como uma certa felicidade em seus olhos verdes. “Nunca esperei te ver tão feliz com a minha presença. Devo ter esperanças?”

“Só em seus sonhos, Ivashkov” devolvi, revirando os olhos.

Ele esboçou um sorriso. “Estamos em um sonho...”

“Você sabe que eu quis dizer foi uma brincadeira”

Ele fingiu estar decepcionado – mesmo eu sabendo que no fundo ele estava um pouco. “Bem, então como foram seus testes? Quebrou a cara do seu oponente?”

“Cheguei perto. Mas digamos que se eu o fizesse, as coisas só iriam ficar mais feias” Caminhei até onde ele estava e sentei ao seu lado.

“E Rose Hathaway seria considerada uma completa insana”

“Yeah. Não que eu já não fosse aos olhos da sua querida tia”

“Minha tia não é tão ruim assim” falou. “Ela só é um pouco amargurada. Mas por trás dessa atitude dura, ela é uma boa pessoa e gosta de você”

Eu apenas o encarei. “O que você andou colocando nas suas bebidas, Ivashkov?”

Ele deu de ombros. “Nada. Apenas experimentando novas misturas com Avery”

Avery! Como eu poderia ter esquecido?

“Puta merda!” eu disse, pulando do banco. A postura relaxada de Adrian imediatamente sumiu.

“O que aconteceu, Rose?”

“Adrian” Tomei uma respiração profunda. “Você precisa afastar Avery de Lissa imediatamente. Ela está correndo perigo”

“Como?” sua expressão se tornou confusa. Ele também se levantou. “Por que?”

“Avery, ela é –“ um forte vento começou a soprar, cortando o que eu estava prestes a dizer. Olhei para o céu e notei que ele tinha escurecido. “Adrian, faça isso parar! Agora!”

“Não consigo!” exclamou ele, surpreso. “Está fora do meu controle!”

“Estou falando sério!” Meu cabelo estava ficando cada vez mais bagunçado, e eu mal conseguia enxergar Adrian. Merda, ele precisava saber que a vida de Lissa estava correndo perigo. Foi por isso que eu gritei as próximas palavras com todo o ar dos meus pulmões. “Pegue Lissa! Fique longe de Avery porque ela é uma us-“

Então tudo se dissolveu, e eu cai em um sono sem sonhos.

***

Eu acordei com um leve toque em meus ombros. E assim que abri meus olhos, encontrei Dimitri inclinado a poucos centímetros de mim. Notei que ele já estava vestido.

“Hey camarada” falei grogue. “Por que não me acordou?”

“Você precisava descansar” respondeu, estendendo seus longos dedos para tocar minha bochecha. Seu toque era gentil, e quente. “Não queria atrapalhar. Mas agora está na hora de voltarmos para a Academia”

A simples menção da Academia me fez levantar em um pulo. Fui envolvida pelas memórias da noite passada, lembrando-me que minha melhor amiga estava sendo manipulada, e que eu não tinha ideia dos objetivos de Avery.

“Em quanto tempo nós partiremos?” perguntei, apanhando meu jeans.

“Assim que você tomar seu café da manhã” disse ele, estudando-me com aqueles grandes olhos castanhos. “Se isso te deixa um pouco melhor, falei com Alberta hoje de manhã”

Ele tinha razão, eu realmente passei a me sentir melhor depois de ter dito aquilo. “Ela conseguiu afastar Avery?”

Dimitri assentiu. “Ela estava indo se encontrar com o pai dela. Os dois devem estar em uma reunião para decidir seu futuro nesse exato momento.”

“Mal posso esperar para vê-la fora da Academia” murmurei em resposta, colocando minha calça.

Nós descemos, e encontramos Alexander sentado em uma enorme mesa, lendo um jornal. Ele se levantou quando nos viu, e me cumprimentou com um beijo na bochecha.

“Bom dia Rose” disse, sorrindo amplamente com toda aquela simpatia característica dos usuários de espírito. “Como foi sua noite? Dormiu bem?”

“Mais ou menos” respondi, puxando uma cadeira e sentando na sua frente. Alexander lançou um rápido e questionador olhar a Dimitri, como se achasse que ele tinha sido o responsável pela minha noite mal dormida. Então um delicioso e muito familiar cheiro inundou a sala.

“Sinto cheiro de panquecas”

Aquilo arrancou uma risada de Alexander. Dimitri, que estava sentado ao meu lado, segurou um meio sorriso.

“Pode comer quantas quiser, Rose” disse Alexander, quando um dos empregados me serviu um prato de panquecas. “Não se sinta envergonhada de pedir mais. Uma mulher lutadora como você precisa comer”

Aquilo soou como um sinal verde para que eu pudesse fazer o que eu mais amava no mundo sem restrições.

“Sei que aqui não é o lugar ideal para continuar com nossa discussão de ontem a noite” começou Alexander. Abaixei meu garfo e passei a prestar atenção em suas palavras. “Mas decidi fazê-lo para poupar mais tempo. Sei que vocês precisam estar na Academia o mais cedo o possível”

Olhei para Dimitri. “Você disse a ele sobre Avery?”

“Ele disse” Alexander disse. “E não é como se eu não fosse perceber que alguma coisa estava preocupando vocês dois. As auras dizem praticamente tudo”

“Você já viu algum usuário de espírito fazer isso antes?” perguntei, de repente não sentindo mais fome. Eu precisava daquela resposta.

Ele balançou a cabeça. “Não. Mas eu sei que para fazer o que ela fez é necessário muito poder. Poder que só um usuário de espírito que tivesse muitas forças teria”

“Está nos dizendo que ela tem algum shadow-kissed?”

Ele franziu o cenho, pensativo. “Não cheguei a pensar nisso, mas até que faz sentido. Sua amiga ou aquele outro usuário de espírito detectou alguém com aquela aura negra?”

“Não”

“Talvez Avery possa ter escondido como fez com a sua própria aura” Dimitri disse.

“Não. Ela não poderia ter tanto poder assim. Não para conseguir mascarar todo esse tempo.” Alexander cruzou os braços. “Ela teria ficado exausta há muito tempo, e sua verdadeira identidade teria sido revelada”

“Seja o que for” falei, tomando um gole do café. “Ela é poderosa o bastante para ter escondido sua aura e enganar a todos nós, além de manipular Lissa”

“Ao menos ela já foi descoberta. Isso deveria deixá-los mais tranquilos” falou Alexander. “A Guardiã Petrov já os assegurou disso”

Yeah, Alberta poderia ter feito isso. Mas ainda assim, o meu interior me dizia que tudo aquilo ainda não estava acabado. Que algo grande estava por vir e que eu não deveria confiar em tudo aquilo.

Nós terminamos nosso café, e Dimitri e eu voltamos para pegar nossas coisas. Já não chovia mais, entretanto, o vento estava forte e o clima permanecia fechado. Eu tinha certeza de que choveria mais tarde, e de que provavelmente essa chuva atrasaria um pouco a nossa chegada.

“Rose” disse Alexander quando coloquei minha mochila no banco de trás do Honda. Girei para encará-lo. Ele segurava algo na mão. “Tenho uma coisa para você”

Ele pousou sua mão sobre a minha, e deixou algo cair nela. Era um pequeno anel de prata. Eu imediatamente senti uma sensação de paz tomando conta de mim. Encontrei seus olhos azuis.

“Está encantado com Espírito”

Ele assentiu. “Sim. Eu te disse que iria encantar um amuleto para você. Ele vai ajudar a reduzir a escuridão dentro de você”

Girei o anel em minha mão, ainda fascinada com o enorme poder que ele já exercia. “Obrigada! Eu realmente não sei como agradecer”

“Não precisa agradecer, Rose” disse com um sorriso que iluminou ainda mais seus olhos. “Estou aqui para ajudar. Entregue ele para sua amiga, que ela sentirá a magia e automaticamente ela saberá encantar outros talismãs.”

Nós nos despedimos, e minutos depois Dimitri e eu estávamos dentro do carro voltando para a Academia. Passamos a maior parte da viagem calados ouvindo aquela música antiga que ele gostava, e às vezes conversando sem mencionar o que estaria nos esperando em St. Vladimir. Até que depois de um tempo, eu resolvi entrar na cabeça de Lissa para checá-la.

Eu estava na cabeça de Lissa. Um novo conjunto de coisas estava ao meu redor, e por meio segundo, eu pensei que estava à beira de um precipício, prestes a cair em um rio gelado cuja a correnteza era assassina.

Então eu ganhei controle sobre o que vi – ou melhor, o que Lissa viu. Ela estava parada na beira de uma janela de algum prédio do campus. Eu não sabia dizer que prédio era, mas não importava. Lissa estava no que parecia ser o sexto andar, parada ali de salto alto, rindo sobre algo enquanto o chão escuro ameaçava abaixo. Atrás dela, eu ouvi a voz de Avery.

“Lissa, cuidado. Você não deveria estar ai.”

Mas tinha o mesmo significado duplo que permeava tudo que Avery fazia. Mesmo enquanto ela dizia essas palavras de cuidado, eu podia sentir um impulso descuidado em Lissa, algo dizendo a ela que estava tudo bem estar onde ela estava e para não se preocupar muito. Então, eu senti aquele toque na minha mente, e aquela voz irritante.

Você de novo?

Eu fui forçada a sair, voltando para o Honda. Desespero me consumiu quando eu percebi que Avery realmente tinha compelido Alberta. Era

“Rose?!”

“Dimitri” eu disse, tentando não gritar. “Avery conseguiu enganar Alberta. Lissa está com problemas... e eu não sei o que fazer!” Por que eu não tinha confiado nos meus instintos? Por que?

Senti o carro acelerando ainda mais. Os olhos de Dimitri agora estavam fixos na estrada. “Pegue meu celular e ligue para Alberta agora”

Eu rapidamente peguei seu celular e disquei o número dela, quase apertando no botão errado de tanto que minhas mãos tremia. O telefone dela estava desligado. “Merda! Está desligado”

Senti o queixo de Dimitri endurecer. “Ligue para Yuri. O número está nos contatos”

Também estava desligado. Senti meu desespero aumentar. Até que eu me lembrei de alguém que poderia nos ajudar. Não sabia como tinha decorado o número de Adrian, mas não importava agora. Eu só precisava alertá-lo sobre Avery e pedir para que ele afastasse Lissa imediatamente dela enquanto Dimitri e eu ainda não estivéssemos de volta.

Mas quando a outra linha atendeu, foi a caixa de mensagens que respondeu, não ele próprio. “Eu sei o quão devastado você deve estar por sentir minha falta,” a voz alegre dele disse, “mas deixe uma mensagem, e eu vou tentar aliviar sua agonia assim que possível.”

Eu desliguei, me sentindo perdida.

“Você precisa arrumar um jeito de segurá-la” disse Dimitri. “Por pelo menos quarenta minutos. Já estamos bem próximos”

“O laço só funciona de um lado!” exclamei, frustrada. Ele não se enfureceu com o meu repentino ataque. Pelo contrário, ele me pediu para tentar.

E foi o que eu fiz. Reuni todas as minhas forças e concentração e fui sugada para a cabeça de Lissa. Eu foquei meus pensamentos em Lissa e encontrei ela ainda parada na beira da janela. Era melhor ela estar lá do que no chão, mas ainda queria ela fora dali e de volta para seu quarto antes que algo acontecesse.

Vamos, eu praticamente gritei mentalmente, saia daí, Lissa!

Eu nunca achei que teria uma resposta.

Rose?

Era a voz de Lissa que falava na minha mente. Ela congelou sua posição na janela e abruptamente cortou o que quer que fosse que ela estava rindo com Avery. Eu senti o terror e confusão de Lissa enquanto ela se perguntava se ela estava me imaginando. Ela olhou ao redor do quarto, os olhos dela passando por Avery.

Avery reconheceu que algo estava acontecendo, e o rosto dela endureceu. Eu senti o senso familiar da presença dela na mente de Lissa e não fiquei surpresa quando Avery tentou me expulsar de novo.

Só que não funcionou.

Avery me expulsar sempre pareceu como um empurrão de verdade. Eu tive a impressão que quando ela tentou agora, tinha parecido atingir uma parede de tijolos para ela. Não era mais tão fácil me expulsar. Eu não sabia o porquê daquilo, mas não importava.

Avery ainda estava na linha de visão de Lissa, e eu vi aqueles adoráveis olhos azul acinzentados se alargarem com choque que ela não podia me controlar.

Oh, eu pensei. Tá valendo, vadia!

Rose? Ali estava a voz de Lissa de novo. Estou ficando louca?

Ainda não. Mas você tem que descer, agora. Eu acho que Avery está tentando matar você.

Me matar? Eu podia sentir e ouvir a incredulidade de Lissa. Ela nunca faria isso.

Olha, não vamos discutir agora. Só saia da janela e dê boa noite.

Eu senti o impulso em Lissa, senti ela se mexer e começar a colocar um pé para baixo. Então foi como se um núcleo dela a tivesse feito parar. O pé dela ficou onde estava... e devagar começou a se firmar...

Era o trabalho de Avery.

Lissa, você tem que lutar com Avery, eu disse. Ela é uma usuária de espírito, e ela está compelindo você. Você é uma das usuárias de compulsão mais forte que conheço. Você deveria ser capaz de lutar com ela.

Medo me respondeu. Eu não posso...eu não posso compelir agora.

Porque não?

Porque estive bebendo.

Eu mentalmente gemi. É claro. Era por isso que Avery era sempre tão rápida em fornecer álcool para Lissa. Ele amortecia o espírito, como demonstrado nas freqüentes indulgencias de Adrian. Avery tinha encorajado a bebida para que as habilidades de Lissa de usar espírito enfraquecessem e dessem a ela menos resistência. Houve várias vezes que Lissa não foi capaz de saber exatamente o quanto Avery esteve bebendo; em retrospectiva, Avery deveria estar fazendo uma bela quantidade de fingimento.

Então use força de vontade normal, eu disse a ela. É possível resistir a compulsão.

Era verdade. Compulsão não era um bilhete automático para dominação mundial. Algumas pessoas eram melhores em resistir do que outras, embora um Strigoi ou usuário de espírito certamente complicassem as cosias.

Eu senti Lissa aumentar sua resolução, senti ela repetir de novo e de novo minhas palavras, que ela tinha que ser forte e para sair da beira da janela. Ela trabalhou para mandar para longe aquele impulso que Avery tinha implantado, e sem saber como, eu de repente me encontrei sendo empurrada. Lissa e eu juntamos nossa força e começamos a empurrar Avery pra fora.

No mundo físico, os olhares de Avery e Lissa estavam trancados enquanto a luta psíquica continuava. O rosto de Avery mostrava uma forte concentração que de repente ficou sobressaltada com choque. Ela notou eu lutando com ela também. Os olhos dela se estreitaram, e quando ela falou, ela se dirigiu a mim e não a Lissa.

“Oh,” Avery assoviou, “você não quer mexer comigo.”

Eu não queria?

Houve uma onda de calor e aquele sentimento de algo tocando minha mente. E então tudo se dissolveu.

Levei questão de segundos para ver onde estava, tempo o suficiente para meu corpo entrar em modo de ataque.

Eu estava novamente naquela caverna.